HIPERTENSÃO ARTERIAL COMO DOENÇA DE BASE PREDITIVA PARA INSUFICIÊNCIA RENAL Juliana Gomes Teixeira Santana1 Eurípedes Gil de França2 Resumo Objetivo: Determinar o índice de pacientes com insuficiência renal, tendo como doença de base a hipertensão, em tratamento em um hospital de Campina Grande-PB, o perfil socioeconômico destes e seus estados clínicos. Método: Pesquisa descritiva, documental, com abordagem quantitativa, realizada em Campina Grande-PB, no Hospital João XXIII em outubro de 2012. Foram estudados prontuários de pacientes do setor de hemodiálise, do referido hospital, cadastrados a partir do ano de 2007. A amostra resultante foi de 40 prontuários. O banco de dados foi montado em planilhas do Microsoft Office Excel 2010 e analisado no Programa Statistical Package for the Social Science, versão 17. Resultados: 57% foram pacientes do sexo masculino, 53,8% da amostra era de casados. A média das idades foi de 44,53 anos e das pressões arteriais foi de 161/88 mmHg. Foram registrados pacientes com diabetes, cardiopatia e doenças infectocontagiosas. Com relação às complicações, a maioria apresentou fortes dores nos músculos inferiores (65%) e cerca de 30% da amostra evoluiu a óbito. Conclusão: Foram registradas outras doenças crônicas como diabetes e cardiopatias além da doença de base hipertensão. Os profissionais da saúde devem buscar conhecimento para auxiliar no tratamento da doença, incentivando os pacientes a perseverarem no tratamento e se adequarem às mudanças no estilo de vida. Palavras-chave: Insuficiência Renal. Diálise Renal. Enfermagem. HYPERTENSION AS A PREDICTIVE BASED DISEASE FOR CHRONIC KIDNEY DISEASE Abstract Objective: Determining patient rate having kidney failure, having as basis illness the hypertension, under treatment at a hospital in Campina Grande-PB, the social economic profile of those patients as well as their clinic state. Method: Descriptive research, documented, with a quantitative approach, made in Campina Grande – PB, at John XXIII Hospital, on October, 2012. Medical records were studied in the hemodialysis section at the hospital mentioned registered from 2007. The resulting sample came from 40 records. 1 Graduanda do curso de Bacharelado em Enfermagem. União de Ensino Superior de Campina Grande – UNESC Faculdades. E-mail: 2 Enfermeiro. Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual da Paraíba. Docente do Curso de Bacharelado em Enfermagem da União de Ensino Superior de Campina Grande-UNESC. E-mail: [email protected]. 2 Data bank was assembled in Microsoft Office Excel 2010 spread sheets and make analysis in Statistical Package for the Social Science program, version 17. Results: 57% were male patients, 53% of the samples were married. Age group was 44,53 years old and the arterial pressure rate was 161/88 mmHg. Patients were registered having diabetes, cardiopathy, and contagious illnesses. Regarding to the complications, most of the patients presented strong pains in the inferior members, legs, (65%), and about 30% of the sample came to a death. Conclusion: Other chronic illness like diabetes and cardiopathy were registered beyond basis illness to hypertension. Health care professionals must seek knowledge in order to help in the illness treatment, encouraging patients to keep their treatment and adapt themselves to life style changes. Key-words: Renal Insufficiency. Renal Dialysis. Nursing. 1 INTRODUÇÃO No corpo humano o produto do metabolismo é filtrado pelos rinse são estes órgãos os responsáveis pela coleta de resíduos no sangue e seu acúmulo, tendo como produto final a urina. O conhecimento do órgão é essencial para o diagnóstico e tratamento da doença renal crônica – DRC (CLARKSON; BRENNER; 2007; SMETZER; BARE, 2006). Existem duas alternativas principais para a substituição da função renal: a diálise e o transplante renal. A diálise é um tratamento que filtra dejetos e água do sangue e subdivide-se em duas formas principais: a hemodiálise e a diálise peritoneal. A primeira forma de diálise é feita através de uma máquina que funciona com um rim artificial, filtrando o sangue. Nela, encontram-se vários tubos com membranas semipermeáveis que se encontram