marcelo martins vieira rocha - Facom-UFBA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
COMUNICAÇÃO SUBTERRÂNEA – UM GUIA PARA BANDAS INICIANTES
MARCELO MARTINS VIEIRA ROCHA
MEMÓRIA APRESENTADA PARA OBTENÇÃO DE GRAU DE BACHAREL EM
JORNALISMO, DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.
ORIENTAÇÃO: PROF. CLÁUDIO CARDOSO
SEMESTRE: 2003.2
1
RESUMO
Comunicação subterrânea, um guia para bandas iniciantes é um livro direcionado para
qualquer banda que deseje continuar sua carreira de forma profissional. Num difícil e
concorrido mercado artístico-musical, profissionalismo não é somente luxo, é obrigação. O
livro traz uma série de dicas que podem promover uma banda amadora a tomar atitudes
profissionais e se destacar dos seus “concorrentes”. Este guia aborda assuntos como: a
formação da banda e do líder, composição, ensaios, shows, estratégia de marketing e
comercialização de produtos. Todos os assuntos foram vivenciados na prática e estudados
em diversas disciplinas da Faculdade de Comunicação, o que torna o guia uma compacta,
mas eficiente referência para qualquer banda. Os textos foram escritos com linguagem bem
simples e contam com a colaboração do produtor andré t, conhecido no meio musical
baiano por ter produzido bandas como Plexus, Retrofoguetes, Rebeca Matta e Nancyta e os
grazzers.
2
AGRADECIMENTOS
Ao professor e amigo Cláudio Cardoso; minha família, família Sojka; Aline Granjo ; meus
comparsas Iassa, Ricardo e Maynard; Martin Mendonça “o celta saltitante”; andré t “la
belle cortesã”; Monclar Valverde; Jéssica Senra; Urânia, Rosana e Cultura IN, Jéder
Janotti; José Mamede; Mauro Ybarros; Cláudio David; Fábio Cascadura; toda a galera do
mirc; Geovana; Bahiarock, Metalvox, Rock in Bahia e todos os sites, zines e pessoas que
trabalham com rock n roll;
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Índice
Introdução ........................................................................................................
5
Escolha do suporte ...........................................................................................
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Escolha do tema ...............................................................................................
10
Delimitação do público alvo ...........................................................................
12
Linguagem ........................................................................................................
14
Coleta de dados ................................................................................................
15
Conceitos ..........................................................................................................
19
Divulgação ........................................................................................................
22
Bibliografia básica ...........................................................................................
23
Bibliografia específica ....................................................................................... 26
4
INTRODUÇÃO
O entretenimento está profundamente inserido na nossa sociedade. Todos os dias
aparecem novos grupos musicais, novos programas de televisão, novos filmes e novos
formatos de mídia, como o DVD. Toda essa euforia não é antiga e é justificável: o mercado
de entretenimento é extremamente lucrativo. Novos filmes geram novas trilhas sonoras,
novos jogos, mais merchandising e todo tipo de produto que pode ser consumido. No fim
do ciclo, uma continuação do filme é produzida e todo o processo é repetido.
O que importa no fim das contas é que isso vende. Quando feito da maneira correta
e quando se tem um pouco de sorte, vende ainda mais. A criação de produtos de
entretenimento pode custar centenas de milhões de dólares, mas os produtos serão
consumidos por milhões de pessoas e quando a aceitação do público é boa, as cifras se
multiplicam e o investimento vale a pena.
No Brasil contemporâneo, achar um bom emprego é uma luta tão difícil quanto
fazer um produto cultural se destacar no mercado. Mas só que lidar com cultura é muito
mais prazeroso do que a grande maioria dos empregos disponíveis. Se no fim das contas, o
risco é quase o mesmo, só que um é mais divertido do que o outro, não há duvidas que o
mercado do entretenimento leva vantagem.
A exclusão social dos jovens no mercado de trabalho, aliada ao fascínio pela fama e
reconhecimento do público faz com que uma grande quantidade de pessoas se dedique ao
mercado de entretenimento. Como de todas as atividades, a música continua sendo a mais
barata, os grupos musicais se multiplicam.
