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Campanha promove combate a hepatites virais
Ações terão como foco informar sobre a transmissão e sobre a prevenção
dessas doenças
No terceiro domingo de maio comemora-se o Dia Internacional da
Divulgação da Hepatite C. O Brasil aproveita a data para comemorar o Dia
Nacional de Luta Contra as Hepatites Virais. O Ministério da Saúde vai lançar uma
campanha nacional, com distribuição de cartazes e folderes. O foco serão as
formas transmissão e também de prevenção das hepatites virais.
A hepatite é uma inflamação do fígado. Pode ser contraída por vírus ou ser
conseqüência da ingestão excessiva ou inadequada de medicamentos, de álcool e
de drogas. As hepatites virais são mais comuns que as tóxicas e identificadas por
seus agentes causadores. Os tipos mais conhecidos são os: A (HVA), B (HVB), C
(HVC), E (HVE) e Delta – esta se desenvolve somente em associação com a
hepatite B. Os tipos A e E manifestam a doença de forma aguda e geralmente
benigna. Já os vírus B, C e a Delta podem causar a forma crônica da doença
(mais grave), capaz de levar uma porcentagem dos portadores à morte.
O diagnóstico e a identificação dos diferentes tipos de hepatite viral
acontecem por meio do exame de sangue do paciente. Contra a hepatite B existe
vacina, incluída no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS), aplicada
em três doses gratuitamente em postos de saúde de todo o país para pessoas
com até 19 anos de idade ou em qualquer faixa etária para grupos de maior
exposição ao vírus. Vale ressaltar que a pessoa que teve qualquer um dos tipos
de hepatite não pode ser doadora de sangue.
Segundo a coordenadora do Programa de Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, Gerusa Figueiredo, na maioria das vezes, a doença é silenciosa e
assintomática (sem sintomas) e pode ser detectada apenas por exames
laboratoriais. “Em outros casos, as manifestações da infecção hepática se
assemelham aos de uma gripe, como fraqueza e mal estar. Em alguns casos
ainda o doente pode apresentar olhos e pele amarelados e urina escura”.
Até 1989 conheciam-se os agentes das hepatites A, B, D e E. Noventa por
cento das contaminações de hepatite em transfusões de sangue eram causadas
por um agente desconhecido. Neste ano, foi identificado o vírus transmissor da
hepatite C.
Hepatite C – Esta infecção merece atenção especial dos serviços de saúde e da
população por poder desenvolver a forma crônica. Em um percentual de
portadores, mesmo sob tratamento, pode evoluir para cirrose e câncer de fígado.
Como agravante, ao contrário da hepatite B, a C ainda não possui uma vacina.
O vírus da hepatite C é transmitido pelo contato com sangue contaminado.
Os pacientes que receberam transfusão de sangue antes de 1993 representam a
maior parcela de pessoas infectadas por esse vírus. Antes desse ano, não havia
controle sorológico para a doença, pela inexistência de testes sorológicos
comercias para sua detecção.
O corpo humano pode eliminar o vírus da hepatite C até o sexto mês do
contato com o sangue infectado. Mas estimativas clínicas calculam que 80% das
pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C não conseguem eliminá-lo neste
período. Do total de pacientes que continuaram infectados, de 60% a 75%
desenvolverão a infecção de forma leve, dispensando o tratamento com
medicamentos. Entre 25% e 40% dos portadores de hepatite C vão desenvolver a
forma moderada e grave, para as quais existe tratamento disponível pelo SUS.
A hepatite C leva em torno de 20 anos para evoluir para câncer de fígado e
cirrose. Dentre os que têm um maior comprometimento do fígado, o tratamento
apropriado pode representar a cura. Caso esse tratamento não obtenha sucesso,
o transplante de fígado é a única opção.