mergulhadas em soluções com sais, glicose e outras mesmas substâncias encontradas no sangue. Como essa solução encontra-se na mesma concentração do sangue, as substâncias impuras e tóxicas que possuem concentrações diferentes, são eliminadas (NASCIMENTO; MARQUES, 2005). A fim de retirar e devolver o sangue para o corpo do paciente, durante a hemodiálise é necessário que se construam fístulas arteriovenosas, que ligam uma artéria a uma veia, criando uma veia periférica com alto fluxo sanguíneo e mais resistente a punções repetidas. Cada sessão de hemodiálise dura entre quatro a seis horas, e deve ser feita pelo menos três vezes por semana (NASCIMENTO; MARQUES, 2005). Para realizar a diálise peritoneal, introduz-se cateter especial dentro da cavidade abdominal, que através do mesmo, passa-se uma solução aquosa, semelhante ao plasma. Essa solução fica por um determinado tempo dentro da cavidade abdominal, para que seja realizada a mudança. Cada vez que uma nova solução é introduzida no abdômen e entra em 3 contato com o peritônio, ele passa para a solução os líquidos tóxicos que devem ser eliminados do organismo, equivalendo assim à função renal (COELHO, 1998). O transplante renal consiste em substituir do paciente os rins doentes por um rim, que cumpra a função renal, de um doador. Desde que o paciente apresente condições clinicas para suportar o transplante, tal como suportar uma cirurgia (com duração de 4 a 6 horas), não ter lesões em outros órgãos que impeçam o transplante (como cirrose, câncer ou acidentes vasculares), não ter infecção ou focos ativos (na urina, nos dentes, tuberculose ou fungos), e não ter problemas imunológicos adquiridos por muitas transfusões ou várias gestações, qualquer portador de DRC pode submeter-se a esse tipo de tratamento (NASCIMENTO, 2000). A doença renal crônica é problema de saúde pública no Brasil, sendo que a assistência a esses pacientes é um processo de avaliação constante por parte das instituições de saúde, de pesquisa e do governo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2011). Esta patologia exige cuidados que em vários casos leva a uma vida inteira de tratamento. Em 2000, estimou-se que havia 42.695 mil pacientes em tratamento dialítico. Em 2011, o número mais do que dobrou, chegando a 91.314 mil. Desses, 84,9 % possuíam despesas com tratamento pagas por meio do Sistema Único de Saúde – SUS. A prevalência da doença aumenta significativamente com a idade, com predomínio do sexo masculino (57,3%) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2011). Com isto, é possível perceber que a Insuficiência Renal Crônica – IRC tem-se tornado problema de grandes proporções para o governo, pois ainda é visível a necessidade de aplicação de políticas voltadas para a sobrevivência e a melhoria da qualidade de serviços prestados. As doenças renais levam a óbito pelo menos 15 mil pessoas por ano no Brasil e os gastos com estes doentes são de R$ 1,4 bilhão/ano, o que representa 10% de toda a verba destinada a hospitais, clínicas, médicos e remédios (AJZEN; SCHOR, 2004). Embora se tenha uma deficiência nos serviços prestados e no capital investido, havendo uma modificação na repartição dos recursos públicos que são destinados atualmente ao tratamento da IRC, poderia atingir-se um maior número de doentes e melhorar a qualidade de vida dos mesmos (COELHO, 1998). Alguns pacientes apresentam suscetibilidade aumentada decorrente de patologias que influenciam na lesão renal, tais como a hipertensão arterial (ROMÃO, 2004). A hipertensão encontra-se entre as principais causas de IRC (35,1%), seguida pela diabetes 4 melitus (28,4%) e glomerulonefrite (11,4%) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2011). Atualmente existem mais de 177 milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo. Em 2030, esse número deve chegar a 360 milhões, e caso essas previsões se confirmem o número de indivíduos com acometimento renal será expressivo (ROMÃO, 2004). A condição crônica e o tratamento hemodialítico são fontes de estresse e representam desvantagem por ocasionar problemas como Isolamento social, perda do emprego, dependência da Previdência Social, parcial impossibilidade de