UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE JUVINA LEONOR DE SOUZA LIMA TRANSPLANTES DE CÓRNEA EM SERGIPE: CARACTERIZAÇÃO DOS DOADORES E DOS RECEPTORES, DE 2000 A 2009. ARACAJU 2010 JUVINA LEONOR DE SOUZA LIMA TRANSPLANTES DE CÓRNEA EM SERGIPE: CARACTERIZAÇÃO DOS DOADORES E DOS RECEPTORES, DE 2000 A 2009. Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe, para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Saúde. Área de Concentração: Estudos clínicos e laboratoriais em saúde. Orientador: Prof. Dr. Alex Vianey Callado França ARACAJU 2010 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE M188e Lima, Juvina Leonor de Souza Transplantes de córnea em Sergipe: caracterização dos doadores e dos receptores, de 2000 a 2009. /Juvina Leonor de Souza Lima . – Aracaju, 2010. 104 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Sergipe, Pró-Reitoria de PósGraduação e Pesquisa, Núcleo de Pós-Graduação em Medicina. Orientador(a): Prof. Dr. Alex Vianey Callado Fraça 1. Transplante de córnea 2. Epidemiologia 3. Dados populacionais 4. Oftalmologia 5. I. Título CDU 616.155.194:613.2-047.43 JUVINA LEONOR DE SOUZA LIMA TRANSPLANTES DE CÓRNEA EM SERGIPE: CARACTERIZAÇÃO DOS DOADORES E DOS RECEPTORES, DE 2000 A 2009. Dissertação de Mestrado apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Federal de Sergipe para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Saúde. Aprovada em _____/_____/_______ BANCA EXAMINADORA Orientador: Prof. Dr. Alex Vianey Callado Fraça 1ª Examinador: 2ª Examinador: Prof PARECER __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ RESUMO A situação dos transplantes de córnea no Brasil se assemelha a de outros países, onde se observa uma oferta de córnea insuficiente para suprir a necessidade de realização dos transplantes. O presente estudo tem como Objetivo: a caracterização dos doadores de córnea e dos pacientes que se submeteram ao transplantes, avaliando dados epidemiológicos, indicações da cirurgia, presença de rejeição, tempo de lista de espera. Método: Trata-se de um estudo observacional, transversal, descritivo, onde foram coletados dados dos prontuários de todos os doadores e receptores de córneas, arquivados na Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Sergipe, no período de janeiro de 2000 a abril de 2009, sendo esses dados sumarizados como média e desvio padrão ou medianas e percentis para as variáveis quantitativas, enquanto para as categóricas utilizaram-se freqüência simples, percentagens e intervalo de confiança para 95%, quando necessário. Resultados: Foi observado um total de 272 doadores (544 córneas), com um número total de 415 córneas aproveitadas para transplante, e esse foi o número total de receptores pesquisados. A média de idade dos doadores foi de 39,4 ± 15,9 anos, com predomínio do sexo masculino com 68% (185/272) e a causa morte mais freqüente foi o trauma com 56% (152/272). Houve um aproveitamento de 79% (429/544) das córneas doadas, e apenas 415 transplantes foram elegíveis para a análise no presente estudo, de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Verificou-se uma positividade para doenças infecciosas entre o total das doações de 7,7% (44/544), que motivou o descarte das mesmas, além de 13% (70/544), descartadas por baixa qualidade do tecido. A solução mais utilizada para preservação foi o Optsol® (56%). Entre os receptores de córneas houve um predomínio da indicação de transplantes pela ceratopatia bolhosa (37,3%), seguida do leucoma (23,%) e posteriormente o ceratocone (18,3%). A idade média dos receptores foi de 51,4 ± 25,0 anos, sendo o percentual de 51% para o sexo masculino e 49% para o sexo feminino. O percentual de rejeição foi de 8,7%. Quanto ao tempo de espera pelo transplante, a mediana foi 9,9, meses, o percentil 25 foi 2,2 meses e o percentil 75 foi 38,6 meses., além de observa-se um aumento do número de pacientes na fila de espera, que passou de 89 em 2000, a 325, ao final de 2009. Conclusão: Os doadores de córnea foram predominantemente homens, jovens, vítimas de trauma, em sua maioria, implicando em boa qualidade da córnea, com um alto aproveitamento destas doações. O nível de rejeição foi considerado baixo o tempo de espera pelo transplante foi considerado alto, além de se verificar um grande aumento da fila de espera, que triplicou ao longo de quase 10 anos. A principal indicação para a cirurgia de transplante foi a ceratopatia bolhosa do pseudofácico,. Palavras-chave: Transplantes de córnea; Bancos de olhos; Epidemiologia ABSTRACT Study of corneal transplants in Sergipe: characterization of cornea donors and transplanted patients, from 2000 to 2009. The situation of corneal transplants in Brazil resembles that of other countries, where it is observed an insufficient offer of cornea to meet the need of carrying out transplantations. This study aims to characterize cornea donors and patients who underwent transplantation, evaluating epidemiological data, indications from surgery, presence of rejection and length of waiting list. Method: This is an observational, transversal and descriptive study, where data were collected from all donors and receptors charts, filed at the Notification, Catchment and Distribution Center of Sergipe, from January 2000 to April 2009, and these data were summarized as average and standard deviation or medians and percentiles for the quantitative variables, while for categorical variables it were used simple frequency, percentages and trust interval for 95% when necessary. Results: It was observed a total of 272 donors (544 corneas), from which 415 corneas were recovered for transplantation, and that was the total amount of receptors surveyed. The average donors’ age was 39.4 ± 15.9 years, with male predominance (68%) and the most frequent cause of death was trauma (56%). There was a recovery of 76.2% from the donated corneas, 7.7% among the total donations tested positive for infectious diseases, which prompted its discard. Optsol® was the solution most used for preservation (56%). Among cornea receptors there was a predominance of transplant indication for bullous keratopathy (37.3%), followed by scarring (23%) and keratoconus (18.3%). The average receptors age was 51.4 ± 25.0 years, 51% males and 49% females. The percentage of rejection was 8.7%. The median waiting time for transplantation was 9.9, months, the 25 percentile was 2.2 months and the 75 percentile was 38.6 months. Conclusion: Cornea donors were predominantly young males, victims of trauma, mostly resulting in good quality of the cornea with a high recovery of these donations. The rejection level was considered low. Waiting time for transplantation was considered high, and there has been a large increase in the waiting list, that has tripled over almost 10 years. The main indication for transplant surgery was pseudophakic bullous keratopathy. Keywords: Cornea transplantation; Eyes banks; Epidemiology. LISTA DE TABELAS Tabela 1. Gastos com transplantes no Brasil.............................................. 23 Tabela 2. Distribuição de causas mortis em doadores de córnea da Central Única de Transplantes de córnea de Sergipe, no período de 2000 32 a 2009.......................................................................................................... Tabela 3. Conservante usado na córnea doada......................................... 32 Tabela 4. Distribuição de doenças de córnea levando necessidade de transplante em receptores........................................................................... Tabela 5. Distribuição do tempo de espera para transplante de córnea... 34 35 LISTA DE FIGURAS Fgura 1. Transplantes de órgãos no Brasil................................................. 21 Figura 2. Homens X Mulheres doadores.................................................... 30 Figura 3. Triagem de exames..................................................................... 31 Figura 4. Córneas doadas (aprovadas X descartadas).............................. 31 Figura 5. Média de idade (doadores X 33 receptores)..................................... Figura 6. Homens X mulheres receptores.................................................. 