Tornando a vida mais fácil… A Terapia Ocupacional na Filosofia A Terapia Ocupacional é uma profissão em constante evolução pelo mundo. Ao longo dos anos, o estudo da ocupação humana e dos seus componentes tem proporcionado à profissão um conhecimento sobre os seus conceitos intrínsecos que servem de guia à prática. Nascida em Portugal no século XX, a terapia ocupacional, consiste na avaliação, tratamento e habilitação de indivíduos com disfunção física, mental, de desenvolvimento, social, entre outras, utilizando técnicas terapêuticas integradas em actividades seleccionadas consoante o objectivo pretendido e enquadradas na relação terapeuta/utente; prevenção da incapacidade, através de estratégias adequadas com vista a proporcionar ao indivíduo o máximo de desempenho e autonomia nas suas funções pessoais, sociais e profissionais e, se necessário, o estudo e desenvolvimento das respectivas ajudas técnicas, em ordem a contribuir para a melhoria da qualidade de vida. O outro lado do mundo Jamie Ponsonby tem 13 anos e sofre de autismo, vive reservado no mundo que ele próprio criou à sua maneira e onde se sente bem. Um terapeuta ocupacional trata todo o tipo de pacientes que tenham problemas de desenvolvimento social e desenvolvimento físico. Neste âmbito trata todos os pacientes que necessitem de desenvolver certos atributos físicos sociais e psicológicos para que melhor se possam integrar na sociedade e viver uma vida normal dentro dos parâmetros da sociedade. De entre os pacientes mais comuns destacam-se os deficientes motores, os idosos com dificuldades físicas e os autistas. Durante anos, por mais que os seus pais e amigos se tentassem integrar no mundo dele, ele não comunicava com ninguém. Mas graças a um computador e ao incentivo da família a sua vida modificou-se e é através dele que agora consegue expressar-se e até escrever poesia. A nível das terapias utilizadas pelos terapeutas ocupacionais temse dado um grande desenvolvimento, no sentido de aumentar a taxa de sucesso no tratamento dos pacientes. Serena (mãe de Jamie), mostrouse impressionada mas acima de tudo satisfeita com a pessoa que está agora a aprender a reconhecer. Afirmou ainda: Não fazíamos ideia de que “dentro dele havia uma pessoa que sabe tudo", afirmou Serena."Graças ao computador descobrimos que ele sabe de tudo um pouco”. No caso dos autistas tem havido um desenvolvimento nos métodos de comunicação alternativos que permitam aos autistas que apresentam na maior parte das vezes problemas de comunicação e interacção a soltarem-se do mundo onde vivem. A esse nível têm sido integradas na terapia ocupacional novos métodos de ligação do paciente com o mundo real, que vão desde a utilização da informática, como o caso de sucesso de Jamie Ponsoby, até ao contacto com animais como os golfinhos, ou os cavalos. Assim através dum conjunto de métodos e terapias concebidas para interagir de uma forma inconvencional com o paciente os terapeutas ocupacionais conseguem obter progressos na melhoria Depois de toda esta evolução de Jamie, os pais conseguiram encontrar no seu filho um grande sentido de humor, uma grande inteligência e uma capacidade notável para escrever poesia, comparando com as outras crianças da sua idade. das condições de vida de pessoas com problemas de integração social, sejam eles autistas, pessoas com deficiências, entre outras. Hoje em dia, muitos questionam como é que um terapeuta ocupacional, que é igual a todos nós, consegue ajudar pessoas com problemas de saúde que afectam o seu desempenho ao longo da vida, tanto profissional como social? Um profissional para poder ajudar o seu paciente: Faz uma avaliação para conseguir detectar quais são os problemas. Define um programa de tratamento que seja mais adequado ao tipo de problema. No caso das crianças, se houver sinais de uma falha de processamento sensorial, o terapeuta poderá usar uma terapia que se baseia no uso de actividades que desafiam as habilidades da criança e estimulam respostas a diferentes estímulos sensoriais, a chamada Terapia de Integração Sensorial. Essas actividades proporcionam vários estímulos como, por exemplo o táctil, e são escolhidas de acordo com as necessidades específicas da criança. As crianças acham, geralmente, este tipo de terapia bastante divertido, pois num espaço clínico que inclui um ambiente de brincadeira, com escorregas, baloiços, bolas de diferentes tamanhos, rolos de espuma e outros que são apropriados às suas idades, o terapeuta ocupacional consegue ajudar a criança a resolver o problema que tem e a alcançar o sucesso nessas actividades que provavelmente não ocorreriam se a criança brincasse sozinha, sem ser orientada. As