Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Tecnologia e Ciências Instituto de Física Paulo Sérgio de Abreu Bonfim Efeito da competição entre a supercondutividade e as instabilidades de Pomeranchuk no canal de spin Rio de Janeiro 2012 Paulo Sérgio de Abreu Bonfim Efeito da competição entre a supercondutividade e as instabilidades de Pomeranchuk no canal de spin Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de Pós-graduação em Física, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Orientador: Prof. Dr. Daniel Gustavo Barci Rio de Janeiro 2012 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/D B713 Bonfim, Paulo Sergio de Abreu. Efeito da competição entre a supercondutividade e as instabilidades de Pomeranchuk no canal de spin / Paulo Sergio de Abreu Bonfim . - 2012. 63 f. Orientador: Daniel Gustavo Barci. Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Física Armando Dias Tavares. 1.Supercondutividade -Teses. 2.Teoria quântica de campos Teses. I. Barci, Daniel Gustavo. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Física Armando Dias Tavares. III. Título. CDU 538.945 Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta tese, desde que citada a fonte. ________________________________________________ Assinatura ____________________ Data Paulo Sérgio de Abreu Bonfim Efeito da competição entre a supercondutividade e as instabilidades de Pomeranchuk no canal de spin Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor, ao Programa de Pós-graduação em Física, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Aprovada em 13 de abril de 2012. Orientador: Prof. Dr. Daniel Gustavo Barci Instituto de Física - UERJ Banca Examinadora: Prof. Dr. Marcelo Chiapparini Instituto de Física - UERJ Prof. Dr. Rudnei de Oliveira Ramos Instituto de Física - UERJ Prof. Dr. Rodrigo Ferreira Sobreiro Instituto de Física, Universidade Federal Fluminense, UFF Prof. Dr. Victor José Vasquez Otoya Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnol. do Sudeste de Minas Gerais, IFMG Rio de Janeiro 2012 DEDICATÓRIA À Flávia, José Paulo e Gabriel. Agradecimentos Agradeço a essa pessoa de grande inteligência e, principalmente, de excelente caráter, o Prof. Daniel Barci sempre compreensivo com meu temperamento e esforçado em traduzir minhas idéias na nossa publicação e tese. À Flávia Emenegilda, Rosa e Glicério que me apoiaram sendo uma família que espantou minha tendência ao isolamento. Aos meus filhos Gabriel e José Paulo que são a minha inspiração e continuidade nesse planeta. RESUMO BONFIM, Paulo Sérgio de Abreu. Efeito da competição entre a supercondutividade e as instabilidades de Pomeranchuk no canal de spin. 2012. 63 f. Tese (Doutorado em Física) Instituto de Física, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. Nós estudamos a competição entre a instabilidade de Pomeranchuk no canal de spin com momento angular l=1 e uma interação atrativa, favorecendo a formação de um par de Cooper. Achamos, numa aproximação de campo médio, uma forte supressão da instabilidade de Pomeranchuk via supercondutividade. Além disso, identificamos uma fase supercondutora metaestável com características semelhantes ao estado FFLO. Um líquido de Fermi é, com exceção de uma dimensão, um estado muito estável da matéria. Por outro lado dois tipos de instabilidades, relacionadas com interações atrativas, são conhecidas: Instabilidades Pomeranchuk e supercondutora. As instabilidades Pomeranchuk ocorrem na presença da interação de dois corpos contendo uma forte componente atrativa no canal de espalhamento para frente com momento angular definido. No contexto da teoria de Landau, a instabilidade ocorre quando um ou mais parâmetros admensionais de Landau nos canais de spin ou carga, adquirem altos valores negativos. As instabilidades Pomeranchuk no setor de carga quebram a simetria de rotação. Em particular, uma instabilidade em alguns canais produz uma deformação elipsoidal na superfície de Fermi. Palavras-chave: Supercondutividade. Teoria quântica de campos. Teoria de Landau. ABSTRACT We study the competition between a Pomeranchuk instability in the spin channel with angular momentum l = 1 and an attractive interaction, favoring Cooper pair formation. We find, at mean-field approximation, that superconductivity strongly suppress the Pomeranchuk instability. Moreover, we have found a metastable modulated superconducting phase with similar characteristics of the FFLO state. A Fermi liquid is, except in one dimension, a very stable state of matter. At least two types of instabilities, related with attractive interactions, are known: Pomeranchuk and superconducting instabilities. Pomeranchuk instabilities occur in the presence of two-body interactions containing a strong attractive component in the forward scattering channel with a definite angular momentum. In the context of Landau theory, the instability sets in when one or more dimensionless Landau parameters in the charge or spin channel, acquire large negative values. Pomeranchuk instabilities in a charge sector spontaneously break rotational symmetry. In particular, an instability in the some channels produces an ellipsoidal deformation of the Fermi surface. Keywords: Superconductivity. Quantum field theory. Landau theory. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 LÍQUIDOS DE FERMI E TEORIA DE LANDAU 13 1.1 Líquidos de Fermi 13 1.2 Energia livre e quasipartículas 15 1.3 Energia local de uma quasipartícula 17 1.4 Equação de transporte e o som zero 19 1.5 A susceptibilidade spin x órbita 22 2 INSTABILIDADES POMERANCHUK NO CANAL DE SPIN L=1 , FASE B 8 E O MODELO HAMILTONIANO 24 2.1 A onda-s BCS e a onda-p Pomeranchuk 24 2.2 Caracterização da fase B 26 2.3 O operador de corrente e o acoplamento spin x órbita 28 3 SUPERCONDUTIVIDADE NA FASE B 33 3.1 Competição entre as instabilidades Pomeranchuk e BCS e as equações de movimento 33 Funções de Green e equações de movimento A função de Green direta A função de Green direta (momento oposto) A função de Green anômala 35 35 38 41 Correlações via funções de Green 44 3.4 Análise das soluções 49 3.5 Integrações e cortes (cut-offs) para manutenção do quadrado positivo para as 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.3 raízes 52 3.6 Competição entre os parâmetros 57 4 CONCLUSÃO 59 REFERÊNCIAS 60 8 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a física da Matéria Condensada ampliou substancialmente seus horizontes muito além de suas fronteiras tradicionais. Isto é mais evidente nas pesquisas sobre materiais em escalas nanométricas. Alguns sistemas, aparentemente sem relação entre si, como heteroestruturas de semicondutores, moléculas orgânicas e biológicas, microcavidades e cristais fotônicos com gap de banda, dispositivos de um único elétron, nanotubos de carbono e amostras de grate de uma única camada atômica, estão no foco atual da atividade de pesquisa. Muitos destes novos materiais estão se tornando importantes em termos de possíveis aplicações industriais. 1 2 como a supercondutividade , o efeito Hall quântico Por outro lado, fenômenos físicos 3 e a condensação de Bose-Einstein , estão sendo atualmente pesquisados nestes novos materiais. Desta forma, novos experimentos e técnicas teóricas estão sendo aplicadas a novos e desaantes sistemas. Dentro destas técnicas, a Teoria Quântica de Campos (TQC), inicialmente formulada para o tratamento de problemas da física de altas energias, encontra, há vários anos, terreno fértil para aplicações em sistemas da Matéria Condensada e Mecânica Estatística 4,5 . O sucesso destas aplicações é notório; como exemplos consagrados é su- ciente mencionar a supercondutividade BCS e o comportamento crítico do modelo de Ising em três dimensões. Recentemente, vários resultados não menos importantes têm sido obtidos através de aplicações de métodos de TQC em sistemas de natureza similar. Em particular, nos assim chamados sistemas de baixa dimensionalidade, como os gases bidimensionais de elétrons que apresentam efeito Hall quântico, efeito Kondo, sistemas antiferromagnéticos quânticos, supercondutores de alta temperatura crítica, nanotubos de carbono. A TQC é especialmente indicada quando os sistemas de estudo apresentam correlações fortes e as aproximações habituais de um corpo (por exemplo, tight-binding e as técnicas de Hartree e Hartree-Fock) estão no limite da sua aplicabilidade. Exem- plos destes compostos são os já mencionados cupratos supercondutores, mas também os sistemas de férmions pesados como os rutenatos entre outros. Podemos citar ainda elementos como o 3 He e 4 He em condições extremas de temperatura e pressão, os quais se encontram nesta categoria. A aplicação de técnicas de TQC em sistemas da Matéria Condensada fornece informação relevante sobre propriedades termodinâmicas e de transporte tanto em equilíbrio quanto fora do equilíbrio termodinâmico. Geralmente, a TQC é usada para construir modelos que exploram a física de baixas energias e comprimentos de correlação grandes. Isto se torna especialmente importante num regime perto de uma transição de fase, tanto clássica como quântica onde as técnicas perturbativas usuais não podem ser aplicadas. 9 Sistemas físicos de baixa dimensionalidade com fases não-homogêneas e/ou anisotrópicas estão despertando a atenção da comunidade da matéria condensada devido à existência de uma variedade enorme de sistemas que apresentam este tipo de fases complexas. Alguns 6 exemplos são: semicondutores dopados e isolantes de Mott , gás de elétrons bidimensional 7 em campos magnéticos fortes (efeito Hall quântico) , supercondutores de alta temperatura crítica 8 9 e condensados de Bose-Einstein entre outros. Estes sistemas apresentam fases a baixas temperaturas caracterizadas por anisotropias e quebra de invariância translacional em uma ou mais direções espaciais, por exemplo, franjas ou stripes 6,10 . Nesta tese, prestaremos especial atenção aos sistemas metálicos descritos por líquidos de Fermi que apresentam instabilidades de Pomeranchuk 31 e supercondutoras. O estudo de líquidos quânticos começou a ser desenvolvido nos anos 50 em relação à fase 3 líquida do He 11 . De fato, a teoria de Landau para líquidos de Fermi teve um enorme sucesso, não apenas para a descrição do maioria dos metais. Nozieres 30 . 