ABR / MAI / JUN 2011 • No 2 • ANO XXXV Remodelando o futuro Artrite Psoriásica Recomendado pelo grupo GRAPPA* para todos os quadros e comorbidades de AP 9 *GRAPPA: Group for Research and Assessment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis Artrite Reumatoide REMICADE interrompe a progressão da doença1-4 - resposta rápida5-7 - reduz a progressão radiográfica1,2 - possibilita remissão sem uso de medicação3,4,8 Espondilite Anquilosante REMICADE promove: - redução nas crises de uveíte anterior em comparação ao etanercepte10 - redução significativa nas crises de doença inflamatória intestinal em comparação aos outros agentes anti-TNF11 - melhora significativa e sustentada por até 5 anos na atividade da doença axial, mobilidade e função12 Referências bibliográficas: 1. St Clair EW, van der Heijde DM, Smolen JS, Maini RN, Bathon JM, Emery P, et al.; Active-Controlled Study of Patients Receiving Infliximab for the Treatment of Rheumatoid Arthritis of Early Onset Study Group. Combination of infliximab and methotrexate therapy for early rheumatoid arthritis: a randomized, controlled trial. Arthritis Rheum. 2004;50(11):3432-43. 2. Smolen JS, Van Der Heijde DM, St Clair EW, Emery P, Bathon JM, Keystone E, et al.; Active-Controlled Study of Patients Receiving Infliximab for the Treatment of Rheumatoid Arthritis of Early Onset (ASPIRE) Study Group. Predictors of joint damage in patients with early rheumatoid arthritis treated with high-dose methotrexate with or without concomitant infliximab: results from the ASPIRE trial. Arthritis Rheum. 2006;54(3):70210. 3. Van der Kooij, et al. Remission induction in early rheumatoid arthritis with initial infliximab and methotrexate therapy: 4-year follow-up data of the disease course after infliximab discontinuation in the best trial. Ann Rheum Dis 2007;66(Suppl II):192. 4. Van Der Kooij S, et al. Drug-free remission, functioning and radiographic damage after 4 years of response-driven treatment in patients with recent onset rheumatoid arthritis. Ann Rheum Dis. 2009; 68:914-921. 5. Maini R, St Clair EW, Breedveld F, Furst D, Kalden J, Weisman M, et al. Infliximab (chimeric anti-tumour necrosis factor alpha monoclonal antibody) versus placebo in rheumatoid arthritis patients receiving concomitant methotrexate: a randomised phase III trial. ATTRACT Study Group. Lancet. 1999 Dec 4;354(9194):1932-9. 6. St Clair EW, Wagner CL, Fasanmade AA, Wang B, Schaible T, Kavanaugh A, Keystone EC. The relationship of serum infliximab concentrations to clinical improvement in rheumatoid arthritis: results from ATTRACT, a multicenter, randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Arthritis Rheum. 2002 Jun;46(6):1451-9. 7. Maini RN, Breedveld FC, Kalden JR, Smolen JS, Furst D, Weisman MH, et al.; Anti-Tumor Necrosis Factor Trial in Rheumatoid Arthritis with Concomitant Therapy Study Group. Sustained improvement over two years in physical function, structural damage, and signs and symptoms among patients with rheumatoid arthritis treated with infliximab and methotrexate. Arthritis Rheum. 2004;50(4):1051-65. 8. Van Der Kooij SM, et al. Remission induction in early rheumatoid arthritis (RA) with initial infliximab (IFX) and methotrexate (MTX) therapy: The disease course after IFX discontinuation in the best trial. Arthritis Rheum. 2006; 54(9,Suppl): S302-3. 9. Ritchlin CT, Kavanaugh A, Gladman DD, Mease PJ, Helliwell P, Boehncke WH, de Vlam K, Fiorentino D, Fitzgerald O, Gottlieb AB, McHugh N, Nash PT, Qureshi A, Soriano ER, Taylor WJ. Treatment recommendations for psoriatic arthritis. Ann Rheum Dis. 2009; 68: 387-1394. 10. Braun J, Baraliakos X, Listing J, Sieper J. Decrease incidence of anterior uveitis in patients with ankylosing spondylitis treated with the anti-tumor necrosis factor agents infliximab and etanercept. Arthritis Rheum. 2005;52:2447-51. 11. Kontoyiannis D, Pasparakis M, Pizarro TT, Cominelli F, Kollias G. Impaired on/off regulation of TNF biosynthesis in mice lacking TNF AU-rich elements: implications for joint and gut-associated immunipathologies. Immunity. 1999;10:387-98. 12. Braun J, et al. Persistent clinical efficacy and safety of anti-tumour necrosis factor alpha therapy with infliximab in patients with ankylosing spondylitis over 5 years: evidence for different types of response. Ann Rheum Dis. 2008;67(3):340-5. REMICADE® (infliximabe 100 mg). INDICAÇÕES: Artrite Reumatoide: redução de sinais e sintomas; prevenção de lesão articular estrutural e melhora do desempenho físico em pacientes com doença ativa já tratados com metotrexato e em pacientes com doença ativa moderada a grave ainda não tratados com metotrexato (tratamento de 1ª linha). Espondilite Anquilosante: redução dos sinais e sintomas; melhora da função física em pacientes com doença ativa. Doença de Crohn em pacientes adultos e pediátricos (6 a 17 anos de idade): redução de sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa e melhora da qualidade de vida de pacientes com Doença de Crohn ativa moderada a grave, com resposta inadequada às terapias convencionais. REMICADE® permite a redução ou suspensão do uso de corticosteroides pelos pacientes. Doença de Crohn fistulizante: redução no número de fístulas enterocutâneas com drenagem e fístula retovaginal; manutenção da cicatrização da fístula; redução dos sinais e sintomas; melhora a qualidade de vida em pacientes com Doença de Crohn fistulizante. Artrite Psoriásica: redução dos sinais e sintomas dos pacientes com artrite psoriásica ativa e progressiva que tiveram resposta inadequada às drogas modificadoras da doença (DMARDs); melhora da função física; redução da psoríase medida por PASI e inibição da progressão da lesão estrutural da artrite ativa. Psoríase: redução dos sinais e sintomas da psoríase e melhora da qualidade de vida em pacientes com psoríase de moderada a grave, em que a fototerapia ou tratamento sistêmico convencional for inadequado ou impróprio. Colite ou Retocolite ulcerativa: redução dos sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa; redução ou descontinuação do uso de corticosteroides; redução da hospitalização e melhora na qualidade de vida de pacientes com colite ou retocolite ulcerativa ativa moderada a grave, com resposta inadequada aos tratamentos convencionais. CONTRAINDICAÇÕES: Pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente do produto ou a proteínas murinas; infecções graves, como tuberculose, sepse, abcessos e infecções oportunistas; insuficiência cardíaca moderada ou grave. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: REMICADE® pode estar associado a efeitos agudos de infusão e reação de hipersensibilidade tardia. Os pacientes recebendo REMICADE® devem ser observados durante, pelo menos, 1 a 2 horas após a infusão. Se ocorrerem reações agudas, a infusão deverá ser interrompida imediatamente. Alguns desses efeitos podem ser descritos como anafilaxia. Medicamentos, equipamentos para suporte respiratório e outros materiais apropriados para o tratamento destes efeitos devem estar disponíveis para uso imediato. Em alguns pacientes podem se desenvolver anticorpos contra o infliximabe (associado com um aumento na frequência de reações à infusão) e provocar reações alérgicas graves. Em pacientes com Doença de Crohn, uma associação entre o desenvolvimento de anticorpos contra infliximabe e redução da duração da resposta também foi observada. Pacientes que não estão recebendo imunossupressores durante o tratamento com REMICADE® têm maior risco potencial para desenvolvimento desses anticorpos e aumento na frequência de reações infusionais. Se ocorrerem reações graves deve ser introduzido tratamento sintomático e não deverão ser administradas infusões de REMICADE® posteriormente. Um número significativo de pacientes (25% em um único ensaio clínico) tratados inicialmente com REMICADE® que abandonaram o tratamento por um período de 2 a 4 anos apresentaram reação de hipersensibilidade tardia ao serem retratados. Os sinais e sintomas incluíram mialgia e/ou artralgia com febre e/ou erupção cutânea, no período de 12 dias após o novo tratamento. Alguns pacientes também apresentaram prurido, edema facial, edema de mãos ou lábios, disfagia, urticária, dor de garganta e/ou cefaleia. Os pacientes devem procurar atendimento médico imediato se apresentarem qualquer evento adverso tardio após as infusões com REMICADE®. Pacientes com infecção crônica ou com histórico de infecção recorrente não devem iniciar tratamento com REMICADE® até que os sinais de infecção sejam totalmente excluídos e deverá ser interrompido se o paciente desenvolver infecção grave ou sepse. Como a eliminação de REMICADE® pode levar até 6 meses, é importante o acompanhamento cuidadoso do paciente nesse período. Infecções oportunistas, incluindo tuberculose e outras como sepse, têm sido relatadas em pacientes tratados com infliximabe. Os agentes que inibem o TNFa têm sido associados a casos raros de neurite ótica, convulsões e início ou exacerbação dos sintomas clínicos e/ou evidência radiográfica de doenças desmielinizantes, incluindo esclerose múltipla. Pacientes que serão submetidos a cirurgia durante o tratamento com REMICADE® devem ser cuidadosamente monitorados quanto à ocorrência de infecções. REMICADE® deve ser usado com precaução em pacientes com insuficiência cardíaca leve. Se o paciente desenvolver sintomas sugestivos de síndrome tipo lúpus e for positivo para anticorpos anti-DNA dupla-hélice, o tratamento com REMICADE® deverá ser descontinuado. Pacientes com Doença de Crohn ou artrite reumatoide, particularmente com a doença altamente ativa e/ou exposição à terapia imunossupressora crônica, podem ter maior risco de desenvolvimento de linfoma do que a população geral. O papel potencial da terapia de bloqueador com TNF no desenvolvimento de malignidades não é conhecido. Gravidez e lactação: Não se sabe se REMICADE® pode provocar comprometimento fetal quando administrado a gestantes ou se afeta a capacidade reprodutiva, nem se é excretado no leite materno. Recomenda-se que as medidas contraceptivas sejam mantidas durante pelo menos 6 meses após sua última infusão e em nutrizes a interrupção do tratamento com REMICADE® por seis meses deve ser avaliada e decidida pelo médico. Pacientes idosos: Não foram observadas diferenças importantes na farmacocinética de REMICADE® em pacientes idosos (65 a 80 anos) com artrite reumatoide. A farmacocinética em pacientes idosos com Doença de Crohn não foi estudada. Não foram realizados estudos em pacientes com doença hepática ou renal. Pacientes pediátricos: Não houve diferenças relevantes na farmacocinética de dose única entre os pacientes pediátricos e adultos com Doença de Crohn. REMICADE® não foi estudado em crianças com Doença de Crohn com menos de 6 anos de idade. A segurança e eficácia de REMICADE® em pacientes com artrite reumatoide juvenil não foram estabelecidas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Em pacientes com Doença de Crohn e artrite reumatoide foi demonstrado que a formação de anticorpos contra o infliximabe é reduzida quando administrado concomitantemente ao metotrexato ou outros imunomoduladores. REAÇÕES ADVERSAS: As reações adversas mais comumente relatadas referem-se à infusão. As causas mais comuns para a interrupção do tratamento foram: dispneia, urticária e cefaleia. Outras reações adversas, sendo a maioria de intensidade leve a