Física Moderna e Conatemporânea

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4.6. Equações Relativísticas
1º) É importante ressaltar que as transformações de Lorentz tornam as
equações do eletromagnetismo invariantes (Equações de Maxwell).
Devido a isto, devemos então modificar as equações da Física Clássica
para que também se tornem invariantes.
2º) Para modificar as equações, vamos ter que reformular alguns
conceitos que estão muito profundos na nossa compreensão, isto é,
“vão parecer estranhos como a dilatação do tempo e a contração do
espaço”.
1) Energia e Quantidade de Movimento (ou Momento Linear)
A massa, antes tida como um invariante na mecânica newtoniana (ver
transformações de Galileu), pode apresentar um problema nesta nova
mecânica.
-> considere uma mesma massa medida em dois referenciais
inerciais, um em repouso relativo S e em outro em movimento
relativo S’.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 110
m'
mS
1  v2 c2
mS -> massa de repouso medida no referencial S.
m '-> massa relativística medida no referencial S’.
Diante disto nos deparamos com os seguintes problemas:
1º) uma massa medida num referencial inercial relativístico pode apresentar
resultado diferente quando medida em outro referencial inercial relativístico.
2ª) se o referencial móvel possui velocidade próxima da luz, vemos que a
massa tem um “colapso”, se tornando infinita, pouco importando o sinal da
velocidade (pois aparece ao quadrado).
Quantidade de Movimento ou Momento Linear ou Momentum
Alguns livros chamam de quantidade de movimento o “produto massa por
velocidade”, outros chamam de momento linear e outros de momentum. A
verdade é que nos referimos à mesma grandeza física. Aqui chamaremos de
“momento linear”. Vamos considerar corpo de massa m e velocidade u.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 111
Considere que no referencial S medimos
pS  mS uS .
No referencial S’, móvel em relação à S:
p ' m ' u '
mS
1 v c
2
2
u'
.
Conclusão: desta maneira, o momento linear se torna invariante (na forma)
para referenciais inerciais. Onde pS é o momento linear clássico e p’ é o
momento linear relativístico, e m’ é dada pela correção relativística da
massa.
Ex.: 1) se aceleramos um elétron (massa de repouso 9,11  10-31 kg)
a uma velocidade de 0,95c, a sua massa relativística seria 3,2
vezes maior que a de repouso.
Ex.: 2) usando o nosso exemplo anterior, João em repouso e Maria
viajando em um trem bala (v  500 km/h  139 m/s). Maria mede sua
própria massa como sendo 60 kg, e João medirá para ela uma
massa de 60,00000000000001 kg. Novamente para velocidade
menores que a da luz, os efeitos relativísticos são negligenciáveis.
Energia Relativística
Einstein mostrou que a expressão relativística correta para a energia de uma
partícula de massa de repouso mS e momento linear p é:
[Cristóvão R M Rincoski]
p. 112
E 2  p 2c 2  mS2 c 4 .
1º) Se fizermos u = 0 m/s teremos p = 0 kg m/s e portanto:
E  mS c 2
que é a famosa fórmula de Einstein de conversão de massa em energia. Ela
pode ser entendida como sendo uma “inércia da energia”. Ou seja, mesmo em
repouso relativo teremos uma energia de repouso.
2º) Se fizermos mS = 0 kg, ou seja, partícula sem massa:
E pc
em princípio poderíamos pensar que se mS = 0 kg, então p = 0 kg m/s. Não é
bem assim. No caso de partículas de massa zero (ex.: fótons) o momento p
não é mais dado pela expressão m u mas sim por:
p
h

onde h é a constante de Planck (6,63  10-34 J s) e  é o comprimento de
onda da partícula sob a forma de onda.
[Cristóvão R M Rincoski]
p. 113
Energia Cinética Relativística
A energia cinética relativística não terá uma forma simples como na física
clássica, sofrendo modificação:
Ec  m ' c 2  mS c 2 
mS
1  v2 c2
c 2  mS c 2
1º) neste caso, para v = 0 m/s (ou v << c) obtemos a resposta da mecânica
clássica E c = 0 J.
