QUARTA-FEIRA, 13 DE JULHO DE 2016 Editora: Cris Vieira [email protected] (48) 3216-3527 Facebook/cadernoanexo Curta a nossa página! PELO ROCK CATARINENSE INICIATIVAS ESPALHADAS PELO Estado criam incubadoras para a profissionalização das bandas do gênero e abrem espaço para a música autoral YASMINE HOLANDA FIORINI yasmine.fiorini@ diariocatarinense.com.br H A gente conseguia se sobressair com música própria até 2011. Depois, teve uma invasão de tributos. O principal hoje é você conseguir que as pessoas escutem sua música. É muita informação, não tem mais esse negócio de ouvir um disco inteiro ELIAS SCOPEL LIEBL guitarrista da Sabre Eu não vou descansar enquanto não tiver um show lotado só de bandas catarinenses, e todo mundo cantando junto GERALDO BORGES, do coletivo O Clube — O cenário independente no Brasil e em SC nunca esteve tão bom. Agora é só encaixar as peças. Os músicos têm que ter mais noção não só do produto mas de tudo que envolve, como distribuição e turnê, para que não aconteça de as bandas acabarem, como vem acontecendo aqui. Eu não vou descansar enquanto não tiver um show lotado só de bandas catarinenses, e todo mundo cantando junto — diz Geraldo. Uma iniciativa similar está ocorrendo em Lages, promovida pela Fundação Cultural do Município e encabeçada pelo coordenador de música Eduardo “Xuxu” Vicari. O Palco Aberto Marajoara ocorre desde maio e, a cada edição, quatro bandas participam de encontros e organizam e produzem o próprio show. Lá, elas aprendem mais sobre divulgação artística, utilização de redes sociais, desenvolvimento de carreira, mercado independente de música, processo de gravação e organização de eventos. Xuxu é um dos sócios da Célula Cultural, espaço cultural de Florianópolis, que também tem sua incubadora e capacita bandas em seus primeiros passos. O projeto nasceu em 2015 em caráter experimental e em 2016 foi contemplado pelo edital da Funarte. O objetivo é dar apoio para que artistas em estágio inicial desenvolvam a música sob aspectos artísticos e de gestão. LEIA MAIS NA PÁGINA 3 FREEPIK, DIVULGAÇÃO á exatos 31 anos, no dia 13 de julho de 1985, acontecia o festival Live Aid, evento idealizado pelo rockstar irlandês e ativista político Bob Geldof que pretendia colocar fim à fome na Etiópia. O concerto ocorreu simultaneamente na Inglaterra e nos Estados Unidos e foi transmitido para mais de 100 países, com audiência estimada em 1,5 bilhão de espectadores. Desde então, a data foi escolhida para comemorar o Dia Mundial do Rock. Quer dizer... Diz a lenda que esse dia só é comemorado no Brasil. Depois de participar do Live Aid, o músico Phil Collins teria sugerido que 13/07 fosse definido como o Dia Mundial do Rock, mas ninguém deu muita bola, exceto duas rádios paulistanas que começaram a mencionar a data em sua programação. Pegou. Santa Catarina pode não ter grupos com projeção nacional, mas a paixão pelo estilo musical faz com que os músicos catarinenses encarem adversidades para seguir fazendo rock, seja como hobby ou como profissão. Uma das maiores queixas é a falta de locais para tocar e de público que valorize música feita aqui – basta dar uma olhada em outdoors e cartazes espalhados por qualquer cidade para ver muitos covers e tributos e quase nada de shows autorais de grupos catarinenses do estilo. — A gente conseguia se sobressair com música própria até 2011. Depois, teve uma invasão de tributos e ficou difícil se manter. Acho que o principal hoje é você conseguir que as pessoas escutem sua música. É muita informação, não tem mais esse negócio de ouvir um disco inteiro — desabafa Elias Scopel Liebl, guitarrista da Sabre, banda de Videira com 12 anos de estrada. A saída é se ajudar e apostar na coletividade. Guilherme Biz, guitarrista da Antichrist Hooligans, de Florianópolis, criou o próprio selo para lançar bandas locais. — O principal desafio para as bandas é se manter tocando, porque não há espaço, principalmente, para grupos de metal autoral. Despertou-me a necessidade de ajudar. É legal ver o que os outros estão tocando — diz o músico. Para Geraldo Borges, baixista da Blame, de Florianópolis, e um dos idealizadores do coletivo e produtora O Clube, a música catarinense independente precisa de duas coisas: canais de distribuição e melhora na mão de obra. O Clube vem promovendo encontros mensais com músicos convidados e profissionais do mercado para que as bandas locais possam aprofundar a questão mercadológica.