moderada, foram: rubor, cefaleia, vertigem/ tontura, náuseas, diarreia, dor abdominal, dispepsia, função hepática alterada, infecções de vias aéreas superiores e inferiores, dispneia, sinusite, infecção viral, febre, erupção cutânea, prurido, urticária, aumento da sudorese, pele seca, dor torácica, transaminases hepáticas elevadas e reações do tipo doença do soro. Os eventos adversos sérios mais comuns nos relatos pós-comercialização foram as infecções. Em geral, os eventos adversos ocorridos em pacientes pediátricos que receberam REMICADE® foram similares em frequência e tipo àqueles observados em adultos com doença de Crohn. POSOLOGIA: REMICADE® destina-se ao uso intravenoso em adultos (idade ≥ 18 anos) para todas as indicações presentes na bula e em crianças e adolescentes (com idade entre 6 e 17 anos) somente para a Doença de Crohn. O tratamento com REMICADE® deve ser administrado sob supervisão de equipe especializada no diagnóstico e tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante, doenças inflamatórias intestinais, artrite psoriática e psoríase. Artrite reumatoide: Infusão intravenosa de 3 mg/kg durante um período de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6 e, a partir de então, a cada 8 semanas. A dose pode ser ajustada, a critério médico, para até 10 mg/kg ou 3mg/kg a cada 4 semanas, se necessário. Recomenda-se a administração de REMICADE® em combinação com o metotrexato. Doença de Crohn moderada a grave adulto e pediátrico, Doença de Crohn fistulizante, Espondilite anquilosante, Artrite Psoriásica e Psoríase: Infusão intravenosa de 5 mg/kg, por um período mínimo de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6, e, a partir de então, em intervalos de até 8 semanas. Doença de Crohn moderada a grave: Nos pacientes com resposta incompleta durante o tratamento de manutenção, deve-se considerar, a critério médico, o ajuste da dose para até 10 mg/kg, se necessário. Existem dados limitados em relação a intervalos de dose superiores a 16 semanas. Doença de Crohn fistulizante: Se o paciente não responder após as três primeiras doses não se deve instituir tratamento adicional com infliximabe. A experiência com readministração em caso de reaparecimento de sinais e sintomas da doença é limitada e não há dados comparativos a respeito do risco/benefício das estratégias alternativas para o tratamento continuado. Na artrite reumatoide, Doença de Crohn e colite ou retocolite ulcerativa, a dose pode ser aumentada, a critério médico, para até 10 mg/kg, se necessário. Para readministração consulte a bula completa do produto. MS 1.6614.0004. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Recorra à bula do produto para maiores informações. Distribuição exclusiva à classe médica. (MB-rem15) Dentre as informações citadas em bula, ressaltamos que este medicamento é contraindicado para pacientes com histórico de infecção grave, incluindo tuberculose, assim como a interação medicamentosa com a combinação de infliximabe e anacinra. Nota: antes de prescrever, recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa, para informações detalhadas sobre o produto. MC 085/11 MC 085/11 Anúncio_Remicade_Reumato18x28.indd 2 12-2012-REM-11-BR-(SP9801654)-085-J IMPRESSO EM JANEIRO/2011 1/19/11 6:21 PM Editorial “A dor passa. Mas a beleza permanece.” Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) M edicina, derivada do latim ars medicina, significa a arte da cura. No entanto, o conceito de arte ligado a essa área do conhecimento vai muito além da capacidade de cura de uma doença. Nem sempre somos capazes de curar, especialmente em Reumatologia, mas sempre podemos melhorar, ajudar, dar uma palavra de consolo, ouvir, estimular, orientar e aliviar a dor. É nessas atitudes positivas na saúde e na vida de outro ser humano que reside a beleza da arte médica: o conhecimento técnico aliado à prática humanizada no trato com o paciente. Não basta conhecer a doença – é fundamental conhecer o doente. Aquele que concilia as duas funções adequadamente é o verdadeiro artista. E é com esse pensamento que entregamos a segunda edição do Boletim da SBR deste ano, trazendo essas importantes reflexões em duas matérias de destaque: a arte do pintor Renoir, que, afetado drasticamente em suas capacidades físicas pela artrite reumatoide, foi um exemplo de superação das adversidades da vida; e a beleza da relação médico-paciente refletida na obra de grandes artistas, retratada na seção Ética. Boa leitura a todos!... Edgard Reis, Diogo Domiciano e Francinne Ribeiro Marcelo Pinheiro e Kaline Medeiros SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Presidente Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro – RJ Tesoureiro Reno Martins Coelho – RJ Secretária-geral Blanca Elena Rios Gomes Bica – RJ Vice-tesoureiro Manoel Barros Bértolo – SP Primeira-secretária Claúdia Goldenstein Schainberg – SP Diretor científico Luis Eduardo Coelho Andrade – SP Segundo-secretário Francisco José Fernandes Vieira – CE Presidente eleito Walber Pinto Vieira – CE Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 www.reumatologia.com.br Coordenação editorial Marcelo de Medeiros Pinheiro Kaline Medeiros Costa Pereira Conselho editorial Diogo Souza Domiciano Edgard Torres dos Reis Neto Francinne Machado Ribeiro @ [email protected] Jornalista responsável Solange Arruda (Mtb 45.848) Layout Sergio Brito Impressão Sistema Gráfico SJS Tiragem: 2.000 exemplares BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Representantes junto à Panlar Fernando Neubarth – RS Maria Amazile Ferreira Toscano – SC Representantes junto ao Ministério da Saúde Ana Patrícia de Paula – DF Mário Soares Ferreira – DF Representantes junto à AMB Eduardo de Souza Meirelles – SP Gustavo de Paiva Costa – DF ÍNDICE Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2010-2012 Índice 4 5 6 10 12 14 17 18 21 23 Primeira fila Ética Pesquisa Matéria de capa Baluartes da Reumatologia O melhor do Brasil Reconhecimento Notas Meu consultório Além da Reumatologia 3 O que nossos colegas andam estudando Primeira fila Pesquisa clínica Níveis séricos de 25-hidroxivitamina D3 e sua associação com parâmetros clínicos e laboratoriais em pacientes com LES* Thiago Sotero Fragoso1 Andréa Tavares Dantas1 Cláudia Diniz Lopes Marques2 José Humberto de Lima Neto3 Veridiana Sales Barbosa de Souza3 Aline Jurema Gesteira Costa4 Ângela Luzia Branco Pinto Duarte5 Introdução O papel imunorregulatório da vitamina D tem se destacado nos últimos anos, tornando-a alvo de um número crescente de estudos em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES). Objetivos Determinar os níveis séricos de 25-hidroxivitamina D3 (25(OH)D) em pacientes com LES atendidos no Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) e verificar a associação da insuficiência/deficiência de 25(OH)D com parâmetros clínicos e laboratoriais. Métodos Trata-se de um estudo de corte transversal, prospectivo, desenvolvido no período de abril de 2009 a março de 2010, no Ambulatório de Lúpus Eritematoso Sistêmico do Serviço de Reumatologia do HC-UFPE. A amostra foi obtida por conveniência, com a inclusão de 78 pacientes com diagnóstico de LES e de 64 voluntários – grupo controle –, pareados por sexo e idade. Resultados A pesquisa observou insuficiência/deficiência de 25(OH)D em 45/78 (57,7%) pacientes com LES e em 25/ 64 (39%) pessoas do grupo de comparação. Os níveis séricos médios de 25(OH)D foram 29,3 ng/mL (de 6,1 a 55,2 ng/mL), nos indivíduos com lúpus, e 33,12 ng/mL (de 15,9 a 63,8 ng/mL), nos controles, tendo sido essa diferença significante (p=0,041). Já entre as médias de idade dos dois grupos não ocorreu diferença significativa. Da mesma forma, não se encontrou associação significante entre insuficiência/deficiência de 25(OH)D e fatores como tempo de diagnóstico, atividade de doença (Sledai>6), fadiga, uso de glicocorticoides e antimaláricos e presença de anti-DNA. Conclusões O estudo constatou uma alta prevalência de insuficiência/deficiência de 25(OH)D nos pacientes com LES (57,7%), que não apenas apresentaram níveis séricos mais baixos da vitamina, como também significativamente menores do que no grupo controle. Por outro lado, não foi verificada associação da insuficiência/ deficiência de 25(OH)D com as variáveis clínicas e laboratoriais estudadas. Os autores enfatizam a importância da determinação dos níveis séricos de 25(OH)D em todos os pacientes com LES, independentemente do tempo de diagnóstico da doença. (*) Estudo feito com o financiamento e apoio da Fundação de Amparo à Ciência e à Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe). 1 2 3 4 5 4 Alunos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFPE. Reumatologista, doutora em Saúde Pública e tutora da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS/IMIP). Biomédicos e alunos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da UFPE. Aluna da Graduação em Medicina da FPS/IMIP. Professora titular e chefe do Serviço de Reumatologia do HC-UFPE. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Ética Arte e emoção na relação médico-paciente Na história da humanidade, diversos artistas traduziram a gratidão a seus médicos nas obras que produziram, demonstrando que a empatia faz parte do tratamento. José Marques Filho A relação médico-paciente é uma das mais complexas dentro do espectro das relações humanas. Estudá-la requer um olhar, em largura e profundidade, suficiente para termos uma exata noção de suas diversas vertentes. Não existe ato médico digno desse nome sem uma adequada relação médico-paciente. A philia (amizade) é um dos conceitos éticos mais importantes na obra do mestre de Cós. Dizia que a tecnophilia (amor à técnica) só tinha valor se houvesse antropophilia (amor ao homem). Pode-se traduzir o conceito de philia como um sentimento empático, do médico, de colocar-se no lugar do doente, entendendo perfeitamente suas angústias, preocupações e medos, além de agir como um companheiro e conselheiro, lastreado em seus conhecimentos técnicos e sempre com foco no melhor interesse do paciente. A ética, a medicina e as artes têm, em comum, suas origens no mundo grego do século IV a.C., mantendo um profundo relacionamento entre si, e mesmo atualmente, em plena era da informática e da tecnociência, desempenham papel fundamental na eterna busca da eudaimonia de Aristóteles, ou seja, da felicidade plena. Na Reumatologia, a forma como o médico se relaciona com o paciente adquire grande importância, a ponto de não ser possível prestar uma boa assistência sem um relacionamento adequado. O uso terapêutico dessa relação provavelmente diferencia os grandes clínicos de nossa especialidade. Essa díade, rica em conteúdo e significado para os dois atores, aparece em praticamente todos os ramos das manifestações artísticas, mas, de modo especial, em pintores com doenças que influenciaram profundamente suas vidas e, sobretudo, suas obras. Por ser a medicina ciência e arte, a sensibilidade de quem a pratica pode encontrar, no artista – pessoa reconhecidamente sensível –, características semelhantes, facilitando e potencializando a empatia, indispensável na relação terapêutica. Médicos sobre tela Não faltam exemplos de retratos de médicos pintados por artistas como uma manifestação de gratidão e de reconhecimento à atenção e ao carinho da ação médica. Vicent van Gogh deixou obras-primas para a humanidade relacionadas