2º) sofre um acréscimo de massa:
Ec  m ' c 2  m S c 2  ( m '  m S ) c 2
pode ser entendido assim, pois m’ > mS.
isto
Energia Total Relativística
A energia total relativística de uma partícula será, a soma da energia cinética
com a energia de repouso:


E  Ec  mS c 2  m ' c 2  mS c 2  mS c 2 
E
mS
1  v2 c2
mS
1  v2 c2
c2  m ' c2
c2  m ' c2
[Cristóvão R M Rincoski] p. 114
4.7. Relatividade Geral
Em 1916, Einstein propôs a existência de uma Relatividade Geral, mas
a base matemática tinha sido desenvolvida por Henri Poincaré, usando
os trabalhos de FitzGerald e Lorentz.
-> Henri Poincaré (Nancy, França, 29 de abril de 1854  Paris,
França, 17 de julho de 1912)
-> foi um matemático, físico e filósofo da ciência francês
-> Poincaré estava preocupados em explicar a experiência de
Michelson-Morley
Einstein não estava interessado em explicar resultados experimentais.
Estava muito envolvido com idéias puramente teóricas. Como já foi dito,
Einstein tinha a crença de que as leis físicas deveriam ser simples e
elegantes.
Das idéias que levaram à Relatividade Restrita, sem dúvida, o Princípio
da Relatividade (como já foi visto) é de grande importância
“as leis da física devem ser escritas da mesma forma em qualquer
referencial inercial”.
Einstein, na tentativa de expandir o conceito de relatividade restrita
(revisto acima), supôs que a gravidade, devido ao princípio da
equivalência entre massa inercial e gravitacional, seria oriunda de um
tipo de força inercial, isto é, semelhante aquela que aparece em
sistemas não inerciais (em movimento acelerado)
-> Ex.: a força centrífuga em um carrossel, ou a força que nos
empurra para trás durante a aceleração de um carro, etc.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 115
Generalizando este princípio da Relatividade Restrita para a Geral:
“As leis da física devem ser escritas da mesma forma em qualquer sistema de
coordenadas, em movimento uniforme ou não”.
O postulado base da Teoria da Relatividade Geral, chamado de Princípio da
Equivalência, especifica que sistemas acelerados e sistemas submetidos a
campos gravitacionais são fisicamente equivalentes. Nas próprias palavras de
Einstein em seu trabalho de 1916:
Postulado da Relatividade Geral
Princípio da Equivalência: “Nós iremos portanto assumir a completa
equivalência física entre um campo gravitacional e a correspondente aceleração
de um sistema de referência. Esta hipótese estende o princípio da relatividade
especial para sistemas de referência uniformemente acelerados”.
Por esse princípio:
1º Exemplo) uma pessoa fechada em um foguete, acelerada com a mesma
aceleração que a da gravidade na Terra (9,78 m/s2), não poderia descobrir se a
força que a prende ao chão tem origem no campo gravitacional terrestre ou se é
devida à aceleração do foguete através do espaço.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 116
2º Exemplo) Uma pessoa em órbita ou queda livre em direção a um planeta
não saberá dizer, por observação local, se ela se encontra em órbita ao redor
de um planeta ou no espaço profundo, longe de qualquer corpo celeste.
-> Este experimento mental (“gedankenexperiment”  queda livre) é
conhecido na literatura como o elevador de Einstein.
Então podemos dizer que: enquanto a Relatividade Restrita de Einstein, está
relacionada a referenciais inerciais (velocidades nulas ou constantes relativas a
outros referenciais), a Relatividade Geral de Einstein baseia-se na constância da
aceleração (A = constante).
1º) A Relatividade Restrita está relacionada com eventos que ocorrem em
referenciais inerciais em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (MRU).
2º) A Relatividade Geral está relacionada com eventos que ocorrem em
referenciais acelerados ou em movimento retilíneo uniformemente variado
(MRUV).
