A Teoria da Relatividade Especial Prof. Edgard P. M. Amorim Disciplina: FEE 0001 – 1º sem/2011. Introdução Para definirmos o estado de um sistema físico precisamos: Sistema de referência: em relação ao quê? + Posições e derivadas das posições em relação ao tempo + Massas e forças que atuam entre as partículas Determinístico: podemos determinar o estado do sistema em qualquer instante futuro em termos de seu estado inicial. Introdução • Do que trata a Teoria da Relatividade? A Teoria da Relatividade estuda o comportamento de um sistema físico sob o ponto de vista de dois sistemas de referência inerciais: a) um sistema em repouso; b) um sistema em movimento retilíneo uniforme (vel. constante) em relação ao primeiro. • Como é este comportamento na Mecânica Clássica? Na Mecânica Clássica as leis básicas da Mecânica assumem sua forma mais simples nos referenciais inerciais. Dois referenciais inerciais, um em repouso, outro se movendo com velocidade constante se relacionam através das Transformações de Galileu. Transformações de Galileu Num referencial inercial, um corpo que não sofre ação de uma força e que está inicialmente em repouso permanece em repouso. x' = x − vt y' = y , z' = z , t ' = t d 2 ( x ' , y ' , z ' ) d 2 ( x, y , z ) = ⇒ Fx ', y ', z ' = Fx , y , z 2 2 dt ' dt Portanto, o comportamento de todos os sistemas mecânicos serão idênticos em todos os referenciais inerciais, embora estes referenciais se movam com velocidade constante uns em relação aos outros! Transformações de Galileu E os fenômenos eletromagnéticos? As equações de Maxwell nos prevêem a existência de perturbações eletromagnéticas que se propagam como uma onda, mas e o meio? Éter (século XIX). Portanto, no sistema de referência em repouso ao éter: 1) A luz se propaga com uma velocidade de valor fixo c em relação ao seu meio de propagação, o éter, da mesma forma que as ondas sonoras se propagam no ar. 2) A velocidade da luz em relação a um referencial em movimento em relação ao éter pode ser obtido através de uma adição vetorial comum entre velocidades relativas. Será? O que a experiência nos diz sobre isso? Experimento de Michelson-Morley Movimento da Terra em relação ao éter (1881 a 1887): Não foi detectado deslocamento das franjas de interferência! Conclusão: A velocidade da luz no vácuo independe do movimento do observador e do movimento da fonte. Postulados da Relatividade Restrita • As leis físicas são as mesmas em todos os referenciais inerciais. • A velocidade da luz no vácuo é a mesma em todos os referenciais inerciais e é independente da velocidade da fonte. Estes postulados exigiam que as equações de Maxwell ou as transformações de Galileu fossem modificadas! Einstein de maneira ousada, propôs modificações nas transformações de Galileu. Simultaneidade Se um evento 1 ocorre em P1 no instante t1, sendo marcado pela emissão de um sinal luminoso que parte de P1 nesse instante, e o mesmo vale para P2 em t2 (evento 2), dizemos que eles são simultâneos (t1 = t2) quando o ponto de encontro dos dois sinais luminosos é o ponto médio do segmento P1 P2. P1 P2 x t1 Ponto médio t2 Em outras palavras, podemos dizer que dois observadores em movimentos relativos não concordam com a simultaneidade de dois eventos, portanto a simultaneidade depende do estado do observador! Relatividade do tempo L 2D 2L (Maria) e ∆t = (João) ∆t0 = c c 2 2 2 2 1 c∆t 1 1 2 L = v∆t + D ⇒ = v∆t + c∆t0 ⇒ 2 2 2 2 2 ∆t0 ∆t 2 (c 2 − v 2 ) = c 2 ∆t0 ⇒ ∆t = (dilatação do tempo) 2 1 − (v / c ) Relatividade do comprimento A relatividade do comprimento é uma conseqüência direta da relatividade do tempo. Suponhamos que João e Maria queiram medir o comprimento da plataforma: João mede L0 que é um comprimento próprio pois a plataforma está em repouso em relação a ele. Além disso, João observa que uma marca fixa no trem percorre este comprimento em ∆t = L0 / v . Já para Maria, a plataforma é que está em movimento. Ela vê a plataforma se aproximar e depois de afastar, e mede ∆t0 (tempo próprio). Para ela o comprimento da plataforma é dado por: L = v∆t0 . Isolando v e substituindo na eq. acima e usando a relação entre os tempos nos diferentes referenciais, temos que: L = 1 − (v / c) 2 L0 (contração do comprimento) Fator de Lorentz L Fator de Lorentz: γ = João ∆t = 1 − (v / c ) Maria ∆t0 1 − (v / c ) 1 2 = γ∆t0 (dilatação do tempo) Maria 2 = 1 1− β 2 João 2 L = 1 − (v / c) L0 = L0 / γ (contração do comprimento) Transformações de Galileu/Lorentz Como podemos obter as equações que são utilizadas na teoria da relatividade para transformar variáveis espaciais e temporais de um sistema para outro que se move em vel. constante em relação ao 1º? ? x' = x − vt x' = γ ( x − vt ) y' = y y' = y ⇒ z' = z z' = z ? t ' = t t ' = γ (t + δ ) Se v/c 0, δ 0 e γ 1 As frentes de ondas nos 2 referenciais: x '2 + y ' 2 + z ' 2 = c 2t '2 Após algumas substituições: δ = −vx / c 2 e x 2 + y 2 + z 2 = c 2t 2 e γ = 1/ 1− v2 / c2 Transformações de Galileu/Lorentz Logo, podemos escrever que: x' = x − vt y' = y ⇒ z' = z t ' = t 1 (x − vt ) x' = 2 2 1− v / c y' = y z' = z 1 2 t t vx c ' = ( − / ) 2 2 v c − 1 / Note que na transformação inversa –v torna-se +v! E as transformações de velocidade relativística? Velocidades relativísticas Tomando as diferenciais da transformação de Lorentz e considere que ux, uy e uz são as velocidades para cada coordenada: dx dx' u x − v 1 = u x = ; u'x = ( ) dx dx vdt ' = − dt dt ' 1 − vu x 2 2 1− v / c c2 dy ' = dy uy dy dy ' = u y = ; u' y = dz ' = dz dt dt ' vu y γ 1 − 2 1 2 c dt ' = ( dt − vdx / c ) 1 − v2 / c2 dz dz ' uz u z = ; u'z = = dt dt ' vu z Note que v é constante e γ 1 − 2 c checar para c ∞! Massa e momento relativístico r d p Sabemos pela segunda Lei de Newton que: F = dt E a conservação do momento, como reinterpretá-la no contexto relativístico? m( v ) = 1 2 1− v / c 2 m0 = γm0 Ou seja, uma teoria relativística que seja consistente com a conservação do momento exige que a massa m(v) de uma partícula que está se movendo com velocidade v seja maior do que m0 medida quando ela está em repouso! Conseqüentemente, p = m (v )v = 1 1 − v2 / c2 m0 v = γm0 v Momento relativístico Velocidade de alguns feixes de aceleradores: fração de c Energia relativística* A partir do teorema trabalho-energia é possível mostrar que: E= m0 c 2 1 − v2 / c2 = mc 2 Por sua vez, na Relatividade Restrita, a energia cinética de um corpo deve se anular quando sua velocidade é nula, assim temos que: 1 T = m0 c − 1 2 2 1 − / v c 2 Numa simples manipulação de equações: E = m02 c 4 + c 2 p 2 No caso do fóton (luz) que m=0: E = cp *Divirtam-se! FIM-Aula 2