aos seus tratamentos, entre elas o Retrato do Dr. Gachet (1890) e o Retrato do Dr. Félix Rey (1889). O primeiro o tratou por cerca de três meses antes de o pintor cometer suicídio, enquanto o segundo suturou sua orelha cortada, dois anos antes de sua morte. Em Gachet, em especial, Vicent encontrou não apenas um amigo, mas um verdadeiro irmão, o que ocorreu, em parte, por ser o médico um amante das artes, pintor amador e colecionador de telas impressionistas. Juntamente com o irmão do pintor, Theo, Gachet permaneceu ao lado do agonizante Van Gogh por dois dias. Outro artista que homenageou seu médico foi Goya, pintando em óleo sobre tela Eugenio Arrieta. A obra, que mostra o pintor aos 74 anos, é intitulada Autorretrato com o Dr. Arrieta (1820) e evidencia a forte relação entre ambos. No autorretrato, vê-se claramente o carinho com que Arrieta ampara o corpo do amigo e paciente, enquanto lhe administra um medicamento por via oral. O pintor expressionista Henri Marie Raymond de ToulouseLautrec também fez uma homenagem a seu médico, Henri Bourges, cujo retrato se encontra no Museu de Arte de Carnegie (Pittsburgh). O artista era portador de picnodisostose, uma afecção congênita de caráter autossômico recessivo. Além disso, Bourges o tratou das fraturas decorrentes de sua doença e de seu alcoolismo crônico, com vários episódios de delirium tremens. A mitológica pintora mexicana Frida Kahlo teve, como influência marcante em sua obra, o precário estado de saúde que carregava, incluindo uma poliomielite, aos 6 anos, e um sério acidente automobilístico, aos 18, no qual sofreu diversas fraturas. Foi exatamente à época de seu tratamento que Frida começou a pintar, representando frequentemente a dor física com a qual conviveu pelo resto de sua vida, como se pode notar no quadro A coluna quebrada (1944). A artista sempre foi extremamente grata a seu médico. Consta do diário que escrevia: “Fiz sete operações da coluna. O Dr. Farill salvou-me e restituiu-me a alegria de viver. Já comecei a pintar um quadro para lhe dar de presente, o que faço como prova de meu carinho por ele”. A obra recebeu o nome de Autorretrato do Dr. Farill (1951). A relação médico-paciente apoia-se em diversos pilares, sendo a confiança um fator fundamental para o sucesso do cuidado dispensado pelo profissional a um ser humano fragilizado e carente. Outros fatores desse relacionamento, como a mútua admiração, podem agregar um forte componente emocional, tornando a relação ainda mais complexa, mas, seguramente, mais afetiva e acolhedora. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 5 Pesquisa Em debate, a aprovação da pesquisa de novos fármacos no Brasil O artigo O processo de aprovação da pesquisa de novos medicamentos no Brasil tem suscitado críticas de cientistas e pesquisadores, cuja manifestação refere-se sobretudo aos prazos, considerados longos demais, para que os projetos sejam analisados. Tais projetos são remetidos a dois órgãos reguladores, a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que podem demorar três meses para dar um primeiro parecer e outros 90 dias para uma segunda resposta, no caso de o protocolo retornar para esclarecimentos. Uma das razões alegadas por esses órgãos para o tempo gasto na análise é o termo de consentimento que precisa ser assinado pelos voluntários das pesquisas, um documento extenso e originalmente escrito em inglês. Por fim, há questionamentos quanto à necessidade de análise dupla, da Anvisa e da Conep, embora ambas tenham enfoques diferentes. Um dos pesquisadores que formalmente criticam esse processo é o pesquisador em Reumatologia e Imunologia do Hospital Israelita Albert Einstein, Morton Scheinberg, que elencou seus senões em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, em fevereiro passado, reproduzido ao lado. Esse texto trouxe consigo a oportunidade de aprofundar a discussão, notadamente em relação aos três aspectos aqui citados – prazos, termo de consentimento e análise dupla –, e, para tanto, o Boletim SBR ouviu, além do próprio Scheinberg, o reumatologista Daniel Feldman, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a coordenadora de pesquisa e ensaios clínicos e medicamentos novos da Anvisa, Patrícia Ferrari Andreotti, e a coordenadora da Conep, Gyselle Saddi Tannous. Tire também suas conclusões. Oportunidade na pesquisa clínica Por Morton Scheinberg Um dos problemas que a área de pesquisa clínica com pacientes atravessa no Brasil é a morosidade na aprovação de protocolos pelos órgãos reguladores. Isso é verdade especialmente no caso da Conep e da Anvisa. No nosso país, a aprovação regulatória das pesquisas demora, em média, o dobro – se não o triplo – de tempo para aprovação dos Estados Unidos, do Canadá e dos países da União Europeia. As implicações desse atraso vão desde impedir o acesso a novos medicamentos para pacientes até evitar que médicos tenham acesso a inovações terapêuticas. Essa morosidade resulta em uma participação cada vez menor no mercado anual global, de US$ 50 bilhões. Apesar de sermos um país com centros de excelência, ficamos à mercê de órgãos reguladores que padecem de problemas de organização. Projetos são extraviados, pareceres são solicitados a técnicos alheios à prática médica, etc. A própria Conep não respeita as regras impostas por ela mesma. Quando o projeto de pesquisa inclui cooperação internacional, o desafio é ainda maior. Nesses casos, é preciso a aprovação da Anvisa, que duplica a análise da Conep e que também não respeita os próprios prazos. Com reportagem de Maria Teresa Marques 6 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 “ A Conep é uma comissão encarregada de analisar os aspectos éticos de uma pesquisa, ou seja, como será o tratamento dado ao voluntário em relação à dignidade humana, aos seus direitos como pessoa e aos cuidados fornecidos para que ele seja devidamente esclarecido sobre o processo ao qual vai se submeter, enquanto a Anvisa é a agência reguladora dos aspectos sanitários de uma pesquisa” Gyselle Saddi Tannous, coordenadora da Conep A discussão Segundo a atual direção da Conep, o atraso não ocorre pelos motivos anteriormente mencionados, mas pelo cuidado e pelo respeito aos voluntários, que não compreendem os termos técnicos de consentimento. Os centros de pesquisa possuem médicos e coordenadores capazes de explicar com detalhes os consentimentos usados. A Conep alega também a falta de garantias de acesso ao tratamento após o estudo e antes de sua disponibilidade comercial. Essa decisão não cabe a um órgão regulador, mas aos médicos que cuidam do paciente, que devem avaliar se querem ou não continuar com a medicação. Os argumentos da agência ocultam o cerne do problema: existem falhas estruturais no processo de aprovação dos projetos pelo órgão brasileiro responsável pela boa condução e pelo desenvolvimento da pesquisa clínica. O ministro Alexandre Padilha tem em suas mãos uma oportunidade de mudar esse cenário, em que os pesquisadores brasileiros sempre ficam para trás. A maioria dos projetos ocorre simultaneamente em vários países e quem começa por último, como frequentemente acontece no Brasil, fica nessa mesma posição na lista de inclusão de pacientes. Todos perdem: pacientes e pesquisadores. É necessário fazer reformas rápidas na Conep, tais como modernização tecnológica, descentralização dos mecanismos de avaliação, respeito aos prazos e eliminação da análise dupla (Anvisa e Conep). Só dessa maneira o Brasil vai avançar e se colocar no lugar em que deveria estar no cenário da pesquisa clínica internacional. Análise dupla A coordenadora da Conep, Gyselle Saddi Tannous, explica que Anvisa e Conep são órgãos que exercem funções bastante diferenciadas. “A Conep é uma comissão do Conselho Nacional de Saúde (CNS) encarregada de analisar os aspectos éticos de uma pesquisa, ou seja, como será o tratamento dado ao voluntário em relação à dignidade humana, aos seus direitos como pessoa e aos cuidados fornecidos para que ele seja devidamente esclarecido sobre o processo de pesquisa ao qual vai se submeter”, enumera. Enfim, o enfoque da Conep é o de checar as condições éticas em que se dará a relação do pesquisador com o participante da pesquisa. A Anvisa, prossegue ela, é uma agência reguladora dos aspectos sanitários de uma pesquisa, responsável por verificar se o processo está sendo conduzido de forma a garantir a confiabilidade de seus resultados e se os cuidados sanitários tomados realmente impedem desvios no protocolo. Tudo para assegurar que, ao registrar o medicamento, os resultados que basearam a análise sejam absolutamente confiáveis. No entender do reumatologista Daniel BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Feldman, da Unifesp, há razões justificáveis para essa análise dupla feita nos projetos que envolvem cooperação do exterior. “A Conep volta-se ao enfoque ético e a Anvisa, ao técnico e sanitário”, resume ele, que já esteve dos dois lados do balcão, por ter sido, durante algum tempo, consultor desses órgãos. O pesquisador Morton Scheinberg, que também é coordenador de pesquisas clínicas e diretor científico do Hospital Roberto Abreu Sodré (AACD), ainda discorda dessa necessidade: “Não entendo, já que a documentação enviada pela instituição de pesquisa é praticamente a mesma para a Anvisa e a Conep”, acentua. 7 Pesquisa A discussão Prazos “ A demanda é realmente grande e a equipe, pequena: apenas dez funcionários para analisar cerca de 300 protocolos por ano. E os profissionais ainda precisam, por vezes, deslocar-se até os centros de pesquisa para avaliar se o conceito de boas práticas clínicas está presente nos estudos realizados” Patrícia Ferrari Andreotti, coordenadora da Anvisa “ “Na verdade, a estrutura que cerca o processo de aprovação não cresceu como a demanda e o resultado é a demora” Daniel Feldman, pesquisador da Unifesp 8 Segundo Gyselle, da Conep, o primeiro parecer é fornecido, em média, em 63 dias por essa comissão e tem um prazo, dentro do comitê local, de 30 dias para a análise. Ela esclarece, entretanto, que se fala em “prazo médio” porque nem sempre os protocolos são aprovados do modo como foram fornecidos pela instituição de pesquisa. “Caso o projeto não seja apresentado corretamente e receba um parecer de pendências, esse prazo continuará sendo contado até que o pesquisador entregue toda a documentação necessária e resolva os problemas éticos apontados pelo parecer inicial”, destaca. Assim sendo, um protocolo devidamente construído e proposto em relação às resoluções do CNS teria uma tramitação de, no máximo, 90 dias. “No entanto, como grande parte dos protocolos internacionais é formatada por indústrias que não respondem às normas éticas brasileiras, eles necessitam ser adequados quando entram no Brasil”, assinala. Scheinberg, porém, considera tal prazo extenso demais para um primeiro parecer sobre o material recebido da instituição de pesquisa. Para ele, há dificuldade de alguns conselheiros da Conep para avaliar certos processos: “Às vezes, trata-se de relatórios de cuja especificidade o conselheiro indicado não tem conhecimento técnico suficiente”, diz. Mas, como a equipe de conselheiros é pequena, ele acha que isso vai continuar acontecendo. Outro problema, para o pesquisador, é de ordem operacional. O conselheiro da Conep recebe o projeto pelos Correios e as reuniões do órgão são mensais. “Dependendo do número de protocolos, perde-se