3 He, mas para descrever o comportamento da Uma excelente revisão pode ser encontrada no livro de Pines e Anos mais tarde, Anthony Legget desenvolveu uma teoria para descrever fases exóticas do 3 He 12 a qual foi conrmada experimentalmente e lhe valeu o Prêmio Nobel de 2003. A década de 70 foi marcada pelo estudo de sistemas eletrônicos unidimensionais e, surpreendentemente, foi vericado que a teoria de Landau para líquidos de Fermi não se aplica nestes casos. Qualquer interação, por pequena que ela seja, destrói tanto a superfície de Fermi quanto qualquer excitação fermiônica do estado fundamental. As excitações de baixa energia são descritas por ondas de densidade de carga e densidade de spin com velocidades diferentes. Aparece desta forma o fenômeno denominado separação de spin e carga. Esta fenomenologia exótica deu lugar a um novo paradigma dos líquidos quânticos denominado por Haldane 19 : o Líquido de Luttinger. Estes es- tudos foram realizados paralelamente por físicos da Matéria Condensada e de Teoria de 13,14,15,16,17 Campos, onde foram criadas as técnicas de bosonização que, junto com o grupo de renormalização, permitiram uma compreensão teórica profunda deste novo estado da matéria. Foram necessários quase 20 anos para vericar estas teorias experimentalmente. 20,21 Elas foram utilizadas para descrever estados de borda em sistemas Hall 22 em os quânticos com alta densidade de elétrons , transporte e, mais recentemente, para descrever 23,24 propriedades de transporte em nano-tubos de carbono . Nos últimos 10 anos, novos desaos apareceram na área da Matéria Condensada que indicam que a fenomenologia do líquido de Luttinger deveria ser generalizada para mais de uma dimensão. Férmions pesados 25 26 , óxidos de cobre supercondutores e gases de elétrons bidimensionais 27 , entre outros, apresentam propriedades eletrônicas que se afastam do comportamento típico de um líquido de Fermi, nascendo assim a denominação de non-Fermi liquids para descrever o novo comportamento metálico. Sistemas tão diferentes do ponto de vista microscópico têm em comum a existência de um regime próximo a um ponto crítico quântico. Tem 10 se avançado muito na compreensão das propriedades termodinâmicas perto da criticali25 dade, usando fundamentalmente propriedades de escala . Porém, o avanço relativo na compreensão das propriedades fermiônicas nos regimes metálicos críticos é pequeno. É claro que a descrição das propriedades de uma partícula em termos de quasipartícula de Landau já não é adequada nestes regimes extremos, por outro lado, o cálculo de funções espectrais se faz extremamente complexo devido à forte correlação existente. De uma forma geral, as instabilidades da superfície de Fermi chamadas de instabilidades de Pomeranchuk 31 induzem uma transição Fermi/non-Fermi liquid. Embora elas fossem descobertas quase junto com a teoria de Landau para líquidos de Fermi, suas propriedades críticas não foram profundamente estudadas. Trata se de uma instabilidade da superfície de Fermi produzida por uma componente atrativa do potencial elétron-elétron, em canais de forward-scattering com momento angular elevado. Este fenômeno dá lugar a uma quebra espontânea da simetria de rotação, produzindo modos de Goldstone, os quais podem eliminar as excitações de quase-partícula do espectro fermiônico. Estas instabilidades também podem ocorrer na componente de spin da interação de dois corpos. Quando isto acontece, fenômenos surpreendentes 42 são observados. Por exemplo, pode ser induzida espontaneamente uma interação spin-órbita que tem sua origem apenas na interação de dois corpos 43 , a diferença da interação spin-órbita usual que é um efeito relativístico de um corpo. Isto abre possibilidades muito interessantes no ramo da spintrônica, onde esta interação é fundamental para controlar correntes de spin usando campos elétricos. Nesta tese, pretendemos estudar a competição entre estes novos estados críticos de sistemas fortemente correlacionados e a tendência do estado metálico à supercondutividade. Avanços nesta direção podem ter uma inuência profunda, tanto no 3 He, quanto nos materiais fortemente correlacionados como os cupratos(por exemplo Y Ba2 Cu3 Oy ) e rutenatos (por exemplo Sr3 Ru2 O7 ) . estudo de líquidos quânticos a alta pressão como o 28 A instabilidade de Pomeranchuk no canal de spin com momento angular zero, chamada também instabilidade de Stone 41 produz uma divergência na susceptibilidade magnética. Essa transição de fase preserva a simetria rotacional da supercie de Fermi, porém quebra a simetria de reversão temporal. Interações com momento angular de alta ordem produzem tanto fases isotrópicas como anisotrópicas. Muitos exemplos são estudados com detalhes nas referências 42,43 . As interações no canal ` = 1, são as que mais nos interessam. Estas podem produzir uma fase ordenada isotrópica e com invariância na reversão temporal. Essa fase, chamada fase β 42 , gera dinamicamente um acoplamento spin-órbita. Por outro lado, a supercondutividade se forma na presença de uma pequena interação atrativa no canal BCS. O estado supercondutor(SC) é geralmente caracterizado por um parâmetro de ordem complexo que quebra a simetria de gauge, ∆σ,σ0 (~r, ~r0 ) = 11 hψσ† (~r)ψσ† 0 (~r0 )i onde o operador ψσ† (~r) cria um elétron com spin σ na posição → − r. A clas- sicação usual como uma onda-s, onda-d, onda-p, reside na representação irredutível do grupo pontual. Entretanto, é possível que o estado supercondutor possa quebrar a simetria pontual translacional e/ou rotacional. Nesse caso, essa classicação não seria mais possível. Um exemplo em particular é um parâmetro de ordem oscilante tal como ∆σ,σ0 (~r, 0) = ∆σ,σ0 cos(~q· ~r), onde ~q é um vetor de onda ordenador. Um estado supercondutor modulado foi proposto primeiramente por Fulde, Ferrel, Larkin e Ovchinnikov (estado FFLO) 45,46 . A modulação dos pares de Cooper é devida a um descasamento das superfícies de Fermi, produzidas por um campo magnético externo (efeito Zeeman). Estados FFLO também são propostos em outros cenários como átomos 47 ou sistemas de férmions pesados quando 48 Recentemente, um parâmetro de ordem frios desequilibrados de diferentes espécies os orbitais hibridizam sob pressão externa . SC em tiras ou faixas, chamado onda de densidade de pares (PDW, do inglês Pair density wave) foi proposto 50,51 , para explicar as propriedades do transporte eletrônico anômalo observados em supercondutores cúpricos. Enquanto o estado PDW possui a mesma estrutura formal de um estado FFLO, este possui uma origem distinta já que não está relacionado com um descasamento das superfícies de Fermi. Apesar das interações que dão origem às instabilidades de Pomeranchuk e supercondutoras serem de natureza atrativa, as duas competem. Um gap supercondutor suprime a deformação da superfície de Fermi. Um exemplo detalhado está descrito nas referências Halbolth e Yamase 53,54 , onde a competição entre uma onda-d produzida pela instabilidade Pomeranchuk e um parâmetro de ordem supercondutor são considerados. No canal de spin, uma forte competição é esperada desde que, em geral, ordens magnéticas são expelidas de um estado supercondutor. Entretanto, é possível haver instabilidades com alto momento angular que preserva a invariância de reversão temporal. Esta tese se dedica a estudar esta classe de sistemas. Estudamos em particular a competição entre a fase β, 42 introduzida na referência Wu , e a supercondutividade. Uma observação interessante é que esta transição de fase abre a possibilidade da existência de pares de Cooper com helicidade zero e momento nito, produzindo um estado supercondutor modulado. A tese é estruturada da seguinte forma: no capítulo 1, fazemos uma descrição da teoria de Landau para líquidos de Fermi. No capítulo 2, estudamos com detalhe instabilidades de Pomeranchuk e, em particular, focamos na instabilidade de spin com momento angular ` = 1. Mostramos também um modelo Hamiltoniano, e estudamos a transições de fase associadas à geração espontânea de acoplamento spin-orbita. A competição com supercondutividade é estudada no capítulo 3, onde usamos o método de equações de movimento, para o cálculo de funções de Green fermiônicas e suas funções de correlação. 12 Finalmente, no nal, tecemos nossas concluções e perspectivas. 13 1 LÍQUIDOS DE FERMI E TEORIA DE LANDAU O modelo é baseado num líquido de Fermi 2D com interações no canal de spin F1A da teoria de Landau via quebra de simetria 'spin-órbita relativa' do grupo G = SOL (2) ⊗ SOS (3) pelo sub-grupo H = SOL+S (2), a chamada instabilidade Pomeranchuk, em competição com a quebra de simetria de Gauge da instabilidade BCS. Devemos observar que em matéria condensada este acoplamento é possível sem que seja derivado de 42 um efeito relativístico . 1.1 Líquidos de Fermi A teoria de Landau para um líquido de Fermi se baseia nas propriedades de um sistema de muitos Férmions em baixa temperatura (deve estar abaixo da energia de Fermi) para um estado normal, isto é, na ausência de temperatura ou numa temperatura tal que não haja quebra de simetria (supercondutora, magnética, outras). Um bom exemplo para um líquido de Fermi é o 3 He, próximo a transição de fase para a superuidez, entretanto as bases da teoria de Landau servem a uma grande variedade de sistemas, em particular elétrons num metal 35 . Em primeiro lugar, introduzimos a teoria a partir de um gás de férmions que possui características de um sistema não-interagente de muitos férmions, a partir desse ligamos as interações onde, na teoria de Landau, o caso interativo transforma o gás em líquido de Fermi, sobre um ponto de vista fenomenológico limitado a propriedades de equilíbrio. Em um sistema não-interagente translacionalmente invariante, os auto-estados de uma partícula são representados por ondas planas com energia mos ~ = 1. O estado fundamental de um sistema de N ε~k = k~2 /2m onde assumi- partículas é o bem conhecido mar de férmions: com todos os estados com energia inferior ao do vetor de onda kF ocupados, e todos os restantes desocupados. Logo, o último estado ocupado seria o da energia de fermi EF = kF2 /2m. Chamamos esse sistema de gás de Fermi. É usualmente conveniente denir o hamiltoniano de forma que o estado fundamental tenha um número N xo de partículas bem denido, o que é simplesmente feito incluindo um potencial químico(µ) na denção do hamiltoniano, ou seja: o operador número usual, e ε~k = ε−µ, a soma sobre os spins H= P ~k ε~k n~k . Onde n~k é ca implícita no somatório. Na denição do hamiltoniano, as excitações elementares do gás de Fermi, são: • ~k δn~ = 1 . O que requer k seja positiva ε~k − µ > 0 . a adição (criação) de uma partícula com vetor de onda que |k| > kF , e implica que a energia dessa excitação, 14 • a subtração (destruição) de uma partícula com vetor de onda a criação de um buraco, que requer que seja |k| < kF , ~k δn~ = −1 , k isto é, o que implica que sua energia µ − ε~k > 0. Essas excitações elementares mudam o total do número N de partículas. A construção desses estados para um número N constante é de simples obtenção: Este estado retira uma partícula do estado fundamental com k 0 , com |k 0 | > kF . |k| < kF (gerando um buraco), e a coloca no estado Esses estados excitados são interpretados como um par partícula-buraco e são parametrizados por dois números quânticos ~k , ~k 0 e possuem a