33 Figura 7. Viabilidade do transplante........................................................... 35 Figura 8. Distribuição por ano de doações e transplantes de córnea......... 36 Figura 9. Evolução da fila de espera pelo transplantes.............................. 37 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Transplantes de órgãos em Sergipe........................................ 22 Quadro 2. Transplantes de órgãos no Brasil 2008 e 2009 ....................... 24 Quadro 3. Crescimento do número de doações no Brasil (2008 X 2009).. 24 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 09 2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 11 2.1. Córnea: anatomia e função................................................................... 13 2.2. Imunologia e transplante de córnea, rejeição...................................... 14 2.3 Doenças da córnea e transplante.......................................................... 15 2.4. Histórico dos transplantes..................................................................... 18 2.5. Transplantes de órgãos estatísticas .................................................... 20 2.6 Transplantes de órgãos em Sergipe...................................................... 21 2.7. Transplantes no Brasil – atualidades.................................................... 22 2.8 Bioética e transplantes........................................................................... 24 3 OBJETIVOS............................................................................................. 26 3.1. Objetivo Geral....................................................................................... 26 3.2 Objetivos Específicos............................................................................. 26 4 MÉTODO.................................................................................................. 27 4.1 Considerações Éticas............................................................................ 29 5 RESULTADOS......................................................................................... 30 6 DISCUSSÃO............................................................................................. 38 7. CONCLUSÃO ......................... .............................................................. 45 REFERÊNCIAS........................................................................................... 47 APÊNDICES. 9 1. INTRODUÇÃO Considerando a baixa visão como uma questão de saúde pública, devido à repercussão desta limitação funcional sobre a capacidade laborativa e a qualidade de vida dos portadores desta deficiência, as patologias oculares traváveis passam a ser foco de ações governamentais na busca de melhor ofertar saúde à população (LOPES, 2009; BRITO, 2000; WHO,1997, 2010). A baixa visão é definida como perda parcial da acuidade visual (entre 20/60 e 20/200, ou 0,3 e 0,1), porém os portadores desta condição ainda são capazes de realizar tarefas e preservam parcialmente a prática laborativa (SOBLEC, 2010, WHO, 2010). A cegueira legal é definida como perda da visão superior a 20/200 ou 0,1, sendo esses pacientes dependentes de terceiros para a locomoção e considerados incapazes ao trabalho (SANTOS, 2009, LUCAS et Al, 2003). Dados do Censo Brasileiro de 2000 estimaram a presença de 2,4 milhões de pessoas portadoras de deficiência visual (IBGE, 2000), porém para a Organização Mundial da Saúde, a prevalência de baixa visão e cegueira no Brasil seria de 1.3% e 0,7%, respectivamente. Essa mesma avaliação da WHO estima que em todo o mundo exista em torno de 180 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo deste total um valor de 40 milhões de cegos, e que 60% destes pacientes residam em pacientes subdesenvolvidos. Do total de portadores de cegueira e baixa visão, 60% são acometidos por doenças preveníeis ou tratáveis. (WHO, 2010) No mundo, têm-se como principais causas de cegueira e baixa visão: a catarata, com 40% dos casos; seguida do glaucoma, com cerca de 13% dos casos; a retinopatia diabética, com 8,3% dos casos, a degeneração macular relacionada a idade, com 6% dos casos, as opacidades corneanas, com 5,3%, e a cegueira infantil com 3% dos casos (DANTAS, 2002, BRITO, 2000, WHO, 2010). Dentre as patologias oculares passíveis de tratamento, estão as doenças da córnea, que para alguns autores representa um percentual de 30% do total das cegueiras legais recuperáveis (GARCIA et al., 1999). Os transplantes de órgãos e tecidos tornaram-se reconhecidamente eficazes enquanto tratamento de rotina da prática médica a partir da década de 60 10 no Brasil e no mundo (MEYER 2004). Sobretudo nos últimos trinta anos, estes procedimentos apresentaram uma grande evolução, devido principalmente à melhoria das técnicas cirúrgicas e ao avanço tecnológico que se verificou neste período (SILVEIRA, 2009, PEREIRA, 2004). Tal avanço possibilitou a criação e o aperfeiçoamento dos equipamentos necessários à realização de intervenções cirúrgicas, favorecendo, por outro lado, a descoberta de drogas capazes de minimizar os processos de reação auto-imune. Isso permitiu uma melhor forma de controle e terapêutica da rejeição, uma das maiores barreiras até hoje existentes no processo de realização de transplantes (COSTA, 2008; PEREIRA et al., 2002). Os transplantes de córnea no Brasil representam um percentual de 75% do total de transplantes realizados, porém a pouca oferta de córneas diante do grande número de pacientes na fila de espera é uma realidade em nosso país (ABTO, 2010). Nos últimos anos, observa-se um maior investimento, por parte das organizações promotoras de saúde pública em todo o mundo, em estratégias que visem melhorar a captação de órgãos e conseqüentemente aumentar a oferta de órgãos e tecidos (SIVEIRA, 2009, CFM, 2010). No Brasil, com o advento da nova legislação para a remoção de órgãos e a sistematização das centrais de transplantes de órgãos, desde 1998, vêm sendo estabelecidas regras nacionais visando uniformizar, em todo o território nacional, de acordo com a lei, os processos de coleta e distribuição de órgãos, a implantação das centrais de coleta e criação de banco de órgãos, a promoção e criação dos comitês intra-hospitalares de transplantes e a promoção de cursos de formação e aperfeiçoamento dos profissionais de saúde envolvidos neste processo. (ABTO, 2008) A partir destas diretrizes do Ministério da Saúde, constata-se um aumento crescente do investimento na área de transplantes de órgãos e, conseqüentemente, um aumento progressivo no número de cirurgias realizadas (BRASIL, 2009). Importa ressaltar que, em Sergipe, a cirurgia de transplante de córnea representa a maioria dos transplantes realizados no estado, com 83% do número total de cirurgias destinadas a esse procedimento (CNCDO-SE, 2009). Apesar deste fato, os dados da Central de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos revelam um número de 325 pessoas na lista de espera por um transplante de córnea, em 11 dezembro de 2008, sendo o número de cirurgias realizadas anualmente, assim como a oferta de córneas insuficientes para atender a essa demanda. (SES, 2010). Partindo desta realidade, e da escassez de estudos científicos a esse respeito no estado de Sergipe, surgiu a idéia pesquisar esse tema, no intuito de avaliar as característica próprias dos pacientes que utilizam esse serviço público de saúde, de fundamental importância para a saúde ocular da população do nosso estado, assim como propor protocolos de conduta que possam vir a aperfeiçoar e enriquecer a resolutividade do referido serviço. 