A música ainda é a manifestação artística mais fácil de ser assimilada. Em primeiro
lugar, as pessoas podem ouvir música enquanto exercem alguma outra atividade. Isto não
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acontece com um livro ou com um filme, por exemplo. Se uma pessoa lê, ela não pode estar
fazendo outra coisa simultaneamente, o mesmo acontece ao assistir um filme. A música
passa a ser um pano de fundo constante na vida das pessoas. Seja no carro, no trabalho ou
em casa, sempre há música.
A música também é extremamente sociável. Várias pessoas podem ouvir música ao
mesmo tempo. Assim, elas compartilham as impressões sobre a canção, dançam, cantam e
celebram juntas. Coisa que não seria possível vivenciar numa leitura de um livro que é uma
atividade tradicionalmente solitária e introspectiva.
A música têm uma linguagem própria muito democrática que permite a inserção de
pessoas de níveis culturais extremamente diferentes. É possível vermos um morador do
subúrbio ferroviário gostar das mesmas coisas que um adolescente de classe média que
habita no alto do Itaigara. Mesmo que a música seja cantada em uma língua estrangeira, a
melodia, o ritmo e a pulsação desta música atinge as pessoas.
Devido a essa penetração e importância da música, as pessoas começaram a
perceber que é possível ganhar dinheiro neste mercado sem participar de esquemas
milionários com gravadoras multinacionais. Assim nascem os pequenos selos e as bandas
independentes. É importante destacarmos que a produção de um CD também ficou bem
mais barata com a introdução da gravação digital através de programas de computador.
O mercado se desenvolveu de tal forma que até mesmo os independentes
precisavam de um tratamento especial, com estratégia de marketing, distribuição e
veiculação na mídia. Hoje em dia, ter uma banda independente é trabalhar tanto quanto ou
mais do que um selo grande, sem as mesmas condições orçamentárias. O independente
precisa produzir, gravar, distribuir e divulgar seu próprio trabalho. Se por um lado é um
trabalho árduo e difícil, traz vantagens para as bandas, como o controle do seu trabalho e a
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formação de uma boa equipe. Às vezes algumas gravadoras só têm vendedores em sua
equipe e pouca gente com sensibilidade musical. Os independentes podem formar sua
pequena estrutura de trabalho com pessoas confiáveis.
O maior problema se localiza na base: a grande maioria das bandas não está
preparada para conduzir o seu trabalho. As pessoas sabem fazer música, mas não sabem
vender sua música. Não há material de pesquisa sobre o assunto e todo mundo aprende da
mesma forma: tentativa e erro.
O livro comunicação subterrânea pretende dar algumas dicas que podem preencher
a lacuna na visão mercadológica das bandas independentes. O objetivo do livro é fazer com
que as bandas saibam guiar melhor a sua própria carreira. Foram utilizados diversos
conceitos aprendidos no curso de jornalismo da Facom.
No terceiro capítulo, onde falo sobre composição, muitas das idéias foram extraídas
da disciplina Estética da Comunicação e Comunicação Contemporânea ministradas,
respectivamente, pelos professores Monclar Valverde e Jeder Janotti. A pergunta que eu
prentedia responder era: de que forma a música comunica. Nestas disciplinas aprendemos
que uma nota musical ou uma estrutura de acordes podem influenciar o comportamento das
pessoas. Eu utilizei esses conhecimentos para tentar convencer o leitor da importância da
composição e do cuidado especial que deve-se ter neste processo que envolve o trabalho de
uma banda.
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ESCOLHA DO SUPORTE
Talvez a escolha do formato livro pareça estranha num primeiro momento. Por que
não fazer um website? A internet já é extremamente popular no meio artístico e facilitou o
contato dos artistas com seu público, só que a internet se especializou em textos curtos. As
pessoas ainda não param uma hora diante de um computador para ler os textos.
Um outro fator importantíssimo que privilegia a escolha do livro é a credibilidade. É
tão fácil colocar um site na internet que as pessoas já não vêem mais a internet com tanta
ingenuidade. Existem centenas de sites que espalham boatos, com textos mal escritos e
programados por pessoas que simplesmente não sabem se comunicar. A internet
intensificou a criação dos boatos e mentiras. Não estou dizendo que somente o fato de fazer
um livro impresso já o encobre de credibilidade, mas com certeza o dará mais que publicar
um site em um hospedeiro gratuito.
