1 MÉTODO FÔNICO E ANALÍTICO NA ALFABETIZAÇÃO

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MÉTODO FÔNICO E ANALÍTICO NA ALFABETIZAÇÃO: CAMINHOS POSSÍVEIS NO
PROCESSO DE LER E ESCREVER
CRISTIANE MEGUMI MISAKI FERNANDES. Orientador: Prof. Ms. Célia Silva Andrade Pires
FAETEC – Faculdade de Educação e Tecnologia Thereza Porto Marques/ Pedagogia, Rua São Sebastião,
25 – Centro – Jacareí – SP, [email protected]
Resumo- O objetivo desse artigo é analisar as diferentes concepções sobre a alfabetização de
crianças nos anos iniciais e procurar entender o método fônico e o “método global” defendido por alguns
autores, nos quais se baseiam o ensino inicial dos alunos. Tem-se nele o intuito de compreender as
metodologias alfabetizadoras bem como qual o melhor método a ser utilizado em sala pelo professor. Para
isso utilizamos a metodologia teórico investigativa com levantamento bibliográfico sobre o tema. A partir
deste estudo, os dois métodos se mostraram divergentes entre si, mas, ambos possuem a finalidade de
ensinar. Quando o professor segue uma determinada linha e a criança não consegue adquirir o
conhecimento da leitura e da escrita, o professor precisa alternar o seu método, criando estratégias
diferenciadas, ou, talvez seguir paralelamente as duas linhas, uma vez que, cada criança é única em sua
natureza, amadurece e aprende de formas diferentes.
Palavras-chave: Alfabetização. Metodologias alfabetizadoras. Leitura. Escrita.
Área do Conhecimento: Educação
Introdução
O objetivo desse artigo é analisar as
diferentes concepções sobre a alfabetização de
crianças nos anos iniciais e procurar entender o
método fônico e o “método global” defendido por
alguns autores, nos quais se baseiam o ensino
inicial dos alunos com o tema: Método fônico e
analítico na alfabetização: caminhos possíveis
no processo de ler e escrever. Deve-se lembrar
que não há a pretensão de dar respostas para a
crise educacional ou solucionar a problemática da
qualidade das escolas públicas e sim buscar
meios mais eficazes de alfabetizar nossas
crianças já a partir do primeiro ano do ensino
fundamental. Tem-se nele o intuito de
compreender as metodologias alfabetizadoras
bem como qual o melhor método a ser utilizado
em sala pelo professor.
A educação pública brasileira atualmente
passa por momentos difíceis o que se pode
perceber no decorrer dos anos a repetição dessas
dificuldades. Os meios de comunicação em massa
mostram através de alguns métodos avaliativos
como o da Prova Brasil e SARESP, o alarmante
desempenho dos alunos matriculados nas escolas
brasileiras, visto que essa defasagem no
aprendizado estende-se desde o primeiro ano do
ensino fundamental.
Neste contexto, considera-se de extrema
importância dar ênfase na leitura, escrita e na
interpretação de textos já nos anos iniciais, sendo
este, o objeto de nossa pesquisa.
A Provinha Brasil elaborado pelo INEP e
distribuído pelo MEC - Ministério de Educação e
Cultura é uma das forma de avaliar os alunos do
segundo ano do ensino básico. Esta avaliação é
dividida em duas etapas: uma aplicada no início e
outra no final do ano letivo e o que se busca é
identificar quais as crianças que sabem ler e
escrever correntemente para, a partir daí, planejar
ações de intervenção com aquelas que não
atingiram a meta desejada.
A avaliação não é obrigatória, ficando a
critério das secretarias municipais e estaduais a
sua aplicação, ao que no meu olhar de aluna
pesquisadora é um indicador importante, já que
não compreendemos todo o ato político que está
provinha traz. O resultado desta avaliação
possibilita possíveis diagnósticas e intervenções a
serem feitas no processo da alfabetização desses
alunos.
Apesar de todos esses investimentos em
pesquisas, materiais didáticos, cursos de
aperfeiçoamento para docentes, a educação
brasileira ainda exprime uma grande dificuldade
quando se diz respeito ao alfabetizar, ler, fazer
leituras e escrever.
Metodologia
Como aluna pesquisadora do projeto
Bolsa Alfabetização, percorro o caminho que
alguns teóricos fizeram e revendo a problemática
que se reflete em sala surge à pergunta: nossos
cursos de formação do curso de pedagogia
XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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estão dando conta para esta demanda no que
se diz respeito à alfabetização?
É óbvio, pelo menos parece, que as
condições sociais e econômicas como a
alimentação nutritivamente insuficiente, a falta de
materiais escolares, a violência, entre outros
fatores, interferem na aquisição do conhecimento
e apropriação da leitura e escrita pelos discentes.