única restrição para seus possíveis valores de que a energia do estado partícula-buraco seja sempre positiva, e formam um contínuo. Para estados de muitas partículas e buracos a construção é livre, restrita somente pelo princípio de exclusão de Pauli. Dessa forma denimos um gás de Fermi não interagente onde a única informação referente aos estados excitados é a população de partículas-buracos. Quantidades termodinâmicas são obtidas diretamente a partir da densidade de estados na energia de Fermi (calor especíco, suceptibilidade magnética, e outras). A teoria de Landau, em grande parte, utiliza o fato dos estados excitados formarem um contínuo para baixas energias em relação ao estado fundamental e de que existe uma correspondência de um para um entre os estados excitados e fundamentais de um sistema não-interagente com um sistema interagente. Para que esta hipótese seja aceitável é crucial que as interações não levem a uma transição de fase que produza quebra de simetrias nos estados fundamentais. A forma usual para se construir essa situação é uma transformação adiabática de uma interação, parametrizada por uma variável V, ou seja, existe um parâmetro que conecta os estados excitados do gás interagente e não-interagente |est.excit.iinteragente ↔ f (V ) |est.excit.inão−interagente , e essa função é um para um. Em particular vamos considerar um estado onde estamos acrescentando uma partícula com ap†~ e chamado operador de criação e gera o estado excitado a partir do estado fundamental |0, N i de um |~p| > kF ao estado fundamental: |~p, N + 1i = ap†~ |0, N i. Aqui o operador sistema não-interagente. Obviamente, nas proximidades da superfície de Fermi a transformação é muito suave sendo a energia do estado excitado muito próxima da energia de Fermi, isso nos remete diretamente a continuidade desse tipo de transformação no espaço de energias. Podemos introduzir alguma interação partícula-partícula se aproveitando dessa continuidade. total p~ Supondo invariância translacional, o estado conserva o momento quando observamos seu valor esperado, e a introdução da partícula gera uma mudança na conguração do estado, supomos fenomenologicamente que essa pequena transformação liga uma interação dessa partícula com o mar de Fermi que está quase que totalmente ocupado. Essa interação relaciona o estado não-interagente com um estado interagente onde a adição da partícula sofre inuência da nova conguração do mar de férmions criando o líiquido de Fermi. No formalismo de Landau a interação é acionada 15 se introduzindo uma quasipartícula ao sistema. Dessa forma a conguração formada pela adição da partícula com momento p~ e a pertubação na distribuição das outras partículas produzida no mar de Fermi forma a quasipartícula. Logo, devido ao princípio de Pauli existe a imposição de que |~p, N − 1i = a−~p |0, N i. impormos −~ p. De forma |~p| > kF . Analogamente, podemos introduzir um quasiburaco: Novamente a exigência de que |~p| < kF nos remete ao fato de geral os quasiburacos também são chamados de quasipartículas. Uma limitação da Teoria de Landau reside no fato do tempo de vida(τ ) das pertubações de quasipartículas ser nito e pequeno na ordem de valores de ε bem fechados em torno da energia de Fermi τ maior do que a energia dos estados excitados. 1/τ ∝ (ε − µ)2 , mas para pode se tornar apreciavelmente Logo, para algumas transições de fase com energias do estado fundamental inferiores a energia de Fermi onde pode-se assumir invariância translacional, a teoria Landau é válida. 1.2 Energia livre e quasipartículas Vamos Introduzir um tratamento mais sistemático para entender quantitativamente a teoria de Landau, o conceito de quasipartícula. No caso, a energia δnp = np − n0p E −E0 = p2 p 2m δnp não leva em conta o potencial químico, sendo P a pequena variação do número de partículas de um estado excitado para F . Considerando F = E − µN , nos o estado fundamental. Vamos construir a teoria usando a energia livre p~ = ~~k com ~ = 1 podemos escrever as variações da energia livre estados excitados: F − F0 = X ((k) − µ)δnp + k 1X fpp0 δnp δnp0 + O(δn3 ) 2 pp0 P Essa expansão de Taylor é possível quando o raio α= (1) |δnp | é pequeno (transforN p mação adiabática). O termo quadrático da equação (1) é o principal passo para se entender a teoria de Landau, a inclusão de algumas poucas partículas no estado fundamental de energia livre F. F0 gera um rearranjo suave, o que gera o estado excitado de energia livre A diferença é proporcional à δnp , mas como α1 a expansão de taylor sobre a vari- ação pode ser extendida a segunda ordem onde a segunda derivada variacional de relação à np é fpp0 , com δnp ∼ p − µ. A derivada funcional fpp0 F em é o nosso parâmetro que conecta os estados não interagentes (gás de Fermi) com os estados interagentes (líquido de Fermi). Na segunda ordem, δnp e δnp0 podem ser interpretados como congurações distintas na adição suave de partículas, cada conguração dessa seria uma quasipartícula, e na segunda ordem, o termo quadrático de (1), pode ser interpretado como o termo de interação entre pares de quasipartículas somadas sobre todo domínio de valores de 16 p fechados em torno da energia de Fermi. A transformação adiabática para transições fpp0 para um espectro de energias próximo à superfície de Fermi. Na prática, p ∼ p0 ∼ µ. Logo, fpp0 registra o espalhamento de pares de quasipartículas dependente apenas da direção de p e p0 e nos spins σ e σ 0 . No limite de transições a suavidade de fpp0 possui várias invariâncias de fase sem quebras importantes de simetria implicam na continuidade de que não seriam possíveis em outras escalas. Sem aplicação de campo magnético externo, o sistema é invariante sob reversão temporal, o que implica: fpσ,p0 σ0 = f−p−σ,−p0 −σ0 Se assumirmos que na superfície de Fermi fpσ,p0 σ0 (2) é invariante sob reexões p → −p a equação (2) se torna: fpσ,p0 σ0 = fp−σ,p0 −σ0 Ou seja, fpp0 só depende das orientações relativas de (3) σ e σ0. Nesse caso, fpσ,p0 σ0 pode ser convenientemente escrito em duas formas tensoriais, uma simétrica (S) e outra antisimétrica (A): S A fpp 0 = fpp0 + fpp0 (4) ↑↓ S A fpp 0 = fpp0 − fpp0 (5) e S(A) fpp0 numa série polinomial de Legendre S(A) 0 onde a única dependência importante é o ângulo ξ entre p e p . Dessa forma o fpp0 é S A completamente determinado por um conjunto de coecientes fl e fl : A isotropia do sistema permite a expansão de S(A) fpp0 = ∞ X S(A) fl pl (cosξ) (6) l=0 De forma conveniente, podemos torná-lo um parâmetro adimensional com magnitude que mede a intensidade da interação entre as quasipartículas em comparação as suas energias cinéticas. Denimos a densidade de estados usual em Ωm∗ pF S(A) S(A) f = Fl π 2 ~3 l ∗ espaço de fases), m (massa S(A) N (0)fl Com pF Ω (volume unitário no EF = µ = e reescrevemos: (7) efetiva fenomenológica) , f como um conjunto S(A) completo de coecientes fl , em uma forma adimensional reduzida. Sendo N (0) a (momento de Fermi). Economizando notações, representamos densidade de estados inicial. A variável S(A) Fl é chamada parâmetro de Landau e conecta adiabaticamente os 17 estados excitados do gás e do líquido de Fermi . 1.3 Energia local de uma quasipartícula Vamos considerar um estado de um sistema com uma certa distribuição de quasipartículas excitadas momento p. δnp0 . Nesse sistema vamos acrescentar uma quasipartícula extra com Comparando com (1), a energia livre individual da quasipartícula, pode ser expressa, como: ε̃p − µ = (εp − µ) + X fpp0 δnp0 (8) p0 Próximo a energia de Fermi, os dois lados de (8) possuem a mesma ordem de magnitude. A energia local ε̃p possui papel central na construção da teoria de Landau. Essa energia interage com o estado e mais ε̃p (r). δnp0 ε̃p como energia local = δnp (~r) de tal forma que localmente. Denimos, então, Essa denição produz uma dependência δnp0 podemos interpretar que a adição da quasipartícula produz uma pertubação local que distorce o meio: a própria superfície de Fermi. Podemos escrever o gradiente de ε̃p , a partir de (8): ∇r ε̃p = ∇r ( X ) fpp0 δnp0 (9) p0 A equação (9) pode ser interpretada como uma resistência média que o meio distorcido exerce sobre a quasipartícula de momento p. Matematicamente é conveniente introduzir uma função de distribuição: n̄op = no (ε̃p − µ) (10) ( Onde no é função escada de Fermi-Dirac, denida como no = 1 se x < 0 0 se x > 0 . É importante entender que, para um sistema levemente não-homogêneo, a distribuição corresponde a um equilíbrio local das quasipartículas, assim como o equilíbrio verdadeiro. como: δnp = np − seria O pequeno desnível entre o equilíbrio das quasipartículas e o equilíbrio verdadeiro pode ser denido como denir nop = no (p − µ) n̄op δn̄p = np − n̄op de forma análoga podemos nop . Comparando as denições podemos relacionar as duas variações ∂nop (p − µ) (ε̃p − p ) δn̄p = δnp + ∂p (11) 18 Mas de (8), P ε̃p − µ = (εp − µ) + p0 fpp0 δnp0 =⇒ ε̃p − εp = P p0 fpp0 δnp0 , então (11) se converte em: δn̄p = δnp − ∂no X fpp0 δnp0 ∂p p0 (12) A própria denição de energia local e as equações (11) e (12) possuem como conse- δnp0 (ε̃p ), logo na prática δnp deve conter o fator . E na temperatura zero: = −δ(p − µ). Seguindo as denições tanto δn̄ e δn ∂p ∂p devem se localizar sobre a superfície de Fermi. Podemos escrever δnp e δn̄p , como soma quência a autoconsistência de (8), claramente ∂no ∂no de suas partes de spin simétricas e antisimétricas, como foi feito anteriormente em (4) e (5): δn̄p,± = δn̄Sp ± δn̄A p (13) Podemos utilizar a expansão em polinômios de Legendre dos coecientes de S(A) fpp0 da equação (6) que, junto com a isotropia do meio em relação a proximidade da superfície de Fermi, permite expandir δnp numa série de harmônicos esféricos, e desenvolvê-la: δnS(A) = p X S(A) δ(p − µ)δnlm Ylm (θ, ϕ) (14) lm X S(A) δ(p − µ)δn̄lm Ylm (θ, ϕ) = X S(A) δ(p − µ)δnlm Ylm (θ, ϕ)+ lm lm +δ(p − µ) X S(A) fl S(A) pl (cosξ)δ(p0 − µ)δnlm Ylm (θ, ϕ) =⇒ p0 lm δ(p − µ) X S(A) δn̄lm Ylm (θ, ϕ) = δ(p − µ) lm X S(A) δnlm Ylm (θ, ϕ)+ lm +δ(p − µ) X S(A) pl (cosξ)δ(p0 − µ)δnlm Ylm (θ, ϕ) =⇒ S(A) X fl S(A) p0 lm X lm S(A) δn̄lm Ylm (θ, ϕ) = X lm δnlm Ylm (θ, ϕ) + N (0) p0 lm S(A) fl S(A) pl (cosξ)δnlm Ylm (θ, ϕ) 19 X S(A) δn̄lm Ylm (θ, ϕ) = lm X S(A) δnlm Ylm (θ, ϕ) + N (0) l' S(A) fl S(A) pl (cosξ)δnlm Ylm (θ, ϕ) e m0 , multiplicamos o conjugado complexo lado direito dos elementos de (15). [Yl0 m0 (θ0 , ϕ0 )]∗ 4π 2l+1 ∗ m=−l Ylm (θ, ϕ) [Yl0 m0 (θ0 , ϕ0 )] S(A) 4π pl (cosξ) = nos faz chegar à: S(A) δn̄lm Aqui o fator do A condição de ortonormalidade e completeza dos harmônicos junto com o teorema de adição dos harmônicos esféricos onde Pl (15) p0 lm lm Para valores xos X = F 1 + lm 2l + 1 S(A) δnlm ca incorporado em N (0). ! (16) Isto estabelece valores para S(A) Flm onde são produzidas as distorções na superfície de Fermi que podem produzir oscilações na mesma (de forma geral, quando acrescentamos poucas quasipartículas em torno da superfície de Fermi (N +1), produzimos no sistema em equilíbrio, perturbações importantes que podem se propagar como oscilações). No nosso trabalho existe uma consequência importante da (d = 2), baixa dimensionalidade do sistema podemos assumir m=0 e lidar só com os valores inteiros de l . 