TERAPIA OCUPACIONAL NO SISTEMA PRISIONAL A Terapia Ocupacional está intimamente ligada à área social, saúde e educação. Fundamenta-se nas atividades humanas para desenvolver e oferecer atendimento adequado a indivíduos ou grupos que necessitem, objetivando ampliar o desempenho das pessoas, solucionar os problemas de saúde física e mental, disfunções sociais e melhorar a qualidade de vida em geral. Ela é a arte e a ciência, que por meio da aplicação de atividades, trata de dificuldades e limitações do indivíduo na área social, mental e física. Ressaltando que a atividade é o elemento central do processo terapêutico ocupacional, ela é a mediadora da relação terapêutica, como forma de comunicação e expressão dos conteúdos internos dos pacientes, estabelecendo a tríade terapeuta – paciente atividade. A Terapia Ocupacional utiliza as atividades no processo terapêutico, atendendo em grupos ou individualmente, pode lançar mão de Oficinas Terapêuticas ou acompanhar os grupos de trabalho já formados nas Unidades Prisionais; ou ainda criar Projetos específicos para reabilitação social. Com o reeducando especificamente realiza avaliações, aplica testes, confecciona pareceres para o Juízo da Vara Criminal. Atua fortemente na questão da dependência química, trabalha no resgate da auto-estima e da cidadania, e no acompanhamento de projetos de vida; busca conhecer a dinâmica familiar, e orienta os familiares, encaminha reeducandos e familiares à programas das três esferas governamentais. O terapeuta ocupacional trabalha em conjunto com a equipe técnica, e tem um papel ímpar na avaliação do reeducando dentro da Unidade Prisional. A participação do terapeuta ocupacional na Comissão Técnica de Classificação consiste no levantamento do histórico laborativo prisional e antes da prisão, para fins de aprovação dos internos na execução de atividades laborais e escolares. Avaliando ainda o estado físico-funcional e mental para a execução de tais atividades; e no caso de ser diagnosticada alguma deficiência, identifica as necessidades no que diz respeito ao potencial funcional residual do interno avaliado, determinando claramente suas capacidades e definindo suas restrições das situações de trabalho. Este constitui um documento específico da Terapia Ocupacional, que se traduz na apresentação descritiva e interpretativa das atividades exercidas, enquanto objeto de intervenção deste profissional, no seu cotidiano laborativo, delitivo e prisional. Este documento oferece subsídios técnico-específicos que possibilitam a tomada de decisões para a avaliação das A.V.Ls. (atividades de vida laboral). Para elaboração do histórico laborativo o terapeuta ocupacional realiza um atendimento individual, no qual o profissional possui um contato maior com o interno, podendo assim ter um conhecimento da sua história. Neste mesmo atendimento são investigadas atividades e ou grupos em que o interno esteve inserido antes de entrar no sistema prisional, sendo averiguadas atividades de lazer e sociais. A sistematização do referido documento é basicamente uma prática investigativa que deve ser orientada pelas dimensões ético-política, teórico-prática e técnica-operativa. Os itens analisados pelo terapeuta ocupacional consistem em verificar aspectos como habilidades profissionais e extras, seu desejo de estar participando de atividades dentro do sistema prisional; ainda a existência de limitações físicas, cognitivas, ou ainda seqüelas adquiridas, que requeiram tecnologia assistiva, adaptações ou direcionamentos para canteiros específicos. O terapeuta ocupacional no Sistema Prisional tem seu tratamento voltado para as questões de integração e reinserção social; busca ações que visam introduzir os internos às práticas reais da vida cotidiana, trabalhando para a desinstitucionalização do interno, visando seu retorno à sociedade. Busca projetos orientados para novas formas de sociabilização, de narrativas de vida, de reconstrução do “eu” confinado, propondo novos percursos no enfrentamento da exclusão social. Dra. Sandra Fabiana Vieira, Terapeuta Ocupacional – CREFITO-10, atua no sistema prisional de Joinville/SC. Joinville, 28 de Junho de 2010