actividades são planeadas de maneira a dar o "desafio na medida certa" para estimular o desenvolvimento e melhorar o desempenho funcional da criança. O trabalho proporciona melhorias significativas no brincar, nas actividades da vida diária e na escola, resultando em melhorias no rendimento escolar, na auto-estima e qualidade de vida da criança. Encerrado no teu mundo perfeito e impenetrável onde é difícil entrar e interpretar os sinais, desvendar os teus mistérios, poder contigo brincar Crias rotinas de vida Que não deixas partilhar. E finges que nem me vês. No autismo dos teus sonhos és um menino diferente... Criança tão especial! É na leveza das águas que te soltas, que te entregas às carícias de um amigo que, apesar, de ser golfinho, permites que te dê beijos que agradeces com abraços Conheces bem os seus sons e respondes aos seus estímulos com um sorriso rasgado e captas as vibrações, sabes sua linguagem, com ele te comunicas. A mim tu não te revelas, sou só um simples mortal! Fernanda Do ponto de vista filosófico a Terapia Ocupacional é uma profissão empírica, isto é, que toda sua base de investigação, pesquisa e construção científica deve estar assente na prática. Muitas vezes o contacto entre pacientes e terapeuta ultrapassa o nível empírico e do sensorial, especialmente em casos mais graves em que o paciente não consegue interagir de nenhuma forma com o terapeuta que o acompanha. O tratamento deste vai além dos objectos sensoriais e para um nível além do físico. Embora pareça arriscado e exagerado dizê-lo muitas vezes a relação entre terapeuta e paciente atingi um nível apenas mental. Cria-se uma ligação tão forte entre o terapeuta e o paciente que existe um género de conexão mental, basta muitas vezes uma troca de olhares para uma compreensão total. No caso dos autistas, os pacientes são geralmente crianças com dificuldades de comunicação, considerando-se geralmente que vivem no seu próprio mundo, um mundo a parte que impede a sua compreensão e interacção com este mundo. Assim sendo esta sua visão do mundo é aquilo que os terapeutas ocupacionais tentam modificar. Ao tentarem que um autista consiga comunicar pretendem que ele saía do seu mundo e entre no nosso, aquele que para nós é o "correcto". No entanto muitas vezes estas crianças mostram graças a este seu mundo capacidades extraordinárias, muito acima da média em determinadas áreas, e no seu próprio meio de comunicação podem apresentar uma inteligência fora do normal. Este facto leva-nos a pensar, será que estas crianças apresentam um problema e estão afastadas da realidade, ou seremos nós que somos incapazes de compreender esse seu mundo diferente. Desse modo tem-se dado na terapia ocupacional uma abordagem diferente que procura entrar nesse mundo paralelo ao invés de o destruir. Tentar não eliminar essa diferente visão do paciente, mas sim compreendê-la de modo a poder melhorar a vida do sujeito sem no entanto eliminar aquilo que pode ser não um problema mas um dom. Ao longo do tempo, à medida que a terapia ocupacional evoluiu também os seus métodos evoluem devido a uma mudança de paradigmas, ou seja devido a uma alteração na maneira de ver a terapia ocupacional e abordar a terapia e os pacientes. Tendo isto em conta, poderemos então considerar três paradigmas: Paradigma Médico: a principal forma de intervenção foi construída com o propósito de minimizar ou eliminar sintomas; Paradigma da Terapia Ocupacional: está nomeado desde de 1970 nos Estados Unidos, e que já não prevê uma prática voltada para a doença, mas teve como base o Programa Treinamento de Hábitos de Eleanor Clarke Slagle; e, como o seu próprio nome diz, propunha para a recém fundada por ela, Terapia Ocupacional, uma intervenção através da Mudança de Hábitos.); Paradigma da Reabilitação: propõe a construção de programas de prática a partir da expectativa do “Voltar a Ser” que é, aliás, o que significa o termo reabilitação. A base da Terapia Ocupacional é a acção que se cria entre paciente-actividade-terapeuta. As terapias usadas para o tratamento de diferentes problemas de saúde geram conhecimento tanto nível do paciente, como do terapeuta. Assim toda a acção implica uma reflexão que permite um reconhecimento pelo paciente de suas próprias habilidades motoras, cognitivas, sensoriais, artísticas, entre outras, anteriormente desconhecidas ou pouco exploradas; um desenvolvimento do indivíduo e contribui para a formação de um novo ser com uma vida melhor. É importante valorizar e canalização as capacidades para que cada ser seja um elemento da sociedade onde a vida é para ser vivida em harmonia e da melhor forma. Todos Diferentes Todos Iguais Cátia Penedo