Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade física adaptada e saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira MEDIADORES INFLAMATÓRIOS NA PATOGÊNESE DA ASMA Asma abrange um amplo espectro clínico, sendo de grau leve quando o broncoespasmo é facilmente reversível, ou pode chegar a ser intratável quando há obstrução crônica das vias aéreas (Kay,1987). São considerados na asma, a combinação de três fatores: obstrução das vias aéreas com reversibilidade espontânea ou farmacológica, aumento da responsividade para estímulos endógenos ou exógenos e inflamação da via aérea . A hiper responsividade da via aérea é usualmente avaliada em laboratório com testes de provocação que mostram queda de 20% no VEF1. Mais recentemente, muitos estudos tem demonstrado o papel da inflamação na patogênese da asma, usando prova de função pulmonar que mede o calibre da via aérea e a responsividade, completando com a investigação de células inflamatórias e seus mediadores no sangue periférico (Djukanovic, 1990). A importância da inflamação da via aérea na patogênese da asma foi recentemente enfatizada e várias hipóteses foram sugeridas para explicar sua patogênese e definir o tratamento: a- inflamação da via aérea como evento primário, b- hiper responsividade brônquica tanto transitória como persistente, sendo secundária à inflamação, mas seu mecanismo não esta ainda definido. A hiper -responsividade da via aérea e as alterações que ocorrem nas mesmas, fornecem uma avaliação indireta da inflamação da via aérea, c- exposição a agentes que induzem a inflamação(alérgenos, infecção viral) levando a hiper responsividade que é característico da asma crônica (Cockcroft,1990). A possibilidade da hiper responsividade da via aérea na asma ser devido a inflamação das mesmas, tem sido de grande interesse atualmente .Exame no pós- morte de pessoas que vieram a falecer com asma aguda, mostraram alterações inflamatórias na mucosa brônquica (Lozewicz,). Várias publicações desde os anos 60, identificam certas características peculiares da asma que podem ser atribuídas ao processo inflamatório. Estes incluem, oclusão do lume brônquico com uma mistura de muco, proteína sérica e restos celulares; escarificação epitelial, espessamento do epitélio da mucosa basal; infiltração de leucócitos (principalmente eosinófilos) na submucosa; hiperplasia da glândula mucosa e hipertrofia do músculo liso brônquico (Djukanovic,1990). Ocorre ainda uma intensa infiltração de eosinófilos e depósito de seus produtos ao redor do epitélio brônquico. Existe também um elevado número de linfócitos e macrófagos. Todos estes achados variam de intensidade por toda a árvore brônquica (Kay,1991). Marcado acúmulo de eosonófilo ocorre em várias desordens importantes como nas doenças alérgicas, infecções parasitárias e no câncer . Em certas doenças, entretanto, pode seletivamente ocorrer um acúmulo de eosinófilo no sangue periférico e em alguns tecidos do corpo, e este depósito anormal pode levar a vários efeitos clínicos (Rothenberg, 1998). Eosinofilia no sangue periférico e no escarro é indicativo de asma alérgica e não alérgica . No clássico artigo publicado em 1922 por Huber e Koessler sobre a patologia da asma, descreve uma eosinofila maciça no sangue e no tecido pulmonar de pacientes durante a asma, que colaborou para definir a patogênese da mesma (Frigas, 1986) . Recentes informações sugerem que o eosinófilo pode ter um papel chave na asma quanto ao dano do epitélio respiratório, devido a elaboração de leucotrieno C (Fukuda, 1985) que são potentes constritores na via aérea humana, tanto in vitro como in vivo (Griffin, 1983). Hiper reatividade brônquica e inflamação eosinofílica da via aérea, são importantes características da asma .Recentes investigações sobre o papel da inflamação na asma tem focalizado várias citocinas e mediadores inflamatórios na patogênese da doença. Particular interesse tem sido dado ao estudo da interleucina-5 (IL5) devido a sua eminente importância no controle da função do eosinófilo . Experimentos in vitro, tem demonstrado que a IL-5 , aumenta a adesão do eosinófilo na célula epitelial , aumenta o número de eosinófilos remanescentes, estimula eosinopoiese e aumenta a atividade citotóxica do eosinófilo (Mauser, 1995). Investigações clínicas e experimentais sugerem que alérgeno específico CD4+ Célula T , IgE e citocinas IL-4 e IL5 tem papel fundamental no início e sustentação da resposta em asmáticos por regular o recrutamento e / ou ativação de mastócitos e eosinófilos na via aérea (Foster, 1997). Existe uma forte evidência do papel da IL-5 na asma, porque a IL-5 é essencial no mecanismo de maturação do precursor do eosinófilo para eosinófilos na medula óssea e estes eosinófilos se acumulam no pulmão durante um processo inflamatório pulmonar . A inibição da ação da IL-5 mostrou, entretanto um bloqueio na maturação do precursor do eosinófilo e remove posteriormente uma das maiores causas da asma (Egan, 1997). Recentemente , eosinófilos tem sido referido na síntese e armazenamento de uma série de proteínas reguladoras em seus grânulos secretores (eosinas). Estes mediadores são citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento (Lacy, 1997). Acredita-se , então que os eosinófilos têm um importante papel nas respostas inflamatórias das vias aéreas, e a eosinofilia do tecido é uma característica da via aérea de asmáticos, portanto, os eosinófilos tem sido demonstrado como causadores da injúria da mucosa e provavelmente contribuem para alterações fisiológicas do pulmão. Está pobremente definido o mecanismo pelo qual se dá o inicio e a manutenção da inflamação em vais aéreas de pessoas alérgicas. Recentes estudos, tem acrescentado o papel das quimiocinas e receptores das quimiocinas na geração da resposta inflamatória eosinofílica e não eosinofílica da via aérea. No passado, a família de citocinas quimiotácica, foi bem identificada e parecia ter uma especificidade pelo tipo de leucócitos que eram recrutados para o local da inflamação. Em adição ao contínuo crescimento da família das quimiocinas , seus receptores são ainda hoje, identificados através de clones, sendo caracterizados por numerosos receptores orfãos. A quimiocina – sistema receptor da quimiocina, provavelmente representam um importante papel na asma e na atopia, sendo imperativo a contínua identificação das quimiocinas específicas, seus receptores e suas funções nas doenças. O número de quimiocinas tem sido identificado na asma humana, cuja produção parece estar bem relatada na severidade da inflamação no asmático e na reativa resposta da via aérea. Em particular, células epiteliais e macrófagos produzem níveis de quimiocinas significantes. Algumas quimiocinas induzem o recrutamento de eosinófilos (IL-8 , RANTES, proteína quimiotácica dos monócitos –3 [MCP-3] e MCP-4) . A identificação da eotaxina como a primeira quimiocina com habilidade para recrutar eosinófilos, foi pesquisada na resposta alérgica. Na asma humana, eotaxina é produzida em elevados níveis e se localizam no epitélio da via aérea. Esta expressiva concentração pode ser preferencialmente alvo no epitélio, para eosinófilos, e induzir primeiro a degranulação para liberar proteínas que danificam epitélio. Em adição ao recrutamento e ativação dos eosinófilos, a eotaxina pode ter efeito sobre outras células, com por exemplo, basófilos que sofrem degranulação na presença da eotaxina e célula tipo Th-2 que podem sofrer migração (Lukacs, 1999). Interessantemente, imunorreatividade de várias destas eotaxinas tem sido descobertas para co-localizar os grânulos secretores dos eosinófilos. A potencial habilidade dos eosinófilos em produzir estas moléculas tem levado a uma fundamental reavaliação do papel destas células na regulação das reações inflamatórias em doenças atópicas e parasitárias e pode esperançosamente tornar mais leve a função imunológica dos eosinófilos (Lacy, 1997).