1.4 Equação de transporte e o som zero A expressão (16) trata de pequenas perturbações na superfície de Fermi relativa a variação de populações de quasipartículas. Devido as simetrias inerentes a esses estados próximos ao fundamental, estabelecemos correlações dependentes apenas do ângulo os momentos ε entre p e p0 , ou seja, da projeção de estados em cima de uma base pré-estabelecida em um espaço ortonormal e completo. A completeza imposta possibilita a expansão em harmônicos esféricos e podemos estabecer uma relação entre as variações de populações dependente apenas do número inteiro l , já que em duas dimensões m = 0. (2D) podemos assumir Podemos reescrever (16), para o setor de spin, como: S(A) S(A) δn̄l = S(A) δnl F 1+ l 2l + 1 ! (17) A equação (17) é autoconsistente e estabelece uma correção da variação de população real de partículas S(A) δnl num sistema não interagente com uma interação que é acionada a partir do parâmetro de Landau S(A) Fl . O parâmetro se comporta com maior ou menor inuência sobre as deformações na superfície de Fermi dependendo basicamente do número quântico l . 20 Estamos interessados num mecanismo de acoplamento spin-órbita que surja por uma susceptibilidade dependente dos parâmetros de Landau nos setores de spin e carga. análise do parâmetro de Landau F1A A (setor de spin) nos conduz a uma instabilidade que para uma teoria microscópica é chamada instabilidade de Pomeranchuk. Antes de utilizar a equação (17), Vamos derivar uma equação de transporte para entender como alguns intervalos dos parâmetros de Landau produzem instabilidades causando utuações que destroem a propagação de pertubações na superfície de Fermi. Como vimos anteriormente ε̃p possui uma forma de dependência que no espaço de posições e devido a autoconssistência de (8), pode ser escrito, como: ε̃p (r) = εp + X fpp0 δnp0 (r) (18) pp0 Baseado nas denições anteriores podemos assumir: ∇p ε̃ = vp e no caso (−∇r ε̃) seria uma função de restituição (força) que tenderia a restaurar o sistema para uma condição de mínimo. Logo, escrevemos uma equação de continuidade que, na proximidade da superfície de Fermi, gera um uxo de pertubações : ∂np + ∇r np · ∇p ε̃p − ∇p np · ∇r ε̃p = 0 ∂t (19) Estamos interessados na forma como essas pertubações se propagam na superfície de Fermi. Supomos que essa perturbação seja periódica e a escrevemos como uma onda plana: δnp (r, t) = δnp (q, ω)ei(q.r−ωt) + c.c (20) Substituindo (20) em (19): (q.vp − ω)δnp − q.vp ∂no ∂εp X Essa expressão depende da magnitude do raio da relação (12). Sejam ip.r ψpn (r) = e upn (r) fpp0 δnp0 = 0 (21) p0 q , sendo ω autofunções q o vetor de onda e é derivada e upn (r) periódicas na rede do sólido. Supondo o sistema isótropico, podemos escrever, para o espaço recíproco: δnp = δ(εp − µ)vp up (22) Com as condições de contorno estabelecidas pelo teorema de Block, chegamos à: (q.vp − ω)up − q.vp X fpp0 δ(εp0 − µ)up0 = 0 (23) p0 Introduzimos coordenadas polares (θ, ϕ) no eixo p, logo u ≡ u(θ, ϕ, σ), ou seja, as 21 perturbações serão deslocamentos da superfície de Fermi com spin σ na direção (θ, ϕ), logo (23), pode ser reescrita como: (cosθ − λ)u Aqui S(A) (θ, ϕ, σ) + cosθ 8π Xˆ dΥ0 F (ξ, σ, σ 0 )uS(A) (θ0 , ϕ0 , σ 0 ) = 0 (24) σ ξ é o ângulo entre (θ, ϕ) e (θ0 , ϕ0 ) e λ = ω é o nosso raio da velocidade de onda |q||vF | comparado a velocidade de Fermi. As soluções da equação (24) podem ser interpretadas como modos coletivos que se propagam como uma onda se movendo em fase na superfície de Fermi. Podemos medir esse deslocamento como: u(θ, ϕ, ±) = uS (θ, ϕ) ± uA (θ, ϕ) (25) 30 u na série de harmônicos esféricos . A situação mais simples analisada é para l = 0 e m = 0 , o chamado som zero (zero sound) S no setor de carga F0 . Essa solução especíca dá conta da magnitude dos parâmetros S(A) de Landau Flm e os intervalos onde produzem instabilidades nas transições próximas As soluções são encontradas expandindo à superfície de Fermi. Para analisar a natureza das interações entre as quasipartículas F0S para uma simplicação onde f pp0 é constante. Por cosθ , onde C mede a distorção na superfície de inspeção encontramos: u(θ, ϕ) = C λ−cosθ Fermi no curso da oscilação. Substituindo u(θ, ϕ) em (24) encontramos: vamos vericar os intervalos de 1 λ λ+1 log −1= 2 λ−1 F0 Se F0 > 0 (repulsão (26) entre as quasipartículas) existe somente uma raíz real para λ>1 e a velocidade de fase é muito maior que a velocidade da quasipartícula (uma espécie de som não-amortecido). Se a atração é pequena com F0 < 1 a raíz de (26) será complexa e vf ase ∼ vf ermi , e teremos uma velocidade de fase amortecida. Surgem instabilidades para F0 < −1 , nesse caso (26) pode gerar 2 raízes imaginárias que são conjugadas (λ = ±iα). Uma delas leva a onda a um crescimento exponecial. Podemos reescrever (26) teremos como: αtg −1 1 1 −1= α F0 (27) 30 A análise da equação anterior atesta que existem duas soluções de sinais opostos quando −1 < 1 F0 < 0. Para F0 < −1 , podemos interpretar, que a interação entre as quasipartículas é tão atrativa que a condição de som zero é substituída por uma instabilidade onde a densidade de estados utua, limitada somente por efeitos não-lineares. Basicamente é essa espécie de instabilidade que nos interessa. 22 Figura 1 - Pertubações produzidas pela adição de quasipartículas à superfície de Fermi. 1.5 A susceptibilidade spin×órbita Desejamos derivar um mecanismo spin×órbita dinâmico e não-relativístico na teoria 42 de Landau. O trabalho de Wu & Zhang dene uma susceptibilidade spin-órbita(χF L ) em coordenadas cartesianas: χF L = χ0 Jp χS Nesse caso, χ0 (28) é a susceptibilidade inicial spin×órbita, corrente local para um sistema translacionalmente invariante de spin. Jp seria e χS é a a densidade de susceptibilidade Estabelecendo uma conexão com uma teoria microscópica a relação (28) só é l · s 6= 0, para l = 1. signicativa se o produto escalar dos números quânticos logo os parâmetros de Landau no setor de carga e de spin só contribuem A grandeza Jp é bem conhecida na teoria de Landau, no equilíbrio, a superfície de Fermi sofre o acréscimo de poucas quasipartículas localmente, se deforma e restitui produzindo pequenas oscilações, Jp momento p. no caso, seria a densidade de corrente local produzida por uma quasipartícula de O efeito local do acréscimo dessa densidade relaciona o parâmetro razão entre massa e massa efetiva m∗ m =1+ F1S 30,36 3 F1S com a . A susceptibilidade de Spin pode ser 30 derivada diretamente de (17), seguindo a denição de Pines só depende da variação de populações na superfície de Fermi, e é denida: δnA l = δn̄A l 1+ FlA 2l+1 (29) 23 Para l = 1, os dois setores contribuem para a susceptibilidade spin-órbita(χF L ): χF L F1S 1 = χ0 1 + 3 1 + F1A /3 (30) Como estamos interessados somente na variação do parâmetro no setor de spin assumi-mos uma razão constante uma relativa constância de m∗ que possui sentido unicamente fenomenológico para m Jp . χF L = χ0 A divergência em duziremos em breve. F1A = −3 (31) é controlada por uma dispersão não-linear que intro- De fato o fator fortemente correlacionado com 1 m∗ m 1 + F1A /3 m∗ reforçaria a susceptibilidade para um sistema m m∗ > m e seria a contribuição do setor de carga devido a F1S . Na proposta de Wu & Zhang 42 a susceptibilidade justica um mecanismo de acopla- mento spin/órbita não relativístico para valores F1A < −2. No caso, a denição do domínio segundo Wu & Zhang guarda pequena diferença do nosso desenvolvimento que assume a instabilidade para F1A < −3. Mas essa diferença reside somente em termos de denição, já que o autor parte de uma expansão em 2D para teoria de Landau, enquanto no nosso modelo, partimos de uma expansão em 3D de forma a utilizar o teorema dos harmônicos esféricos, e fazemos a transição para 2D impondo m = 0. Essa diferença é irrelevante quando fazemos a ligação do modelo hamiltoniano microscópico com a teoria fenomenológica. A instabilidade gerada em (29) será estudada numa teoria de cunho microscópico segundo um operador de corrente de spin que irá reinterpretar a equação (31). Vamos estudar as instabilidades de Pomeranchuk e BCS no canal de Spin com o parâmetro de Landau: F1A < −2 (32) 24 2 INSTABILIDADE POMERANCHUK NO CANAL DE SPIN L=1 , FASE B E O MODELO HAMILTONIANO Vamos derivar um modelo hamiltoniano de natureza microscópica com inspiração na equação (31). Esta equação derivada da teoria de Landau é puramente fenomenológica e não tenta estabelecer vínculos com uma teoria de princípios primeiros. Logo, estabelecemos um hamiltoniano para uma escala menor de forma que essa teoria possa emergir de encontro a teoria de Landau. A geração do acoplamento spin-órbita é bem conhecida por efeitos relativísticos via equação de Dirac. Mas também pode ser obtida num sistema não-relativístico via efeitos de forte correlações como uma instabilidade de um líquido de Fermi no canal de spin com alto momento angular 42,43 . Esta emerge coletivamente após uma transição de fase, onde é continuamente sintonizada pela temperatura ou por um parâmetro quântico em temperatura zero. A grande caracterização desse acoplamento é que ele não quebra nenhuma simetria usual: de gauge (supercondutores), de reversão temporal (ferromagnetos), translacional (alguns sólidos), rotacional (cristais líquidos). A única simetria quebrada seria a de spin-órbita relativa segundo como é apresentado para a superuidez do 3 He. Nesse caso a fase ordenada é caracterizada por uma geração espontânea de acoplamento spin-órbita onde a rotação global, preserva a invariância. Para um líquido de Fermi 3D o grupo de simetria possui representação na forma G = SO(3)L × SO(3)S × U (1)φ . Onde os índices L, S e φ indicam os espaços orbital, de spin e de gauge, respectivamente, uma estrutura rica em detalhes. No nosso caso, para um sistema 2D, existem apenas 2 graus de liberdade: o de momento angular e o de spin, que podem ser descritos por uma simetria G = U (1)L × U (1)S G = SOL (2) ⊗ SOS (3). simetria é dado por direto U (1) cada. Consequentemente, o grupo de e o hamiltoniano possui a simetria do produto 2.1 A onda-s BCS e a onda-p Pomeranchuk Vamos construir nosso hamiltoniano entendendo que cada quasipartícula representa um pareamento de dois férmions numa transição de fase com proximidade dos estados energéticos fundamentais degenerados fechados em torno da superfície de Fermi. Claramente essa transição é muito semelhante a uma condensação de Bose-Einsten. sutil diferença entre as instabilidades BCS e