Há também a questão financeira. Um livro pode ser vendido, um site não. Mesmo os
grandes sites têm uma certa dificuldade em gerar lucro com publicidade. Os sites que
geram dinheiro vendem algum produto, mas o site em si é somente o suporte midiático.
Assim, seria muito ingênuo criar um site pago para que as pessoas pudessem ler o livro.
Um livro é um suporte especializado no texto. Ele foi feito para isso. As pessoas que
lêem, compram livros e gostam de ter o objeto livro nas suas estantes. Pode-se argumentar
que os músicos geralmente são pessoas que não tem o hábito da leitura, mas se eles não
lêem livros, não importa muito o formato em que o livro está.
A escolha do formato livro não é uma tentativa de inibir a “pirataria”. Qualquer
coisa depois de lançada no mercado pode ser copiada em segundos. Isso só depende do
interesse das pessoas. Os produtos culturais que fazem mais sucesso são os mais pirateados.
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Mesmo que prejudique a questão dos direitos autorais, acaba divulgando o trabalho do
artista. Aliás, no Brasil os direitos autorais também são tão mal tratados que seria outra
ingenuidade achar que protegê-los em demasia seria vantajoso. O que importa é que as
pessoas gostem do produto.
Outra questão a ser destacada é a facilidade do acesso. Pode-se dizer que achar um
livro é mais difícil do que achar um website. Eu digo que a diferença é mínima. Difícil é
fazer com que a pessoa se interesse em conseguir o produto, se interesse em tê-lo. Se é um
livro, ou um site, tanto faz. Os sites, assim como os livros, estão todos disponíveis para as
pessoas, num imenso mundo de informação onde é necessário fazer uma busca para achálos. Mas eles só serão achados se as pessoas tiverem interesse nisso. Uma vez que o
interesse é instaurado, achar é só uma questão de tempo.
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ESCOLHA DO TEMA
O tema do livro foi escolhido principalmente por eu participar do meio musical,
desde 1996, como ouvinte, e a partir de 1998, como um membro de uma banda. As
dificuldades foram vivenciadas e percebi que no meio rockeiro independente existem
pessoas muito talentosas, mas que não sabem guiar o seu talento com foco. Elas acabam se
desestimulando porque “as coisas não acontecem” mas também não fazem idéia de como
fazer “as coisas acontecerem”. Para mim, foi muito interessante perceber que o curso de
comunicação foi tão importante quanto às aulas particulares de guitarra e canto. Música
também é comunicação.
O grande problema de ter uma banda independente é que os músicos também
precisam ser empresários, jornalistas e comerciantes. É muito difícil perceber isso no
começo de uma banda, quando as pessoas só querem tocar por diversão. Os músicos não
entendem nada de foco, distribuição, prensagem, press-release, design e por aí vai. Pelo
menos não entendiam, mas ser independente obriga as pessoas a conhecer um pouco de
cada uma dessas coisas.
Grande parte do trabalho das bandas é realizado por intuição, utilizando o método
de tentativa e erro. Sendo assim, no começo o trabalho é sempre maior e o resultado é
murcho. A gravação de um CD e a produção de shows é uma coisa indispensável para o
florescimento do trabalho de uma banda, mas nem sempre as pessoas têm informação de
como e onde conseguir fazer as coisas.
O tema e o objetivo do livro é justamente dar a estas bandas o que elas precisam:
informação. Este também é o trabalho de um jornalista, independente de se trabalhar em um
jornal, revista ou qualquer outro meio de comunicação. Além de ser um futuro jornalista,
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também atuo como músico e vivo todas as dificuldades de uma banda iniciante. Pertenço ao
meio e pretendo ajudá-lo de alguma forma.
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DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO
O livro é destinado aos músicos independentes, estudantes de música, estudantes de
comunicação, produtores, selos, lojistas e pessoas interessadas em jornalismo e mercado
cultural. A faixa etária vai de 15 anos (que é a idade em que muitos começam a aprender o
tocar um instrumento) até 30 anos.
