CLASSIFICAÇÃO DA INTENSIDADE DO ESFORÇO NA PRÁTICA DE KENDO PELA CINÉTICA DO CONSUMO DE OXIGÊNIO. Andrei Sancassani e Dalton Muller Pessoa Filho Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências, UNESP-Bauru Como luta por manejo de espadas, o Kendo possui uma demanda energética para sua realização, porém essa caracterização não é relatada na literatura. Assim, o objetivo desse trabalho foi caracterizar o perfil metabólico durante a prática do Kendô por meio da cinética do consumo de oxigênio (VO2). A amostra foi constituída por 9 praticantes de Kendô, do sexo masculino, com idade de 29,7 ±7,7 anos, estatura de 174,9 ±9,14 cm, peso corporal de 82,1±14,9 kg, e percentual de gordura corporal de 25,6±5,48, sendo todos experientes na modalidade. Estes foram submetidos aos seguintes protocolos de avaliações: (1) composição corporal por absorbância de raio-X de feixe duplo (DXA Hologic®); (2) protocolo de execução de técnicas do Kendô (11 técnicas de aquecimento e 31 técnicas de treinamento , compondo o Waza), com duração média de 25:35±03:20 min:s, repetido por duas vezes com intervalos de 24h, para a caracterização do perfil do VO2 durante a prática; e (3) teste progressivo em esteira, para determinação do VO2max, limiar de permuta gasosa (LPG) e ponto de compensação respiratória (PCR). O VO2 foi obtido respiração a respiração por um sistema automatizado (K4b2, COSMED), que foi calibrado antes de cada protocolo para todos os sujeitos. Os valores de VO2 nas duas execuções do Waza foram alinhados ao tempo, excluídos os ruídos, interpolados segundo a segundo e obtida a média entre as execuções. O mesmo procedimento foi adotado para o registro da frequência cardíaca (FC, frequencímetro 420sd, Polar), considerando a maior FC registrada ao final do teste como máxima (FCmax). Os resultados obtidos mostram que o VO2max foi de 38,0±3,2 mlkg-1min-1, indicando uma razoàvel condição aeróbia dos praticantes, de acordo com o sexo e idade; e que os valores de LPG e PCR atingiram, respectivamente, 74,5±6,2 e 91,4±1,9 %VO2max. O perfil do VO2 atingiu patamares ao final do aquecimento (84,7%VO2max) e do treino das técnicas (85,3%VO2max), que caracterizam uma intensidade no domínio pesado do exercício (entre LPG e PCR). No entanto, a frequência cardíaca (FC) ao final do aquecimento (97,8±3,3%FCmax) e ao final do treino das técnicas (103,4±3,6%FCmax) atingiram patamares que denotam um esforço mais intenso, em relação aquele caracterizado pela resposta do VO2. Estas respostas da FC correspondem, de acordo com as relações teóricas entre %FCmax e %VO2max, ao domínio severo do exercício (entre PCR e VO2max). Por isso, a resposta cardiovascular dissocia-se da ativação do metabolismo aeróbio ao longo da prática do Kendô, sugerindo um trabalho cardíaco associado também à remoção de dióxido de carbono (VCO2), produzido em excesso pela ativação dos mecanismos de controle da acidose metabólica. Concluí-se que a prática do Kendô exige um perfil metabólico misto, pela alta intensidade de sua prática. Por isso, a quantificação apropriada da intensidade e demanda energética requer o emprego de técnicas para estimar a demanda anaeróbia, além da resposta aeróbia pela análise do VO2. Palavras-chaves: Kendô, consumo de oxigênio, intensidade do exercício.