a reunião daquele mês e a análise fica para o mês seguinte”, lamenta. A Anvisa também conta com um prazo máximo de 90 dias para emitir o pri- meiro parecer. Contudo, se houver necessidade de dados adicionais, a agência tem outros 90 dias para fazer a exigência e o centro de pesquisa, 30 dias para responder. Em média, são quatro meses para finalizar a fase relativa ao protocolo clínico. De acordo com a coordenadora de pesquisa e ensaios clínicos e medicamentos novos da Anvisa, Patrícia Ferrari Andreotti, a média na Europa e nos EUA é maior: de um ano a um ano e meio. “No Japão, chega a demorar três anos.” Ela lembra, contudo, que existe possibilidade de solicitar prioridade “se o medicamento novo for a única alternativa para combater uma dada doença”, frisa. Nesse caso, a agência dispõe de 75 dias para a avaliação. Apesar das justificativas, tanto Conep quanto Anvisa buscam meios de abreviar os prazos. Gyselle informa que o CNS vem há tempos debatendo formas de aperfeiçoamento desse sistema, que hoje congrega 612 comitês de ética em pesquisa. ”Uma delas é a criação de comissões de ética em pesquisa de caráter nacional, localizadas regionalmente, que funcionariam como instâncias de análise inicial e final, sem a possibilidade de revisão”, anuncia. Outra providência visa a dar maior rapidez à comunicação entre todos os entes envolvidos na pesquisa, o que será feito por meio de um sistema, ainda em fase de implantação, denominado Plataforma Brasil. “O sistema auxiliará tramitações eletrônicas, diminuindo em muito os prazos de idas e vindas de pareceres, documentos e propostas de pesquisa”, prevê Gyselle. Scheinberg aplaude as medidas. Patrícia sustenta que a Anvisa “trabalha o tempo todo” para diminuir prazos: “A partir de 2008, conseguimos reduzir de 120 dias para 90 dias”. A coordenadora, entretanto, salienta que a deman- BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Termo de consentimento da é realmente grande e a equipe, pequena: apenas dez funcionários para analisar cerca de 300 protocolos por ano. E os profissionais ainda precisam, por vezes, deslocar-se até os centros de pesquisa para avaliar se o conceito de boas práticas clínicas está presente nos estudos realizados. “Na verdade, a estrutura que cerca o processo de aprovação não cresceu como a demanda e o resultado é a demora”, sintetiza Feldman, da Unifesp. Ademais, contribui para a lentidão do processo, no entender dele, a necessidade de enviar todos os documentos em papel aos órgãos competentes. “O fato é que, com esses prazos dilatados, quando os projetos internacionais chegam ao Brasil, a fase que corresponde aos testes em voluntários já foi feita e finalizada fora e nosso país acaba não participando dessa etapa com brasileiros”, sublinha. A Conep e a Anvisa apontam, como um dos grandes fatores de causa de morosidade no processo de aprovação de novos medicamentos, o documento de cerca de 30 páginas que é assinado pelo voluntário envolvido nas pesquisas. Patrícia, da Anvisa, conta que a agência às vezes verifica, em inspeções in loco, que os pacientes assinam o documento, mas não têm real entendimento do que leram, embora o pesquisador seja responsável por lhes dar explicações sobre benefícios e riscos do protocolo. Scheinberg discorda: “Os pesquisadores têm todo o interesse em explicar detalhadamente os estudos que serão feitos aos voluntários.” Para Gyselle, da Conep, o problema está no próprio texto. “São conteúdos que em nada podem contribuir para o correto esclarecimento da nossa população”, salienta. “Na verdade, trata-se Remuneração de voluntários saudáveis: pode? De acordo com os pesquisadores, não é fácil achar pessoas saudáveis, no Brasil, para participar de experimentos com uma nova medicação. Para os especialistas, contribuiria para aumentar esse número a remuneração de tais indivíduos, o que, contudo, não acontece no País. Ocorre que os voluntários não podem ser remunerados no Brasil e na América Latina, conforme explica a coordenadora da Anvisa, Patrícia Andreotti: “A participação em pesquisas precisa ser feita com muito cuidado porque há o risco de isso virar uma profissão”, justifica. Embora seja proibido ao voluntário saudável tomar parte de mais de um estudo pelo período de um ano, justamente em nome da segurança de sua saúde, a agência já constatou que existem pessoas que tomam parte de várias pesquisas por mês. Patrícia esclarece que o Brasil permite apenas oferecer transporte e alimentação ao voluntário, assim como remunerar os dias de trabalho perdidos. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 de traduções ao pé da letra de documentos formulados em outros países, os quais, portanto, geram pendências que atrasam os protocolos de pesquisa na sua análise, pois têm de ser corrigidos”, prossegue. Feldman, da Unifesp, não concorda que a tradução seja malfeita porque entende que as multinacionais dispensam cuidados a esse aspecto. “O que acontece, e é algo que já verificamos ao longo de nossa experiência, é que o voluntário não lê documentos com mais de duas páginas”, ressalta ele, esclarecendo que a instituição de pesquisa faz tudo que pode para explicar à pessoa os riscos e benefícios de envolver-se nos estudos. Diante disso, o pesquisador sugere que, além do termo longo, que é de padrão internacional, os órgãos reguladores permitam incluir um texto reduzido e redigido originalmente em português. Ele cita, como exemplo, um estudo realizado pela Unifesp que continha um pedido de aprovação de um produto fabricado no Brasil e que foi acompanhado de um termo de consentimento com apenas duas páginas, escrito em português e aprovado tanto pela Conep quanto pela Anvisa. “Em projetos vindos de multinacionais, o termo de 30 páginas é obrigatório, mas poderia também ser anexado esse documento brasileiro, menor, e ambos seriam assinados pelo voluntário”, vislumbra. 9 Capa Renoir: talento à prova da Apesar de ter tido uma das formas mais graves dessa afecção, o mestre do impressionismo nunca deixou que a dor, o desespero e a limitação impostos pela doença respingassem em suas obras. Em vez disso, não cansou de festejar a vida em suas telas, tendo, para tanto, se adaptado às deformidades físicas com muita criatividade. Dra. Licia Maria Henrique da Mota Dr. Fernando Neubarth Dr. Leonardo Rios Diniz Dr. Jozélio Freire de Carvalho Dr. Leopoldo Luiz dos Santos Neto 10 N ão fosse a artrite reumatoide a doença mais emblemática da Reumatologia, ou não acometesse o expressivo número de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, ainda assim seria interessante estudá-la. Entender melhor essa afecção multifacetada nos permite, de alguma forma, compreender melhor a vida e a obra de um dos mais célebres pintores de todos os tempos e um dos mais importantes nomes do movimento impressionista: Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). Durante sua vida, Renoir enfrentou uma série de dificuldades, a começar pela pobreza, que o obrigou a abandonar os estudos aos 13 anos e trabalhar em uma fábrica de porcelana, onde teria desenvolvido o gosto pela pintura. O trabalho árduo lhe trouxe os meios para realizar seu grande sonho e, aos 21 anos, conseguiu ingressar na École des Beaux-Arts de Paris e, mais tarde, no ateliê de Charles Glevre, onde pintou seus primeiros quadros. Outro grande desafio para Renoir foi a falta de reconhecimento de seu talento no começo da carreira. Atribui-se a Manet a frase: “Esse rapaz, Auguste Renoir, não tem o menor talento. Diga a ele para desistir de pintar.” Talvez por isso Renoir tenha destruído Esmeralda (1864), um de seus primeiros quadros. Felizmente, no entanto, o conselho de Manet foi esquecido e Renoir continuou a produzir. Primeiros sintomas Vencidos a pobreza e o descrédito, Renoir era, em 1892, casado e pai de dois filhos, além de um pintor bemsucedido, célebre pelo quadro Le Moulin de la Galette (1876), quando surgiram os primeiros sintomas de uma forma grave, deformante e incapacitante de artrite reumatoide, que o acompanhou até o último de seus dias. Embora não haja registros médicos, é possível, graças a fotografias, cartas pessoais e notas biográficas de pessoas próximas a Renoir, ter uma noção muito clara do curso de sua doença. A artrite reumatoide do pintor se iniciou por volta dos 50 anos, tornouse agressiva a partir de 1903, quando ele tinha cerca de 60 anos, e levou-o à quase completa incapacidade após os 70 anos. Além das graves manifestações articulares, com sinovite poliarticular persistente, expressiva deformidade em mãos e pés e acometimento de coxofemorais, a afecção evoluiu com grave acometimento extra-articular e manifestações sistêmicas, como nódulos reumatoides, derrame pleural, paralisia facial e caquexia reumatoide. Em uma época em que muito pouco se sabia sobre a doença, e menos ainda sobre seu tratamento, os três médicos de Renoir, Dr. Baudot, Dr. Journeac e Dr. Gachet – este último eternizado em uma pintura por outro de seus ilustres pacientes, Van Gogh –, prescreviam purgantes e antipirina, que traziam pouco ou nenhum alívio BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 artrite reumatoide e causavam intoleráveis efeitos adversos. O pintor preferiu tentar minorar o sofrimento com banhos termais e atividades físicas, incluindo longas caminhadas, enquanto a doença lhe possibilitou o uso das pernas. Sem tristeza nas obras A dor intensa e a limitação tornaram-se constantes na vida de Renoir, que relatou suas agruras em inúmeras cartas a amigos e familiares. Apesar disso, a tristeza e o desespero nunca transpareceram em sua obra, que se manteve focada em temas como a felicidade e a beleza, sobretudo de crianças e de mulheres, até o fim de sua vida. Embora as deformidades que a artrite reumatoide impingiu a Renoir tenham sido incapacitantes, ele nunca deixou de pintar nem apresentou queda na qualidade de suas telas em fun- ção da doença. A transição entre os estilos que adotou – períodos impressionista, seco e iridescente – não parece ter nenhuma relação com as fases de (re)agudização e o estabelecimento das deformidades articulares ocasionadas pela afecção. O mestre foi capaz de superar todas as limitações e se valeu de alguns artifícios, como amarrar os pincéis aos pulsos e usar bandagens, para reduzir a maceração dos dedos, tendo usado ainda cadeira de rodas, liteiras e até mesmo um dispositivo, desenhado por ele e executado pelos filhos, que movimentava as telas vertical e horizontalmente. Dessa forma, quando sua amplitude de movimento para pin- BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 tar não ia além de uns poucos 20 a 30 cm, em decorrência da anquilose dos ombros e punhos e da ruptura de vários tendões extensores dos dedos, Renoir conseguiu produzir um de seus últimos e mais belos quad ros, L es Grandes Baigneuses (1818-1819), de inacreditáveis dimensões (160 x 110 cm). Pierre-Auguste Renoir foi, sem dúvida, um dos maiores gênios da pintura em toda a história da humanidade. Mas, muito mais do que isso, um exemplo da capacidade humana de luta contra a adversidade e, principalmente, um ícone do amor à vida e à beleza em seu sentido mais amplo e profundo. “A dor passa. Mas a beleza permanece.” Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) 11 Baluartes da Reumatologia Adil Muhib Samara: médico em tempo Em meio século de vida acadêmica e profissional, ele ajudou a formar 150 especialistas, participou de 30 bancas e chegou às 400 publicações, além de uma centena de artigos não científicos. De representações em sociedades médicas e participações em encontros científicos, conta mais de 300. O último destaque foi sua recente eleição como indicado da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) ao Master ACR. Tudo sem jamais se desviar do foco da profissão: “O mais excitante ainda é curar, mesmo que poucas vezes, melhorar quase sempre e consolar sempre”, sustenta. Por que escolheu ser reumatologista? Foi por acaso. Havia um leque de opções, pois vinha de um serviço de Anestesia, no Hospital do IAPTEC, e de um outro, de Obstetrícia, na Maternidade Fernando Magalhães. Em paralelo, exercia o cargo de interno, por concurso, na 4ª Cadeira de Clínica Médica do Hospital-Escola São Francisco de Assis. Meu interesse pela Reumatologia começou quando assisti a uma aula do professor Israel Bonomo, sobre cortisona, e tinha então, sob meus cuidados, duas pacientes internadas com artrite reumatoide para as quais ninguém ousava dar opinião diagnóstica ou terapêutica. Lá foi o professor Bonomo vê-las, a meu convite, e aí eu percebi alguém com perspicácia clínica e com terapêutica inquestionavelmente melhor que a dos demais. Após uma conversa sedutora sobre a especialidade, ele perguntou se eu gostaria de ser reumatologista. Disse que sim, pois me parecia um futuro promissor, fazer algo que ninguém parecia saber. A que linhas de pesquisa se dedicou? Durante 12 anos, não tive a sorte de concentrar meus esforços numa única área, pois, num raio de 100 km, fui o único reumatologista, o primeiro de Campinas, e só me restava entender, se não de tudo, de quase tudo em Reumatologia. Não foram poucas as vezes em que telefonei 12 ao doutor Bonomo para pedir auxílio. Contudo, na universidade, a observação de um primeiro caso de condrocalcinose articular difusa, com a existência de cristais de pirofosfato de cálcio no líquido sinovial, despertou-me a atenção para esse tipo de enfermidade, outrora denominada pseudogota. Posteriormente, outras doenças por depósitos de cristais vieram juntar-se àquela e constituíram minha principal linha de pesquisa. Viu muitos pacientes? Ver doente foi só o que fiz na vida, e isso pode ter me dado certa notoriedade em pesquisa clínica, pois estudar muito, ter ideias e ser criativo é condicio sine qua para estar numa universidade. Trabalhando num hospital universitário, e, portanto, de atendimento terciário, obviamente que a maioria dos casos era complicada. É excitante fazer diagnósticos difíceis, mas mais excitante ainda é curar, mesmo que poucas vezes, melhorar quase sempre e consolar sempre. É por aí que se mede o grau de competência de cada médico, não necessariamente acadêmico. Quais foram suas conquistas na vida societária? Participei não de muitas entidades, mas de algumas, e fui alçado a presidente na SBR, na Panlar e na Academia Brasileira de Reumatologia. Antes disso, nelas exerci diversos cargos e, sem demagogia, muito mais recebi do que dei. Fui fundador e membro honorário de algumas sociedades regionais no Brasil e, na América Latina, fundei o Comitê e o Congresso do Cone Sul, juntamente com Argentina, Uruguai e Chile. As conquistas foram muito gratificantes e, das oportunidades experimentadas, restaram as saudades de tudo que me aconteceu de maravilhoso neste meio século de vida societária, do convívio com aqueles que já partiram, e me foram tão caros, entre eles alguns prêmios Nobel de Medicina. Que convites o deixaram mais feliz ao longo de sua carreira? Mais do que publicações científicas, o que nos envaidece são os convites para abrir encontros nacionais de Reumatologia, que foram muitos, e alguns internacionais, como o Congresso da Liga Sul-Asiática de Reumatologia, no Japão, em 1988, e a 4th Interscience World Conference on Inflammation, em Genebra, em 1991. Presidi ainda a Conferência Magna Gold Medal Memorial Joseph Bunin, proferida por Morriz Ziff, no ACR 1982, em Washington. Ter sido mencionado no capítulo de doenças por depósitos de cristais da Enciclopedie Française de Rhumatologie e Maladie Osteoarticulaire também foi muito gratificante. Ficou surpreso em ter sido eleito o candidato da SBR ao Master ACR? Fiquei muito feliz por merecer a confiança dos meus pares para representá-los como candidato ao título de Master ACR. Se merecer essa outorga, tenho a mais absoluta consciência de que será a SBR a vencedora. Bendita a hora em que a entidade houve por bem fazer essa eleição ética, democrática e profissional. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 integral Do que se orgulha mais em sua carreira? Orgulho-me de tudo que fiz. Primeiramente, como pessoa, porque, não sendo um bom indivíduo, jamais alguém será um bom médico; em segundo lugar, orgulho-me de minha obediência rigorosa ao juramento hipocrático. Tão importante quanto isso foram as amizades que cultivei em todos estes anos, pois não saberia viver sem elas. O que ainda é um desafio na Reumatologia? Quase tudo. Não existem enfermidades mais obscuras que as doenças reumáticas. Sua etiopatogenia, por que, em quem e quando se instalam, que papel tem sua expressão gênica, agora em estudos intensificados, e o porquê da resposta terapêutica heterogênea, variando de um a outro individuo sob o uso do mesmo medicamento, são questões que não estão eficazmente bem respondidas. O que deixou de ser um desafio? Quase tudo, embora paradoxal e contrapondo-se à resposta anterior. Há 50 anos, quando me formei, era uma petulância ser reumatologista. Quase nada existia de medicamento antirreumático, senão o salicilato de sódio e, na artrite reumatoide, o ouro coloidal. A febre reumática se tornou um desafio a menos, sobretudo pela sua complicação cardiovascular, a estenose mitral. Ainda me lembro da 9ª Enfermaria da Santa Casa do Rio de Janeiro, onde metade dos leitos tinha doentes com estenose mitral e a outra metade, com esquistossomose na fase hepatoesplênica. Éramos 23 reumatologistas em todo o País e, hoje, somos mais de 2 mil. Conforme os estudos mais recentes, a artrite reumatoide parece agora, graças aos agentes biológicos, ter melhor prognóstico. dústria de tecidos. Não me restaria alternativa que não a de administrar o que meu pai me deixara. E talvez bastasse apenas isso para eu ser um milionário, parafraseando Hilton Seda. A vontade de ser médico era um sonho de meu pai, que não pôde concluir seus estudos na plenitude de sua adolescência, atingido pelos efeitos econômicos devastadores da Primeira Grande Guerra no Oriente Médio. O que costuma dizer para quem está começando? Costumo dizer que sou um R51 e, por isso, vivo perguntando aos mais moços, sem o menor constrangimento, o que eu não sei. Bom senso, mais do que saber, lealdade e consciência, primeiramente consigo mesmo, e também com o doente e com a sociedade, e ética para com a sua classe, para dela merecer o respeito e a admiração necessários ao exercício da medicina, são importantes para quem está começando. Por último, esperar e não ser arrogante com o saber constituem as duas maiores virtudes que um médico deve ter. E lembrar sempre que a doença é perfeita, os imperfeitos somos nós, os médicos. O que faria se não fosse médico? Venho de uma família de imigrantes libaneses, notáveis no comércio e na in- Como divide seu tempo atualmente? Na verdade, fora a medicina, não sei muito o que fazer nem tenho para onde ir, daí por que ainda leio sobre as descobertas recentes da minha especialidade, já não com a mesma frequência de outrora, porque hoje a internet nos ajuda bastante. Ainda tenho participado da Unicamp como professor visitante e do consultório. O mais importante de tudo é meu convívio com Laila, minha esposa, que me deu três filhos, Daniela, Adil e Renata – que nos deixou há muitos anos –, os dois netos, Amanda e Gustavo, e a nora, Elaine. Sinto que, por haver me dedicado tanto à medicina, o tempo que me resta será pouco para resgatar tudo que perdi por não ter convivido mais com todos eles. À la recherche du temps perdu, de Marcel Proust (1908), é por onde tenho de recomeçar. Curriculum vitae Adil Muhib Samara se formou na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Depois de dois anos no serviço do professor Bonomo, rumou para Campinas (SP) e ali se instalou como médico, quando, em 1965, foi convidado para ingressar na Faculdade de Ciências Medicas da Unicamp. Começou como professor-assistente de Propedêutica Clínica e, após oito anos, fundou a Disciplina de Reumatologia e a residência na especialidade. Nessa faculdade, não houve um só cargo que não tenha exercido, até mesmo o de diretor pro tempore. Como docente, regeu a Disciplina de Medicina Integral III e o Departamento de Clínica Médica. Colaborou também com a fundação da Reumatologia na PUC-Campinas e na Universidade de São Francisco, em Bragança Paulista (SP). BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 13 Notícias das regionais O melhor do Brasil Minas Gerais Reumatologistas do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba promovem encontro de atualização A cidade mineira de Araxá, com seus doces, termas e hotéis grandiosos, foi o palco do II Encontro de Residentes e Ex-Residentes de Reumatologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e da Reunião de Reumatologistas do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, evento que ocorreu em 8 e 9 de abril de 2011, no Hotel Nacional INN Previdência. Organizada por Marlene Freire e Reginaldo Botelho, a iniciativa foi aberta na noite do dia 8 pelo professor titular de Reumatologia da UFTM, Hamid Alexandre Cecin, que ministrou uma aula sobre o exame clínico com apresentação do sinal de Cecin e o diferencial das doenças de coluna vertebral. O Serviço de Reumatologia de Uberaba aproveitou a oportunidade para prestar uma homenagem ao professor, no encerramento do encontro, com a entrega de uma placa. O segundo dia do evento foi totalmente dedicado à atualização dos participantes, das 8 às 18 ho- ras, com mesas-redondas, discussões de casos clínicos e apresentações de Roberto Ranza (Uberlândia), de Boris Cruz e Eduardo José (Belo Horizonte) e do presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR), Rafael Fraga, que ali também representava a cidade de Juiz de Fora. “Além de ter falado sobre a realização de infusões extra-hospitalares, apresentei os planos que a SMR tem para aquela região e para todo o Estado de Minas Gerais”, conta. No intervalo dessa programação, o grupo visitou o Grande Hotel de Araxá, tendo tido, como guia, o colega Carlos Eugênio, e escolheu a logomarca do Grupo de Estudos de Reumatologia do Triângulo Mineiro, que realizará reuniões nos moldes da Esquina do Reumatismo, de Belo Horizonte, com a presença dos reumatologistas da região e com o indispensável apoio da SMR. Santa Catarina XVIII Jornada Cone Sul inova até no formato dos pôsteres A lém de terem caprichado na programação científica, os organizadores da XVIII Jornada Cone Sul de Reumatologia, que está marcada para o período de 13 a 15 de outubro, em Florianópolis, lançaram mão de duas grandes novidades nessa edição do evento. A primeira é de ordem operacional e certamente vai fazer escola, em nome da sustentabilidade. “ Vamos dispensar os pôsteres em papel”, assinala o reumatologista Fabrício de Souza Neves, da Comissão Científica da jornada. Em lugar disso, os trabalhos inscritos serão apresentados em formato digital. Para tanto, os autores deverão enviar apenas um arquivo de PowerPoint convertido em pdf com, no máximo, seis slides. “Durante a jornada, os pôsteres poderão ser visualizados em terminais de computador e em telas espalhadas pela área do evento”, explica Neves. A propósito, a data-limite para a submissão de trabalhos é 15 de julho de 2011. Outra inovação digna de nota foi a criação de um con14 curso de casos clínicos, do qual poderão participar, no ato da inscrição, todos os trabalhos que tratarem da descrição de uma nova patologia, do relato de uma enfermidade pouco frequente, da observação de sintomas raros ou atípicos em quadros patológicos conhecidos, incluindo manifestações reumáticas raras de doenças sistêmicas, do uso de novas técnicas de investigação e do emprego de novas condutas terapêuticas em doença de difícil controle. Dentre os inscritos, 12 relatos de casos serão selecionados para apresentação oral no dia 13 de outubro, durante o pré-congresso, e uma comissão julgadora escolherá o vencedor. O melhor trabalho vai receber um laptop, além do certificado de premiação. O regulamento do concurso está disponível no site da jornada, assim como a programação científica completa do evento: www.jornadaconesul2011.com.br. Conheça os detalhes e aproveite para garantir desde já seu lugar na iniciativa. As inscrições terminam em 5 de outubro. