Informativo Educativo do consultório do Dr. Valdir Ribeiro Campos. Av. do Contorno, 2646/1408- Santa Efigênia Belo Horizonte –MG –CEP.:30110-014 Telefones (031) 3214-0710 e 3241-1567 TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC) “Eu sei que isso é uma estupidez . Eu me acho um louco, mas eu sei que não sou louco!” O Transtorno obsessivo compulsivo(TOC) não é uma doença nova. Há alguns séculos, as pessoas com pensamentos obsessivos blasfemos ou sexuais eram consideradas possuídas. Esta concepção religiosa das obsessões era consistente com a visão de mundo da época, e a lógica do tratamento consistia em expulsar o mal da infeliz alma possuída. O exorcismo era o tratamento de escolha, sendo a pessoa submetida à tortura na tentativa de expulsar a entidade intrusa. Com o tempo, a explicação das obsessões e compulsões desviou-se de uma visão religiosa para uma visão médica. Descrições clínicas como: Escrúpulos, Melancolia Religiosa, Loucura da Dúvida são encontradas em trabalhos publicados desde cerca de 300 anos atrás do que se conhece hoje como TOC. Na doença mental denominada transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) , uma pessoa é aprisionada por um padrão de pensamentos e comportamentos repetitivos que não tem sentido, são desagradáveis e extremamente difíceis de evitar. Por exemplo: perturbada por pensamentos repetitivos de que pode ter se contaminado ao tocar algum objeto “sujo” uma pessoa pode passar horas no decorrer do dia lavando as mãos até o ponto destas ficarem vermelhas e irritadas. Tal comportamento acaba por tomar muito tempo desta pessoa atrapalhando suas atividades em casa, no trabalho ou na escola. As principais características do TOC são: as obsessões ,que são pensamentos ou impulsos não desejados que retornam repetidamente à mente da pessoa .O indivíduo é perturbado continuamente por um pensamento aflitivo como: ”minhas mãos estão contaminadas, preciso lavá-las”; devo ter deixado o bico de gás aberto”; ou “vou machucar meu filho”. As obsessões são intrusas, inapropriadas e causam acentuada ansiedade e estresse. As obsessões mais comuns são: contaminação, agressão, religião(escrupulosidade) segurança/prejuízo, necessidade de exatidão e simetria, temores somáticos (corporais). Para aliviar sentimentos desagradáveis decorrente das obsessões, como : ansiedade, nojo, desconforto e outros, a maioria das pessoas com TOC recorre a comportamentos repetitivos denominados compulsões. As compulsões mais comuns são: checagem, limpeza/lavagem, contagem, repetição, ordenação/organização, estocagem/ coleção. Pessoas com TOC não devem ser confundidas com um grupo muito maior de indivíduos que, às vezes, são chamados de “compulsivos”, por se ater a um elevado padrão de desempenho em seu trabalho e até mesmo em atividades de lazer. Este tipo de “compulsão” freqüentemente serve de propósitos valiosos, contribuindo para a auto-estima do indivíduo e seu sucesso no trabalho. Nesse sentido, difere das obsessões e rituais, que trazem limitação e sofrimento para a vida da pessoa com TOC. A doença acomete cerca de 3% da população e aflige pessoas de todos os grupos étnicos. Em contrastes com outros distúrbios mentais, os sintomas de TOC são muito semelhantes em criança e adultos. É mais comum em mulheres do que em homens, como se observa em geral nos transtornos de ansiedade. Observações clinicas indicam que os pacientes com TOC são caracteristicamente jovens, referindo já apresentar a doença há muitos anos. Tais achados sugerem que ela se inicia na infância e/ou adolescência, com duração prolongada. Estudos epidemiológicos recentes sugerem que o TOC existe na população adulta em cerca de um em cada 50 adultos, e em cerca de uma em cada 200 crianças. Entre 45% e 90% dos pacientes com Sindrome de Tourette (condição que se desenvolve em determinadas famílias, caracterizada por tiques motores e vocais) também apresentam obsessões e compulsões. O TOC ocorre mais freqüentemente em pessoas separadas ou divorciadas, assim como em desempregadas, e está muitas vezes associado a outras doenças mentais, particularmente depressão e transtornos de ansiedade. Acredita-se que pessoas que desenvolvem TOC tenham uma predisposição biológica a reagir de forma acentuada ao “stress”. Tal reação se manifesta sob a forma de pensamentos intrusivos e desagradáveis, que geram mais ansiedade e “stress”, criando, por fim, um circulo vicioso do qual a pessoa não consegue sair sem ajuda. . 1 O fato de que alguns pacientes com TOC respondem bem a medicamentos específicos sugere que o transtorno tenha uma base neurobiológica. Assim, as pesquisas das causas atualmente se concentra na interação entre fatores neurobiológicos e influências ambientais. As pessoas com TOC geralmente tentam esconder seu problema ao invés de procurar ajuda. Uma infeliz conseqüência disso é que ,estas pessoas ,só recebem ajuda profissional muitos anos após o início de sua doença. Nessa ocasião , os hábitos obsessivos – compulsivos podem estar profundamente arraigados e muito difíceis de mudar. Entretanto , nos últimos 20 anos , surgiu maior interesse pelo assunto e pesquisas científicas estão revelando tratamentos que podem ajudar a pessoa com TOC . Os tratamentos mais eficazes tem sido com o uso de antidepressivos que aumentam a capacidade de o cérebro utilizar a serotonina, um composto químico que ocorre naturalmente no cérebro; e a psicoterapia com abordagem comportamental , denominada “exposição e prevenção de resposta.” Dicionário: Transtorno = conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais. Artigo elaborado por Dr. Valdir Ribeiro Campos. 2