2. REVISÃO DA LITERATURA Devido a sua posição mais anterior, quando analisamos anatomicamente o globo ocular, podemos perceber que a córnea tem um maior risco de ser afetada quando esse globo ocular estiver exposto a traumas (FERRAZ, 2002, LIMA, 1995). Além do fator traumático, diferentes patologias, sejam elas congênitas, degenerativas, infecciosas ou metabólicas podem afetar esse importante tecido do olho, levando à diminuição da acuidade visual, por perda da transparência ou comprometimento da sua função óptica (DANTAS, 2002; PEREIRA et al., 2002). Segundo levantamento realizado pela Associação Pan-Americana de Banco de Olhos (APABO, 2005), estima-se que existem 200 mil latino-americanos portadores de cegueira corneana reversível, e 25% deles estão no Brasil (CHALITA et al., 2000; FARIA E SOUSA; BARRETO, 1997). Enquanto função diretamente ligada à cognição, a visão torna-se de fundamental importância no processo de interação do homem com o meio, equilíbrio, orientação espacial e capacidade laborativa (DANTAS; RODRIGUES, 1998). A necessidade de substituição da córnea por outra, fruto de doação, está indicada nos casos em que ocorre comprometimento da função óptica da córnea, seja pela perda da transparência (leucomas, cicatrizes parciais), seja por deformidades ou ectasias (ceratocone, descematocele) (KANSKI, 2008, RODRIGUES, DANTAS, 1998). A realização de um transplante também pode ser necessária quando existe um risco de perfuração da córnea e do globo ocular (transplante tectônico) (FERRAZ, 2002). 12 Dentre os órgãos e tecidos passíveis de serem transplantados, a córnea é o que apresenta maior probabilidade de sucesso (margem superior a 80%), considerandose inclusive um índice de rejeição em torno de 30%, o re-transplante pode ser realizado sem dificuldade (COSTA, 2008). Essa condição provavelmente se deve ao fato da córnea não apresentar vascularização, aumentando assim as chances de sucesso da cirurgia, inclusive dispensando a realização de exames de histocompatibilidade (FARIA E SOUSA; BARRETO, 1997). No processo de captação da imagem pelo olho, órgão periférico ligado ao córtex cerebral através da via óptica, existe a necessidade da transparência dos meios ópticos envolvidos no processo de projeção da imagem na retina: córnea, cristalino e humor vítreo (PUTZ, 2001). A projeção dos impulsos luminosos gera um processo fotoquímico e elétrico que culmina como percepção visual da imagem. A existência de opacidades em quaisquer destes meios irá comprometer a função visual (DANTAS; RODRIGUES, 1998). Revisando a anatomia do globo ocular devemos dividi-lo em camadas: Túnica fibrosa, composta pela córnea e esclera; a túnica ou camada vascular, composta pela íris, corpo ciliar e coróide; e a camada sensorial composta por neurônios: a retina e o epitélio pigmentar. (TESTUT et LATARJET, 1975) Diferentes patologias ou alterações funcionais poderão comprometer a transparência dos meios e conseqüentemente determinar uma diminuição da acuidade visual (YAMANE, 2003). As opacidades do humor vítreo estão geralmente relacionadas aos processos de hemorragia intra-oculares, em que se dão alterações da vascularização da retina, e conseqüentemente comprometimento secundário do vítreo. Essas hemorragias costumam desaparecer espontaneamente, e em alguns casos existe a necessidade de realização de cirurgia (vitrectomia). A opacificação do cristalino, órgão responsável pela focalização do estímulo luminoso no pólo posterior (retina), que tem grande poder dióptico, é de origem mesodérmica e possui um córtex que tende a perder a transparência devido ao envelhecimento do corpo ou em conseqüência de alterações metabólicas presentes em algumas doenças sistêmicas (Ex. Diabetes Melittus) (PUTZ, 2001) Esse processo pode resultar na ocorrência da catarata que leva a uma diminuição da qualidade e nitidez da visão, tornando necessária a substituição do cristalino, por meio da facectomia, sendo esta, hoje, em 13 termos numéricos, a segunda cirurgia mais realizada no Brasil (FARIA E SOUSA; BARRETO, 1997). 2.1. CÓRNEA: ANATOMIA E FUNÇÃO Na avaliação anatômica da córnea, observa-se a presença de cinco diferentes camadas: a camada epitelial, a membrana de Bowman, o estroma ou substância própria, a membrana de Descemet e o endotélio corneano. Representa o sexto anterior do olho e é a mais curva de suas estruturas; tem uma forma de menisco elíptico, com o eixo horizontal de cerca de 11 a 12,0 mm e um eixo vertical de cerca de 9,5 a 10,5 mm (TESTUT et .LATARJET, 1975; DANTAS, 2002). Considera-se que a córnea possui uma função mecânica (resistência do olho a pressão ocular e proteção contra agentes externos) e uma função óptica (transmissão da luz, difusão, reflexão e refração) (YAMANE, 2003). A nutrição da córnea é dependente dos vasos da região limbar, podendo ainda absorver substância pela via transepitelial, transendotelial e pelo processo de difusão (permeabilidade da membrana celular), pois a córnea não possui vasos (WARWICK et WILLIAMS, 1979). A córnea tem uma inervação sensitiva dependente do nervo oftálmico, ramo do trigêmio, e uma inervação simpática, que deriva da região ciliar (receptores adrenérgicos). Em termos imunológicos, uma córnea normal não possui sistemas de defesas ativas, sendo essa situação alterada na presença de neovascularização (DANTAS, 2002). Dentro do processo óptico de formação da imagem, o poder dióptrico da córnea é o maior deles (em torno de 42 graus), visto que a luz passa de um meio óptico desprovido de densidade (o ar), para um meio rígido, conferindo desta forma mudanças físicas bastante importantes (reflexão e refração da luz) (YAMANE, 2003, ALVES, 2001), representando 2/3 de toda a capacidade dióptrica do olho. Portanto, doenças que levem a opacidades ou deformações da córnea poderão comprometer parcial ou totalmente a acuidade visual (KANSKI, 2008). 14 2.2. CÓRNEA: PARTICULARIDADES IMUNOLÓGICAS E REJEIÇÃO A córnea humana apresenta características próprias, que diferem de outros órgãos e tecidos, conferindo-lhe o que muitos consideram um privilégio: um desvio imunológico do segmento anterior do globo ocular, com os seguintes fatores (Anterior Chamber Associated Immune Deviation) (PLEYEN et al, 2001) : 1. Ausência de vasos sanguíneos e linfáticos na córnea; 2. Barreira hemato-aquosa; 3. Pequenas quantidades de células apresentadoras de antígeno (CAAgs) no centro da córnea; 4. Indução da apoptose pelo sistema faz-faz-ligand (CD-95L) na câmara anterior. 5. Fatores imuno-moduladores; transforming growth factor β (TGF-β); peptídeo vasoinibitório (VIP); melanocyte-stimulating hormone (MSH). 6. Baixa expressão de antígenos MHC (major histocompatibility complex) da classe II. Atribui-se a inflamação ocular a capacidade de perda de eficiência destes fatores, aumentado o número de célula Langerhans (células acessórias) e a expressão dos antígenos de histocompatibilidade maior, classe I e II. Além disso, diminui a competência microvascular, pela quebra da barreira hémato-aquosa (PANDA, 2007, GONCALVES, 2008). Quando ocorre a perda do privilégio imunológico ocorre a rejeição, que pode ser dividida em três fases: uma fase aferente, de liberação e transporte de antígenos aos linfonodos; uma fase central, de processamento do antígeno e geração de uma resposta imune celular; uma fase eferente, de resposta humoral e celular atacando enxerto (PLEYEN, 2001). Dentre os fatores de risco para a ocorrência de rejeição em transplantes de córnea, o mais importante é a presença de neovascularização da córnea receptora, seguido de alguns outros, de importância significativa: rejeição prévia, presença de sinéquias anteriores, cirurgia intra-ocular prévia, cirurgias combinadas de transplante e vitrectomia, aumento da pressão ocular, baixa idade do receptor, presença de inflamação intra-ocular trans-operatória, trauma químico, herpes simples (COSTA, 2008). A indicação cirúrgica do transplante assim como o 15 diagnóstico e o tratamento precoce da rejeição poderá reverter um quadro inicial e leve de rejeição. (LUCA et CVINTAL, 2004, PANDA, 2007). 