Linguagem Oral e Escrita Autor Fernando Wolff Mendonça 1.ª edição Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br © 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. M539 Mendonça, Fernando Wolff. Linguagem Oral e Escrita/Fernando Wolff Mendonça. — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2006. 76 p. ISBN: 85-7638-576-7 1. Linguagem e línguas. 2. Lingüística. I. Título. CDD 410 Todos os direitos reservados IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482 • Batel 80730-200 • Curitiba • PR www.iesde.com.br Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Sumário As diferentes linguagens da linguagem....................................................................................5 O que vem a ser linguagem? .......................................................................................................................5 As abordagens da linguagem ......................................................................................................................6 As linguagens e as relações sociais...........................................................................................9 Linguagem, cultura e cognição....................................................................................................................9 A história do homem é a história da linguagem......................................................................17 Aspectos biológicos do surgimento da linguagem.....................................................................................17 Os estudos científicos da linguagem.......................................................................................21 Os estudos da linguagem hoje....................................................................................................................21 As perspectivas interacionistas de linguagem.........................................................................25 A aquisição da linguagem nas perspectivas interacionistas ......................................................................25 A linguagem e o cérebro humano...........................................................................................31 Aspectos neurológicos da linguagem . ......................................................................................................31 Como aprendemos a falar.......................................................................................................35 A aprendizagem da linguagem oral – a fala ..............................................................................................35 Em busca das primeiras palavras ..............................................................................................................35 A produção do discurso pela criança......................................................................................39 A aprendizagem da linguagem oral – o discurso ......................................................................................39 A linguagem oral e os seus desvios de manifestação..............................................................43 O que é normal e patológico na aquisição da oralidade . ..........................................................................43 Os desvios da fala .....................................................................................................................................43 A apropriação de instrumentos culturais de representação......................................................47 O desenho como representação da linguagem oral ...................................................................................47 O brincar com objetos e a representação mental........................................................................................47 A apropriação da linguagem escrita........................................................................................51 Os registros sociais e o interesse das crianças ..........................................................................................51 Quando os traços ganham sentido . ...........................................................................................................51 Desenhando as palavras na boca ...............................................................................................................51 A linguagem escrita: letramento.............................................................................................55 A aquisição da linguagem escrita como um processo de letramento.........................................................55 A aquisição da escrita e a tomada de consciência das relações sociais . ...................................................56 O que é normal e patológico na linguagem escrita.................................................................63 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Aspectos cognitivos da leitura e da escrita.............................................................................67 Como se dá a cognição da linguagem, da leitura e da escrita....................................................................67 Sucesso, fracasso e leitura escrita...........................................................................................71 Como a escola deve fazer uso da linguagem?............................................................................................71 A escola que fala a linguagem da sua realidade.........................................................................................71 Ler e escrever a realidade social e individual............................................................................................72 Referências..............................................................................................................................73 Anotações................................................................................................................................75 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br As diferentes linguagens da linguagem O que vem a ser linguagem? N o momento em que você põe os olhos num texto, você o lê. Por que você leu? Que propriedade é esta que as palavras tem de fazer com que você retire delas formas constantes de um repertório de imagens e significados? Placas, sinais, ruas, filmes, livros, bilhetes, todas essas manifestações só existem porque existe linguagem. Agora, lembre-se de sua infância, mais precisamente de sua época de aluno alfabetizando ou de um fato ocorrido neste período. Como você o fez? Percebeu o papel deste discurso interno ou interior? Ele possibilitou a busca de eventos na sua memória à medida que você conversou e falou consigo. Lembre-se da novela, da emoção representada pela ação da vilã, pelo beijo apaixonado do par romântico. Sim, além de possibilitar uma convivência social, a linguagem cria e desperta emoções, sentimentos e memórias. Já que estamos abordando a memória, lembramos que o estudo da história do homem é dividido em período pré-histórico (o homem sem a escrita) e a história (após a invenção da escrita). Ou seja, o homem, gradativamente, enquanto agia