Em 2004, o Brasil diagnosticou 8.214 novos casos de hepatite C. A taxa de
mortalidade pela doença, em 2003, foi de 5,91 por 1 milhão de habitantes. As
taxas dos grandes centros urbanos são maiores que a média nacional. O Rio
Grande do Sul, por exemplo, apresentou no mesmo ano índice de 19,8 óbitos para
um milhão de habitantes. O Rio de Janeiro registrou 10,9 mortes por um milhão de
habitantes. São Paulo alcançou 40,1 por um milhão. Essas capitais apresentam
elevado número de mortes não por concentrarem serviços de saúde de alta
complexidade e por terem maior procura de pacientes por tratamento. O cálculo
considera o local onde os pacientes foram infectados.
Entre 1996 e 2003, a taxa de mortalidade por hepatite C cresceu em torno
de 30% ao ano. As hepatites virais são as que mais provocam mortes entre as
doenças infecciosas.
Ações para tratamento da doença – “O Ministério da Saúde oferece tratamento
aos portadores do vírus da hepatite C por meio da distribuição gratuita de
medicamentos de alto custo”, informa a coordenadora do Programa de Hepatites
Virais do Ministério da Saúde, Gerusa Figueiredo. O ministério oferece para o
tratamento os medicamentos Interferon peguilato, Interferon convencional e
Ribavirina. Em 2004, o governo gastou R$ 200 milhões com a compra desses
medicamentos excepcionais.
Para mapear a ocorrência de hepatites, o Ministério da Saúde realiza desde
agosto do ano passado o Inquérito Nacional de Soroprevalência de Hepatites
Virais, por meio de uma amostra da população em todas as capitais. Os dados da
região Nordeste e Centro-Oeste já foram contabilizados. A previsão é de que até
final deste ano a pesquisa esteja concluída em todo país.
O Ministério da Saúde está desenvolvendo outras importantes ações para o
combate das hepatites em todas as fases de atenção à doença. O trabalho
começa pelos 250 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs), locais onde a
população pode fazer exames de sangue para detecção de hepatites B e C e
receber orientações. Depois vêm os laboratórios sorológicos, responsáveis pela
análise do material coletado. O Ministério da Saúde, em parceria com secretarias
estaduais e municipais de Saúde, promove ações para capacitação dos
profissionais que atuam nesses setores e também das equipes de vigilância
epidemiológica estaduais e dos médicos que atendem os pacientes na área de
média complexidade.
Ações de prevenção enfocam alguns indivíduos
Alguns grupos sociais recebem atenção especial do Ministério da Saúde
para abordagem das hepatites B e C. São eles: jovens até 19 anos, transgêneros,
índios, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e inaladas e pessoas
presas. O trabalho desenvolvido em cada um desses grupos utiliza linguagem
adaptada, exemplos do cotidiano dessas pessoas e requer ações específicas.
O aumento dos casos de hepatite entre indígenas pode ter origem nas
perfurações e escarificações (arranhões ou cortes na pele) feitas por instrumentos
compartilhados. O contato do índio com as drogas e o sexo desprotegido, assim
como a população em geral, é uma das vias de transmissão importantes para as
hepatites B e C. Em 2003, foram notificados 303 casos de hepatites em índios.
Deste total, 13 foram de hepatite C.
O uso de drogas torna vulnerável não só índios e a atenção do Ministério da
Saúde também vai além dos usuários de drogas injetáveis. A política de redução
de danos do Ministério da Saúde engloba também o consumidor do crack,
derivado da cocaína. Muitas vezes, o usuário fere a mão, até seu sangramento,
com fogo utilizado para queimar a pedra da droga no cachimbo onde é fumada.
Os transgêneros também são alvos das ações pelo fato de usarem seringas
para injetar silicones e compartilharem esse material.
A triagem sorológica nos bancos de sangue praticamente interrompeu a
transmissão da hepatite C por meio da transfusão sanguínea. Para evitar novos
casos da doença, o Ministério da Saúde recomenda o uso de material esterilizado
ou descartável em serviços de saúde, salões de beleza e nas lojas de tatuagens e
colocação de piercings. O ministério também alerta para o não compartilhamento
de agulhas e seringas.
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