Pomeramchuk: Existe Enquanto a conguração 25 BCS pode ser expressa por um estado singleto a conguração Pomeramchuk deve ser expressa como um estado tripleto. A função de onda BCS pode ser escrita como: ΨBCS = ψ0 (|↑↓i − |↓↑i) Aqui ψ0 (33) é a onda-s de simetria esférica e as projeções e de spin respectivamente, possuem valores simétrico implica a antisimetria de l = s = 0. l = lz e s = sz , orbital Obviamente a o fato de ψ0 ser |↑↓i − |↓↑ipara que internamente os graus de liberdade obedeçam a estatística de Fermi-Dirac. De fato, no setor de Spin para supercondutores metálicos do tipo I, o parâmetro gap ∆k é uma matriz antisimétricas 2 × 2 no pareamento dos elétrons de condução no espaço de spinores. O gap pode ser desenvolvido como: ∆k = 0 ∆ −∆ 0 ! = ∆iσ2 (34) Essa estrutura leva a isotropia da instabilidade BCS na transição e caracteriza a invariância do grupo U (1) da eletrodinâmica quântica, cuja única quebra necessária é a de gauge na supercondutividade , ou seja, a menos de uma fase. A estrutura interna dos pares de Cooper é muito simples. Do contrário, a função de onda do par para a função de onda-p Pomeranchuk é um estado tripleto. Este estado, no setor de spin, possui estrutura interna muito rica. Ou seja, existem vários graus de liberdade internos o que leva a um aumento da degenerescência dos estados fundamentais de energia mesmo que para J = L + S = 0. Globalmente todas as simetrias cam preservadas mas internamente a instabilidade acaba por produzir forte anisotropria. Isso se deve ao fato do parâmetro gap ser simétrico e a parte orbital ser antisimétrica para obedecer a estatística de Fermi, produzindo uma modulação via gap ou um parâmetro de ordem do tipo ∆σ,σ0 (~r, 0) = ∆σ,σ0 cos(~q· ~r). Em especial, a fase-β , guarda muitas semelhanças globais com o estado BCS. Derivase disso, a competição com a interação BCS, a modulação local nos estados fundamentais e um parâmetro de ordem oscilante no longo alcance. Para a transição a superuidez do 3 He o gap é denido dµ (k) ≡ dk : sobre um vetor que é combinação das 3 direções no espaço de spins 37 ∆kαβ = X dµ (k) (σµ iσ2 )αβ (35) µ Ou explicitamente: ∆kαβ = −d1 + id2 d3 d3 d1 + id2 ! (36) 26 Uma matriz simétrica que é invariante sobre a transformação U (R) ≡ exp( 21 iθ P ¯ k, U(R)∆k U(R) = ∆ n̂µ σµ ), é uma transformação unitária que gira um spinor de dois componentes na direção n̂ de um ângulo θ. Dessa forma, o ângulo relativo entre l e s ca mantido. Essa construção permite a condição onde J = 0, mas com lz 6= 0 e Sz 6= 0. A aqui u quebra de simetria relativa seria a de spin-órbita. Figura 2 - A simetria relativa spin × órbita: a única quebra de simetria importante da fase beta. 2.2 Caracterização da fase B A expressão (35) é um caso geral de uma tranformação contínua que deixa invariante 3 × 3. Seja o elemento h ∈ H , grupo de rotações conforme descrito para (35), impomos hA = A, e as transformações i innitesimais h = exp(− α.T ), com seu gerador innitesimal T = (Tx , Ty , Tz ) e o vetor } genérico α, de forma que: o parâmetro de ordem geral, tensor na representação matricial i h ≈ 1 − α.T } A consequência direta da denição é que trução inicial queremos que A (α.T )A = 0 (37) e Ti A= 0 , mantendo a cons- se transforme como um bivetor, ou seja, sua estrutura mais detalhada seria: A= X vi λvi ŝ ⊗ ˆl (38) 27 Aqui ŝ tivamente. ˆl representariam os vetores unitários nos espaços de Desse modo, A é uma representação da combinação e tensorial direto dos dois espaços. spin e orbital respeclinear como produto O objetivo é obter um mecanismo de geração spin- órbita compatível com uma corrente de spin dentro da teoria de Landau. A invariância Ti da energia frente as transformações nos permite escrever cada de cada rotação sobre os operadores S e L como combinação linear (matrizes complexas 3×3) para um conjunto de parâmetros reais. Podemos incluir um parâmetro que dá conta de uma transformação de gauge desse espaço misto, considerando que se trata simplesmente de uma fase: Tx = ax Lx + bx S x Ty = ay Ly + by S y Tz = ax Lx + bx S x + cφ Denindo −A. L = (Lx , Ly , Lz ) , S = (S x , S y , S z ) e (39) ∂ φ = −i} ∂φ com φA = A , φA∗ = Fica patente a denição de álgebras de Lie: X Li , Lj = i} ijk Lk (40) k [S µ , S v ] = i} X µνλ S λ (41) λ Obedecendo as condições (α.T )A = 0 e Ti A= 0 e as relações (39) , (40) e (41), chegamos a: ai X ijl Aµl + bi X iµν Avj + iδiz cAµj = 0 (42) v l São 9 equações homogêneas para 7 parâmetros parâmetros reais. subgrupo H 1̂ ( H ( G, com sendo o grupo subgrupo deve obedecer certas condições: triviais A 6= 0 sobre rotações innitesimais ser homeomorfo à SO(3)/Z2 sendo homeomorfo ao grupo unimodular Devemos obter G = SO(3)L × SO(3)S × U (1)φ . Nosso preservar a invariância dos elementos não- (T) Z2 o grupo SU (2). ; para manter a estrutura do gap (35) discreto das reexões. O grupo Para manter todas as invariâncias relativas aos elementos SO(3) é Ti (obedecendo a (39),(40) e (41)), a solução viável para (42), seria: 1 ai = bi = 0 e c = 0 =⇒ T = L + S =⇒ Aµj = 3− 2 δµj A forma de Aµj é um caso especial da forma mais geral: (43) 1 Aµj = 3− 2 eiφ Rµj (n̂, θ), que é invariante sob rotações simultâneas dos elementos orbitais e de spin. Essa é a quebra 28 relativa de simetria spin-órbita, onde J = L + S = 0. Para rotações somente sob TZ (base cartesiana): az (δj1 Aµ2 − δj2 Aµ1 ) + bz (δµ1 A2j − δµ2 A1j ) + icAµj = 0 (44) H = SOL+S (2) age sobre G = SO(3)L × SO(3)S × U (1)φ produzindo R = (SO(3)L × SO(3)S × U (1)φ )/(SOL+S (2)) = SOL,S (3) × U (1)φ , e para um sistema 2D: R = SOL,S (2) × U (1)φ . Sob trasformação unitária (44) ganha uma estrutura muito O grupo fator simples em coordenadas esféricas: (az µ + bz v + c)Aµv = 0 Isso deriva do fato que, na base esférica, os harmônicos e de Sz com autovalores m~. (45) Y1m são autoestados de Lz Nossa fase-β ca então caracterizada pela expressão (45) e pela tranformação genérica de um vetor no espaço de spins que produz o descasamento das populações distintas de spin a menos de um gap ∆0 : dµj = ∆0 eiθ Rµj (46) Figura 3 - O descasamento da superfície de Fermi que caracteriza a fase beta. 2.3 O operador de corrente e o acoplamento spin×órbita Sobre as argumentações anteriores temos que denir um operador consistente com a teoria de Landau via equação (31) e com as quebras de simetria e peculiaridades da 29 onda-p da instabilidade Pomeranchuk e a fase-β , e mais, a partir desse operador derivar um parâmetro de ordem compatível, especicamente, com a expressão (35). O setor de spin para l =1 na teoria de Landau possui uma derivação hamiltoniana para sistemas em baixa dimensão . momento orbital Primeiramente vamos denir o operador corrente de spin para o l = 1, claramente para conectar com a equação (31). ˆ a ψ(x) V aµ (x) = −iψ † (x)σ µ ∇ Onde ψ ψ↑ ψ↓ é um spinor ˆ ikx = i ~k eikx . ∇e |k| Nesse caso µ (47) ! , e σµ são as matrizes e Pauli, com a = x, y e onde representa as direções x e y no espaço de Spins. O hamiltoniano sobre o parâmetro de Landau f1A 43 ca assim denido , de forma que produza uma expressão de campo médio na transformada de Fourier quando utilizarmos a susceptibilidade (31): ˆ H= 1 d x ψ (x )((−i ∇) − µ)ψ(x) + 2 2 † ˆ d 2 xd 2 x 0 f1A (x − x 0 )V aµ (x )V aµ (x 0 ) A relação de dispersão em torno da superfície de Fermi, para (48) k ∼ kF , é denida para conseguirmos efetivamente controlar a divergência produzida pelo parâmetro de Landau F1A : 1 a 1 b (k) − µ = ~vF .[~k − ~kF ] + (~vF .[~k − ~kF ])2 + (~vF .[~k − ~kF ])3 . . . 2 vF kF 3! (vF kF )2 Para uma simetria partícula/buraco a dispersão é função ímpar para de ~kF (49) em torno (|~kF |) = µ: Figura 4 - A gura justica a denição da dispersão como função ímpar em função dos valores de energia fechados em torno da energia de Fermi. 30 Essa consideração é importante pois a parte orbital deve ser anti-simétrica na geração do aclopamento spin-órbita devido a natureza simétrica do setor de spin da instabilidade Pomeranchuk. Desconsideramos termos de ordem acima da cúbica e dropamos os termos de ordem par, e (49) ganha a forma : 1 b (k) − µ = ~vF .[~k − ~kF ] + (~vF .[~k − ~kF ])3 2 3! (vF kF ) O termo (50) b mede a curvatura efetiva da banda próxima a superfície de Fermi. Vamos denir um parâmetro no espaço de posições que será projetado no espaço de spins nos mesmos moldes do vetor da expressão (35): 1 n (x) = 2 ˆ ua d 2 x 0 f1A (x − x 0 )V aµ (x 0 ) (51) O objetivo da denição é a partir das tranformadas de Fourier obter uma teoria de Campo Médio como forma de diagonalizar (48).Convenientemente impomos a transformada de Fourier de f1A (x) nos moldes da expressão (31), como: F(f1A (x )) ≡ f1A 1 + κ|f1A |k 2 Denindo, dessa forma um domínio efetivo de interação (52) r= p κ|f1A |. Outros termos devem ser considerados na transformada de Fourier: ˆ V µa (r) = ˆ µa n (r) = d 2 k µa V (k)eikx 2 (2 π) (53) d 2 k µa n (k)eikx 2 (2 π) (54) Usando as expressões (51), (52), (53), (54) no nosso hamiltoniano (48) tomando a tranformada de Fourier para o espaço de momentos, podemos redenir o hamiltoniano segundo uma teoria de campo médio onde a fase-β pode ser caracterizada. hn (k)i = n̄δ(k), torno de kF , logo ansatz em µa que impõe a suavidade do parâmetro para valores ˆ HMF = d2k † ψ (k )((k ) − µ − n̄~σ .k̂ )ψ(k) (2 π)2 Para o parâmetro de ordem: Usamos o k fechados (55) 31 1 n̄ = − f1A (0) 2 A equação (55) só é válida se ˆ E d2 k D † ψ (k)(~ σ . k̂)ψ(k) (2π)2 (56) p κ|f1A | 1, isto é, quando o domínio de interações kF for muito maior que a distância entre as quasipartículas, novamente essa propriedade é fundamental para que possamos utilizar a teoria de Landau. Para que a expressões (55) e (56) representem a fase-β é necessária a solução de (56), ou seja, uma base que a diagonaliza. Em duas dimensões, a candidata e a base de Helicidade: 0 1 1 0 ~σ .k̂ = kx σx + ky σy =kx = 0 kx + iky kx − iky 0 ! ~σ .k̂ = |k| e−iθ + ky 0 i −i 0 ! = 0 cosθ + isenθ cosθ + isenθ 0 = |k| 0 ! eiθ 0 ! 