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Notícias das regionais O melhor do Brasil Mato Grosso do Sul Sorems prepara a XVIII Jornada Centro-Oeste de Reumatologia A Sociedade de Reumatologia do Mato Grosso do Sul (Sorems) convida os reumatologistas brasileiros para participar da XXI Jornada Brasileira e XVIII Jornada Centro-Oeste de Reumatologia, evento que será realizado em Campo Grande, no período de 31 de agosto a 3 de setembro de 2011, e terá a relação entre infecção e autoimunidade como tema. “A ideia é demonstrar como algumas infecções podem mimetizar doenças reumatológicas a partir dos fenômenos autoimunes que desenvolvem”, explica o presidente da Sorems, Marcelo Rezende. Para tanto, a comissão organizadora preparou um evento repleto de conteúdo, que começará com três cursos pré-jornada e se estenderá por mais três dias de mesasredondas, conferências, miniconferências e simpósios, conduzidos por grandes nomes da Reumatologia nacional. Como de praxe, haverá também duas conferências internacionais, que ficarão a cargo de Cees Kallenberg, da Holanda. Mas nem tudo vai ser ciência na jornada. “Da mesma forma, estamos providenciando uma programação social intensa e divertida para que todos aproveitem ao máximo sua estada em Campo Grande”, avisa Rezende. Como o evento termina num sábado anterior ao feriado prolongado de 7 de setembro, os interessados poderão esticar sua estada na região com uma visita ao Pantanal ou a Bonito. Melhor, impossível. Confira o resumo da programação e fique atento às notícias da jornada em: www.reumatologiams.com.br. XXI Jornada Brasileira e XVIII Jornada Centro-Oeste de Reumatologia Cursos pré-jornada: • Atualização em dor • Atualização em laboratório • Aplicação clínica da ciência básica Conferências internacionais: • Vasculites associadas ao ANCA • Endotélio, aterosclerose e doenças inflamatórias sistêmicas Mesas-redondas: • Vacinação • Endemias • Doenças emergentes • Autoanticorpos nas doenças infecciosas • Paciente reumático e infecção • Vasculites • Manejo das manifestações lúpicas • Espondiloartrites • • • • • • Reumatologia Pediátrica Panlar – A história da Reumatologia Osteoporose e osteoartrite Artrite reumatoide de início recente Esclerodermia – Up to date Biológicos e tratamento “off-label” Simpósios: • Lombalgias Miniconferências: • Estudos epidemiológicos da SBR • Imagem em doenças reumatológicas • Plantas medicinais e tratamentos alternativos Conferências: • O uso de células-tronco em Reumatologia • Imunobiológicos e biossimilares • Vitamina D – Afinal, qual é a verdade? • O que esperar de exercícios físicos? Rio Grande do Sul Regional gaúcha alerta para a necessidade de investigação da tuberculose em paciente que iniciar imunossupressão D epois de abrir as atividades científicas do ano com uma palestra de Henrique Luiz Staub, em março, sobre as novidades e controvérsias em autoimunidade apresentadas no Cora 2011, em Florença, a Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul (SRRS) se reuniu em 30 de abril para discutir o panorama atual da tuberculose (TB) e sua importância para o reumatologista. Segundo a presidente da entidade, Inês Guimarães da Silva, na oportunidade a pneumologista Marisa Pereira, responsável pela área de tuberculose da Santa Casa de Porto Alegre e pela Secretaria de Saúde do Estado, exibiu dados recentes e chocantes sobre a doença no Rio Grande do Sul e no Brasil. “Nosso diretor científico encaminhou previamente perguntas a essa especialista, com as principais dúvidas sobre tuberculose na prática reumatológica, tendo gerado, assim, uma discussão extremamente interessante e infor- Nova diretoria da SRRS para o biênio 2010-2012: da esq. para a dir., Mauro Keiserman, Maria Lúcia Lemos Lopes, Aline Defaveri do Prado, Jorge Renato Dib, Fernando Neubarth, Inês Guimarães da Silveira e Roberto Calil. mativa”, conta Inês. Fica aí, portanto, o alerta da regional gaúcha sobre a necessidade de investigação minuciosa de TB latente e TB doença em todo paciente que iniciar qualquer forma de imunossupressão. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 15 O melhor do Brasil Sergipe Grandes nomes da Reumatologia local e nacional, além de um conteúdo atual, fazem o sucesso da XXI Jornada Norte-Nordeste T erminou em 14 de maio a XXI Jornada Norte-Nordeste de Reumatologia, que ocorreu em Aracaju, no Hotel Parque dos Coqueiros, e levou à capital sergipana cerca de 400 profissionais de saúde e estudantes de vários pontos do País. Os participantes conferiram, com satisfação, as atividades científicas dos três dias de evento, incluindo a pré-jornada, as conferências, os minicursos, as apresentações de casos, as mesas-redondas e os simpósios, todos girando em torno do tema central da iniciativa – A Clínica e os Avanços Terapêuticos. “É muito boa essa sensação do dever cumprido”, resumiu a presidente da Sociedade Sergipana de Reumatologia (SSR), Mônica Valéria S. S. Vechi, feliz também com a superação no número de inscritos que era aguardado. “A programação da jornada, além de rica, estava em total equilíbrio com os fatos atuais de consultórios e com os avanços que praticamos diariamente na nossa profissão por meio dos diagnósticos e tratamentos que sugerimos”, ava- liou o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro. Para ter uma ideia da dimensão que assumiu no Estado, o evento reuniu, em sua abertura, no dia 12 de maio, além do presidente da SBR e da diretoria da SSR, diversas autoridades locais e nacionais ligadas à saúde e à Reumatologia, entre as quais o secretário-adjunto de Estado da Saúde, Jorge Viana – que representou o governador Marcelo Deda –, o presidente do Conselho Regional de Medicina, Roberto César, o presidente da Sociedade Médica de Sergipe, Petrônio Gomes, o presidente do Sindicato dos Médicos de Sergipe, José Menezes, e o presidente da Academia Brasileira de Reumatologia, Wiliam Habib Chahade. Também sergipano, Chahade, aliás, foi homenageado pelo presidente da jornada, José Caetano Macieira, e por suas conterrâneas, a presidente da SSR, Mônica Vecchi, e a diretora científica da regional, Regina Adalva de Lucena Couto Océa, por sua importante contribuição Coral Canarinhos de Aracaju, que se apresentou na solenidade de abertura da jornada. na formação dos reumatologistas que atuam no Estado, bem como na criação da regional local. Uma oportuna lembrança em um grande evento. Pacientes também ganham evento Paralelamente à jornada em Aracaju, a SBR patrocinou o Curso de Educação em Saúde para Portadores de Artrite, que foi ministrado na cidade pelo GruparjPetrópolis, de 10 a 12 de maio, com a participação de diversas entidades de apoio a pacientes reumáticos. Segundo o Gruparse, o curso foi um sucesso, não só pelo conteúdo, praticidade e pedagogia, mas sobretudo por seu clima de fraternidade e amizade. Rio de Janeiro Vem aí o ReumaRio 2011 Programe-se para participar de um dos mais importantes eventos de atualização promovidos pela SRRJ. Neste ano, o ReumaRio será realizado nos dias 5 e 6 de agosto, no Hotel Windsor de Copacabana (antigo Meridien), e vai abordar aspectos da síndrome do anticorpo antifosfolípide pouco explorados em congressos e também a Reumatopediatria, mas com enfoque para reumatologistas que usualmente atendem adultos. De acordo com a presidente da SRRJ, Francinne Machado Ribeiro, já estão confirmados convidados internacionais como Ricard Cervera, Doruk Erkan, Seth Ginsberg e Ruben Burgos-Vargas. Vá se atualizar e enriquecer o ReumaRio com sua experiência! 16 SRRJ reúne clínicos e pediatras em Vassouras em sua jornada anual Dada a proximidade com algumas faculdades de medicina, a Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ) escolheu a cidade sul-fluminense de Vassouras como sede de sua I Jornada Anual de Reumatologia, que ocorreu em 30 de abril e teve mais de 120 participantes, sobretudo estudantes, clínicos e pediatras. Voltada para não especialistas, a iniciativa apresentou aspectos clínicos e laboratoriais das doenças reumáticas, com destaque para a artrite reumatoide inicial, a fibromialgia e a osteoporose, entre outros temas de interesse geral. As aulas foram dadas por um time de primeira, composto dos colegas Carlos Augusto de Andrade, Katia Lino, Blanca Bica, Roger A. Levy, Leonardo Romeiro, Marcelo de Souza Pacheco, José Augusto Cardoso de Sá Jr., Evandro Klumb, Wanda Heloisa Ferreira, Camila Leijoto e Mauro Goldfarb. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Reconhecimento Sinal de Cecin ganha projeção internacional Artigo de Hamid Alexandre Cecin publicado na RBR ocupa o topo da lista dos dez trabalhos mais buscados na BioMedLib. O trabalho Cecin’s Sign (“X” Sign): improving the diagnosis of radicular compression by herniated lumbar disks, de autoria do professor titular da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Hamid Alexandre Cecin, chegou ao primeiro lugar no Top 10 Articles Published in the Same Domain Since Your Publication, da BioMedLib (www.BioMedLib.com), no início de março. A notícia significa que, até aquele período, o artigo havia sido um dos mais procurados nesse banco de dados desde sua publicação na Revista Brasileira de Reumatologia, em fevereiro de 2010. “O trabalho honra a toda a Reumatologia, uma vez que, num tempo de tecnologias caras e nem sempre acessíveis, mostra a validade da observação clínica benfeita, ao descrever um novo sinal semiológico, bem alicerçado em princípios físicos sólidos e irrefutáveis”, opina o ex-presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Fernando Neubarth, um grande incentivador de Cecin. A chegada ao topo dos “top” também demonstra o reconhecimento internacional ao achado e, para completar, vem dando ensejo a convites para Cecin apresentar suas descobertas em terras distantes. O último foi para o EPS Yangzhou Orthopedics Forum 2011, que ocorreu em abril, na China. Na entrevista a seguir, o professor fala um pouco de seus achados, que nos deixam orgulhosos como médicos e brasileiros. Como e quando surgiu a ideia dessa manobra? Certa vez, em 1993, durante o exame de um paciente com hérnia de disco aguda, ao lhe pedir que fizesse a flexão da coluna, ele, por acaso, teve uma crise de tosse com acentuada piora da dor no trajeto do nervo ciático. Na época, sabia que os momentos de força (torque) aumentavam com a referida flexão e que a tosse elevava a pressão na cauda equina, o que justificava a exacerbação da dor em choque elétrico, dermatomérica, que caracteriza a hérnia de disco. Veio o “estalo de Vieira”. A conjugação do torque com a manobra de Valsalva, e o princípio de Pascal dela decorrente, deu início a toda a história, que, num estudo prospectivo, randomizado e controlado, confirmou a descoberta dessa manobra semiótica, com a utilização da ressonância magnética como prova confirmatória. Hamid Alexandre Cecin, professor titular da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Qual a vantagem do sinal de Cecin sobre o de Laségue? Como está no artigo original, o sinal de Cecin é muito mais sensível e específico, além de ter valor preditivo negativo maior do que o de Laségue, ou seja, quando negativo, afasta a possibilidade de o paciente ter hérnia discal aguda. Como apresentou sua descoberta à comunidade médica? Apresentei, em 1996, um relato preliminar desse sinal, que rotulei como “sinal X” porque, em matemática, o xis significa incógnita. Alguns colegas me incentivaram que pesquisasse mais a fundo e daí surgiu a atual denominação, que devo a Fernando Neubarth – primeiro, pelo seu elevado senso de justiça, e segundo, pela sua perspicácia na valorização da medicina hipocrática, baseada na utilização dos olhos, dos ouvidos e das mãos dos médicos. Por que acha que o trabalho publicado na RBR está chamando a atenção? O artigo que lidera os Top 10 da BioMedLib deve ter chamado a atenção dos estrangeiros pelos resultados obtidos com a alta performance de dois princípios irrefutáveis da fisiopatologia do sinal de Cecin – o torque e o princípio de Pascal –, assim como pela facilidade de sua execução e pelo seu alto desempenho diagnóstico, quando comparado com o tradicional e centenário sinal de Laségue. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 17 Notas Lilian Costallat e Ivone Meinão recebem homenagem da APM na 11ª cerimônia em alusão ao Dia Internacional da Mulher Osmar Bustos E ntre as 26 homenageadas pela Associação Paulista de Medicina (APM) em sua 11ª cerimônia em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, que ocorreu no dia 18 de março, em São Paulo, figuravam duas representantes da Reumatologia. Uma delas era Lilian Tereza Lavras Costallat, professora da Unicamp desde 1998, com uma passagem pela diretoria da Faculdade de Ciências Médicas da universidade, de 2002 a 2006, e pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desde 1991, com 133 trabalhos publicados. “A homenagem foi muito significativa e importante para mim”, disse ela na oportunidade. “A cerimônia destacou a importância não só da profissão em nossas vidas, mas também a de nossas famílias”. A outra reumatologista a receber a reverência foi a preceptora da Liga de Reumatologia da Unifesp, Ivone Minhoto Meinão. A médica, que presidiu o Departamento de Reumatologia da As reumatologistas homenageadas pela APM: Lilian Costallat (à esq.) e Ivone Meinão. APM entre 2004 e 2007, teve uma atuação importante na saúde pública, já que desenvolveu programas de atenção básica à saúde em diabete mellitus e hipertensão arterial entre 1979 e 1989. “Fiquei muito lisonjeada, contente, porque ser reconhecida no trabalho é algo que alavanca você para continuar a trabalhar com qualidade e empenho”, afirmou. Com o tema “Sons, cores, formas, movimento – Mulher... Arte”, o evento contou com apresentações da bailarina Lúcia Weber e do ilusionista Issao Imamura, e não economizou na emoção. “A mulher lutou muito para conquistar seu lugar na medicina e a APM, ao longo de seus 80 anos, procurou sempre manter a igualdade e o respeito entre homens e mulheres em seu quadro de diretores, colaboradores e/ou parceiros”, destacou o presidente da entidade, Jorge Carlos Machado Curi. Depois de relembrar a trajetória de importantes mulheres, como a guerrilheira Anita Garibaldi e a primeira médica formada no Brasil, Rita Lobato Velho Lopes, a diretora de Ações Comunitárias da APM, Yvonne Capuano, resumiu o espírito do evento: “Nossas homenageadas de hoje são continuadoras da obra dessas pioneiras.” UFES amplia serviços de assistência e abre novos canais para a formação de profissionais B oas notícias para os capixabas. O Serviço de Reumatologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) está repleto de novidades, segundo a chefe do núcleo e coordenadora da residência médica local, Valéria Valim, que agora também é a nova professora de Reumatologia da UFES. “Desde a aposentadoria do Dr. Edilson Suzano, não tinha havido mais docentes na área”, conta ela, hoje à frente de um serviço bem estruturado e respeitado no hospital universitário. Na área de assistência, o espaço inaugurou recentemente o Laboratório de Condicionamento e Reabilitação (Lacore), que dá suporte ao atendimento dos pacientes reumáticos e oferece treinamento para profissionais da área de reabilitação. Além disso, como resultado da união de esforços entre a residência e o serviço, foram ainda estruturados programas de educação do indivíduo com artrite reumatoide, fibromialgia e síndrome de 18 Sjögren, assim como do paciente em uso de biológicos. Já na área de formação, segundo Valéria, a UFES está abrindo uma pós-graduação em Reumatologia para as áreas de fisioterapia, terapia ocupacional, educação física e enfermagem, visando à capacitação de equipes multiprofissionais para o atendimento do paciente reumático. Por sua vez, o Programa de Residência em Reumatologia, criado em 2006, passou a ministrar treinamento em radiologia, patologia e procedimentos guiados por ultrassom, além de ter aberto novos ambulatórios de Sjögren, lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide, os quais se somam aos já existentes ambulatórios de colagenoses, artrites, fibromialgia e dor crônica, biológicos, Reumatopediatria, osteoporose, reabilitação, procedimentos e pulsoterapia, assim como ao laboratório. Enfim, um núcleo completo, do jeito que a população local merece. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Notas Fórum debate soluções para o atendimento de pacientes com artrite reumatoide C olocar as doenças reumáticas na pauta das discussões em Brasília é, no mínimo, uma medida salutar para sensibilizar a sociedade para a necessidade de mudanças nessa seara. Foi o que ocorreu no último dia 6 de abril, quando especialistas, deputados, membros do Ministério da Saúde (MS) e grupos de apoio a pacientes reumáticos participaram do Fórum Artrites – Um Debate Necessário. A iniciativa resultou da parceria entre o deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG), a Associação Brasiliense de Pacientes Reumáticos (Abrapar) e a Associação Nacional de Grupos de Pacientes Reumáticos (Anapar). “Fomos acolhidos em uma outra data pelo deputado, que, sensibilizado com nossa causa, sugeriu que fizéssemos esse fórum de debates e gentilmente disponibilizou o espaço físico da Câmara dos Deputados”, conta a presidente da Anapar e da Abrapar, Abigail Gomes Silva. “Sabemos quanto podemos avançar em relação ao tratamento e à qualidade de vida dos pacientes reumáticos”, justifica Thadeu, que é presidente da Frente Parlamentar das Hepatites e Transplantes e membro da Frente Parlamentar da Saúde da Câmara dos Deputados. Sem aventuras terapêuticas Na oportunidade, o reumatologista Luís Piva Junior, do Hospital de Base do Distrito Federal, deixou clara a dificuldade dos médicos diante das poucas opções terapêuticas e ecoou os interesses dos pacientes, que desejam ver a incorporação das novas medicações no protocolo clínico da artrite reumatoide. “Junto com a inclusão de um ou outro medicamento, queremos que haja a formação de câmaras técnicas locais, com a participação do gestor do SUS na liberação dessas medicações, porque essas câmaras analisariam caso por caso, tirariam as aventuras terapêuticas e fariam a revisão dos protocolos com periodicidade máxima bianual”, sustentou. Já a coordenadora-geral de média e alta complexidade do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção à Saúde (DAE-SAS-MS), Maria Inez Gadelha, explicou tecnicamente a protocolização e garantiu que o status atual do protocolo da artrite reumatoide não está estagnado. “Nunca esteve parado, a não ser nesses três meses, embora o grupo elaborador esteja produzindo o parecer técnico-científico, inclusive porque a Comissão de Incorporação de Tecnologias do Ministério da Saúde decidiu que Brasil e Argentina se unem em curso de ultrassonografia A rivalidade que reina nos campos de futebol dos dois países parece não ter espaço em outras áreas do conhecimento – pelo menos na medicina. Prova disso é que Brasil e Argentina uniram forças para organizar, com o apoio da Liga Pan-Americana contra o Reumatismo, um curso latinoamericano de ultrassonografia, que ocorreu nos dias 15 e 16 de abril, em Buenos Aires. O evento, cujo responsável do lado brasileiro foi o coordenador da Comissão de Imagem da Sociedade Brasileira de Reumatologia, José Alexandre Mendonça, de Campinas, teve aulas ministradas por especialistas do Brasil, da Argentina e do México e contou com a participação de 30 conterrâneos. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 não iria examinar medicamento a medicamento, mas tudo que está proposto para a doença”, assinalou. Por sua vez, o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica (DAF-MS), José Miguel do Nascimento Junior, acentuou que a orientação da presidente Dilma Roussef é aprofundar o SUS na perspectiva de acesso a medicações com qualidade. “Essa é uma diretriz forte, importante, que tem mobilizado a nós e também ao próprio governo na discussão do financiamento da saúde”, declarou. “Dá para fazer mais com o que temos, mas precisamos de mais para fazer o que não temos”. O assunto ainda vai demandar muitas discussões, mas fica nítida uma maior disposição de todos em tentar resolver o problema. Os pacientes contam com isso: “Nossa expectativa é a de que esses medicamentos sejam incorporados o mais rápido possível ao protocolo para dar cabo das ações judiciais, que oneram os cofres públicos e causam desgaste ao paciente pela busca de um remédio não incorporado”, resume Abigail, sublinhando que a dor não espera. Como disse o banner do evento: “Saúde não é tudo, mas, sem ela, o resto é nada”. Leia a íntegra das discussões do evento em: www.reumatologia.com.br. Programe-se XIII Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul Data: de 24 a 27 de agosto de 2011 Local: Radisson Hotel, em Montevidéu, Uruguai. Informações: www.reumauconosur2011.com.uy Panlar 2012 – XVII Congresso da Liga Pan-Americana contra o Reumatismo Data: de 18 a 21 de abril de 2012 Local: Punta Cana, República Dominicana Informações: www.panlar2012.org Gladel América Latina – Lúpus 2013 10º Congresso Internacional sobre LES Data: de 18 a 21 de abril de 2013 Local: Buenos Aires, Argentina Informações: www.gladel.org 19 Notas Encontro da FMUSP tem atualização, homenagens e até lançamento de livro A Disciplina de Reumatologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) realizou, de 1º a 3 abril, seu