Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
IPÊ ROXO, Tabebuia avellanedae: ATIVIDADE ANTIOXIDANTE,
CITOTÓXICA E ATIVIDADE ESPONTÂNEA EM CAMUNDONGOS
Gizélia Lemos Pinto1, Júlio Cézar dos Santos Nascimento², Livia Santos de Souza³, Paula Felex Montenegro4, Rafaela
dos Santos Silva5 e George Chavez Jimenez6
Introdução
A Handroanthus impetiginosus pertencente a
classe magnoliopsida e família bignoniaceae da
America tropical, do mexico a argentina, estando no
Brasil a maior concentração sendo uma árvore nativa
da Mata Atlântica brasileira. Seus nomes populares
mais conhecidos são: piúva, pau-d'arco, piúna, ipê-roxo
(LORENZI, 2002).
A
reclassificação
recente
do
gênero Tabebuia colocou como mesma espécie
a Tabebuia impetiginosa e a Tabebuia avellanedae,
mas há discordância de botânicos brasileiros
(SHANLEY, 2005). Costuma viver em matas
ciliares no cerrado, e em áreas perto de rios. Como os
demais ipês, é uma árvore ornamental, cuja floração
ocorre na estação seca (maio-agosto), época em que
perde todas as folhas. A inflorescência é um panículo
terminal, as flores que vão do rosa ao lilás duram
poucos
dias
e
fornecem
alimento
para insetos apícolas, aves e macacos
(LORENZI,
2002). É Arvore majestosa de até 20 m de altura.
Tronco rugoso, pardacento. O Cerne do tronco tem cor
avermelhada. As folhas são caducas e as flores
aparecem antes do ressurgimento das folhas. A beleza
de um ipê-roxo florido não tem rivais nas matas
brasileiras. O fruto é um legume deiscente e as
sementes são dispersas por anemocoria (pelo vento).
As folhas possuem 5 foliolos, como a maioria dos ipês.
As partes usadas pelo homem são a cerne, cascas e flor
(EPUB, 2008). A árvore é muito usada em arborização
urbana no sudeste e centro-oeste do Brasil. A madeira
apresenta
boa
durabilidade
e
resistência
contra organismos que dela se alimentam (xilófagos),
sendo difícil de serrar ou pregar. Da casca, são
extraídos os ácidos tânicos e lapáchico, sais alcalinos e
corante que é usado para tingir algodão e seda
(LORENZI, 2002).
O ipê-roxo é muito usado em medicina popular no
combate de câncer e inflamações; o extrato da entre
casca é depurativo e bactericida. Conhecida por
lapachol, a substância tem o poder de inibir o
crescimento de tumores malignos e, ao mesmo tempo,
reduzir a dor. A casca da espécie está entre os produtos
amazônicos, com reconhecido poder medicinal, mais
procurados (LORENZI, 2002). Os Princípios ativos:
cumarinas, flavonóides, incluindo um corante amarelo,
taninos, saponinas, resinas, naftoquinonas, xilodoina,
um antibiótico natural, lapacholl, a-lapachol, blapachol, cloro-hidro-lapachol, sais minerais: silício,
cálcio, ferro, cobalto, vitaminas. Os antibióticos
naturais e as antraquinonas, seus princípios ativos mais
importantes, se encontram (-se) no corante amarelo
existente no ceme do tronco, sendo hidro e álcool
solúveis. São eles que conferem as atividades
antineoplasicas, anti-tumoral, anticoagulante, antimalaria e analgesia. Não há relatos de efeitos tóxicos
associados a seu uso, dentro das doses terapêuticas
descritas. Ulceras gastro-entericas e varicosas,
hemorróidas. Feridas infectadas, dermatoses, pruridos,
coceiras, escrofulose, eczemas. Escabiose, psoríase,
tumores, leucorreia, blenorragia, inflamações da
gengiva e da garganta, estomatite, aftas, herpes labial,
anti-tumoral, imuno-estimulante, citostaico, neoplasias,
afecções hepáticas e cardíacas. Uso empírico no mal de
hodgkins e mal de Parkinson, anemias e analgésico.
Não existem relatos de contra indicação a
amamentação, não deve ser usada durante a gestação, a
planta tem efeito citostático (EPUB, 2008).
O presente trabalho teve como objetivo descrever
atividade antioxidante, citotóxica e atividade
espontânea do Ipê Roxo, Tabebuia avellanedae em
camundongos.
1. Primeiro Autor e Discente do Curso de Graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de
Medeiros, s/n. Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 57171-900. E-mail: [email protected]
2. Segundo Autor e Discente do Curso de Graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de
Medeiros, s/n. Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 57171-900.
3. Terceiro Autor e Discente do Curso de Graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de
Medeiros, s/n. Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 57171-900.
4. Quarto Autor e Discente do Curso de Graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de
Medeiros, s/n. Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 57171-900.
5. Quinto Autor e Discente do Curso de Graduação de Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de
Medeiros, s/n. Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 57171-900.
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Sexto autor é Professor Adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal (DMFA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av.
Dom Manuel de Medeiros, s/n. Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 57171-900.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Laboratório
de Farmacologia da UFRPE. Foram utilizados três
camundongos Mus musculus, albino suíço.
Atividade antioxidante:
Uma alíquota de 1 ml do filtrado foi retirado da
solução original, e colocada em um tubo de ensaio até a
evaporação em temperatura ambiente. Após este
período, o resíduo foi ressuspenso acrescentando-se
aproximadamente 0,3 mL de TWEEN 80 como
dispersante e solução 1 ml de água deionizada.
