Núcleo de Educação Popular 13 de Maio - São Paulo, SP . CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA Tel. (11) 92357060 ou (48) 96409331 e-mail: [email protected] EDIÇÃO 1142 – Ano 28; 1ª semana Abril 2013.. Novo e Misterioso Comércio Global . Basta uma rápida passagem pelos números para verificar que a realidade do comércio internacional é o oposto das mistificações e mistérios propagados pelos economistas e demais ideólogos do capital. JOSÉ MARTINS A economia política dos capitalistas ainda analisa o comércio internacional com as mesmas asneiras teóricas de cinquenta anos atrás – como a noção de escassez ou abundância de “fatores de produção”, vantagens comparativas, etc., que levariam um país a se especializar na produção nesta ou naquela mercadoria.1 Mas não dá para falar do capital imaginando que ele não existe. Entre essas contorções mentais e a realidade da globalização do capital, as transformações recentes do comércio internacional ficam ininteligíveis. É o caso do rápido aumento da participação da indústria manufatureira e das exportações dessas manufaturas pelas economias da periferia do sistema. Nos boletins anteriores, já falamos alguma coisa das formas recentes do desenvolvimento desigual e combinado da capacidade industrial entre as diferentes áreas e economias nacionais. Agora, vejamos a realidade da suposta ascensão da competitividade e capacidade exportadora das pobres potências da periferia. MONOPÓLIO DAS MANUFATURAS – Um fato importante do comércio internacional é que, neste início de século 21, cerca de 85% do total das exportações mundiais é de produtos manufaturados. As exportações agrícolas e 1 A síntese dessas inutilidades – e que ainda é ensinada ad nauseam nas escolas de Economia de todo o mundo – é que cada país tem uma tendência a produzir (e, portanto, a exportar) a mercadoria que usa intensamente o “fator” que é relativamente mais abundante no país. Tara original de incapacidade cognitiva dos pastores do capital: entre um “fator” e outro, não diferenciam a produção da mercadoria da circulação simples da produção da mercadoria da circulação capitalista. Prisioneiros do caráter fetichista da mercadoria, a “ciência econômica” faz uma enorme confusão entre “custo de produção”, valor e preço da mercadoria-capital. Querem descrever o mundo do capital com um mundo imaginário onde não existe nenhum vestígio de capital. Assim, além da bobagem da escassez e abundância dos “fatores”, o preço de uma mercadoria, dizem eles, é determinado endogenamente pelo custo de produção ou preços dos seus “fatores de produção”; e os preços destes últimos? É simples, continuam nos explicando os sábios “matemáticos”: pelos custos de produção ou preços dos seus próprios “fatores de produção”. E assim por diante. Ad eternum... Com o cachorro correndo atrás do seu próprio rabo, tudo fica totalmente indeterminado. A começar pelo preço de uma mercadoria. Isto é o que chamamos de economia vulgar. É ela que povoa os corações e mentes dos consumidores e contribuintes do sistema. 1 outras matérias primas não passam de 15%. Essa realidade mostra, em primeiro lugar, a relação orgânica da produção de valor e de mais-valia (lucro) com a dinâmica econômica dos ciclos e crises periódicas globais. A produção de valor e de mais-valia in actu, desdobrando-se livremente no mercado mundial, seu espaço mais adequado para se realizar e se despedaçar em mil pedaços. Em segundo lugar, esse quase monopólio das manufaturas no comércio internacional realiza a divisão internacional do trabalho especificamente capitalista. Por isso ela é nova apenas na aparência, pois essa fusão planetária da produção e do comércio internacional reforça ainda mais a rígida hierarquia imperialista tradicional das economias dominantes e economias dominadas. Mais de dois terços do comércio internacional de manufaturados é centralizado pelas economias dominantes. Em 2009, Estados Unidos (9,52%), Alemanha (10,80%) e Japão (6,77%) centralizavam juntos 27,10% do comércio internacional de manufaturas. As outras quatro economias do Grupo dos Sete (G7), núcleo duro do bloco imperialista, centralizam mais 11,36% do total, repartido entre França (4.32); Itália (3.91); Inglaterra (2.99); e Canadá (2.10). No lado de baixo da tabela, as economias dominadas centralizam mísero um terço do comércio internacional de manufaturas. Reflete quase milimetricamente a subalterna participação destas tristes figuras na produção manufatureira mundial, que verificamos em boletins anteriores. A China (12.18%) centraliza a quase totalidade no interior do BRIC. Veja a participação das demais “potências emergentes”: Índia (1.57); Rússia (1.14); e Brasil (1.04). Em resumo: os BRICs centralizam míseros 15,93% do comércio internacional de manufaturas. Essa reduzida capacidade exportadora é suficiente para classificá-los como novas potências econômicas mundiais? As bulas papais da economia política dos capitalistas dizem que sim. Além do mais, alguém mais esclarecido pode alegar que o volume absoluto do comércio externo de uma economia nacional não é suficiente e nem o mais importante para determinar a capacidade das suas exportações. Pode ser. Há que se levar em conta a qualidade do processo. Corretíssimo. Aliás, é exatamente o que já pretendíamos fazer. O método é o mesmo utilizado para a capacidade industrial. No quadro da globalização aprofundada das últimas décadas, as exportações de produtos manufaturados per capita (por habitante) é um precioso indicador para essa comparação. Detalharemos, portanto, essa e outras realidades do mundo do capital no próximo boletim. Até lá! 2 Para receber semanalmente em seu email análises econômicas como esta que você acabou de ler, assine e divulgue o boletim CRÍTICA SEMANAL DA ECONOMIA, do 13 de Maio, Núcleo de Educação Popular, S.Paulo. Em 2013, estamos completando 27 ANOS DE VIDA. 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