O artigo tem a intenção de compreender o
porquê desse fracasso já nos anos iniciais, não do
ponto de vista sócio-econômico e cultural, mas de
caráter metodológico e prático. Revendo a
problemática, seria a falta de conhecimento da
metodologia aplicada por esses profissionais? O
professor alfabetizador sabe diferenciar prática de
método?
Para responder a estas questões
utilizamos a metodologia teórico investigativa com
levantamento bibliográfico sobre o tema.
Resultados
A teoria do construtivismo é a base da
Educação brasileira, pelo menos é o que se
busca. A idéia central dos PCN’s - Parâmetros
Curriculares Nacionais foram criados de acordo
com essa concepção de construção. Na prática do
cotidiano escolar prevalecem o ensino de leitura e
escrita de forma global, sem se apegar as
instruções grafofonéticas, embora, muitos dos que
estão em sala desconhecem a significação de
alguns métodos e relacioná-los a teoria.
Mas, sempre dá certa essa receita de
construtivismo em sala de aula? Por que a
educação pública está tão “pobre” e algumas
crianças demonstram tanta dificuldade para se
alfabetizarem? Quando alguns profissionais
argumentam que o “tradicional” é que era bom, e
que o construtivismo não “funciona”, ele tem
noção do que é uma teoria e sua respectiva
proposta?
Segundo FERREIRO e TEBEROSKY
(1985, p.18), a preocupação dos educadores tem
se voltado para a busca do melhor ou do mais
eficaz dos métodos, levando a uma polêmica entre
os dois grupos principais: o método sintético e o
analítico (global).
O método global ou visual ideográfico,
baseada nas idéias iniciais de Ovide Decroly,
parte do pressuposto de que não se pode
alfabetizar ao se ensinar através de sons, letras e
sílabas, que são fragmentos, por estas se
constituem em uma abstração muito precoce para
a criança, e sim através de palavras, frases e
pensamentos, além de dar grande ênfase a
importância da percepção visual na aquisição da
leitura. A escrita seria adquirida naturalmente, a
partir do momento em que a criança percebesse a
utilidade das letras e o que esta representa para
ela.
As crianças construiriam hipóteses sobre
a escrita, cabendo ao professor apenas mediar
esse conhecimento, aceitando tudo que escrevem
e produzem, não oferecendo respostas prontas,
mas fazendo intervenções a partir dos indicadores
que eles mesmos dariam ao escrever.
Segundo os PCNs - Parâmetros
Curriculares Nacionais: “A pesquisa sobre a
psicogênese da língua escrita chegou ao Brasil em
meados dos anos 80 e causou grande impacto,
revolucionando o ensino da língua nas séries
iniciais e, ao mesmo tempo, provocando uma
revisão do tratamento dado ao ensino e à
aprendizagem em outras áreas do conhecimento.
Essa investigação evidencia a atividade
construtiva do aluno sobre a língua escrita, objeto
de conhecimento reconhecidamente escolar,
mostrando
a
presença
importante
dos
conhecimentos específicos sobre a escrita que a
criança já tem, os quais, embora não coincidam
com as dos adultos.
FERREIRO (1985) afirma que mesmo que a
criança não saiba ler e escrever convencionalmente, o
alfabetizando pensa sobre o objeto de conhecimento,
constrói hipóteses acerca da leitura e da escrita,
vivenciando conflitos cognitivos e, nos seus esforços
para solucionar os problemas, avança na construção do
conhecimento.
O método fônico ou sintético parte das
letras (grafemas) e dos sons (fonemas) para
formar, com elas, sílabas, palavras e depois
frases. Essa metodologia é utilizada por
professores na alfabetização de crianças e se
pronuncia os sons e não os nomes das letras.
Segundo CAPOVILLA (2000), a aquisição
da linguagem é um processo mecânico, a criança
sempre absorverá os sons do ambiente e o
reproduzirá. Esse método dá uma importância à
forma, e não ao significado, então o uso da
linguagem, a princípio é descartado. Nesse caso,
o domínio das relações grafema/fonema seria
adquirido antes dos significados. A escrita seria a
representação da fala.
Discussão
Observa-se no cotidiano da sala de aula e
dentro do espaço escolar a forma com que os
educadores pronunciam as palavras. Por exemplo:
o professor muitas vezes fala; quenti, leiti,
nosoutros.. e ao ouvir o som, a criança representa
pela escrita como ela escutou.
Sendo assim, o método fônico utiliza
textos criados especialmente para alfabetizar, cujo
conteúdo exprima a associação entre grafema e
fonema (letras e sons).
XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e
XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba
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Na década de 80, o Brasil não utilizava o
método fonético, e sim o alfabético-silábico
(soletração), que consistia em, primeiramente
ensinar as vogais e consoantes e, em seguida,
unir as consoantes às vogais. Havia uma repetição
exagerada das sílabas, como por exemplo, a
família do TATU - TA-TE-TI-TO-TU, e acreditavase que assim o aluno chegaria ao mundo da
leitura. São meios utilizados pelo professor para
ensinar e do aluno aprender.
O método fônico difere-se do alfabético–
silábico por ser um ensino dinâmico, com
atividades lúdicas planejadas para que os alunos
aprendam a decodificar a fala e a escrita no fluxo
da fala e do pensamento, não sendo, portanto, um
aprendizado mecânico. Este método por sua vez
proporciona a alfabetização, de acordo com
CAPOVILLA (2000), em quatro ou seis meses, e
por dar ênfase na compreensão e produção de
textos, de modo sistemático e lúdico, fortalece o
raciocínio e a inteligência verbal.
No método visual-ideográfico, quando o
professor distribui o texto, a criança tende a
memorizar as palavras, e essa memorização não
é fácil, pois as letras são parecidas. Por causa
disso, alguns alunos podem confundir-se e trocar
as letras durante a leitura ou trocar palavras na
escrita.
Faz-se necessário decodificar para poder
aprender, isto é, transformar a grafema em
fonema, pronunciar a palavra em virtude da
escrita. Quando lemos em voz alta, estamos
também falando interiormente, decodificando,
buscando significação das palavras para nosso
contexto de vida pessoal e escolar.
O método fônico mostrou-se eficiente nos
seguintes países: Estados Unidos, Inglaterra,
França, Dinamarca, entre outros; justamente em
países
que
possuem
IDH
(Índice
de
Desenvolvimento
Humano)
altos,
mas
é
necessário lembrar que nestes países, a carga
horária semanal escolar é maior que a das escolas
brasileiras.
FERREIRO e TEBEROSKY (1985, p.19)
escrevem as características entre os métodos
para nossa maior compreensão: o método
sintético preserva a correspondência entre o oral e
o escrito, entre grafia e fonema. O que se destaca
neste método é o processo que consiste em partir
das partes do todo, sendo letras os elementos
mínimos da escrita. O método analítico insiste no
reconhecimento global das palavras, das orações;
a análise dos componentes se faz posteriormente.
Ainda segundo os PCNs, muitos
professores
ainda
não
“entendem”
o
construtivismo, confundindo com a teoria
psicogenética da construção da escrita, deixando
os alunos aprender sozinhos, “do seu jeito”, e se
esquecendo que o papel da escola é ensinar, é
estar junto com o aluno no processo de ensinar e
aprender.
Há quem defenda o método sintético,
outros, o método analítico. O que se pretende não
é dizer qual é o melhor ou não, mas, compreendêlos. As abordagens têm como objetivo alfabetizar
e desenvolver leitores e escritores já nos anos
iniciais.
Conclusão
Por fim, os dois métodos se mostram
divergentes entre si, mas, tem a finalidade de
ensinar. Quando o professor segue uma
determinada linha e a criança não consegue
adquirir o conhecimento da leitura e da escrita, o
professor precisa alternar o seu método, talvez
seguir paralelamente as duas linhas, porque cada
criança é única, tem seu tempo e aprende de
formas diferentes.
Sendo assim, não se pode negar às
crianças a oportunidade de entrar para o mundo
letrado, primeiro quesito para a formação de
cidadãos. É necessário também, que o professor
tenha a sua formação continuada como meta
permanente e se preciso buscar ajuda para a
melhoria da sua prática.
Saber qual o melhor método para si para
ensinar é fundamental. Procurar não julgar os
alunos ou as políticas públicas de que o fracasso
parte somente do aluno nem tão pouco de que tal
método não é eficaz deve ser um dever de todo
profissional da educação. Estudar e pesquisar nos
liberta e traz meios de compreendermos o
processo de leitura e escrita, e nos possibilita
ensinar com maior eficácia.
Referências
- CAPOVILLA, A. G. S. CAPOVILLA, F. C.
Alfabetização: Método Fônico. São Paulo:
Memnon. 2007
FERREIRO,
E..
TEDEROSKY,
A.
A
psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:
Artes Médicas. 1985.
- PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
(1ª A 4ª SÉRIE). Disponível em
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_co
ntent&view=article&id=12640%3Aparametroscurriculares-nacionais1o-a-4oseries&catid=195%3Aseb-educacao basica&Itemid
=859, acesso em 14/05/2011 à 01h03min.
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