IX Encontro de Ex-Residentes, Estagiários e Pós-Graduandos no The Royal Palm Plaza, em Campinas (SP). Além de ter tido uma programação científica com aulas voltadas principalmente para atualização em tratamento da artrite reumatoide, imagem em doenças reumáticas, síndrome de Baggio-Yoshinari (Lyme-símile) e espondiloartrites, o evento foi a oportunidade escolhida para a equipe do serviço prestar sua homenagem a três assistentes-doutores da Projeto aprovado na Câmara dos Deputados isenta de IR portadores de quatro doenças reumáticas A Atualize seus dados cadastrais no site da SBR Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados aprovou a inclusão de 25 doenças graves e incapacitantes na lista de enfermidades que dão aos portadores direito de aposentadoria, pensão ou proventos de reforma militar sem incidência de Imposto de Renda. Entre elas estão quatro doenças reumáticas autoimunes: lúpus, esclerodermia linear, esclerodermia segmentar e esclerodermia sistêmica progressiva. Segundo o projeto aprovado, a isenção valerá para todos os rendimentos, e não apenas para os recebidos em razão da inatividade. O projeto tramita agora em caráter conclusivo, mas ainda será analisado pelas Comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania. 20 Reumatologia da FMUSP: Laís Lage e Natalino Yoshinari, que estão se aposentando, e Jozélio Freire Carvalho, que está de partida para a Bahia, sua terra natal. Durante o encontro, houve ainda o lançamento de livro Exercício Físico nas Doenças Reumáticas, distribuído gratuitamente aos presentes. A publicação resulta de um projeto do Setor de Medicina Esportiva e do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia (Lacre) do Hospital das Clínicas da FMUSP, tendo sido coordenada por Fernanda Rodrigues Lima e Ana Lúcia de Sá Pinto. O site da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) é bastante visitado por leigos. Para ter uma ideia, 70% dos acessos provêm de pacientes e se distribuem basicamente entre as informações sobre doenças reumáticas e a seção Procure um Reumatologista, que visa justamente a facilitar a aproximação entre o especialista e o interessado. Dessa maneira, é importante que, de tempos em tempos, todos os associados da SBR acessem o site, com sua senha pessoal, e verifiquem nessa seção se seu cadastro está realmente atualizado. Caso haja alterações, basta enviá-las para os endereços [email protected] ou [email protected]. Quem não tiver a senha pessoal também pode solicitá-la por e-mail. Mantenha-se acessível! BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Meu consultório Sem medo de inovar Espelhando-se no modelo francês, Rita Furtado faz procedimentos com o auxílio do ultrassom no consultório, além de investir na educação dos pacientes. A Reumatologia é mesmo uma especialidade sem procedimentos? A reumatologista potiguar Rita Furtado, radicada em São Paulo desde que se formou em medicina, em 1994, e dona de um consultório muito bem estruturado, entende que não. Após sua residência em Clínica Médica e Reumatologia na Unifesp, seguida por uma especialização em Fisiatria, Rita foi para a França, para um doutorado-sanduíche, e mergulhou num curso de Reumatologia Intervencionista. Queria vivenciar um pouco do modelo francês, já que o brasileiro se espelha mais no americano. “O reumatologista francês é o grande clínico do aparelho locomotor e realiza procedimentos maiores, diferentemente do americano, que é mais imunologista”, justifica. Assim, a médica, que já clinicava desde o fim da residência, terminou seu aprendizado, incluindo o doutorado, e voltou para o Brasil com a ideia de praticar o modelo francês – o que não significou abrir mão do interesse pelos intrincados mecanismos do sistema imune. Ao retornar da França, em 2003, começou a pôr seu plano em prática. Já estava vinculada academicamente ao reumatologista Jamil Natour, que tinha experiência em procedimentos, e com ele otimizou a Reumatologia Intervencionista da Unifesp, com dois ambulatórios, onde atua até hoje no ensino, na pesquisa e no atendimento a pacientes. Em paralelo, passou a atender no consultório do colega. No ano seguinte, lançou-se à empreitada de ter um consultório próprio, que atualmente divide com o marido, urologista, e com outros sete diferentes especialistas no bairro de Moema, em São Paulo. Ali Rita faz a Reumatologia Intervencionista em que se especializou na França, mas também a Reumatologia Clínica clássica que aprendeu durante toda sua formação acadêmica e prática. E foi investindo aos poucos para introduzir no local um modelo próprio de ser reumatologista. Sem laudo Logo de cara se interessou em adquirir um ultrassom, que usa como extensão do exame físico para guiar as punções que não podem ser feitas às cegas e como extensão de seu exame clínico articular, sobretudo nas articulações de acesso mais difícil, como quadril, ombro e mediopé. “Mas não emito laudo, pois não sou radiologista”, esclarece. Tanto é que, garante, mantém uma interface muito positiva com esses especialistas e não raro encaminha seus pacientes para exames laudados. “Grosso modo, enquanto estamos mais preocupados com a sinóvia, o radiologista pensa mais nos tendões e nas lesões musculares”, compara. Quando somados, esses dois ângulos se complementam. Para quem acha a ultrassonografia útil no consultório, mas teme o desconforto dos radiologistas, Rita lembra que o método já nasceu sem reserva de mercado. “Ele foi trazido pelo ginecologista e tem sido muito usado por várias outras especialidades médicas”, observa. “Só acho que temos de evitar laudar exames”, reitera. Em termos de investimento, a médica acredita que não há necessidade de investir num aparelho de última geração, pois isso faz mais sentido num serviço de Radiologia. “O mais importante é a portabilidade do equipamento para BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 que ele possa ser transportado facilmente, seja de uma sala de procedimento para outra, seja até para o hospital, quando necessário”, diz. Nos detalhes Se o ultrassom é um grande aliado de Rita, convém avisar que não se trata do único. A médica também comprou um podoscópio para auxiliar a avaliação do pé dos pacientes reumáticos e está se preparando para adquirir outros aparelhos para ajudá-la na prática clínica. Além disso, imprimiu sua marca, como reumatologista e fisiatra, em cada detalhe do consultório. Isso pode ser observado, por exemplo, nas barras instaladas nos banheiros e no piso antiderrapante, que visam à segurança das pessoas com dificuldade de locomoção, e nas macas especiais que desenhou para as salas de procedimento, com diversas gavetas abastecidas de todos os apetrechos de que precisa em cada momento, sobretudo quando não tem auxiliar por perto. A reumatologista ainda investe bastante na educação e na promoção da saúde de seus pacientes. Criou uma linha de folhetos sobre as diferentes doenças reumáticas e outros impressos para orientar a postura dos indivíduos com dor crônica no cotidiano, inclusive para a adaptação da vida sexual. “O fato é que, como uma hora de consulta é um tempo relativamente curto para a educação aos pacientes, esses materiais os auxiliam em seu autocuidado”, explica. A próxima empreitada vai ser o aperfeiçoamento do site do consultório, que tem importância nessa parte educacional, é verdade, mas funciona antes como um cartão de visitas. Mas o marketing é outra discussão, que fica para uma próxima vez. 21 Além da Reumatologia Articulações na cabeça, rock na veia Reumatologista do HSPE-SP mantém vida paralela de roqueiro, chegando a se encarregar da parte social de eventos científicos com sua banda, a Number 9. Dr. Bob Dylan N o hospital e no consultório, ele aconselha os pacientes a chacoalhar o esqueleto para reduzir as dores das mais diversas doenças reumáticas. Nos palcos, ele faz o público chacoalhar com seu som. Essa é a rotina do reumatologista Silvio Figueiro Antonio, de São Paulo, que ganhou a primeira guitarra aos 9 anos de idade e desde a adolescência associa solos e acordes com sua vocação para a medicina. De lá para cá, teve algumas pausas na vida musical, mas, a partir do ano de 2000, ele e o primo, Carlos Said Antonio, que o acompanha na estrada do rock desde a infância, resolveram retomar o projeto banda para afastar o estresse do dia a dia. “Voltamos a ensaiar ocasionalmente e agendar shows para reunir os amigos, nos divertir e ver o pessoal dançar e ser feliz”, resume ele o lema da Number 9, o nome de sua banda, inspirado nos Beatles. Cultuador e estudioso do quarteto inglês, Silvio descobriu que o nove é cabalístico para John, Paul, Ringo e George. “O número ronda o grupo e a carreira-solo de seus membros, estando presente em várias canções”, conta. Uma delas, que fez a cabeça do reumatologista em particular, é Revolution Nine, música pouco executada de John 22 Lennon, que também batizou uma antiga boate em Londres. Dr. Bob Dylan Com essa estreita correlação, qualquer leigo pode diagnosticar que, no repertório da Number 9, não faltem hits dos ingleses – e também dos Rolling Stones, of course. Mas o quinteto liderado por Silvio não se restringe ao rock dos anos 60 e arrasa também em sucessos internacionais dos anos 70 e 80, tocando sons de The Police, Duran Duran, U2, Tears for Fears, Men at Work e Elton John, entre muitos outros. A Number 9 não estabeleceu uma rotina metódica de ensaios e se reúne, segundo Silvio, sempre dentro das possibilidades de seus integrantes, uma vez que quase todos mantêm atividades profissionais paralelas. O baixista Carlos é auditor da Receita Federal; o cantor Renato Davi, empresário, e o baterista Daniel Vanetti, advogado. E Silvio faz consultório e ainda atua no Serviço de Reuma- tologia do Hospital Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP). A exceção fica por conta do tecladista Robert Arias, que, por ter formação musical, só se dedica a essa, digamos, especialidade. Diante disso, sempre que marca algum show, a banda faz um tour de force para ensaiar e deixar o som tinindo. A frequência das apresentações varia, mas não raro inclui eventos científicos de laboratórios e de serviços médicos. O último, não por acaso, foi a Reciclagem da Reumatologia do HSPE-SP, organizada pelo diretor do serviço, Wiliam Chahade, de 14 a 17 de abril, no Hotel Jequitimar, no Guarujá (SP). Na oportunidade, 300 pessoas cantaram e dançaram com a Number 9 durante a programação social do evento. Assim é que, na prática, Silvio concilia a música e a medicina, e isso desde os tempos da faculdade, quando um veterano passou a chamá-lo de Bob Dylan, depois de vê-lo tocar –apelido, que, aos poucos, foi sendo reduzido para Bob, como até hoje alguns contemporâneos o conhecem. “Fazíamos vários serões dos Beatles, de classic rock e de country, ao violão, com outros colegas de diversas turmas, e participávamos do ShowMed e de alguns festivais estudantis que eram moda na época”, conta. “Era uma curtição agregar amigos com boas canções”. Dr. Bob faz jus à alcunha. Contatos para shows: [email protected] BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 2 • abr/mai/jun/2011 Abbott Diversidade nos cuidados com a saúde Descobrir, desenvolver, fabricar e comercializar produtos e serviços que vão desde a prevenção e o diagnóstico até o tratamento e a cura. Com a missão de renovar a esperança na vida. 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