O público-alvo pertence à classe média e média-alta. Poucas pessoas têm dinheiro
suficiente para investir em cultura. Uma banda gasta muito com instrumentos, ensaios e
shows. Fazer um disco então é como aplicar dinheiro em uma empresa. É necessário ter um
bom capital inicial e estar preparado para perder tudo, caso as coisas não funcionem direito.
A maioria das bandas é formada por homens. As mulheres geralmente ocupam o
posto de vocalistas ou tecladistas. Com a tendência mundial de ocupação de cargos
importantes pelas mulheres, o que espero é que no futuro as mulheres possam se destacar
ainda mais tocando os outros instrumentos. Sempre existiram bandas formadas unicamente
por mulheres e a contribuição dessas bandas foi muito significativa.
Apesar de citar muitas bandas de rock como exemplo, o disco está direcionado para
bandas independentes de qualquer estilo. Muitos aspectos da condução de uma carreira
profissional são idênticos em uma banda de axé ou em uma banda de heavy metal.
O livro é direcionado para aquelas pessoas que jamais gravaram um disco de forma
profissional. Às vezes um músico leva 10 anos ou mais para gravar o seu primeiro trabalho,
seja com uma banda ou sozinho. Se ele não tem contato com pessoas que já trabalharam
nesta área, os problemas e dúvidas que surgirão serão semelhantes aos de uma banda
formada por adolescentes que estão prestes a gravar seu primeiro disco.
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LINGUAGEM
Escolhi escrever o livro em uma linguagem simples e acessível, mais próxima de
um e-mail do que de um livro de comunicação. O objetivo é fazer com que qualquer pessoa
ler o trabalho, com facilidade e desenvoltura. Desisti de fazer uma monografia sobre o
assunto quando percebi que o trabalho poderia estar destinado a ficar guardado na
biblioteca da UFBA e seria objeto de estudo para poucas pessoas.
O objetivo do meu livro é ser o mais popular possível. Mesmo que trate de um
assunto altamente segmentado e elitista, ele tem que chegar para as pessoas que tenham
interesse num assunto. Uma monografia tem um alcance bem mais limitado. Não estou
dizendo que um é pior do que outro. Foi apenas uma questão de opção e identidade com a
proposta do livro.
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COLETA DE DADOS
As informações foram coletadas em diversos lugares e ocasiões desde 1998. Boa
parte desses dados são provenientes da minha vivência como músico. Em 1999 comecei a
carreira tocando numa banda tributo ao Iron Maiden. Todos da banda eram completamente
desconhecidos no cenário de rock da Bahia e mesmo assim conseguimos atrair um bom
público para os nossos shows. O maior deles aconteceu no bar Idearium, no Rio Vermelho
e contou com a presença de 400 pagantes – lotação máxima da casa. Ao mesmo tempo, eu
estava ingressando na faculdade de comunicação e comecei a relacionar algumas coisas do
cenário rock com meus estudos em comunicação. A primeira coisa que me chamou a
atenção foi: como uma banda desconhecida poderia atrair tanta gente ao shows? A resposta
era simples, nós estávamos utilizando a imagem do Iron Maiden para estabelecer nossa
nome no cenário underground. Foi uma estratégia de marketing. Ninguém sabia que era
uma estratégia de marketing, mas era.
Depois disso, formamos o Plexus que é uma banda que toca músicas próprias.
Gravamos nossas músicas num estúdio de médio porte, em pistas separadas. Apesar de ser
apenas um disco Demo, a experiência foi muito enriquecedora e me fez pensar muito sobre
composição, dinâmica, afinação e outras detalhes técnicos de gravação. O nosso material
foi enviado para algumas revistas nacionais e internacionais o que nos deu uma grande
visibilidade e com isso, vendemos 400 cópias do disco.
Depois do disco pronto, descobri que para ser um músico independente preciso
também ser um vendedor. A tarefa de colocar os discos na loja não foi fácil e precisei
negociar com todo tipo de pessoa. Apesar do trabalho, o resultado disso foi excelente e
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nosso disco está até na Livraria Grandes Autores. Foi um ótimo passo para uma banda
independente com apenas um ano de formada.