2.3. DOENÇAS DA CÓRNEA E TRANSPLANTES Diversas patologias, de origem degenerativa, infecciosa ou traumática podem levar a alterações da função ou transparência da córnea, e conseqüentemente levar á indicação da realização de um transplante (KANSKI, 2008; RODRIGUES DANTAS , 2001) . Para melhor descrição, iremos dividi-las em: 2.3.1 Doenças degenerativas e/o distróficas: Defini-se como degeneração corneana os processos de alterações da estrutura celular, de diferentes camadas da estrutura da córnea, devido ao envelhecimento ou por determinação genética hereditária (VANDER et GAULT, 2001). Dentre as degenerações corneanas mais prevalentes destaca-se o ceratocone Ceratocone: é a degeneração corneana mais prevalente e que causa baixa visão em um para 2000 pessoas da população em geral, sendo considerada uma patologia hereditária autossômica dominante de penetrância incompleta (MASCARO, 2006). Caracteriza-se pela deformidade progressiva da curvatura corneana, geralmente simétrica, não inflamatória, em função de alterações do tecido conectivo estromal, onde se evidenciam alterações bioquímicas como: redução do colágeno, diminuição das moléculas de sulfato de keratan, do conteúdo protéico celular e o aumento da atividade proteolítica e colagenolítica (VANDER et GAULT, 2001). Essa patologia manifesta-se principalmente na adolescência, e caracteriza-se por uma ectasia progressiva com deformação do ápice e região para central da córnea, com formação de uma protrusão, em forma de cone, que leva a alteração da capacidade óptica da córnea e a formação de astigmatismo irregular e miopia (GHANEM, 2007). A progressão da doença é variada, levando, nos casos mais leves, a uma baixa visão passível de recuperação com o uso de óculos, porém quando a irregularidade corneana torna-se maior, faz-se necessário o uso de lentes de contato rígidas, ou 16 ainda a necessidade de procedimentos cirúrgicos (implante de anel intra-corneano, transplantes lamelares e transplantes penetrantes da córnea) (MACEDO, 2009; SCHIRBECK, 2005). Existe ainda a situação de urgência no ceratocone – a hidoropsia aguda - que poderá indicar um transplante de urgência, devido ao risco de perfuração ocular. O diagnóstico do ceratocone é essencialmente clínico, a partir da medida da acuidade visual, refração e esquiascopia, biomicroscopia, ceratometria, sendo necessários para a sua confirmação e estadiamento a realização de exames complementares (topografia corneana, paquimetria ultra-sônica).(YAMANE, 2003) As distrofias corneanas caracterizam-se por ter uma apresentação bilateral, hereditária, progressiva, não-inflamatória, e não se associar a doenças sistêmicas (KANSKI, 2008) São doenças que afetam principalmente a região periférica da córnea, e se associar a presença de neovascularização. Existem diversas distrofias descritas, e por esse motivo são classificadas anatomicamente, de acordo com o comprometimento da estrutura corneana em: distrofias da membrana anterior, que envolve o epitélio corneano, a membrana basal e a membrana de Bowman; as distrofias estromais comprometem qualquer estrutura do estoma corneano, e as distrofias da membrana posterior, que comprometem o endotélio e a membrana de Descemet (VANDER et GUALT, 2001). As distrofias corneanas têm diversas manifestações clínicas, que se tornam evidentes a partir da terceira década de nascimento, sendo mais comum nas distrofias da membrana anterior a erosão recorrente do epitélio coneano; as distrofias estromais se manifestam como opacidades estromais numulares, linhas refrativas e manchas estromais, podendo evoluir para afinamento corneano. As distrofias da membrana posterior caracterizam-se pela presença de edema corneano, aumento da espessura da córnea e comprometimento extremo da visão (RODRIGUES, DANTAS, 2001; VANDER, GUALT, 2001). 2.3.2. Doenças corneana de causa externa. 17 Dentre as patologias corneanas associadas a um agente externo, podemos destacar: - Infecções corneanas - As infecções corneanas estão geralmente associadas a trauma ocular prévio, e a partir da contaminação e lesão do epitélio corneano. As úlceras de córnea são freqüentemente encontradas em trabalhadores rurais, trabalhadores que exercem atividade onde é comum a exposição da região ocular a resíduos e partículas endurecidas (serralheiros, marceneiros, trabalhadores de fábricas) (LIMA, 1995, FERRAZ, 2002). pedreiros, Diversos agentes infecciosos podem ser inoculados, a partir deste trauma: bactérias, micobactérias, fungos, vírus. Quando instaladas, as infecções corneanas necessitam de tratamento imediato, com antibióticos, quimioterápicos e antiinflamatórios. A conseqüência mais comum após a instalação desta infecção é o leucoma secundário (opacidade corneana que irá comprometer a função óptica corneana) (ENDRISS, 2003; FABRIS, 2001) A ceratite herpética foi, até a década de 80, uma patologia bastante associada a indicação de transplante de córnea ( SANO, 2008; ÁVILA, 2001; CATTANI, 2002), porém com a descoberta dos agentes retro-virais (Acyclovir) houve um melhor controle e tratamento desta doença, diminuindo as chances de apresentação das formas mais graves dessa infecção viral. - Trauma direto, queimaduras, abrasões - A situação anatômica da córnea faz com que o trauma direito seja possível, em diversas circunstâncias: agressões, acidentes oculares com objetos rombos e pontudos, contato direto com substâncias químicas, vapores e agressões térmicas. As perfurações corneanas apesar de tratadas podem levar a formação de cicatrizes e deformidades que comprometeram a função óptica corneana, e necessitar do tratamento com a ceratoplastia penetrante (ÁVILA, 2001, FERRAZ, 2002). 2.3.3. Doença corneana secundária a cirurgia intra-ocular. 18 A ceratopatia bolhosa do pseudo-fácico e afácico é uma doença corneana secundária a cirurgia de catarata, em função do comprometimento do endotélio corneano, por perda destas células em função das trocas líquidas, manipulação e a necessidade de utilização de substâncias intra-oculares que fazem parte do procedimento cirúrgico (GONÇALVES, 2008). O comprometimento da acuidade visual e da estrutura corneana é dependente do nível de descompensação da córnea, que varia de acordo com a perda de células. (NETTO, 2006; FABRIS, 2001; HERRERA, 2008). Além da baixa visual, o edema estromal associado a alterações do epitélio corneano poderá levar a existência de dor ocular, e o tratamento clínico é apenas paliativo, com antiinflamatórios e lubrificantes, porém o tratamento definitivo é o transplante de córnea (GONÇALVES, 2008; SANO, 2008). 2.4. HISTÓRIA DOS TRANSPLANTES. A história dos transplantes de órgãos remonta a própria origem do homem, levando-se em conta os escritos bíblicos, em que Adão é considerado o primeiro doador (da costela), que gerou o segundo ser (Eva), no livro do Gênesis 2:21-22. Revisando ainda a história antiga, existe a citação dos dois irmãos gêmeos médicos chineses, que teriam transplantado uma perna de um soldado negro morto em combate, em um velho branco que havia acabado de ser amputado (ano 267). Foram mortos e viraram os padroeiros dos médicos cirurgiões (PEREIRA, 2004). Estes seriam reconhecidos pela igreja católica como santos, no século XII, pelo arcebispo de Gênova (São Cosme e São Damião). (PESTANA, 2007). Intrinsecamente relacionadas à prática de transplantes de órgãos, as transfusões de sangue, tentadas desde o início do século XVIII, passaram a ter sucesso após se proceder à tipologia dos grupos sanguíneos. Esse procedimento propagou-se amplamente durante e após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando surgiram os primeiros bancos de sangue, nos quais tornava-se possível armazenar o sangue em condições de ser aproveitado (LAMB, 2000). Os transplantes de órgãos sólidos não vitais começaram a ser realizados no início do século, quando já se realizavam os transplantes de pele para tratamento 19 de queimaduras, sendo que nesta fase do desenvolvimento da ciência se realizavam apenas alotransplantes. Existe o relato de que o primeiro transplante de córnea, tecnicamente bem sucedido, foi realizado em 1647, em Nimes, na França, pelo professor Vicent de Paul Argent, que conseguiu restabelecer a visão de um aldeão de nome Angel por um período curto de tempo. Porém, o primeiro transplante de córnea, historicamente reconhecido pela comunidade científica, foi realizado por Edward Zim, em 1905, que permaneceu viável por um ano. Por terem se realizado mais cedo, os transplantes de córnea foram os primeiros a se consolidarem como prática rotineira. Já em 1944, foi criado o primeiro Banco de Olhos do mundo, no Hospital de Olhos, Ouvido e Garganta, em Manhattan (PEREIRA, 2004). Os transplantes de órgãos sólidos se tornaram possíveis na década de 50, sendo reconhecida a grande importância do desenvolvimento da técnica da sutura dos grandes vasos, pelos cirurgiões Aléxis Carrel (1873-1944, que ganhou o prêmio Nobel em 1912) e Chalés C Guthrie (1880). Nos transplantes de órgãos vitais não regeneráveis registra-se a suma importância dos fatores imunológicos no processo de rejeição. A propósito, os estudos de Peter Medawar sobre esse assunto lhe renderam o prêmio Nobel de 1960, quando descobriu a importância de desenvolverem-se protocolos de imunossupressão (LAMB, 2000). Durante as duas décadas seguintes o grande desafio foi a utilização de imunossupressores controlando seus efeitos colaterais (nefrotoxicidade, hepatotoxicidade, hiperglicemia, infecções, hiperpotassemia). Já no ano de 1983, o desenvolvimento de uma nova droga, mais seletiva e com menos efeitos colaterais (Ciclosporina) possibilitou um maior controle pós-operatório dos transplantados (SALMELA et al., 1995). Nos anos 80, desenvolveu-se uma nova droga (Tacrolimus), padronização na retirada de múltiplos órgãos e a descoberta de soluções utilizadas na conservação de órgãos e tecidos por Bezel (PEREIRA, 2004). 