locomoção e passeios, diminuição da atividade física, necessidade de adaptação à perda da autonomia, alterações da imagem corporal e ainda, um sentimento ambíguo entre medo de viver e de morrer (MACHADO; CAR, 2003, p. 28). Para Barbosa (1993), o doente renal crônico vivência uma brusca mudança no seu viver, convive com limitações, com o tratamento doloroso, com um pensar na morte, mas convive com a possibilidade de submeter-se ao transplante renal e a expectativa de melhorar a sua qualidade de vida. Ainda, os pacientes renais crônicos acabam se tornando desanimados, desesperados e, muitas vezes, por estas razões ou por falta de orientação, acabam abandonando o tratamento ou não dando importância aos cuidados constantes que deveriam ter. Diante do exposto, é possível compreender que o papel do enfermeiro na assistência ao paciente renal crônico é extremamente importante, pois é também sua função incentivar o autocuidado, facilitando a aceitação do tratamento por parte do paciente. A assistência ao portador de IRC, adiante, deve focar a orientação, pois sempre ocorrerá a mesma dentro dos centros de hemodiálise, em cada sessão de diálise, e a adesão ao tratamento, fazendo com que o paciente adquira hábitos que favoreçam o bem estar (MASCARENHA, 2011). Nesta perspectiva, é correto inferir que as ações educativas, desenvolvidas juntamente com o paciente, família e comunidade, têm um papel fundamental no controle dessa enfermidade (MASCARENHAS, 2011). De fato, houve reformulação no Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares, passando a Programa Nacional de Avaliação dos Serviços de Saúde – PNASS a fim de verificar a qualidade dos padrões de 5 conformidade, indicadores produtivos, pesquisa de satisfação do usuário e condições de relações de trabalho (SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA, 2004). Pode-se observar lacuna em relação à avaliação da assistência aos portadores de IRC, desde a concepção do diagnóstico até a qualidade do tratamento oferecido a estes no âmbito do atendimento. Além disso, ainda são escassos os números de estudos de enfermagem relativos aos cuidados ao paciente nefrológico, tanto no que se refere a métodos de procedimentos quanto também na qualidade de assistência profissional (OLIVEIRA et al., 2008). Devido à importância do tema no campo da Enfermagem e vistas pela alta prevalência e por apresentarem grandes impactos na vida dos pacientes objetivou-se neste estudo determinar o índice de pacientes com insuficiência renal, tendo como doença de base a hipertensão, em tratamento em um hospital de Campina Grande-PB, identificando também o perfil socioeconômico dos pacientes e verificando o estado clínico destes durante as sessões de hemodiálise de acordo com os seguintes critérios: pressão arterial, temperatura, glicemia, complicações, temo de tratamento, número de internações, e evolução a óbito. 2 MÉTODO Pesquisa descritiva, documental, com abordagem quantitativa. Os estudos descritivos têm a finalidade de traçar um estado situacional do objeto de estudo. (RICHARDSON, 1989). A pesquisa foi documental, pois teve como objeto de investigação prontuários de um hospital. Estes documentos foram importantes, uma vez que contribuíram com os dados dos pacientes na elaboração dos resultados. A coleta de dados foi realizada em Campina Grande-PB, no Hospital João XXIII, no mês de outubro de 2012. Foram estudados os prontuários do setor de hemodiálise do referido hospital. Este departamento funciona de segunda a sábado das 06h00 às 22h00 em três turnos: manhã, tarde e noite. O hospital possui 18 máquinas para o tratamento, 18 leitos e 20 profissionais para atendimento. Por dia são atendidos 54 pacientes. Os pacientes são divididos em duas turmas: a primeira realiza hemodiálise nas segundas, quartas e sextas-feiras e a segunda nas terças, quintas e sábados. Cada turma frequenta o hospital três vezes por semana. Foram incluídos na pesquisa todos os prontuários de pacientes atendidos no turno da manhã e a partir do ano de 2007. 