Com a repercussão do disco, a mídia especializada começou a se interessar pela
banda e aí aconteceram as entrevistas e as matérias. Descobri que as entrevistas não são
apenas instrumentos de divulgação, elas são uma arma comunicacional da banda. Uma
entrevista pode alavancar as vendas do disco, mas se alguma coisa sair errada, também
pode destruir a imagem de uma banda. Algumas bandas menos conhecidas fazem acordos
comerciais com bandas famosas, para que elas citem os nomes das bandas mais novas nas
entrevistas.
A mídia não-especializada também começou a abrir espaço para a nossa banda. Isso
fez com que eu me aprofundasse nos estudos de press-release e na relevância jornalística. O
Plexus tinha que ser uma coisa interessante para os jornais publicarem. Conseguimos uma
boa repercussão, um programa dedicado à música alternativa da TV BAHIA nos deu
destaque em uma edição. Nossa música também passaria a ser trilha de alguns programas
de esporte e fomos citados no Globo News. De certa forma, toda vez que o assunto heavy
metal era levantado pela mídia baiana, lá estávamos nós.
Os shows dessa época não foram muitos, mas já deu pra perceber que os shows não
são apenas apresentações musicais. Há toda uma preparação anterior que vai desde a
escolha do local, equipamentos, preço do ingresso, divulgação e etc. Promovemos um show
de lançamento do nosso disco em agosto de 2001 e o resultado foi surpreendente:
vendemos 50 discos e o local ficou lotado – mais uma vez, o Idearium, com 350 pagantes.
Em 2002, paramos para compor o disco novo. Essa pausa poderia nos fazer
desaparecer um pouco da mídia, mas aconteceu justamente o contrário. Descobri que eu
precisava criar expectativa para o novo disco, precisava deixar as pessoas curiosas e loucas
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para ouví-lo. Na mesma época, estava surgindo o site bahiarock, especializado na cena
roqueira da Bahia. O site fez uma série de reportagens relatando o dia-a-dia da banda no
estúdio e isso criou uma expectativa imensa no público baiano.
O disco acabou saindo em Maio de 2003, totalmente independente e o resultado foi
melhor que o esperado. Com apenas dois meses de lançado, o disco já vendeu 150 cópias,
um número considerável para uma banda independente. A banda conseguiu um contrato de
distribuição na Alemanha e fez um esquema de divulgação digno de um selo de médio
porte: 250 cds foram enviados para revistas do mundo inteiro. As resenhas foram em sua
grande maioria muito positivas e a banda firma cada vez mais seu nome no cenário
underground de metal. A resposta da mídia não-especializada foi ainda melhor, e a banda
está sendo citada em matérias que tratam o rock, e não somente o heavy metal.
Tocamos em Aracajú e já surgiram convites para tocarmos em Brasília. Os shows
são bem mais freqüentes e as vendas do CD já começam a interessar alguns empresários
que não lidam diretamente com heavy metal.
Acredito que o resultado do nosso trabalho não se deve somente à qualidade da
música, mas também ao nosso trabalho junto com a mídia. Fizemos tudo de forma como a
grandes bandas fazem – obviamente, com um orçamento bem menor – e o resultado está
sendo gratificante, para uma banda do nosso porte e independente.
O livro não é um relato da nossa trajetória. Trato todas as questões de acordo com o
objetivo de cada banda e a maior intenção do livro é explicar como algumas coisas
acontecem com uma banda independente. O grande problema das bandas iniciantes é lidar
com as coisas que não conhecem e ser pego de surpresa em várias situações. O livro trata
destas situações e prepara a banda para entrar no mercado.
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Ainda tive a honra de contar com depoimentos de figuras importantes do cenário
roqueiro, como André t (produtor e engenheiro de som), Fábio Cascadura (vocalista da
banda Dr. Cascadura e um grande conhecedor do mercado alternativo) e Martin Mendonça
(guitarrista da Dr. Cascadura e produtor musical de diversos discos de bandas de rock).
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CONCEITOS
1. Profissionalismo
Em diversos momentos a palavra “profissionalismo” é citada no livro, como
oposição a “amadorismo”. Aqui vou tentar definir o que entendo por profissionalismo e por
amadorismo já que são conceitos que variam de acordo com as atividades em questão.