sobre o mundo natural, foi criando um poderoso instrumento que lhe permitiu agir não só com o meio natural, mas com o meio social. Como conseqüência, transformou e continua transformando as pessoas à proporção que este instrumento evolui socialmente. Um bom exemplo disto, atualmente, está na substituição do apagar pelo deletar, contingência da era da informática na linguagem cotidiana. Como você percebe, a linguagem é um instrumento poderoso para que a nossa mente possa operar, ela está viva na nossa mente. Mas, ao pensarmos assim, uma grande dúvida sempre nos vem à cabeça: Como a linguagem chegou até a minha mente? Ela é uma apropriação? Ou ela é um dom da espécie? Por que cada uma das culturas possui idiomas característicos a sua comunidade? Por que a nossa linguagem se transforma quando freqüentamos lugares diferentes em nosso País? Ao conseguirmos falar e nos comunicar com diferentes grupos culturais dentro e fora de nossa cultura, será que entendemos como a linguagem inicial, ou a língua materna, chegou a nossa mente? Que contribuições a Lingüística e a Psicolingüística têm para nos ajudar no entendimento do processo de uso e da aquisição da linguagem? A proposta de abordagem deste tema está relacionada à linguagem enquanto prática social. Vêse nesta perspectiva uma linguagem viva e dinâmica, que se transforma socialmente e que os sujeitos de interação com esta linguagem devem apropriar-se para estar participando ativamente da realidade social na qual estão inseridos. Afinal, nos humanizamos à medida que nos apropriamos do uso e da forma da linguagem e, como educadores, somos os elementos mediadores da apropriação deste instrumento pelas crianças em seu processo de humanização. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br Linguagem Oral e Escrita Porém, esta perspectiva não é pertinente a todas as escolas lingüísticas; algumas fazem seus estudos de maneira diferenciada àquela que estaremos abordando. Este aspecto diferenciado de olhar a linguagem e sua aquisição pode nos levar a ver a aprendizagem da linguagem de outra forma e, por conseqüência, encararmos o processo de constituição dela como algo incapacitante ou de problema no desenvolvimento da criança que aprende. Assim, vamos começar a nossa abordagem sobre linguagem mostrando as mais diferentes formas de entendê-la. As abordagens da linguagem Na literatura existem diferentes formas de se abordar a linguagem, mas, basicamente, estas diferentes abordagens emergem de três grandes vertentes. A primeira vertente é aquela que busca entender a linguagem como algo externo ao indivíduo. A segunda vertente é a que crê que a linguagem é um fenômeno interno, do cérebro humano e está vinculada à natureza inata do ser. E uma terceira proposição é a da natureza social, na qual vemos a linguagem como uma construção inteligente do homem e que, pela prática dialógica, vai sendo resignificada de sujeito para sujeito à medida que homens e sociedade evoluem. Na primeira situação, a da linguagem como algo externo ao sujeito, ela é um produto da comunicação entre os seres e é constituída de um conjunto de regras e formas com o qual os sujeitos devem fazer uso no momento necessário. A linguagem é vista como um código, algo que está posto e seu conjunto está estruturado de forma fonológica, sintática e semântica e, para tornarmos sujeitos que fazem uso da linguagem, devemos usá-la com todas as suas características estruturais. Ela pode ser representada pelo diagrama abaixo: MENSAGEM EMISSOR RECEPTOR CÓDIGO Assim, só existe troca de informações se o receptor e o emissor estiverem utilizando o mesmo código. Esta forma de ver a linguagem ainda é muito praticada nas escolas, já que os processos estruturais da língua prevalecem no ensino e que todos devem escrever e falar da mesma maneira, a chamada norma culta. Neste processo não se considera, na maior parte das vezes, as variantes culturais e individuais de cada sujeito. Na segunda perspectiva, a da representação, entende-se a linguagem como uma capacidade inerente aos humanos, ou seja, ela é um produto da mente e está predeterminada a aparecer na vida do sujeito à medida que seu corpo e cérebro tornam-se maduros e as áreas cerebrais disparam este potencial de linguagem. Aqui percebemos a influência marcante dos estudos psicológicos e biomédicos para entender esta vertente. 6 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br As diferentes linguagens da linguagem Acredita-se que por nascermos imaturos e com um cérebro em desenvolvimento, ao chegarmos a esta maturidade começamos a construir imagens internas, produto de nossa interação gradativa com o meio, e nossa mente passará a representar o mundo interno mediante o uso de áreas cerebrais especializadas para a linguagem. Esta forma de ver está muitas vezes relacionada à prática psicológica ou biológica da imaturidade, ou seja, a criança não fala ou não escreve porque ainda é imatura ou porque seu cérebro ainda não representa as experiências cognitivas necessárias à linguagem, ou então porque possui um distúrbio. A terceira perspectiva está vinculada à idéia da linguagem como uma prática social, ou seja, ela surge da necessidade do homem em viver em grupos e a constituir um instrumento que lhe permitisse realizar trocas com seu grupo social. Assim, à proporção que o homem foi tendo vida social e transformando a natureza, foi criando mecanismos para deixar suas marcas por meio da cultura. Desta forma, ele necessitava de instrumentos e do seu grupo social para manter estas aquisições e continuar evoluindo com as gerações seguintes. Com isto, suas marcas no mundo e suas ações passaram a ser interpretadas e resignificadas pelos integrantes da sua sociedade. E, em um processo dinâmico e criativo, foram sendo repassadas aos diferentes membros, tornando-se parte integrante deste grupo. Mas este não era um modo rígido de comunicação, existiam diferentes interpretações, o que caracteriza um diferente modo de representar o que é realizado pelo grupo e por cada sujeito. Da mesma forma, hoje entendemos as sociedades que criam seus próprios ritos e formas de comunicação, nos quais gestos e falas são ressignificados e interpretados pelos mais diferentes grupos sociais e culturais. Esta forma de ver a linguagem não a torna um código restrito, nem um dom da pessoa, mas a vê como uma construção dialógica, criativa e transformadora à medida que homem e sociedade se transformam com a produção de instrumentos culturais e simbólicos da sociedade. 1. Converse com seu colega de turma e pergunte se ele já vivenciou situações em que uma falha de comunicação levou-o ao engano, se ele conhece alguma pessoa que após uma doença perdeu a linguagem, ou se ele já viu cartazes/propagandas com falhas, mensagens confusas ou linguajar popular. 2. Identifique em seu grupo social pessoas de outras localidades e culturas e analise as diferentes manifestações da linguagem presentes na fala destes indivíduos. Elabore uma amostra e converse com o grupo. Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br 7 Linguagem Oral e Escrita 8 Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.videoaulasonline.com.br