6 Prontuários rasurados, danificados ou que apresentassem qualquer ilegibilidade que impossibilitasse a coleta dos dados foram excluídos. Dos 70 disponíveis, amostra resultante foi de 40 prontuários que atenderam aos critérios de inclusão. A pesquisa foi realizada em dois dias, sem dificuldade para o acesso aos prontuários. A pesquisadora deslocou-se ao Hospital e lá contatou o profissional responsável pelo setor a fim de ter acesso aos documentos. Foram selecionados os prontuários de acordo com os critérios de inclusão e em sala reservada o pesquisador fez a coleta dos dados. O instrumento de coleta utilizado foi composto por questões objetivas – com opção de escolha e outras abertas – contemplando dois grupos: o primeiro referente às variáveis socioeconômicas e o segundo as variáveis clínicas. Ao todo havia 14 questionamentos, sete perguntas referentes ao primeiro grupo e sete referentes ao segundo. O banco de dados foi montado em planilhas do Microsoft Office Excel 2010. Após digitação, a planilha foi transferida para o programa Statistical Package for the Social Science – SPSS, versão 17, e realizada então a análise descritiva e apresentação dos dados em tabelas e gráficos. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa – CEP da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB, para apreciação e recebeu parecer favorável à sua realização CAAE: 0317.0.133.000-12. O pesquisador responsável assinou o Termo de Compromisso para Uso de Dados em Arquivo e se comprometeram a cumprir as normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, evidenciando as finalidades do estudo, identificação, contatos do pesquisador e garantia de sigilo das informações. 3 RESULTADOS Verificou-se a predominância de pacientes com IRC do sexo masculino com 57,5%. Dentre os pesquisados 53,8% eram casados e a média de idade dos pacientes foi de 44,53 anos, evidenciando um perfil de pacientes adultos maduros. A idade mínima registrada foi de 17 anos. Devido ao hospital ser uma das referências na cidade para o atendimento em nefrologia, muitos pacientes se deslocam de outras cidades circunvizinhas para realizarem tratamento. Considerando este fato, não surpreende que 85% da amostra estudada eram provenientes de outras cidades que não Campina Grande. 7 Não foi possível pesquisar mais dados a respeito do perfil socioeconômico dos pacientes, pois os prontuários não abrangiam outras informações. Tabela 1. Perfil socioeconômico dos pacientes em Diálise N % % válido % cumulativo Sexo Feminino Masculino Total 17 23 40 42,5 57,5 100,0 42,5 57,5 100,0 42,5 100,0 Estado civil Casado Divorciado Solteiro Viúvo Total Missing 21 02 09 07 39 01 52,5 5,0 22,5 17,5 97,5 2,5 53,8 5,1 23,1 17,9 100 53,8 59,0 82,1 100,0 Naturalidade Campina Grande Outras cidades – PB Total 06 34 40 15,0 85,0 100,0 15,0 85,0 100,0 15,0 100,0 Fonte: Dados da pesquisa. Tabela 2. Descrição das idades dos pacientes Idade Total Média Mediana D. padrão Mínimo Máximo Fonte: Dados da pesquisa. 40 44,53 43,50 14,88 17 77 8 Gráfico 1. Histograma da variação das idades dos pacientes Fonte: Dados da pesquisa. A média da PA sistólica (161 mmHg) apenas ratifica a característica da amostra, visto que foram analisados os prontuários de pacientes renais com doença de base a hipertensão. Todos os pacientes, cujos prontuários foram analisados, deram entrada no serviço com diagnóstico de doença hipertensiva. A média verificada para o tempo de tratamento dos pacientes foi de 2,2 anos. Verificou-se também média de 3,8 para número de internações. Além da doença base hipertensão, a maior parte dos pacientes possuía diabetes (32,5%). A mesma também pode se desenvolver durante o tratamento, o que justifica a média de glicemia elevada (média de 175,45). Outros possuíam hipertensão e cardiopatia (27,5%). O percentual para portadores de IRC com hipertensão e diabetes ou somente hipertensão foi de 65%. Com relação ao registro das complicações, metades dos prontuários não possuíam anotações referentes a esta evolução. Isto significou considerável perda de informações para esta pesquisa. A maioria dos prontuários válidos relatou dores nos membros inferiores – MMII como complicações (65%, percentual resultante da soma das variáveis fortes dores em MMII e dores em MMII por excesso de peso). Dos prontuários pesquisados, 12 desses eram de pacientes