2.4.1. Histórico dos Transplantes no Brasil Na história dos transplantes no Brasil, o primeiro transplante de órgão vital foi realizado em 1964 no Rio de Janeiro e 1965, em São Paulo, ambos transplantes renais. O primeiro transplante cardíaco do Brasil foi realizado pelo Dr. Euclydes de 20 Jesus Zerbinni e sua equipe, em 1968, um ano após a realização do primeiro transplante cardíaco do mundo, realizado na África do Sul, pelo Dr Crhistian Barnard. O primeiro transplante de órgãos foi o de córnea, 1954, realizado pelo Prof. Dr. Hilton Rocha, em Minas Gerais (Hospital São Geraldo), e em São Paulo pelo Prof. Ciro Resende, na Escola Paulista de Medicina, hoje UNIFESP (UFMG, 2003; FARIAS, 2008). Apesar do início da realização dos transplantes nos anos 60, somente na década de 80 houve um avanço considerável no número de transplantes realizados, podendo-se destacar a vital importância do aperfeiçoamento da técnica cirúrgica. Junto com isso, os avanços da tecnologia proporcionaram o desenvolvimento de novos equipamentos e exames complementares, assim como a possibilidade de um maior controle da rejeição. Naquela década, criou-se também a estrutura necessária para retirada, conservação e distribuição de órgãos para transplantes (SILVEIRA, 2009). 2.5. TRANSPLANTES DE CÓRNEAS – DADOS ESTATÍSTICOS. As estatísticas nacionais demonstram que os transplantes de córnea representam cerca de 79% do número total de transplantes de órgãos ou tecidos, e, em comparação com os números dos EUA, temos os dados a seguir: no ano de 2004, a totalização de doações e transplantes da Associação Americana de Banco de Olhos obteve: doações de córneas representaram 81702 córneas,; o número de transplantes foi de 46841. Os dados sobre doação e transplante de córnea no Brasil ainda não estão compilados de forma adequada e, portanto, as estatísticas disponíveis ainda não retratam a realidade no país, porém os dados do Ministério da Saúde constataram: 11800 córneas doadas e 8183 transplantes de córneas realizados. (Ministério da Saúde/SNT, 2004). Em 1998, foi criado o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para coordenar a atividade dos transplantes de órgãos e tecidos no território nacional. Desde então, cada estado brasileiro passou a ter uma Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO), que se tornou responsável pela 21 distribuição dos órgãos e pelo controle da lista de espera (BRASIL, 1998; HIRAI et al., 2002; OLIVEIRA et al., 2003). Figura 3. Transplantes de órgãos no Brasil Fonte MINISTÉRIO DA SAÚDE Fig. 1 Evolução dos transplantes de órgãos no Brasil – Fonte Ministério da Saúde 2006. 2.6. TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS EM SERGIPE Em Sergipe, assim como em outros estados, até 1999, os transplantes de córnea eram realizados sem maior controle das doações e distribuição das córneas, chegando a funcionar dois bancos de olhos ligados a alguns serviços médicos de oftalmologia da cidade de Aracaju. Somente após a entrada em vigor da nova legislação, é que se alterou a forma de captação e distribuição das córneas, em Sergipe (CNCDO/SE, 2008). Os transplantes realizados entre 1988 e 2000 eram realizados a partir da captação de córneas que obedecia a listas de espera diversas, sendo o cirurgião responsável pelo paciente o detentor da decisão de quem operar primeiro. Nesta época, o IML ou o Hospital onde ocorria o óbito contatava um banco de olhos em particular, sem qualquer critério, e o médico oftalmologista era acionado para retirar o órgão, a qualquer hora do dia ou noite, sem que houvesse uma sistematização de condutas e definição da correta distribuição do tecido doado. Com a instituição da Central Única de Transplantes de Sergipe, passou-se a utilizar um protocolo de coleta das córneas, assim como se criou a lista única de espera. Dentre 22 os transplantes realizados até o ano de 2008, os transplantes de córnea representam 83% do número total de cirurgias (CNCDO/SE, 2009).Quadro 1 Quadro 1. Transplantes de órgãos em Sergipe Até 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Total 2002 Percent. (%) Córnea 112 67 68 32 45 54 30 428 83,1 Rim 09 07 03 03 18 24 08 72 14 Osso 02 01 01 02 01 04 02 13 2,5 Coração 01 0 0 01 0 0 0 2 0,4 Total 124 95 72 37 65 82 40 515 100 Fonte: CNCDO/ SES-SE, 2009. Diante do exposto, passamos a ter interesse no estudo deste Serviço Público oferecido à população do nosso estado, procurando verificar o mecanismo de funcionamento da Central de Notificação, Captação e Distribuição de órgãos de Sergipe (CNCDO), no que diz respeito à realização de transplantes de córnea, tentando caracterizar a capacidade de oferta de córneas a um número razoável de pacientes que necessitam deste tratamento. Nosso estudo tentará caracterizar os detalhes do processo de captação, acondicionamento e preservação, distribuição das córneas, o número de cirurgias realizadas ao longo de 09 anos e 04 meses, o nível de resolutividade e deste serviço público de controle e coordenação de transplantes, a caracterização dos doadores e receptores destas córneas, além de dados que dizem respeito aos critérios médicos e éticos utilizados na distribuição das doações. (CNCDO/SE, 2009). 2.7. TRANSPLANTES NO BRASIL: ATUALIDADES Existe uma disparidade muito grande entre a efetivação de uma doação de órgãos e o número de doadores em potencial. Segundo uma estatística americana publicada em 1990, de um número de 20.000 potenciais doadores que 23 morreram por ano, somente 3.000 tornou-se realmente doadores (MCOUGH, 1990). No Brasil, registra-se ano a ano um aumento significativo no número de doadores, assim como do número de transplantes realizados (BRASIL, 2010) e esse fato é atribuído ao aumento do investimento do governo federal neste setor. Em números absolutos, houve um aumento de investimento de R$ 295,84 milhões em 2002 para R$ 990,84 milhões em 2009. Além disso, houve uma melhor estruturação e funcionamento das centrais de transplantes e das coordenações hospitalares, um maior investimento em cursos e treinamento oferecidos aos profissionais de saúde diretamente ligados a este processo (BRASIL, 2010). Desta forma, o número de doações aumentou em 26% no ano passado, comparado ao ano anterior, com o registro, em número absoluto de doadores de 1.668, que representa 8,7 doadores por milhão da população (ppm), e um número total de 20.253 transplantes realizados, em 2009, que representa um aumento de 5% comparado a 2008 (BRASIL, 2010). Os transplantes de córnea cresceram em 10 anos, de 3179 em 1999, para 12373, em 2009. Apesar deste crescimento, ou um pequeno decréscimo em 2009, com relação á 2008, de 1, 79%, nos transplantes de córnea realizados. (ABTO 2010, BRASIL, 2010) Tabela 1 Tabela 1. Gastos com transplantes no Brasil Ano Valor (R$) em mi. 2002 285,94 2003 327,85 2004 409,40 2005 526,50 2006 602,90 2007 713,10 2008 824,20 2009 990,51 Fonte: Ministério da Saúde, 2010 24 Quadro 2. Transplantes realizados no Brasil em 2008 e 2009. Córnea Medula 2008 2009 12.951 12.723 -1,76% Rim Falecido Coração Cresc.% 2008 2009 Cresc.