A definição do dicionário diz que:
“s. m.”,
conjunto de profissionais, seu modo de ver e de proceder;
carreira de profissional;
característica global do trabalho dos profissionais.
Só que esta definição é extremamente abrangente e não explica as particularidades
de ser profissional em música. A primeira coisa que precisa ser esclarecida é que ser
profissional é muito mais uma questão de atitude do que de dinheiro. Muitas pessoas ainda
acham que para ser um profissional você precisa conquistar o mercado, ganhar dinheiro e
ser reconhecido. O processo é justamente o inverso. Primeiro, você precisa se considerar e
agir como um profissional e as conseqüências virão em seguida.
É muito comum usarmos na Bahia a expressão “nas coxas” que diz respeito a um
trabalho mal-feito, sem planejamento e desorganizado. O trabalho profissional é justamente
o contrário. Existe planejamento prévio e cada detalhe é discutido com antecedência.
Qualquer coisa feita em cima da hora nunca vai ter a mesma qualidade de um trabalho
pensado e planejado. É planejando que se consegue evitar ao máximo os erros que
acontecem na hora em que o trabalho está sendo executado. Mesmo quando se planeja
muito bem, existe a possibilidade de acontecer algo errado, mas as possibilidades são muito
menores do que algo feito em cima da hora.
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O profissional usa o planejamento prévio para organizar suas ações e executá-las no
menor tempo possível. Em música e em muitos aspectos da vida, tempo é dinheiro. Se você
está no estúdio, ensaiando ou até mesmo num show, atrasos e complicações são perda de
dinheiro. O profissional sabe disso e procura chegar preparado para executar sua tarefa,
organizando suas ações com antecedência.
Todo trabalho organizado tem um objetivo. O profissional tem que estar fazendo o
seu trabalho visando ganhos futuros. Ele nunca pode estar pensando somente no agora,
precisa também pensar no que pode fazer amanhã como ele quer ser visto daqui a 10 anos.
Planejar é justamente tentar prever o que pode acontecer no futuro e focalizar as suas ações
para cumprir estes futuros objetivos.
2. Relevância Jornalística
A queixa de 10 entre 10 bandas iniciantes é que a mídia ignora o seu trabalho. Só
que há motivos para que a mídia faça isso, já que ela só trabalho com algo que seja
jornalisticamente relevante. Para uma banda ser relevante, ela precisa chamar a atenção da
mídia e alguma coisa do seu trabalho precisa ser de interesse público.
Os critérios utilizados para relevância jornalística no livro são: atingir grande
número de pessoas, envolver pessoas de destaque, prêmios conquistados, atividades
desenvolvidas que possam atrair um grande número de pessoas, quantidade de dinheiro
envolvido.
Só que todos estes critérios não são absolutos. O que é um “grande número” de
pessoas? Para o bar Calypso, no bairro do Rio Vermelho, 100 é muito, porque lota o bar.
As pessoas de “destaque” hoje são tantas que é preciso filtrar pessoas com “mais destaque”
dentre as pessoas de “destaque”. É possível passar do anonimato para a fama em questão de
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dias e perder tudo isso mais rápido ainda. Para algumas pessoas, somente passar na
televisão já é ser “famoso”.
É necessário entender o contexto em que esses critérios estão sendo utilizados. Para
uma banda iniciante, vender 1.000 discos é uma grande conquista e isso pode servir de
gancho jornalístico. As bandas pequenas precisam se comparar com as bandas do seu porte
e basta entender isso para chamar a atenção da mídia.
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DIVULGAÇÃO
Mesmo sem ter sido publicado, o livro já começou a ser divulgado. Ele está
disponível nos site Bahiarock e em breve também no site www.culturain.com, juntamente
com uma entrevista. O site zignow (www.zignow.com.br) publicou uma nota no dia 29/08
de 2003. No dia 23/08 o autor concedeu uma entrevista para a Rádio Metrópole, no
programa Punkada Rock, apresentado pela jornalista Jéssica Senra.
Cerca de 30 pessoas mandaram e-mail pedindo o livro e 30% disse que gostou e que
vai utiliza-lo na sua banda.
O livro despertou o interesse da Editora carioca Frutos e está em fase de edição para
ser publicado ainda este ano.
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