que foram a óbito, o que equivale a cerca de 30% do total. Não houve óbitos dentre os que estavam em primeiro ano 9 de tratamento, porém 16,7% dos óbitos foram registrados antes do segundo ano e50% morreram antes de completar o terceiro ano de tratamento. Tabela 3. Perfil de saúde dos pacientes (N = 40) PA PA Temperatura Glicemia Sistólica Diastólica Média Mediana D. Padrão Mínimo Máximo 161,00 165,00 15,98 130,00 180,00 88,00 90,00 7,23 70,00 100,00 35,6 36,0 2,2 29,0 39,0 175,45 173,00 21,07 140,00 228,00 Tempo de tratamento (anos completos) 2,2 2,0 1,4 0 5,0 Número de internações 3,8 3,5 1,8 1,0 8,0 Fonte: Dados da pesquisa. Tabela 4. Complicações no decorrer do tratamento (N = 40) N Doença de base* Cardiopatia 11 Cardiopatia e hepatite C 01 Cardiopatia e diabetes 02 Diabetes 13 Somente hipertensão 13 Total 40 % % válido 27,5 2,5 5,0 32,5 32,5 100,0 27,5 2,5 5,0 32,5 32,5 100,0 Complicações Fortes dores em MMII Dores em MMII (excesso de peso) Dores torácicas Náuseas durante as sessões Vertigens durante as sessões Total Missing 08 5 1 2 4 20 20 20,0 12,5 2,5 5,0 10,0 50,0 50,0 40,0 25,0 5,0 10,0 20,0 100,0 Óbitos Sim Não Total 12 28 40 30,0 70,0 100,0 30,0 70,0 100,0 Fonte: Dados da pesquisa. *Além das doenças relatadas, todos eram hipertensos. 10 4 DISCUSSÕES Alguns resultados relativos ao perfil socioeconômico dos pacientes em análise foram condizentes com os dados encontrados através da pesquisa bibliográfica que embasa este estudo, já que, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (2011) a prevalência da doença renal aumenta significativamente com a idade, com predomínio do sexo masculino, fato este que se comprovou através dos dados coletados na presente pesquisa visto que 57,5% dos pacientes com IRC eram do sexo masculino. Caso a pesquisa fosse realizada nos três turnos o percentual para masculinos poderia aumentar. De acordo com a tabela 3.4, dentre os pesquisados 53,8% eram casados e com média de idade de 44,53 anos, evidenciando um perfil de pacientes adultos maduros. A idade mínima registrada foi de 17 anos. Com o avanço da idade diversas doenças aparecem, sendo influenciadas também pelo ritmo acelerado de vida e por estresses sofridos no trabalho. Também estão mais propensos às patologias pelo fato da maioria ser de zona rural onde o acesso a tratamentos médicos e condutas profiláticas é mais restrito. Na presente pesquisa a existência de adolescentes com IRC pode estar relacionada às doenças genéticas que são transmitidas aos descendentes através da hereditariedade. Também pode ser relacionada à dieta inadequada. Quando relacionados à ambição pela estética corporal, os jovens fazem a utilização de medicamentos, sem acompanhamento médico e sem conhecimento dos familiares e que prejudicam a função renal, para manter o padrão corporal idealizado na mídia (CABRAL; DINIZ; ARRUDA, 2005). Em relação à doença de base dos indivíduos em análise, a média da PA sistólica encontrada entre eles apenas ratifica a característica da doença de base da amostra, visto que foram analisados os prontuários de pacientes renais com doença de base a hipertensão. Todos os pacientes, cujos prontuários foram analisados, deram entrada no serviço com diagnóstico de doença hipertensiva. A predominância de pacientes hipertensos com problemas renais ocorre devido ao fato de que, além do órgão ser responsável por controlar a concentração de sódio e a quantidade de líquido do corpo, o rim também é responsável pelo controle da pressão arterial sanguínea – PA. Ao haver falha na função do mesmo, pode ocorre um aumento na PA. Quando os rins não funcionam adequadamente é produzida renina em excesso e isto pode resultam em hipertensão. A hipertensão prolongada danifica os vasos sanguíneos, causando assim falha renal (CONSTANZO, 1999). 