0 = e−iθ eiθ 0 ! ⇒ ! (57) Cuja a equação característica: Os autovalores − 12 2 M eiθ 1 λ = ±1 produzem os autovetores: − 21 ζ↑ = 2 1 −e−iθ ! e ζ↓ = ! , que são os vetores unitários da nova base e geram a matriz de transformação : − 12 M=2 E sua conjugada complexa T M − 12 M =2 T M = M−1 , ! (58) : T Apesar de 1 eiθ −e−iθ 1 1 e−iθ é fácil vericar que −eiθ 1 M ! (59) é não-hermitiana, em acordo com a estrutura (46). Efetuamos a transformação unitária: M −1 σ̃.k̂ M = σz (60) 32 A transformação de base simplica as equações (55) e (56), já que o operador ~σ .k̂ é diagonalizado : ˆ HMF = d2k † ζ (k )((k ) − µ − n̄σz )ζ(k) (2 π)2 1 n̄ = − f1A (0) 2 ˆ (61) d2 k † ζ σz ζ 2 (2π) (62) A obtenção dos valores esperados de energia da equação (61) é imediata na nova base, hHMF i se desdobra em duas quiralidades opostas com dispersões: ↑ = (k) − (µ + n̄) e ↓ = (k) − (µ − n̄) (63) kF↑↓ = kF ± q e a relação entre 2 O momento de Fermi de cada extensão é dada por n̄ e q. A fase ordenada ca totalmente caracterizada por uma geração espontânea de acoplamento spin-órbita (31) e (56) com invariância da rotação global. O spin e o momento angular não são conservados independentemente, mas de Helicidade ζ = (ζ↑ , ζ↓ ), onde o operador ~σ .k̂ J = L+S é conservado. Na base é diagonalizado com autovalores ±1, os valores esperados de energia dos estados fundamentais do hamiltoniano de campo médio são encontrados. A fase-β guarda grande semelhança com o estado BCS: evidencia um gap nito e praticamente constante. Os mecanismos são diferentes, o gap BCS surge da parte orbital simétrica da onda-s (estado singleto) enquanto, no caso do gap da instabilidade Pomeranchuk de onda-p(estado tripleto), surge via descasamento das duas superfície de Fermi de cada estado fundamental junto com a invariância global que mantém seu valor nito. Essa semelhança na estrutura nos permite estudar sua competição em termo de combinação linear de suas soluções via funções de Green e suas equações de movimento. 33 3 SUPERCONDUTIVIDADE NA FASE B (ψ, ψ † ) induz diferentes tipos de interação na fase-β , onde † líquido de Fermi são perdidas. Na base de helicidade (ζ, ζ ), a A interação BCS na base as propriedades básicas do estrutura inter-bandas da onda-p é induzida com um momento de emparelhamento nito. Essas interações competem uma com a outra e com interações no canal de espalhamento Pomeranchuk. Especicamente estudaremos a competição entre um parâmetro de ordem supercondutor inter-bandas e a instabilidade-β , analisando seu diagrama de fases e os diferentes tipos de emparelhamentos, suas simetrias e utuações. 3.1 Competição entre as instabilidades Pomeranchuk e BCS e as equações de movimento Introduzimos o seguinte Hamiltonino que favorece a formação do par de Cooper com momento linear ~q: ˆ d2k † † 4q ζ↑,k+q/2 ζ↓,−k+q/2 + h.c 2 (2 π) Hsc = Note que os valores possíveis para ~q (64) são determinados pela instabilidade Pome- ranchuk na base de helicidade. A equação do gap que complementa a equação (65) é: ˆ 4q = −g d2k ζ↓,−k+q/2 ζ↑,k+q/2 2 (2 π) (65) Para achar a solução Auto-Consistente é necessário resolver as equações (55) e (65) 4q (56) e (66), onde os valores esperados são tomaH = HMF +HSC . Como vamos produzir a competição entre os simultaneamente em função de dos do hamiltoniano n̄ e hamiltonianos vamos mapear os estados BCS sobre a instabilidade Pomeranchuk. Logo, † e ζ↓,−k+q/2 ≡ ζ↑,k+q/2 ≡ ζ↑,k i d2k h † † † ζ ((k ) − µ − n̄σz )ζ↑,k − 4q ζ↑,k ζ↓,−k + h.c (2 π)2 ↑,k (66) † ζ↓,−k . Dessa forma nosso ˆ H= Vamos tomar hHi nova base. Impomos: † † † † ζ↑,k+q/2 ≡ ζ↑,k ; ζ↓,−k+q/2 ≡ ζ↓,−k Hamiltoniano H ganha a forma: ; assumimos que na Base de Helicidade: em termos das quiralidades das relações (64), e reescrever (67) na ´ d2 k (2π)2 → P de movimento cam mais claras. k , pois com o somatório as operações sobre equações 34 hHi = − E i E D E D Xh D † † † † + 4∗q hζ↓,−k ζ↑,k i ζ↓,−k ζ↓,−k + 4q ζ↑,k ↑ ζ↑,k ζ↑,k + ↓ ζ↓,−k (67) k No segundo termo D E † ζ↓,−k ↓ ζ↓,−k atrelamos spin e momento de forma a manter a estrutura similar ao termo BCS sob as condições (45) e (46). Nosso hamiltoniano é biquadrático e admite solução exata sem propagação de termos, utilizaremos o método de funções de Green segundo Zubarev 44 . O objetivo, é claro é diagonalizar (68), assim vamos denir as funções de Green: G= Onde: de G n, n0 DD EE Dn oE 0 0 n n ζα,k (t)ζαn0 ,k0 (t0 ) = −iθ(t − t0 ) ζα,k (t)ζαn0 ,k0 (t0 ) podem assumir '†' ou não; e utilizando a relação de Heisemberg: i (68) α, α0 =↑ ou ↓. Tomando a derivada temporal i dA = AH − HA, chegamos a relação: dt Dn oE DD EE dG 0 0 n n = δ(t − t0 ) ζα,k (t)ζαn0 ,k0 (t) + ζα,k (t)H(t) , ζαn0 ,k0 (t) dt (69) Para tal método, devemos introduzir uma dependência temporal e uma relação de dispersão ω linear no tempo. Denimos a transformada de Fourier para cada operador de (68), como: ˆ ∞ hO(t)i eiωt dt F hO(t)i = (70) −∞ E mais, devido ao nosso ansatz hnµa (k)i = n̄δ(k) e a construção do nosso modelo em campo médio garantimos a suavidade das relações de dispersão em torno da energia de Fermi. Dessa forma garantimos a analiticidade de F dG dt hO(t)i, logo podemos supor que: = iωF(G) (71) Como todo termo de (68) é negativo todas as funções de Green relativas a eles também o serão. Logo, aplicando a transformada de Fourier (71), utilizando a expressão (72) , tomando o limite t0 → t e integrando de −∞ < t < ∞, chegamos a uma equação do movimento do tipo: ω DD 0 n ζα,k ζαn0 ,k0 EE = EE Dn oE DD 0 0 n n ζα,k ζαn0 ,k0 + ζα,k , H , ζαn0 ,k0 (72) 35 Vamos usar os resultados usuais de comutações e anti-comutações: [A, BC] = ABC − BCA = ABC + BAC − BAC − BCA = = (AB + BA)C − B(AC + CA) =⇒ [A, BC] = {A, B}C − B{A, C} n o Cαk , Cα† 0 k0 = δαα0 δkk0 (73) n o † {Cαk , Cα0 k0 } = Cαk , Cα† 0 k0 = 0 e (74) E obter o resultado explícito de cada função de Green termo a termo do hamiltoniano segundo (73), em função dos observáveis ω, e do gap 4q . 3.2 Funções de Green e equações de movimento Utilizando as relações (73), (74) e (75) vamos inspecionar os termos do hamiltoniano efetivo (68) na equação de movimento (73) , o objetivo é determinar o valor de todas as funções de Green explicitamente em termos de ω, e do gap 4q , diagonalizando (68) e encontrando todas as suas funções de correlação . Uma vez que determinemos as funções EE DD EE † † ζ↑k ζ↑k , ζ↓−k ζ↓−k , e a poderemos encontrar n̄ em função de observáveis A parâmetro de Landau F1 no setor de spin. diretas de Green DD função anômala de Green hhζ↑k ζ↓−k ii, e estudar as transições em termos do 3.2.1 A função de Green direta Separamos ζ↑k , estabelecendo relação com os termos do tipo P ↑ † k0 k0 ζ↑k0 ζ↑k0 para de- pois usarmos a relação (73). X ↑k0 h † ζ↑k , ζ↑k 0 ζ↑k 0 i (74) =⇒ X k0 ↑k0 n o (75) † † =⇒ ζ↑k , ζ↑k ζ↑k0 − ζ↑k 0 0 {ζ↑k , ζ↑k 0 } k0 X k0 ↑k0 δ kk0 ζ ↑k0 − † ζ↑k 0 × 0 = ↑k ζ↑k (75) 36 Combinaremos o mesmo termo 4q ζ↑k , de (76) com termos do tipo 4q P k0 † † ζ↑,k 0 ζ↓,−k 0 i (74) o n o (75) X n Xh † † † † † † =⇒ 4q ζ↑k ζ↑,k ζ − ζ ζ ζ =⇒ ζ↑k , ζ↑,k ζ↓,−k 0 ↑k ↓,−k0 ↓,−k0 ↑,k0 k0 k0 4q X † † † δk,k0 ζ↓,−k = 4q ζ↓,−k 0 − ζ↑,k 0 × 0 (76) k0 Logo, com (76) e (77), chegamos a: † [ζ↑k H] = ↑k ζ↑k + 4q ζ↓,−k (77) Logo, a partir de (73) chegamos a: ω DD † ζ↑k ζ↑k EE = Dn oE DD EE † † † ζ↑k ζ↑k + ↑k ζ↑k + 4q ζ↓,−k , ζ↑k = = hδkk i + ↑k ω DD † ζ↑k ζ↑k EE DD ↑k − † ζ↑k ζ↑k DD EE † ζ↑k ζ↑k + 4q EE h EE =⇒ (ω − ↑k ) DD EE DD EE † † † ζ↑k ζ↑k = 1 + 4q ζ↓,−k , ζ↑k DD EE Começamos com ↓k0 † † ζ↓,−k , ζ↑k DD EE † † = 1 + 4q ζ↓,−k , ζ↑k =⇒ † ζ↑k ζ↑k = 4q 1 (ω − ↑k ) + Agora devemos tratar a função de Green X DD † ζ↓−k † † ζ↓,−k , ζ↑k EE i (74) =⇒ X ↓k0 (78) (ω − ↑k ) † † ζ↓,−k , ζ↑k EE . estabelecendo relação com os termos do tipo † † ζ↓−k , ζ↓k 0 ζ↓k 0 k0 DD DD ↓ † k0 k0 ζ↓k0 ζ↓k0 . P n o n o (75) † † † † ζ↓−k ζ↓k0 ζ↓k0 − ζ↓k0 ζ↓−k ζ =⇒ k0 X k0 † † 0 ↓k0 0 × ζ↓k0 − ζ↓k δ = −↓−k ζ↓−k 0 −k,k (79) 37 Combinaremos o mesmo termo 4∗q † ζ↓−k de (80) com termos do tipo 4∗q P k0 ζ↓,−k0 ζ↑,k0 i (74) o n o (75) Xh † X n † † ζ↓−k , ζ↓,−k ζ↑,k0 =⇒ 4∗q ζ↓−k ζ↓,−k0 ζ↑,k0 − ζ↓,−k0 ζ↓−k ζ↑,k0 =⇒ k0 k0 X 4∗q (δ−k,−k0 ζ↑,k0 − ζ↓,−k0 × 0) = 4∗q ζ↑,k (80) k0 Logo, com (80) e (81), chegamos a: h i † † ζ↓−k H = −↓−k ζ↓−k + 4∗q ζ↑,k (81) Logo, a partir de (73) chegamos a: ω DD † † ζ↓−k ζ↑k EE Dn oE DD EE † † † † ζ↓−k ζ↑k + −↓−k ζ↓−k + 4∗q ζ↑,k , ζ↑k = = = 0 − ↓−k ω DD † † ζ↓−k ζ↑k ω+ EE ↓−k + ↓−k 4q DD † † ζ↓−k ζ↑k EE = 4∗q DD † ζ↑,k ζ↑k † † ζ↓−k ζ↑k EE = 4∗q DD † ζ↑,k ζ↑k =⇒ ω+ ↓−k EE 4q : DD EE DD EE DD EE † † † ∗ ζ↓−k ζ↑k = 4q ζ↑,k ζ↑k =⇒ DD Multiplicando (83) por DD EE DD EE † † † ζ↓−k ζ↑k + 4∗q ζ↑,k ζ↑k =⇒ † † ζ↓−k ζ↑k EE DD EE † |4q |2 ζ↑,k ζ↑k = =⇒ ω + ↓−k (82) 38 DD 1 + 4q † † ζ↑k ζ↓−k EE DD EE † |4q |2 ζ↑,k ζ↑k (79) =1+ =⇒ ω + ↓−k 2 (ω − ↑k ) DD † ζ↑k ζ↑k EE =1+ |4q | DD † ζ↑,k ζ↑k ω + ↓−k EE =⇒ EE DD EE DD † † =⇒ = ω + ↓−k + |4q |2 ζ↑,k ζ↑k ω + ↓−k (ω − ↑k ) ζ↑k ζ↑k h i DD EE † ω + ↓−k (ω − ↑k ) − |4q |2 ζ↑k ζ↑k = ω + ↓−k DD † ζ↑k ζ↑k EE ω + ↓−k = ω + ↓−k (ω − ↑k ) − |4q |2 (83) 3.2.2 A função de Green direta (momento oposto) Separamos ζ↓−k , estabelecendo relação com os termos do tipo ↓ † k0 −k0 ζ↓−k0 ζ↓−k0 para P depois usarmos a relação (73). X ↓−k0 h † ζ↓−k , ζ↓−k 0 ζ↓−k 0 k0 i (74) =⇒ X ↓−k0 n (75) o † † 0 0 ζ↓−k , ζ↓−k ζ − ζ {ζ , ζ } =⇒ 0 ↓−k ↓−k ↓−k ↓−k0 k0 X † ↓−k0 δ−k−k0 ζ↓−k0 − ζ↓−k = ↓−k ζ↓−k 0 × 0 (84) k0 Combinaremos o mesmo termo ζ↓−k de (85) com termos do tipo 4q P k0 † † ζ↑,k 0 ζ↓,−k 0 i (74) o n o (75) Xh X n † † † † † † 4q ζ↓−k , ζ↑,k0 ζ↓,−k0 =⇒ 4q ζ↓−k ζ↑,k0 ζ↓,−k0 − ζ↑,k0 ζ↓−k ζ↓,−k0 =⇒ k0 k0 39 4q X † † † 0 0 × ζ↓,−k − ζ δ = −4q ζ↑,k 0 ↑,k0 −k,−k (85) k0 Logo, com (86) e (87), chegamos a: † [ζ↓k H] = ↓−k ζ↓−k − 4q ζ↑,k (86) Logo, a partir de (73) chegamos a: ω EE oE DD EE Dn DD † † † † = + ↓−k ζ↓−k − 4q ζ↑,k , ζ↓−k = ζ↓−k ζ↓−k ζ↓−k ζ↓−k = hδ−k−k i + ω DD † ζ↓−k ζ↓−k EE DD DD † ζ↓−k ζ↓−k † ζ↓−k ζ↓−k DD − ↓−k (ω − ↑k ) DD ↓−k † ζ↓−k ζ↓−k † ζ↓−k ζ↓−k EE EE = EE 1 4q X † ζ↑k − DD DD EE =⇒ † † ζ↑,k ζ↓−k EE =⇒ DD EE † † ζ↑,k ζ↓−k = 1 − 4q (ω − ↓−k ) † † ζ↑,k ζ↓−k = 1 − 4q EE Agora devemos tratar a função de Green Começamos com − 4q DD DD † † ζ↑,k ζ↓−k EE (87) (ω − ↓−k ) † † ζ↑,k , ζ↓−k EE . estabelecendo relação com os termos do tipo ↑ † k0 k0 ζ↑k0 ζ↑k0 . P o n o (75) h i (74) X n † † † † † † ↓k0 ζ↑k ζ↑k0 ζ↑k0 − Lı́ζ↑k ζ↑k ζ↑k0 =⇒ , ζ↑k =⇒ ↑k0 ζ↑k 0 0 ζ↑k 0 k0 k0 X ↑k0 0 × ζ↑k0 − † ζ↑k 0 δk,k 0 † = −↑k ζ↑k (88) k0 Combinando o mesmo termo † ζ↑k de (89) com termos do tipo 4∗q P k0 ζ↓,−k0 ζ↑,k0 . 40 4∗q Xh o (75) o n i (74) X n † † † ζ↑,k0 =⇒ , ζ↓,−k0 ζ↑,k0 =⇒ 4∗q ζ↑k ζ↓,−k0 ζ↑,k0 − ζ↓,−k0 ζ↑k ζ↑k k0 k0 4∗q X (0 × ζ↑,k0 − ζ↓,−k0 δk,k0 ) = −4∗q ζ↓,−k (89) k0 Logo, com (89) e (90), chegamos a: h i † † ζ↑k H = −↑k ζ↑k − 4∗q ζ↓,−k (90) Logo, a partir de (73) chegamos a: ω DD † † ζ↑k ζ↓−k EE = = 0 − ↑k ω DD † † ζ↑k ζ↓−k EE ω + ↑−k Dn oE DD EE † † † † ζ↑k ζ↓−k + −↑k ζ↑k − 4∗q ζ↓,−k , ζ↓,−k = DD + † † ζ↑k ζ↓−k ↑k DD EE − 4∗q † † ζ↑k ζ↓−k EE = Multiplicando (92) por † † ζ↑k ζ↓−k EE −4∗q DD =− DD EE =⇒ † ζ↓,−k ζ↓,−k † ζ↓,−k ζ↓,−k ω + ↑k 4∗q EE =⇒ EE (91) −4q : 2 4q † ζ↓,−k ζ↓−k DD EE DD EE † † † ζ↑−k ζ↓k = −4∗q ζ↓,−k ζ↓,−k =⇒ DD DD DD † † ζ↑k ζ↓−k EE |4q | =− DD † ζ↓,−k ζ↓,−k ω+ ↑−k EE =⇒ 41 1 − 4q DD † † ζ↓,−k ζ↑k+q EE DD † ζ↓,−k ζ↓,−k ω + ↑k |4q |2 =1+ 2 (ω − ↓−k ) DD † ζ↓−k ζ↓−k EE |4q | =1+ DD † ζ↓−k ζ↓−k ω + ↑k EE (79) =⇒ EE =⇒ EE DD EE DD † † =⇒ = ω + ↑k + |4q |2 ζ↓−k ζ↓−k ω + ↑k (ω − ↓−k ) ζ↓−k ζ↓−k h i DD EE † ω + ↑k (ω − ↓−k ) − |4q |2 ζ↓−k ζ↓−k = ω + ↑k DD † ζ↓−k ζ↓−k EE = ω + ↑k (92) ω + ↑k (ω − ↓−k ) − |4q |2 3.2.3 A função de Green anômala Separamos ζ↑k , estabelecendo relação com os termos do tipo P ↑ † k0 k0 ζ↑k0 ζ↑k0 para de- pois usarmos a relação (73). X ↑k0 h † ζ↑k , ζ↑k 0 ζ↑k 0 i (74) =⇒ X k0 ↑k0 (75) n o † † 0 0 ζ↑k , ζ↑k ζ − ζ {ζ , ζ } =⇒ 0 ↑k ↑k ↑k ↑k0 k0 X † ↑k0 δkk0 ζ↑k0 − ζ↑k = ↑k ζ↑k 0 × 0 (93) k0 Combinaremos o mesmo termo ζ↑k de (94) com termos do tipo 4q P k0 † † ζ↑,k 0 ζ↓,−k 0 i (74) o n o (75) Xh X n † † † † † † 4q ζ↑k , ζ↑,k ζ↓,−k =⇒ 4q ζ↑k ζ↑,k0 ζ↓,−k0 − ζ↑,k0 ζ↑k ζ↓,−k0 =⇒ k0 k0 42 X 4q † † † δk,k0 ζ↓,−k − ζ × 0 = 4q ζ↓,−k 0 ↑,k0 (94) k0 Logo, com (94) e (95), chegamos a: † [ζ↑k H] = ↑k ζ↑k + 4q ζ↓,−k (95) Logo a partir de (73), chegamos a: ω hhζ↑k ζ↓−k ii = h{ζ↑k ζ↓−k }i + DD ↑k ζ↑k = 0+↑k hhζ↑k ζ↓−k ii + 4q DD + † ζ↓,−k ζ↓−k ω hhζ↑k ζ↓−k ii − ↑k hhζ↑k ζ↓−k ii = 4q ω− ↑k hhζ↑k ζ↓−k ii = 4q hhζ↑k ζ↓−k ii = Vamos tratar a função de Green Começamos com X ↓k0 h † ζ↓−k 4q ω− DD ↑k † 4q ζ↓,−k , ζ↓−k DD DD † ζ↓,−k ζ↓−k DD EE † ζ↓,−k ζ↓−k EE =⇒ =⇒ † ζ↓,−k ζ↓−k † ζ↓,−k ζ↓−k EE EE EE EE (96) . estabelecendo relação com os termos do tipo † † ζ↓−k , ζ↓−k 0 ζ↓−k 0 i (74) =⇒ X ↓k0 ↓ † k0 k0 ζ↓k0 ζ↓k0 . P o n o (75) n † † † † =⇒ ζ↓−k ζ↓−k0 ζ↓k0 − ζ↓−k0 ζ↓−k ζ↓−k0 k0 k0 X † † 0 ↓k0 0 × ζ↓k0 − ζ↓k δ = −↓−k ζ↓−k 0 −k,−k (97) k0 Combinaremos o mesmo termo † ζ↓−k de (98) com termos do tipo 4∗q P k0 ζ↓,−k0 ζ↑,k0 . 