A esse volume ressuspenso foi acrescido 50 μL de
peróxido de hidrogênio, aguardando-se a reação por 15
minutos. Em seguida foi acrescido 0,02 mL de iodeto
de potássio a 2,5%. e 0,02 mL de solução saturada de
molibdato de Sódio. Após cinco minutos foi adicionado
3 mL de clorofórmio, agitando-se o tubo de ensaio e
aguardando por 5 min. Após esta etapa foi efetuada a
leitura da porção orgânica da reação (parte inferior do
tubo), em espectofotômetro a 560nm, contra dois tubos
de referência, um padrão (com peróxido sem o extrato),
e o branco (contendo os demais reagentes, mas sem
extrato e sem o peróxido de hidrogênio).
Para, enfim, promover a determinação da
atividade antioxidante A razão entre a leitura do extrato
e a leitura do padrão resultou em um número, que se
>1 a reação foi considerada como oxidante, e se <1
como antioxidante.
Teste de toxicidade celular:
Dez unidades de sementes de alface (Lechuga
Victoria de Verano) livre de aditivos, foram
acondicionadas em recipientes contendo 10g de
algodão hidrofílico umedecido. Um recipiente recebia
um volume de 1mL de extrato do vegetal ressuspenso
em água bidestilada na concentração de C= 0,055
mg/ml. Em outro recipiente amostras de semente
recebiam somente hidratação equivalente (controle).
Após um período de 4 dias, o brotamento das sementes
foi verificado, tomando-se com referência o total de
sementes vingadas como parâmetro para se
dimensionar o nível de toxicidade do extrato vegetal
avaliado.
Bioensaios preliminares para atividade espontânea:
Um número de 3 animais (camundongos Mus
musculus, albino suíço, machos, pesando cerca de 40g),
após a devida marcação, foi submetido a um sistema de
campo aberto, recebendo cada animal um volume de
0,1mL ip do extrato devidamente ajustado em água
deionizada numa dose de 137 µg/kg.
A atividade espontânea dos animais foi registrada
a cada 10 minutos até completar o período de 60
minutos de observação.
Os dados foram tabelados considerando os
intervalos temporais de observação das principais
respostas, utilizando-se como referência os descritores
de Malone (1987).
Resultados e Discussão
Várias atividades farmacológicas foram atribuídas
ao lapachol e seus derivados semi-sinteticos, como
ação
antimicrobiana,
antifúngica,
cercaricida,
moluscicida, anti-inflamatória, antineoplásica, antiulcerante,
leishimanicida,
tripanossomicida,
antimalárica, anticonceptiva e contra enterovirose
(ROBERTA ALVES, 2007), porém são observados
efeitos colaterais, representados no gráfico 1.
Nos
resultados
obtidos
dos
bioensaios
preliminares para atividade espontânea pode-se
verificar alterações nos parâmetros dos animais, dando
ênfase na hiperventilação visto que o lapachol é
reportado por ser um potente inibidor do processo
respiratório e prurido em geral visto que uma das
propriedades do lapachol e de seus derivados é a
indução de apoptose, por agirem sobre as enzimas
topoisomerases I e II. Até o momento, a bioquímica da
indução não está toda esclarecida , entretanto , com as
informações disponíveis na literatura pode-se apontar
para uma ação de indução de apoptose através da
inibição do complexo topoisomerase-DNA. Alguns
efeitos são citados na literatura como: náuseas (severas
ou moderadas), efeito anticoagulante (altas dose),
disfunção renal e diarréria, emese, anemia, tendência a
hemorragia e reversíveis prolongamento do tempo de
protombina (ANDRÉ RODRRIGUES, 2007). Os
efeitos colaterais que são observados mais rapidamente
são emese e diarreia, Diante do curto período de
observação, no presente estudo não foram apresentados
estes efeitos. Para evitar possíveis adversidades geradas
pelo uso indiscriminado ou sem orientação de plantas
medicinais ou fitoterápicos faz-se necessário um estudo
aprofundado das características farmacocinéticas da
planta podendo assim informar a população sobre os
riscos e efeitos que tais medicamentos oferecem.
Já os resultados de toxicidade celular mostraram
que 67 % das sementes tiveram seu crescimento
normal, porém 33% das sementes tiveram seu
crescimento inibido pelo Ipê Roxo.
Referências
FILHO M.S.S.F. et al. Validação da Metodologia
Analítica e Desenvolvimento do Teste de Dissolução
para o Antineoplásico Beta-Lapachona. Latin American
Journal of Pharmacy 28 (6), p. 805-11 (2009).
HIGA, R.A. Estudo da ação antineoplásica do Ipê
Roxo na carcinogênese induzida pelo azoximetano em
camundongos. Campo Grande/MS, 2007.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de
identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil,
vol. 1. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP, 2002, 4a.
edição.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
SHANLEY, P; MEDINA, G. Frutíferas e plantas úteis
na vida amazônica, eds., Silvia Cordeiro, Miguel
Imbiriba 2005.
EPUB. Índice Terapêutico Fitoterápico Ervas
Medicinais. São Paulo: Publicações Biomédicas, 2008,
328 p.
RIBEIRO, M.A.R. História, Ciência e Tecnologia – 70
anos do Instituto Biológico de São Paulo na Defesa da
Agricultura 1927 -1997. São Paulo: Instituto Biológico,
1997. 284p.
RODRIGUES, Eliana; CARLINI, Elisaldo, L.A. A
importância dos levantamentos etnofarmacológicos no
desenvolvimento de fitomedicamentos. Revista Racine,
São Paulo, n.70, p.30-35, 2002.
VALLE, J.R. A Farmacologia no Brasil- Antecedentes
e Perspectivas. Publicação da Academia de Ciências do
Estado de São Paulo, 1978. 288p.
Gráfico 1. Número de animais que responderam ao que foi observado (NAR), em um determinado tempo em minutos
(MIN).
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