Einstein propôs 3 testes experimentais para a relatividade geral:
1º Teste) de imediato, conseguiu explicar a precessão de 43 segundos de arco,
por século, do periélio de Mercúrio.
-> problema que “infernizara” a mecânica celeste do final do século XIX
[Cristóvão R M Rincoski] p. 117
2º Teste) O desvio da luz pelo Sol.
-> desvio medido da ordem de 1,75 segundo de arco, para o raio
luminoso que tangenciasse o Sol, isto é demonstrado quando ocorre
eclipse do Sol (Lente Gravitacional).
[Cristóvão R M Rincoski] p. 118
3º Teste) O desvio gravitacional da luz para o vermelho (decaimento
gravitacional para o vermelho).
-> desde então, o tempo passou a ser incorporado como coordenada, ou
seja, podemos tratar como sendo x4 = v t (ou x4 = i c t) e o tempo passou
a ser uma coordenada (temporal) do espaço-tempo. Como resultado disto,
e do 3º teste, levou os físicos a entenderem o espaço-tempo com sendo
um ente curvo, isto é, a gravidade curva o espaço-tempo.
Coordenadas do espaço-tempo
x1  x, x2  y, x3  z, x4  v t ou x4  i c t .
A cosmologia foi uma área onde se acreditava que a relatividade geral teria
relevância observacional. Somente no início dos anos 60, com a descoberta dos
“quasars”, é que ficou claro que esta teoria teria importantes aplicações na
astrofísica.
[Cristóvão R M Rincoski]
p. 119
Quasars: abreviatura de “quasistellar radio source”, que pode ser entendido
como “fonte de rádio emitida por quase estrelas” ou “semelhante a estrelas”. No
começo de 1960 foram observados (somente com a ajuda de radiotelescópios e
posteriormente de telescópios óticos  sendo impossível observar a olho nu), que
certos corpos celestes emitiam grande quantidade de energia e devido ao fato de
estarem a grande distâncias (mais de 10 bilhões de anos luz, que, alguns chamam
de “borda do universo observável”), não era possível saber ao certo o que eram.
Acredita-se hoje que sejam núcleos galácticos, muito distantes e muito brilhantes,
onde ocorre alguma forma de atividade envolvendo grande energia, mais
provavelmente devido à presença de um buraco negro super-massivo (supermassivo significando bilhões de massa solares) no centro desta galáxia.
Imagem do quasar 3C273
feita pelo telescópio Hubble
Representação artística de um
quasar
[Cristóvão R M Rincoski] p. 120
Buracos Negros
Um dos aspectos mais importantes e interessantes do renascimento da
relatividade geral (permaneceu meio que deixada de lado desde que Einstein a
propôs, até o início dos anos 60) é a investigação e pesquisa dos buracos
negros. Este estudo teve início nos anos 60, quando os físicos procuravam
entender a natureza dos quasares. Até hoje a aplicação da relatividade geral é
de grande importância no estudo dos buracos negros.
Buracos Negros: um buraco negro se forma quando uma estrela exaure o
combustível termonuclear necessário para a produção de calor e de pressão, que
a equilibram contra a sua gravidade. A estrela começa a contrair-se e, se a sua
massa for suficiente, continua a contrair-se até que o seu raio aproxime de um
valor conhecido como o raio gravitacional, ou raio de Schwarzschild (rS)
rS 
2G M
c2
.
Onde G é a constante gravitacional (6,67  10-11 N m2/kg2) e M é a massa da
estrela (ex.: MSol = 1,99  1030 kg o que daria rS = 2.949,62 m, ou rS  3 km).
A relatividade geral passou, então, a ser utilizada em diversas áreas do
conhecimento, como: mecânica celeste, matemática pura, física experimental,
mecânica quântica, astronomia observacional, física das partículas e astrofísica
teórica.
[Cristóvão R M Rincoski] p. 121
FIM
7a Lista de Exercícios (Ex.: 15 a 21)  Introdução à Relatividade
[Cristóvão R M Rincoski] p. 122
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