43 4∗q o (75) o n i (74) X n † Xh † † ζ↑,k0 =⇒ ζ↓−k ζ↓,−k0 ζ↑,k0 − ζ↓,−k0 ζ↓−k ζ↓−k , ζ↓,−k0 ζ↑,k0 =⇒ 4∗q k0 k0 4∗q X (δ−k,−k0 ζ↑,k0 − ζ↓,−k0 × 0) = 4∗q ζ↑,k (98) k0 Logo, com (98) e (99), chegamos a: h i † † ζ↓−k H = −↓−k ζ↓−k + 4∗q ζ↑,k (99) Logo, a partir de (73) chegamos a: ω DD † ζ↓−k ζ↓−k EE = Dn oE DD EE † † ζ↓−k ζ↓−k + −↓−k ζ↓−k + 4∗q ζ↑,k , ζ↓−k = = hδ−k,−k i − ↓−k DD † ζ↓−k ζ↓−k EE + 4∗q hhζ↑,k ζ↓−k ii =⇒ DD EE DD EE † ↓ † ω ζ↓−k ζ↓−k + −k ζ↓−k ζ↓−k = 1 + 4∗q hhζ↑,k ζ↓−k ii =⇒ ω + ↓−k DD DD EE † ζ↓−k ζ↓−k = 1 + 4∗q hhζ↑,k ζ↓−k ii =⇒ † ζ↓−k ζ↓−k EE = 1 ω + ↓−k + 4∗q ω + ↓−k hhζ↑k ζ↓−k ii (100) A função de Green Anômala produz resultado que é esperado na nossa abordagem, partindo de (97): hhζ↑k ζ↓−k ii = 4q ω − ↑k DD † ζ↓,−k ζ↓−k EE (101) =⇒ 44 hhζ↑k ζ↓−k ii = 4q ω− ↑k × 1 ω+ ↓−k + 4∗q ω+ ↓−k hhζ↑k ζ↓−k ii =⇒ 4q + |4q |2 hhζ↑k ζ↓−k ii =⇒ hhζ↑k ζ↓−k ii = ω − ↑k ω + ↓−k ω − ↑k ω + ↓−k hhζ↑k ζ↓−k ii − |4q |2 hhζ↑k ζ↓−k ii = 4q ω− ↑k ↓ 2 ω + −k − |4q | hhζ↑k ζ↓−k ii = 4q hhζ↑k ζ↓−k ii = 4q ω − ↑k ω + ↓−k − |4q |2 (101) O resultado (102) guarda grande importância pois se trata da relação entre as ener- ↑ ↑ gias de quiralidades opostas e o gap, para facilitar a notação Faremos :k ≡ , DD EE DD EE DD EE DD EE † † ζ↑k ζ↑k ≡ ζ↑ ζ↑† , ζ↓−k ζ↓−k ≡ ζ↓ ζ↓† , hhζ↑k ζ↓−k ii ≡ hhζ↑ ζ↓ ii. ↓−k ≡ ↓ , Resumindo, temos 3 resultados essenciais: DD DD ζ↑ ζ↑† EE ζ↓ ζ↓† EE = = hhζ↑ ζ↓ ii = ω + ↓ (ω + ↓ ) (ω − ↑ ) − |4q |2 ω + ↑ (ω + ↑ ) (ω − ↓ ) − |4q |2 (ω + ↓ ) (ω 4q − ↑ ) − |4q |2 (102) (103) (104) 3.3 Correlações via funções de Green Uma vez que encontramos formas explícitas para as funções de Green vamos preparálas para obtermos as Funções de Correlação do Hamiltoniano. Nesse ponto vamos tratar (103) , (104) e (105) obtendo sua fatoração. Primeiramente igualamos a zero o denominador de (103): 45 ω + ↓ (ω − ↑ ) − |4q |2 =ω 2 + (↓ − ↑ )ω − ↓ ↑ + |4q |2 = 0 =⇒ ↑ − ↓ ω± = ± 2 r (↑ + ↓ )2 + |4q |2 =⇒ 2 r ↑ − ↓ ω± = ± ξq 2 com ξq = (↑ + ↓ )2 + |4q |2 2 (105) Essa expressão nos permite Fatorar o denominador da expressão (103): DD ζ↑ ζ↑† EE ω + ↓ = (ω − ω+ ) (ω − ω− ) (106) É claro que os denominadores de (104) e (105) são os mesmos de (103) , a menos de sinais, obtemos então as outras fatorações em função de (106): DD ζ↓ ζ↓† EE ω + ↑ = (ω + ω+ ) (ω + ω− ) (107) 4q (ω − ω+ ) (ω − ω− ) (108) hhζ↑ ζ↓ ii = Utilizaremos o resultado aritmético: 1 1 = ab (a − b) 1 1 − b a 1 1 = (ω − ω+ ) (ω − ω− ) (ω+ − ω− ) =⇒ 1 1 − (ω − ω+ ) (ω − ω− ) (109) E também: 1 1 =− (ω + ω+ ) (ω + ω− ) (ω+ − ω− ) 1 1 − (ω + ω+ ) (ω + ω− ) (110) Com essas expressões, encontramos: DD ζ↑ ζ↑† EE ω + ↓ = 2ξ 1 1 − (ω − ω+ ) (ω − ω− ) (111) 46 DD ζ↓ ζ↓† EE ω + ↑ =− 2ξ ∆q hhζ↑ ζ↓ ii = 2ξ 1 1 − (ω + ω+ ) (ω + ω− ) 1 1 − (ω − ω+ ) (ω − ω− ) (112) (113) Dadas as expressões das funções de Green relativa aos seus propagadores devemos retornar ao nosso hamiltoniano original e denir suas correlações como transformadas de Fourier inversas a (71). No espaço real não é possível tratar os propagadores pois (ω ± ω± ) −→ 0, na transição de fase. Faremos a extensão analítica com ω± −→ ω± + iε com ε → 0. Dessa forma, trataremos os pólos no semi-plano nos interessa o limite quando complexo que são todos simples. Logo, utilizamos a relação: 1 = ℘(ω − ω± ) + iπδ(ω − ω± ) ω − ω± + iε Onde ℘(ω − ω± ) (114) é o chamado valor principal. Com a função de distribuição de Fermi-Dirac: 1 z(ω) = 1+e (115) (ω−µ) kT Denimos a Função Correlação como: D 0 ζσn ζσn0 E 1 = π ˆ ∞ ImG(ω)z(ω)dω (116) −∞ Obs. A expressão (117) é multiplicada por (2×) devido ao princípio de reexão de Schwars. A partir de (115), chegamos as expressões: 1 =℘ (ω − ω+ + iε) 1 =℘ (ω − ω− + iε) 1 =℘ (ω + ω+ + iε) 1 =℘ (ω + ω− + iε) 1 ω − ω+ 1 ω − ω− 1 ω − (−ω+ ) 1 ω − (−ω− ) + iπδ(ω − ω+ ) (117) + iπδ(ω − ω− ) (118) + iπδ(ω − (−ω+ )) (119) + iπδ(ω − (−ω− )) (120) Substituindo (118) e (119) em (117) e comparando com (112), chegamos a: 47 D ζ↑† ζ↑ E 1 = 2ξ ˆ ˆ ∞ ↓ ω+ ∞ ↓ δ(ω − ω+ )z(ω)dω − ω+ δ(ω − ω− )z(ω)dω −∞ −∞ (121) Mas neste modelo toda a inuência de temperatura nita está embutida no controle exercido pelo parâmetro de Landau F1A , ou seja, é uma teoria em T = 0. A distribuição de Fermi assume a forma de uma função escada de Heaviside. z(ω) = θ(−ω) (122) Integrando (122), chegamos a: D ζ↑† ζ↑ E ω− + ↓ ω+ + ↓ θ(−ω+ ) − θ(−ω− ) = 2ξ 2ξ (123) Substituindo (120) e (121) em (117) e comparando com (113), chegamos a: D ζ↓† ζ↓ E 1 =− 2ξ ˆ ˆ ∞ ↑ ω+ ∞ ↑ δ(ω + ω+ )θ(−ω)dω − ω+ −∞ δ(ω + ω− )θ(−ω)dω −∞ (124) Integrando (125), chegamos a: D ζ↓† ζ↓ −ω+ + ↑ −ω− + ↑ =− θ(ω+ ) + θ(ω− ) 2ξ 2ξ E (125) Substituindo (118) e (119) em (117) e comparando com (112), chegamos a: ∆q hζ↑ ζ↓ i = 2ξ ˆ ˆ ∞ ∞ δ(ω − ω− )θ(−ω)dω δ(ω − ω+ )θ(−ω)dω − −∞ (126) −∞ Integrando (127), chegamos a: hζ↑ ζ↓ i = ∆q {θ(−ω+ ) − θ(−ω− )} 2ξ (127) Dessa podemos diagonalizar nosso Hamiltoniano (68), nos interessa encontrar a forma explícita de (62), para 1 n̄ = − f1A 2 ˆ f1A < 0 em temperatura zero: ˆ D E D E d2 k D † E D † E (75) 1 A d2 k † † ζ ζ − ζ ζ = |f | −1 + ζ ζ + 1 − ζ ζ =⇒ ↑ ↑ ↓ ↓ ↑ ↑ ↓ ↓ (2π)2 2 1 (2π)2 48 1 n̄ = |f1A | 2 Vamos utilizar o resultado D ζ↓† ζ↓ E ˆ d2 k D † E D † E ζ↑ ζ↑ − ζ↓ ζ↓ (2π)2 θ(ω± ) + θ(−ω± ) = 1, (128) manipular D E ζ↓† ζ↓ : −ω+ + ↑ −ω− + ↑ =− θ(ω+ ) + θ(ω− ) = 2ξ 2ξ ω+ − ↑ −ω− + ↑ = (1 − θ(−ω+ )) + (1 − θ(−ω− )) = 2ξ 2ξ ! ω+ − ↑ −ω− + ↑ θ(−ω+ ) + θ(−ω− ) = 2ξ 2ξ ω+ − ↑ − ω− + ↑ = + 2ξ = (ω+ − ω− ) + 2ξ 2ξ = + 2ξ D Logo, D ! ω+ − ↑ −ω− + ↑ (106) θ(−ω+ ) + θ(−ω− ) = 2ξ 2ξ ! ω+ − ↑ −ω− + ↑ θ(−ω+ ) + θ(−ω− ) =⇒ 2ξ 2ξ E ζ↓† ζ↓ = 1 + E D E ζ↑† ζ↑ − ζ↓† ζ↓ , ! −ω− + ↑ ω+ − ↑ θ(−ω+ ) + θ(−ω− ) 2ξ 2ξ ca: D + ζ↑† ζ↑ E − D ζ↓† ζ↓ E = −1+ ! ω+ + ↓ + ω+ − ↑ ω− + ↓ + ω− − ↑ θ(−ω+ ) − θ(−ω− ) = 2ξ 2ξ = −1+ ω+ ↓ − ↑ + ξ 2ξ θ(−ω+ ) − ω− ↓ − ↑ + ξ 2ξ (106) θ(−ω− ) = (129) 49 = −1+ ↑ − ↓ ↓ − ↑ 1+ + 2ξ 2ξ D D ζ↑† ζ↑ E − D ↑ − ↓ ↓ − ↑ θ(−ω+ ) − −1 + + θ(−ω− ) =⇒ 2ξ 2ξ ζ↓† ζ↓ E = − 1 + θ(−ω+ ) + θ(−ω− ) =⇒ E D E ζ↑† ζ↑ − ζ↓† ζ↓ =θ(−ω+ ) + [−1 + θ(−ω− )] =⇒ D ζ↑† ζ↑ E D − ζ↓† ζ↓ E = θ(−ω+ ) − θ(ω− ) (130) Em resumo este resultado é de extrema importância pois temos (62) e (66) em suas formas explícitas: 1 n̄ = |f1A | 2 ˆ ∆q = −g ˆ d2 k {θ(−ω+ ) − θ(ω− )} (2π)2 (131) d2 k ∆q {θ(−ω+ ) − θ(−ω− )} (2π)2 2ξ (132) Nossa hamiltoniano está diagonalizado e a excitação para uma única partícula redenido como: ω± = ↑k+q/2 − ↓k−q/2 2 s ±ξ com ξ = (↑k+q/2 + ↓k−q/2 )2 2 + |4q |2 (133) Claramente a equação (133) é autoconsistente e é a famosa equação do gap BCS mapeada sobre a base de helicidade 2D na instabilidade Pomeranchuk. 3.4 Análise das soluções Vamos analisar no espaço dos parâmetros obtidos os diferentes tipos de solução que atendam (67) diagonalizada por (132) e ( 133) na base de helicidade em função do Parâmetro ∆q = 0 F1A de Landau na temperatura zero. é solução de (132) e (133). Obviamente a solução trivial n̄ = 0 e 50 n̄ ∼ q ∆q = 0. Essa solução possui baixa energia para < −2 , conduzindo o sistema para a Fase-β , esta representa a ausência de supercondutividade. Por outro lado, n̄ = 0 e ∆q = 40 6= 0, caracteriza o estado supercondutor uniforme. Para n̄ ∼ q e ∆q = 40 6= 0 e com pequenos valores do acoplamento BCS, a fase-β possui energia menor que a energia do estado supercondutor uniforme, logo não há Uma solução seria com e F1A modulação e se mantém a Supercondutividade Uniforme. n̄ ∼ q e ∆q = 40 6= 0 necessitamos integrar as ~ equações (132) e (133) no espaço k utilizando o resultado (64), e levando em conta que são Para um acoplamento forte com fortemente restringidas pelas funções de Heaviside. Mas antes devemos entender o papel da relação de dispersão (50), uma vez diagonalizado o hamiltoniano na base de helicidade. Para que a expressão seja autoconsistente devemos entender o papel da curvatura b, pois e ela que estabiliza a fase-β . Sem esse fator seria improvável a modulação do parâmetro de ordem. Vamos então usar De (106), se ∆q = 0, ∆q = 0, o que nos remete a uma fase-β pura. logo: ↑ − ↓ ↓ + ↑ + = ↑ 2 2 (134) ↑ − ↓ ↓ + ↑ − = −↓ 2 2 (135) ω+ = e ω− = Logo, fazendo a tranformação para coordenadas polares em (132), aqui considerando k = ~k , 1 n̄ = |f1A | 2 1 |f A | n̄ = | 1 2 2 4π ˆ dθ k: integrando sobre 1 n̄ = |f1A | 2 kF↑ ˆ 2 − ˆ d2 k ↑ ↓ θ(− ) − θ(− ) =⇒ (2π)2 ˆ 1 dθ (2π)2 d2 k → kdθdk , kF↓ 2 ˆ ↑ kF ↓ kF kdk − 0 1 |f A | = | 12 2 4π ! kdk =⇒ 0 ˆ dθ kF↑ − kF↓ kF↑ + kF↓ (136) Sobre (137) vamos considerar que o momento total sobre a superfície de Fermi kF↑ + kF↓ = kF . Logo, sabemos que kF = m∗ vF . Tomando ~ ~ ∼ 1, sendo a densidade de estados sobre a superfície de Fermi para um volume unitário denida como N (0) ∼ m∗ vF 4π 2 51 para um sistema 2D, o que nos leva a: 1 n̄ = | F1A 2 ˆ ↑ ↓ dθ kF − kF (137) kF↑ −kF↓ para uma relação de considerando ~ k − ~kF → 2q e como Esse resultado nos motiva a estudar o comportamento de dispersão não-linear (50). Retornando a equação (50), desejamos manter a densidade de estados constante e a autoconsistência da expressão, Temos: (k) − µ = (kF + q/2) − (kF ) ∼ ∼ ∂no = −δ(k − µ) =⇒ ∂k no ∼ ((k) − µ)|kF +q/2 E como a variação de n(k) (138) é muito suave em torno de kF tomamos no ∼ n̄, logo a relação de dispersão (50) ganha a seguinte forma: 1 b (k) − µ = ~vF .[~k − ~kF ] + (~vF .[~k − ~kF ])3 =⇒ 3! (vF kF )2 v q 3 vF q 1 b F + n̄ = 2 2 3! (vF kF ) 2 Admitindo a autoconsistência para (140), como vF q 2 = n̄ − 3!1 (vF kb F )2 (139) vF q 3 , podemos 2 resubstituí-lo no termo cúbico de (140). Desprezando os termos de ordem superior camos com: b vF q 1 = n̄ − n̄3 2 3! (vF kF )2 (140) 52 3.5 Integrações e cortes (cut-os) para a manutenção do quadrado positivo para as raízes Nesse momento devemos integrar sobre todo ´ dθ. A exigência do quadrado positivo para as raízes nos impõe cortes (cut os) para o domínio de integrações em θ. Fica clara a forte restrição produzida pelas funções de Heaviside na equação (132) gerando (137), a maior contribuição é dada por ω+ < 0 − ω+ = pois θ(−ω+ ) =⇒ −ω+ < 0 . ↓ − ↑ ↓ − ↑ − ξq > 0 =⇒ > ξq 2 2 (141) E mais: µ→0 ↓ − ↑ = (k − q/2) − (µ − n̄) −(k + q/2) − (µ + n̄) =⇒ ↓ − ↑ = (k − q/2) − (k + q/2) + 2n̄ Mas obedecendo ao mesmo argumento de (139): (142) (k − q/2) − (k + q/2) ∼ −2n̄. Podemos utilizar o resultado (140) recursivamente substituindo em (143). 