% 2008 2009 1.459 1.531 4,93% 210 Figado Pulmão 2008 2009 2.018 2.532 25,47% 1.172 1.322 12,79% 55 201 Cresc.% 2008 2009 Cresc.% 2008 2009 59 Cresc.% -4,29% Cresc.% 7,27% Quadro 3. Crescimento do número de doações no Brasil (2008 X 2009). Total de Transplantes Realizados 2009 Cresc.% 19.307 20.253 4,90% Total de Transplantes Realizados em Órgãos Sólidos Total Total 2009 Cresc.% 2008 5.999 22,50% Fonte: Ministério da Saúde, 2010 2.7.1 Situação da lista de espera: A lista de espera por transplante teve redução de aproximadamente 1% entre dezembro de 2008 e dezembro de 2009. Em 2008, a lista apresentava 64.275 pessoas aguardando por doações, incluindo córneas. Em 2009, este número caiu para 63.866. O aperfeiçoamento dos processos de gestão das centrais estaduais tem participação nesta redução, à medida que as listas têm sido atualizadas e pacientes recadastrados. (Brasil, 2010) Anexo A 2.8 BIOÉTICA E TRANSPLANTES Como já citamos, os transplantes de órgãos e tecidos deixaram de ser procedimentos médicos experimentais para tornarem-se procedimentos terapêuticos capazes de recuperar deficiências funcionais, e nas últimas três décadas ficou 25 definida a carência de órgãos, frente ao número crescente de pacientes a espera destas doações. Em função desta realidade, novas estratégias para o aumento da captação de órgãos vêm sendo implementadas em todo o mundo. Essa crescente necessidade, porém, não pode ser justificativa para uma não observância dos aspectos éticos que estão vinculados ao ato da doação de órgãos, considerando-se a característica humanitária e de solidariedade deste ato, assim como a necessidade do respeito à condição de inviolabilidade do doador vivo ou morto (SILVEIRA, 2009). Dentro da análise da realidade de uma oferta pequena destes órgãos, é importante considerar os diferentes focos desta questão: os aspectos da ética médica, os novos métodos e ações para aumento da captação de órgãos, as expectativas dos receptores e doadores, e a opinião da sociedade inserida neste processo. Como toda inovação científica, existe a necessidade de se definir critérios, suplantando inclusive padrões de conduta existentes sem, contudo, desconsiderar o aspecto ético de todo o processo. Nas diferentes modalidades de transplantes (heterólogo ou autólogo), a ética nos obriga a respeitar princípios e direitos inatos do ser, vivo ou morto: intangibilidade corporal, confidencialidade, autonomia, solidariedade e gratuidade (RAIA, 2003). Esta situação levou à necessidade da criação de critérios para a retirada destes órgãos, em doadores não vivos, sendo respeitados a ética e o respeito à dignidade humana. No ano de 1968, a Escola de Medicina de Harvard foi a primeira a aceitar discutir o conceito de morte, criando uma comissão específica, que estabeleceu dois propósitos: identificar o momento da morte, para reduzir os custos com o suporte mecânico e informar aos parentes seu real estado (vivo ou morto), e identificar pessoas mortas de quem os órgãos poderiam ser retirados para serem utilizados em transplantes (SILVEIRA, 2009). O informe deste comitê é considerado a marco inicial nos critérios de definição de Morte Encefálica (SILVEIRA, 2009). Essa nova perspectiva da necessidade desta definição levou à criação de uma legislação regulamentadora da coleta de órgãos em todo o mundo, respeitando as características próprias de cada sociedade, princípios culturais e religiosos. No nosso país, tivemos a primeira lei de transplantes regulamentada em 10 de agosto de 1968 (Lei n. 5479), que foi substituída em novembro de 1992 pela 26 Lei 8489, que versava sobre a doação e transplante de órgãos e tecidos, porém não regulamentava o processo de retirada e transplantação (SNT/MS, 2003). O novo texto, porém, causou muita controvérsia, ao determinar que aquele que não manifestasse em vida sua posição contrária tornar-se-ia automaticamente doador. A partir deste fato, vários segmentos da sociedade brasileira passaram a discutir esse tema, ficando claro uma posição contrária a esta conduta, fazendo com que uma nova lei (Lei 9434), promulgada em 04 de fevereiro de 1997, que passou então a regulamentar todo o processo de captação e transplantação, e assim garantir o direito de cada um de ser ou não doador de órgãos post mortem (ABTO, 2003). Diante destes fatos, o Conselho Federal de Medicina estabeleceu, em 1997, os critérios para o estabelecimento do diagnóstico de morte encefálica, baseado nos princípios aceitos pela comunidade científica mundial e, para tanto, considera os dados obtidos através da anamnese, exame físico e exames complementares (CFM, 1997), e ressalta uma série de parâmetros especificados em anexo, na resolução 1480. (Anexo B). 27 3. OBJETIVOS 3.1. OBJETIVO GERAL Estudar os dados epidemiológicos dos doadores e receptores de córnea no estado de Sergipe, a partir da implantação da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgão de Sergipe, a partir de 2000 até 2009. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Avaliar a resolutividade do serviço prestado à população, considerando-se a quantidade de cirurgias realizadas e o número de pessoas na fila de espera, a cada ano. • Determinar o percentual de córneas não utilizadas (descartes) e quais as principais causas da não utilização. • Quantificar o tempo médio de espera pelo transplantes de córnea. • Estimar o percentual de rejeição e/ou falência do enxerto. • Verificar a freqüência de positividade dos testes sorológicos utilizados como marcadores para a pesquisa de doença infecto-contagiosas. (Anexo C) • Verificar o tipo de solução utilizada para a preservação da córnea doada. 28 4. METODOLOGIA 4.1. TIPO DE ESTUDO Trata-se de um estudo observacional, transversal, descritivo. Esse estudo tem como objetivo caracterizar epidemiologicamente os doadores e receptores de córneas cadastrados CNCDO/SE. Além disso, procurou-se observar a freqüência anual de cirurgias realizadas, o percentual de aproveitamento das córneas doadas, a freqüência das rejeições e a média de espera por uma córnea, estimando o grau de resolutividade deste serviço médico prestado à população do nosso estado. 4.2. LOCAL DO ESTUDO, PERÍODO DE COLETA, INSTRUMENTO DE PESQUISA, AMOSTRA. Este estudo foi realizado no Hospital de Urgência de Sergipe, Hospital terciário onde se sedia a CNCDO/SE, onde estão arquivados os prontuários dos pacientes doadores e receptores de córnea. Esses dados foram obtidos no período de fevereiro a abril de 2009, utilizando-se como instrumento de pesquisa fichários de coleta de dados, um para os doadores e outro para os receptores (Anexos D e E). Como critério de inclusão, considerou-se todos aqueles pacientes, doadores e receptores, que foram atendidos no período de janeiro de 2000 a abril de 2009. Essa data foi definida porque a partir de janeiro de 2000 passou a existir uma lista única de candidatos ao transplantes de córnea, e a CNCDO/SE passou a ser u único serviço credenciado pelo Ministério da Saúde a prestar esse serviço em Sergipe, conforme a legislação em vigor no país (Lei 9434). Foram excluídos do estudo os pacientes cujos prontuários estavam incompletos, assim como os prontuários que não se tinha informações quanto ao resultado dos testes sorológicos utilizados como marcadores. 29 Inicialmente coletou-se um número total 302 pacientes, sendo descartados 30 pacientes por não existir nos prontuários as informações míninas para a análise, e 272 pacientes foram estudados como doadores, com um número total de 544 córneas doadas, e após os descartes, 415 pacientes definidos como receptores de córnea. O dado rejeição ou falha do enxerto corneano foi considerado a partir do re-ingresso do paciente que desenvolveu essa condição clínica pósoperatória á fila de espera para o ré-transplante. 4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA Foi confeccionado um banco de dados no Excel, e esses dados foram transferidos para um programa estatístico PAWS, versão 18, para teste. Descreveram-se as variáveis numéricas como média e desvio padrão, ou medianas e percentis, quando mais adequado. As variáveis categóricas foram descritas na forma de contagem e porcentagem, e seus respectivos intervalos de confiança, quando pertinentes. . 