11 Foram registradas prevalências de cardiopatia (27,5%) e diabetes (32,5%). A existência destas pode ser explicada, de acordo com Bortolotto e Praxedes (2008), porque a hipertensão arterial é uma das principais causas de IRC, e quando associadas, aumentam o risco cardiovascular. Quando, ainda, relacionadas à idade, sedentarismo, dieta desequilibrada e proteinúria (dentre outras), aumenta as chances para aparecimento do quadro diabético. O tempo de tratamento dos pacientes estudados teve uma média de 2,2 anos. Verificou-se também média de 3,8 para número de internações. Apesar de não terem sido realizados testes de associação suspeitam-se (baseado na literatura) que as internações estejam relacionadas às complicações da insuficiência renal e idade elevada. Com relação ao registro das complicações, metades dos prontuários não possuíam anotações referentes a esta evolução. Isto significou considerável perda de informações para esta pesquisa. A maioria dos prontuários válidos relatou dores nos membros inferiores (MMII) como complicações (65%, percentual resultante da soma das variáveis fortes dores em MMII e dores em MMII por excesso de peso). Dos prontuários pesquisados, 12 eram de pacientes que foram a óbito, o que equivale a cerca de 30% do total. Não houve óbitos dentre os que estavam em primeiro ano de tratamento, porém 16,7% dos óbitos foram registrados antes do segundo ano e 50% morreram antes de completar o terceiro ano de tratamento. O período geral de tratamento é geralmente longo e o tempo máximo de tratamento registrado (nestes prontuários) foi de cinco anos, o que implica que a permanência por longos períodos de tratamento indica aceitação da doença e mudança de hábitos de vida. A média de internações pode estar associada ao número de complicações, isto porque são pacientes que frequentemente necessitam de assistência médica. Também ocorre devido à associação entre insuficiência renal e idade (os de mais idade estão mais susceptíveis às internações) (BRASIL, 2004). Registrou-se que metades dos prontuários não possuíam anotações referentes às complicações, fato que significou considerável perda de informações para esta pesquisa. Acredita-se que os pacientes que sofrem de IRC veem sua condição crônica e o tratamento hemodialítico como fontes de estresse, representando desvantagem por ocasionar problemas como o isolamento social, perda do emprego, dependência da Previdência Social, alterações da imagem corporal e ainda, um sentimento ambíguo entre medo de viver e de morrer, entre outros (SANTOS; ROCHA; BERARDINELLI, 2011). 12 Para Barbosa (1993), o doente renal crônico passa a conviver com uma brusca mudança no seu viver, já que passa a ter limitações e devido também ao tratamento ser doloroso convive com pensar na morte, mas com a possibilidade de submeter-se ao transplante renal e a expectativa de melhorar a sua qualidade de vida. É possível compreender que o papel do enfermeiro na assistência ao paciente renal crônico é de suma importância, já que tem o dever de incentivar o autocuidado, facilitando a aceitação do tratamento por parte do paciente, melhorando assim a qualidade de vida do indivíduo acometido pela hemodiálise. A assistência ao portador de IRC também deve focar a orientação em cada sessão de diálise, e a adesão ao tratamento, fazendo com que o paciente adquira hábitos que favoreçam o bem estar (MASCARENHA, 2011). Durante o tratamento ocorre alteração na nutrição (inferior às exigências corporais), devida à anorexia, náuseas, vómitos e dieta restritiva; a integridade cutânea é prejudicada, devido ao congelamento urético e alterações nas glândulas oleosas e sudoríparas; ocorre constipação devida à restrição de líquidos e ingestão de agentes fixadores de fosfato; risco de lesão enquanto está a andar, devido ao potencial de fraturas e câimbras musculares, relacionado à deficiência de cálcio e não aceitação do esquema terapêutico, devida às restrições impostas pela IRC e seu tratamento (OLIVEIRA et al., 2008). As dores têm relação com a dieta alimentar dos pacientes e com o excesso de peso ocasionado por ela. Por não terem os rins em pleno funcionamento, os portadores de IRC devem evitar a ingestão de líquidos e de alimentos ricos em líquidos, pois o excesso do mesmo pode levá-lo a óbito. Cada portador possui uma maneira única de lidar com o tratamento. A maioria dos pacientes adquiriu a IRC através de uma doença base, que na pesquisa teve-se a prevalência da hipertensão. Ainda é necessária a melhoria do tratamento oferecido pelo governo para os pacientes, para que haja uma melhoria na expectativa de vida dos mesmos e ocorra a diminuição do índice de óbitos. 