2 b − = −~ v .~q − 3! vF2 k 2F ↓ ↑ v~.~q 2 ↓ − ↑ v~.~q 1 b =− − 2 2 3! vF2 k 2F 3 + 2n̄ =⇒ v~.~q 2 3 + n̄ (143) ~k.~q em termos do seu espalhamento ~ k.~q = kqcosθ. Repare que nas coordenadas polares o fator ~k.~q possui Como já estamos em coordenadas polares (k, θ) reescrevemos o fator o formato do nosso parâmetro de ordem que produz a modulação. Utilizando a expressão (140), a equação (144) se torna: vq ↓ − ↑ vq 1 b vq 3 1 b vq 3 3 = − cosθ − cos θ + + = 2 2 3! vF2 k 2F 2 2 3! vF2 k 2F 2 = (141) vq 1 b vq 3 (1 − cosθ)+ 1 − cos3 θ =⇒ 2 2 2 3! vF k F 2 53 ↓ − ↑ = 2 1 b 1 b 3 3 3 (1 − cosθ) + 1 − cos θ n̄ − n̄ n̄ 3! vF2 k 2F 3! vF2 k 2F Em (145) dezprezamos os termos de ordem superior a (144) n̄3 . ↓ − ↑ 1 b 3 2 = n̄ + n̄ cosθ 1 − cos θ 2 3! vF2 k 2F 1 b ↓ − ↑ 3 = n̄ + n̄ cosθ (1 + cosθ) (1 − cosθ) 2 3! vF2 k 2F ↓ − ↑ = 2 1 b 3 n̄ + n̄ cosθ (1 + cosθ) 3! vF2 k 2F ↓ ↑ → 0, o que deixa (1 − cosθ) praticamente faz − 2 θ → m π2 com m ∈ Z. Por isso dropamos (1 − cosθ). Para ângulos pequenos o termo claro que a fase-β , é evidenciada em (145) Retornado a (137): 1 |f A | n̄ = | 1 2 2 4π ˆ dθ Ou seja, a menos de kF↑ 2 1/kF , − kF↓ 2 = m|f1A | 4π 2 ˆ dθ kF↑ 2 2m − kF↓ 2 2m temos: ˆ |F1A | n̄ = 2 A exigência (↑ −↓ ) 4 dθ ↑ − ↓ 2 = (↓ −↑ ) 4 > ξq2 , ↓ − ↑ 4 ↓ 2 ↑ 2 + Impõe que: > ↓ + ↑ ↓ − ↑ < 4 2 + 42q 2 − 42q (146) 54 ↓ − ↑ ( − µ)2 < 4 2 − 42q 2 1 b 3 ( − µ) < n̄ + n̄ cosθ (1 + cosθ)2 − 42q 3! vF2 k 2F 2 Obedecendo à condição (142): 2 ( − µ) < 1 b n̄ + n̄3 cosθ 3! vF2 k 2F s || < 2 1 b n̄3 cosθ n̄ + 3! vF2 k 2F µ→0 (1 + cosθ)2 − 42q =⇒ 2 (1 + cosθ)2 − 42q (147) Vamos tratar a expressão (148) criando um parâmetro adimensional reescrever (147) , já integrada sobre ˆ n̄ = |F1A |n̄ s dθ x = 4q /n̄, e k: 1 b 1− n̄2 cosθ 3! vF2 k 2F 2 2 (1 + cosθ) − Como a instabilidade Pomeranchuk é atrativa impomos n̄ < 0 4q n̄ 2 (148) , o que troca o sinal do primeiro elemento do radicando. Denimos os limites de integração de forma a manter o radicando positivo, θ± (x, n̄): ˆ n̄ = |F1A |n̄ s θ+ dθ θ− 1 b n̄2 cosθ 1− 3! vF2 k 2F 2 (1 + cosθ)2 − x2 Próximo ao Ponto Crítico vamos expandir o integrando em potências de (149) n̄/vF kF 1, segundo nossa propriedade que justica validade de (55).Ou seja, como uma expansão 2 n̄2 de Taylor em torno de n̄/vF kF → 0, tomamos: f = f (0) + f 0 (0) v2n̄k2 , des2 k2 vF F F F prezando os termos de ordem superior e admitindo os coecientes C0 (x) = f (0) e C1 (x) = ´ θ+ q f 0 (0). Vamos evaluar numericamente a integral f (0) = θ− dθ (1 + cosθ)2 − x2 . Dessa C0 (x) ∼ 1 − (x/2)3/2 e C1 (x) ∼ 1 + ln ((1 + x/5)). E A A obtemos a forma explícita para n̄ com F1 = f1 N (0), sendo N (0) a densidade de estados forma ajustamos os coecientes: na superfície de Fermi: 55 5 ! b |F1A | n̄ n̄ C0 (x) − 2 2 n̄2 C1 (x) + O n̄ = 2 vF k F vF kF (150) Retornando a equação do gap (133) que possui a usual divergência no ultra-violeta da equação BCS do Gap. Para tratarmos essa divergência podemos adotar a seguinte identidade: ˆ −1+g Onde ξ0 = q 2k + |∆0 |2 aqui ∆0 d2 k 1 =0 (2π)2 2ξ 0 (151) é o gap uniforme supercondutor na ausência do descasamento das superfícies de Fermi. Agora somando e subtraindo ˆ ∆q = − g d2 k ∆q {θ(−ω+ ) + θ(ω− ) − θ(ω− ) − θ(−ω− )} = (2π)2 2ξ ˆ d2 k ∆q {θ(−ω+ ) + θ(ω− ) − 1} =⇒ (2π)2 2ξ =−g ˆ 1=−g ˆ 1=−g ˆ g ˆ d2 k 1 {θ(−ω+ ) + θ(ω− ) − 1} =⇒ (2π)2 2ξ d2 k 1 {θ(−ω+ ) + θ(ω− )} + g (2π)2 2ξ d2 k 1 −g (2π)2 2ξ 0 1 2 d2 k (2π)2 ˆ d2 k 1 = −g (2π)2 2ξ 1 1 − ξ0 ξ ˆ ˆ ˆ dε 1 1 − 0 ξ ξ ˆ = ˆ d2 k 1 (152) =⇒ (2π)2 2ξ d2 k 1 {θ(−ω+ ) + θ(ω− )} =⇒ (2π)2 2ξ d2 k 1 {θ(−ω+ ) + θ(ω− )} (2π)2 2ξ = Transformando para o espaço de energias 1 m 2 4π 2 kF θ(ω− ): d2 k = m kF dε: d2 k 1 {θ(−ω+ ) + θ(ω− )} (2π)2 2ξ 56 1 m 2 4π 2 kF ˆ 1 1 = −q dε q 2 2 ε2 + |∆q | ε2 + |∆0 | ˆ d2 k 1 {θ(−ω+ ) + θ(ω− )} (2π)2 2ξ (152) A expressão é de extrema importância na nossa abordagem. Nesse caso podemos redenir o lado esquerdo de (153) de forma a controlar a divergência ultra-violeta BCS do lado direito que está limitada pelas funções de adotamos os Heaviside. No ponto crítico, gaps como limites de integração, usando esquerdo, onde tanto ∆0 . g ´ dε √ 1 ε2 +|∆ 0| 2 −√ 1 ε2 +|∆ q| 2 → ´ 40 4q dε no lado ε como o cut-o ultravioleta estão contidos dentro da denição de Reescrevemos (153), como: ˆ d2 k 1 N (0) ∆0 ln = {θ(−ω+ ) + θ(ω− )} 2 ∆q (2π)2 2ξ (153) Agora vamos tratar seu lado direito. Primeiramente devemos ressaltar que vamos ´ utilizar as coordenadas polares com termos do seu espalhamento d2 k (2π)2 → ~k.~q = kqcosθ. ´´ dθdk , onde escrevemos o fator ~k.~q em Repare que nas coordenadas polares o fator ~k.~q possui o formato do nosso parâmetro de ordem que produz a modulação. Dessa forma conectamos o lado direito de (154) com a equação (151) através de parametrização de F1A e g em função do parâmetro vamos evaluar a integral ´ 1 4 1 −1 0 dε0 √1+ε (ε ) = 02 = sinh ´ 40 . Logo, r q 2 2 2 ξ = ε + |∆q | → ξ = ∆q 1 + ∆εq , e 1 ε 0 → dε0 = dε é calculada como: , que para ε = 4 4 ε 2 1+| ∆ | sinh−1 ( 4εq ). Sobre a superfície de Fermi θ(ω− ) = 0 , que é dε q onde nos interessa. Reescrevemos (154) comparando com (150): ∆0 ln = Γ(x) ∆q (154) Onde denimos: ˆ θ̄(x) Γ(x) = 2 −θ̄(x) s dθ 2π (1 + cosθ)2 − x2 x2 Novamente queremos manter o radicando positivo, logo impomos, 1) para x≤2 e Γ(x > 2) = 0. (155) θ̄(x) = cos−1 (x − 57 3.6 Competição entre os parâmetros Seguindo adiante, para observar uma supercondutividade modulada é necessário resolver autoconsistentemente as equações (151) e (155). Primeiramente, note que para x > 2 a única solução, {n̄ = 0, 4q = 40 } , corresponde a uma fase de supercondutividade uniforme. Isso impõe um limite inferior para a supercondutividade modulada, para se obter uma solução não-trivial, nos temos que ter qualquer valor do parâmetro 40 > 2n̄ , 4q < 2n̄ < 40 . Entretanto, para a energia de campo médio da supercondutividade hHi40 < hHi4q . Para entender melhor essa competição vamos parametrizar a constante de acoplamento g , como 40 ∼ e−1/g , que sicamente representa o gap de uma supercondutividade uniforme via onda-s, sem a inuência da instabilidade Pomeranchuk. Vamos traçar um gráco 4̄0 × A F 1 : uniforme é sempre menor que a da supercondutividade modulada, Figura 5 - Aqui as fases beta e supercondutora coexistindo de forma distinta para vários valores de F1A > −2 , a fase é < −2 a instabilidade Para A Para F1 4̄0 × F1A . simplesmente a supercondutividade uniforme de onda-s. Pomeranchuk gera um novo campo médio o que produz um estado fundamental que, para pequenos valores de 4̄0 , é simplesmente nossa fase-β , induzida por um acoplamento spin-órbita (47). Para altos valores de 4̄0 , a supercondu- tividade de onda-s (BCS) suprimi a fase-β . As duas fases são separadas por uma linha cheia sinalizando uma transição de primeira ordem. Entretanto para altos valores de e A F 1 , uma fase meta-estável surge com um momento nito p |~q| ∼ kF 1 − 2/ |F1A |, 4̄0 linha 58 pontilhada (gura 5). Essa fase surge para valores nitos de hHi4q < hHiβ . 4̄0 e para A F 1 > 2 onde A precisa localização da região de meta-estabilidade depende da relação entre a largura das bandas (gaps), onde as interações são relevantes e mediadas pelos cortes das energias possíveis (cut-os), e controladas pela curvatura da banda (b) na superfície de Fermi, sem a qual, não seria possível obter matematicamente a fase meta-estável. 59 4 CONCLUSÃO Nesta tese foi abordado o estudo da competição entre instabilidades de Pomeranchuk em um líquido de Fermi e uma interação que favorece à formação de pares de Cooper. Em particular, focamos nossa atenção nas instabilidades de Pomeranchuk no canal de spin com momento angular ` = 1. O interesse principal desta interação é que ela produz uma transição de fase onde um acoplamento spin-órbita é espontaneamente gerado. Apresentamos um modelo fermiônico onde o hamiltoniano tem dois tipos de interações atrativas; uma delas no canal de forward scattering, caracterizada pelo acoplamento entre correntes de spin com momento angular `=1 e constante de acoplamento F1A , e a segunda interação atrativa no canal BCS, com uma constante de acoplamento g. Analisamos este sistema na aproximação de campo médio, determinando de forma autoconsistente o parâmetro de ordem supercondutor ∆ e a deformação da superfície de Fermi, parametrizada pela diferença no número de ocupação n. O resultado principal desta análise é que a interação supercondutora compete fortemente com a instabilidade de Pomeranchuk, reduzindo o espaço de parâmetros accessível para a fase β. Embora, para constantes de acoplamento BCS pequena (g ), o sistema se encontre na fase A valores de F1 < −1), um pequeno aumento de g β (para produz uma transição de primeira ordem para um estado supercondutor normal (tipo onda s), suprimindo desta forma a geração espontânea do acoplamento spin-órbita. Nesta fase, as simetrias de rotação orbital e de spin são restauradas. A única simetria quebrada é a de calibre a qual produz o estado supercondutor. Uma descoberta importante é que, para valores ainda maiores da constante de acoplamento g, embora o estado fundamental seja um supercondutor uniforme (onda s), aparece um estado metaestável onde o parâmetro de ordem supercondutor é modulado com um vetor de onda que depende do acoplamento F1A . Este estado supercondutor é sumamente interessante; os pares de Cooper tem helicidade zero, e momento q 6= 0 bem denido. Isto produz uma resposta anisotrópica do sistema, observada recentemente em vários compostos supercondutores. Porém, o modelo estudado nesta tese é ainda muito simplicado para tentar comparálo com sistemas mais realistas. Por um lado temos desprezado (por simplicidade) as interações supercondutoras na mesma banda de helicidade. Estas interações certamente não contribuem para o estado supercondutor modulado, mas sim com a estabilidade da fase beta. Num futuro próximo analisaremos a competência destas interações na mesma aproximação de campo médio que utilizamos nesta tese. 60 REFERÊNCIAS 1 SRIVASTANA, K.; RAO, S. M. (Ed.) tivity. 2 Models and methods of hight-tc superconduc- New York: Nova Science Publishers, 2003. STONE, Michael. Quantum Hall eect. Singapore: World Scientic, 1992. 3 GRIFFIN, A.; SNOKE, D. W.; STRINGARI, S. (Ed.) Bose-Einstein Condensation. London: Cambridge University Press, 1996. 4 FRADKIN, E. Field Theories of condensed matter systems. New York: Addison- Wesley Publishing Company, 1991. 5 TSVELIK, A.M. Quantum eld theory in condensed matter physics. 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