4.4. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS O projeto de pesquisa foi apresentado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, sendo aprovado, sob o número CAAE 0137.0.107.000-09. 30 5. RESULTADOS 5.1. Doadores A amostra dos doadores consistiu de 272 pacientes, com um total de 544 córneas doadas. A média de idade verificada foi de 39,4 ± 15,9 anos, com a idade mínima de um e máxima de 76 anos. Em relação ao sexo, houve uma maior freqüência do sexo masculino com 68,4 %(184/272). A maioria dos doadores (92,3 %) ou (250/272) apresentou negatividade dos testes sorológicos para triagem, e, portanto, somente este percentual das córneas foi enviado para processamento. Fig 2; Fig 3 Figura 2. Homens X Mulheres doadores. Entre os doadores de córnea observou-se uma proporção de 10,7% (29/272) (IC 95% 7,7 a 15) como doadores de outros órgãos. Das 544 córneas coletadas, descartou-se 8% (44/544) correspondentes aos doadores com positividade para os testes sorológicos para doenças infecciosas. Após o processamento das córneas elegíveis, descartou-se 13% (70/544) das 31 córneas devido a sua baixa qualidade, considerada inadequada para transplantes (presença de opacidades, baixa celularidade), resultando num aproveitamento de 79,0 % (429/544). Figura 3. Triagem de exames. CÓRNEAS DOADAS (APROVEITADAS X DESCARTADAS) 21 % Quantidade de Córneas aproveitada s Quantidade de Córneas descartada s 79 % Figura 4. Córneas doadas (aproveitadas X descartadas) Quanto à necessidade do diagnóstico de morte cerebral entre os doadores, verificou-se uma freqüência de 18,4 % (50/272); (IC 95% 14,0 a 23,5). 32 Tabela 2. Distribuição de causas mortis em doadores de córnea da Central Única de Transplante de Córnea de Sergipe, no período 2000 a 2009. Causa mortis N(272) (%) Trauma 126 46,3 Doença cardiovascular 74 27,2 Doença crônica agudizada 52 19,1 Outros 20 7,4 A distribuição de causa mortis entre os doadores mostrou uma maior proporção de trauma com 46,3% (126/272), seguido de doença cardiovascular; havendo uma menor proporção para as causas relacionadas à doença crônica agudizada (19,1 %) ou (51/272;) e outras com 7,4% (20/272). A doença cardiovascular apresentou um valor semelhante ao esperado pela variação amostral, de 25% (68/272). Tab.2 Ainda relativamente às córneas doadas, observamos que houve um predomínio da utilização do Optsol®, com 57%, seguido do Likol®, com 20,2%, do Corneal-chum® com 18%, do Euso®l, com 3,7% e do Opthalmus®, com 1,1% .Tab .3 Tabela 3. Conservante utilizado na córnea doada CONSERVANTE N(544) (%) Optsol® 310 57,0 Likol® 110 20,2 6 1,1 98 20 18,0 3,7 Opthalmus® Corneal-Chum® Eusol® 33 MÉDIA DE IDADE (DOADORES X RECEPTORES) 6 0 5 0 4 0 3 0 2 0 1 0 0 51,8 39,4 Idade média dos Receptores Idade média dos Doadores Figura 5. Média de idade (doadores X receptores) 5.2 Receptores Com relação aos pacientes submetidos ao transplantes de córnea, aqui chamados de receptores, a amostra consistiu de 415 pacientes, com média de idade de 51,8 ± 25,0 sendo a mínima de 01 e máxima de 94 anos. Esses pacientes foram os selecionados a partir dos critérios de inclusão e exclusão, entre os 429 doadores. Fig 5 HOMENS X MULHERES (RECEPTORES n=415) 52 % 48 % Figura 6 Homens X Mulheres Receptores Quantidade de Mulheres (Receptores ) Quantidade de Homens (Receptores ) 34 A distribuição do sexo masculino (51,8% ou 214/415) e feminino (48,2% ou 200/415) foi semelhante na amostra. Fig 6 Com relação aos diagnósticos de doença corneana, levando à necessidade da realização do transplante, foi observado um predomínio da ceratopatia bolhosa, com 37,3% (155/415). Observou-se, ainda, uma proporção menor de ceratocone, com 18,8% (78/415) que o esperado pela variação amostral (25%). A freqüência de leucoma com 22,7% (94/415) e outros com 21,3% (88/415) (queimadura química, úlcera de córnea, descematocele) apresentaram um valor semelhante ao esperado (25%) (TABELA 4). Tabela 4. Distribuição de doenças de córnea levando necessidade de transplante em receptores Doenças da córnea N(415) (%) Ceratopatia bolhosa 155 37,3 Ceratocone 78 18,8 Leucoma 94 22,7 Outros 88 21,2 A freqüência de rejeição pós transplante de córnea foi de 8,7%(36/425) (IC 6,1 a 11,8). A ocorrência de novo transplante registrada foi de 8,9%(37/415) (IC 6,4 a 12,1). Entre os transplantados apresentando rejeição, 95,7 % foram submetidos a novo transplante. Fig 7. 35 VIABILIDADE DO TRANSPLANTE (n=415) 8,7 % Quantos Receptores não sofreram rejeição Quantos Receptores tiveram rejeição 91,3 % Figura 7. Viabilidade do transplante Quanto ao tempo de espera por uma doação de córnea 25% dos pacientes permaneceram até 2,2 meses na fila de transplante; metade dos pacientes mais de 9,9 meses (mediana=9,9 meses); 75% aguardaram até 38,6 meses (percentil 75=38,6) e 90% dos pacientes apresentaram um tempo superior a 55,6 meses (p95=55,6 meses). Verificou-se uma variação grande, visto que a média de espera, em meses, foi de 20,3± 23,4. Tab 5. Na figura 10 descreve-se a distribuição da doações e dos transplantes, ao longo do período estudado.Fig 8. Tabela 5. Distribuição de tempo de espera por transplante de córnea Percentis Tempo de espera (meses) 25 2,2 50 9,9 75 38,6 90 55,6 36 Figura 8. Distribuição por ano de doações e transplantes de córnea. Fonte CNCDO-SE Analisou-se ainda a evolução da fila de espera, ao longo do período estudado: em janeiro de 2000 havia 84 pacientes na fila de espera, e houve um crescimento considerável ao longo dos anos, com um aumento progressivo, chegando a um número de 320 pacientes, em abril de 2009. A média de pacientes no período estudado foi de 302 pacientes, porém registrou-se no final de 2009 um número total de 102 transplantes de córnea e, portanto, houve uma leve diminuição dos pacientes na fila de espera no início de 2010 (302 pacientes). Fig 9. 37 Fig 9 . Distribuição dos pacientes na fila de espera, de 2000 a 2010. Fonte CNCDOSE 38 6. DISCUSSÃO O crescimento da realização de transplantes de órgãos em todo o mundo tornou-se evidente na década de 80, quando o avanço das técnicas cirúrgicas em diferentes áreas da medicina, associaram-se à descoberta de novos medicamentos, capazes de diminuir ou amenizar os efeitos das reações auto-imunes e, conseqüentemente, reduzir a possibilidade de rejeição (SALMELA, 1999; SILVEIRA, 2009). No que diz respeito à baixa visão por doenças da córnea recuperáveis por um transplante, acredita-se que represente 20% do número total de casos de cegueira recuperável em todo mundo (WHO, 2008). Apesar de ser dentre todos os transplantes, o mais realizado, no Brasil ainda existe um número grande de pacientes aguardando por uma córnea (BRASIL, 2009; ABTO, 2009). Como em todo o mundo, também em nosso país o número transplantes realizados tem crescido, porém poucas pesquisas a este respeito têm sido publicadas (ADAN, 2008). A presente pesquisa procurou caracterizar epidemiologicamente os transplantes de córnea realizados em Sergipe ao longo de nove anos e quatro meses, analisando tanto os doadores quanto os receptores de córnea. O setor responsável pela captação e distribuição de córneas é a Central de Transplantes de Sergipe, órgão criado em 2000, que passou a cadastrar todos os pacientes à espera de um transplante de córnea, funcionando em tempo integral, em regime de plantão, e possuindo, atualmente, enfermeiros responsáveis pela retirada e conservação inicial do globo ocular. O globo era então enviado ao Banco de Olhos de Brasília, que processava as córneas e as devolvia à Central Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Sergipe, que posteriormente fazia a distribuição deste tecido ocular aos cirurgiões responsáveis pelos pacientes cadastrados como receptores, de acordo com a sua ordem de inscrição. Em outubro de 2009, o Banco de Olhos de Sergipe passou a funcionar, e o processamento da córnea doada começou a ser realizado em nosso estado desde então, modificando deste jeito uma realidade de anos. (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE SERGIPE, 2009). DE 39 Dentre os doadores de córnea, este estudo esteve em conformidade com a