5 CONCLUSÕES Ficou evidente que, mesmo considerando que apenas os prontuários de pacientes com hipertensão como doença de base tenham sido verificados, é visível o impacto desta doença no surgimento da insuficiência renal crônica. Dos prontuários de pacientes verificados no turno da manhã, 40 (57,1%) apresentou a doença hipertensiva como doença 13 de base. Além desta, 32,5% dos pacientes apresentavam concomitantemente diabetes e 35% possuía cardiopatia. O percentual para aquele somente com hipertensão foi de 32,5%. O estudo também avaliou os dados socioeconômicos, em que se constataram faixa etária dos pacientes entre 17 e 77 anos, sendo o perfil prevalente entre os pacientes pesquisados, de adultos maduros. 57% eram do sexo masculino (maioria), dos quais 53,8 % eram casados. A média das pressões arteriais dos pacientes foi 161/88 mmhg, resultado esperado considerando a doença de base e a própria IRC. A média da glicemia esteve elevada demonstrando desequilíbrio hormonal e suposição para diabetes. A média do tempo de tratamento dos pacientes em análise foi de 2,2 anos. A média do número de internações obtida foi de 3,8. Com relação às complicações a maioria apresentou fortes dores nos MMII (65%). Dos prontuários pesquisados, cerca de 30% do total eram de pacientes que foram a óbito. O papel da enfermagem é evidente, pois existe a criação de um forte vínculo entre o paciente e o enfermeiro, sendo que o profissional muitas vezes é considerado como membro da família. O profissional deve buscar ajudar o paciente aprender a lidar com a doença e incentivar as práticas que levem ao bem estar do mesmo. A enfermagem atua nessa área, diagnosticando e buscando solucionar os problemas vivenciados pelo portador e pelos familiares. Devem detectar os sinais que os pacientes apresentam, bem como verificar as informações e as orientações fornecidas aos mesmos. Ela também tem o papel de ajudar na adaptação do paciente à nova realidade e incentivar a continuidade do seu tratamento. Portanto, o estudo oferece base para que os atuantes da área de saúde percebam o quanto é essencial avaliar quais as razões que estão por trás da doença e a qualidade assistencial fornecida ao paciente. Importa que os profissionais se sensibilizem e assumam a responsabilidade na luta por melhores condições de tratamento clínico para os usuários, estimulação à mudança na dieta alimentar e manutenção desta e fortalecer as convicções do paciente para a esperança com relação ao transplante e a continuidade da vida. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu Grande e Fiel Pai e Amigo, Deus, que tem um plano especial para cada um de seus filhos. Sou grata por Ele sempre me mostrar os caminhos a seguir em 14 meio às tempestades da vida. À minha Mãe Marize Teixeira Santana e a minha amada Filha Janaína Ferreira Santana, que me forneceram força para percorrer essa trajetória. A toda a equipe de profissionais da Instituição UNESC Faculdades e colegas com quem convivi durante estes maravilhosos e esforçados anos, pois com cada um deles aprendi que posso dar ao próximo sempre o melhor de mim. Em especial, ao meu orientador Prof. Eurípedes Gil de França pelos ensinamentos dados para a realização deste artigo e pelos ensinamentos ainda mais importantes que ajudaram a me completar como ser humano. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus, que com toda sua excelência me mostrou os caminhos a seguir. À minha mãe, Marize Teixeira Santana e a minha filha, Janaína Ferreira Santana, que sempre estiveram me incentivando e ajudando a buscar minha realização. Também dedico ao meu orientador, Prof. Eurípedes, pelos ensinamentos fornecidos. O meu muito obrigado a todos que participaram da minha vida! REFERÊNCIAS AJZEN, H.; SCHOR, N. Nefrologia. 2. ed. São Paulo: Manole, 2004. BARBOSA, J. C. Compreendendo o ser doente renal crônico. 1993. 144 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1993. BORTOLOTTO, L. A.; PRAXEDES, J. N. Hipertensão secundária. In: NOBRE, F.; SERRANO JÚNIOR, C. Tratado de cardiologia da SOCESP. 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