maioria dos estudos pesquisados, no quesito sexo do doador, com o predomínio do sexo masculino (68,4%). Porém, na caracterização epidemiológica idade do doador, esta pesquisa obteve resultados diferentes da literatura nacional pesquisada - uma média de 39,4 anos (ADAN et al., 2008; VIEGAS, 2009), que referiram uma média de 57,2 anos e 56,8 anos respectivamente, porém se assemelhando no que diz respeito ao gênero (60,34%; 56,8%). Essas características sugerem que neste estudo, as doações de córnea foram mais prevalentes entre os homens, com faixa etária populacional de jovens. A idade mais avançada do doador pode ser considerada um fator de risco para a realização de transplantes de córnea (SOUSA, 1997). Córneas doadas por pacientes abaixo dos 50 anos apresentam uma população de células endoteliais maior que em pacientes mais idosos. Farias et al. (2007) observaram que a idade, uma população de células endoteliais acima de 2500/mm3 e uma causa mortis que não fosse doença infecciosa apresentaram associação estatisticamente significante para uma maior qualidade da córnea doada. Um estudo multicêntrico, que analisou 43 diferentes bancos de olhos concluiu que a idade do doador acima dos 66 anos de idade é um fator de risco moderado para a realização do transplante de córnea, mesmo existindo uma população de células endoteliais entre 2500 a 3300 cel/m3 (Cornea Donor Study Investigator Groupgal RL, 2008). Armitage et al. (2003) constataram uma maior perda de células endoteliais pós-transplantes em pacientes que receberam córneas de doadores com idade superior a 70 anos, mesmo estes doadores possuindo uma celularidade préoperatória superior a 2300 cel/mm3. Devemos ainda ressaltar que boa parte dos indivíduos com idade superior a 70 anos poderiam já ter se submetido à cirurgia intaocular (facectomia, tabeculectomia) e que, por este motivo, poderiam apresentar uma perda de células endoteliais prévia, devendo estas ocorrências serem consideradas na análise de uma provável doação de córneas (ARMITAGE et al., 2010). Quando analisamos o quesito causa mortis, entre os doadores, houve um predomínio no estudo aqui descrito do trauma, com 46,3%, seguido da doença cardiovascular com 27,2% e o desfecho de doenças crônicas com 19,1%. Esses números diferem mais uma vez com o estudo de Adan, no qual predominam as 40 doenças do aparelho circulatório (40%), seguida da neoplasia (15,9%). Conforme os dados, os homens com idade abaixo de 40 anos são mais susceptíveis a serem vítimas de trauma e, portando, esses indivíduos acabam sendo os doadores mais freqüentes na população estudada. Boa parte das doações de córnea do estado é proveniente de pacientes atendidos no maior hospital de urgência de Sergipe (HUSE) (CNCDO/SES, 2010). Os dados do Ministério da Saúde revelam que de 1991 a 2000 ocorreram 1.118.651 mortes por causas externas (trauma), e que, desse total, 926.616 ou 83,8% foram de indivíduos do sexo masculino (SIM/DATASUS, 2001 ). Para Weisselfisz (2004), que realizou uma pesquisa sobre a violência juvenil no Brasil, o percentual de mortes em jovens abaixo de 24 anos representa 54% do total de mortes registradas. Dados publicados no relatório do Ministério da Saúde, de 2007, revelam um perfil da mortalidade no Brasil. Essa pesquisa observou a causa externa (homicídios e acidentes de trânsito) como a segunda maior causa de morte, entre o sexo masculino, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares, em faixa etária entre 20 a 59 anos (Ministério da Saúde, SIM, 2007). Um estudo nacional sobre o perfil da violência urbana verificou uma tendência a crescimento de morte por causa externa, da década de 80, que vem se mantendo e acentuando, levando ao aumento de 59 mortes para 100 mil habitantes, em 1980, para 72 mortes por 100 mil, em 2002 (SOUZA et LIMA, 2006) Essa mesma pesquisa demonstrou que Aracaju apresentou um número de 73,2 mortes por 100mil da população, por causa externa, estando em 4º lugar entes as capitais do Nordeste. A pesquisa de Gomes et Al verificou associação estatisticamente significantes entre um número maior de mortes violentas e o baixos índices sócio-econômicos em certas regiões do país (GOMES, 2007) Essa mesma pesquisa, analisando os dados do sistema SIM do Ministério da Saúde verificou a inversão de colocação das mortes por homicídios, que estava em 2º lugar, na década de 80, entres a mortes por causa externa, passando ao 1º lugar, em 2005. O crescimento de cidades de médio porte e o fenômeno crescente da urbanização vem se associando à pouca oferta de emprego, para jovens com baixa escolaridade, e esses acabam mais facilmente se expondo a violência e criminalização. A cidade de Aracaju, apesar de ter sido considerada, pela Fundação Getúlio Vargas, em uma pesquisa que avaliou qualidade de vida em capitais brasileira, realizada em 2005, o primeiro lugar em satisfação entre seus habitantes, e 41 a 12a entre todas as capitais brasileiras, ainda apresenta um baixo IDH, e também apresenta índices de mortalidade por causas externas elevado. (IBGE, 2007) Estudos sobre o metabolismo da córnea e a causa mortis do doador observaram que existe uma alteração no metabolismo corneano de doadores portadores de doenças crônicas e doadores idosos. Redbrake conseguiu verificar a diminuição do metabolismo da glicose e da adenosina-trifosfato em pacientes que vieram a óbito e apresentavam câncer, insuficiência renal e septicemia (REDBRAKE et al., 1994). Hirai et al. (2009), em seu estudo do banco de olhos do Hospital São Paulo, também verificaram uma maior qualidade das córneas doadas em doadores vítimas de trauma, e atribuíram este fato à preservação de seu metabolismo, visto que a causa mortis não chegou cronicamente a seu metabolismo sistêmico (HIRAIL et al, 2009). Algumas pesquisas demonstraram que córneas de doadores de maior idade têm menor associação com a rejeição. Este fator parece estar relacionado a uma menor tendência à reação do botão doador, devido a uma maior estabilidade endotelial alcançada após a preservação da córnea, e uma menor intensidade dos processos imunológicos que este tecido poderia gerar no receptor (BORDERIE, 1998; HIRAI et al., 2009). Ainda referente aos doadores levantou-se qual o percentual destes que realizaram os testes sorológicos especificamente utilizados para afastar a presença de doenças contagiosas, conforme o padrão exigido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1998). Observou-se que 92,3% apresentaram negatividade destes testes, sendo apenas essas córneas coletadas e enviadas para o processamento. Como em alguns testes só se obtêm os resultados com alguns dias após a colheita do sangue do doador, é possível que córneas que foram processadas venham a ser posteriormente descartadas, caso alguns destes exames venham a ter um resultado positivo. O número de córneas aproveitadas ficou em 77,1% acima daquele observado por Viegas et al. em 2009. Num estudo de Viegas e Ádan, em 2009, analisando o descarte de córnea por sorologia positiva para infecções virais, observou-se um percentual de 33,4% de córneas descartadas, tanto pela positividade dos testes (observada em 12,4% dos casos), quanto pela presença de 20,0% de testes com resultados inconclusivos. Além da positividade dos testes 42 sorológicos, a presença do comprometimento da estrutura do tecido corneano poderá determinar o descarte da córnea doada (SGARBI, 2002). Num estudo da qualidade da córnea doada, do Banco de Olhos Sorocaba, observou-se um descarte total de 24,4% das córneas processadas, devido à baixa qualidade deste tecido (SILVA, 2007). O descarte de córneas doadas chegou a 49%, na pesquisa de Ádan et al. (2008), ao estudarem dez anos de doações de córneas do Banco de olhos do Hospital São Paulo. Entre os doadores, constatou-se que 10,7% destes também foram doadores de outros órgãos (rins, coração, osso, fígado). Deve-se ressaltar que as córneas podem ser retiradas até 06 horas após a parada do coração (ABTO, 2004; MS 2001), e essa possibilidade faz com que o globo ocular possa ser retirado por último, em doadores de múltiplos órgãos. Na amostra de doadores também se verificou que foi necessário o diagnóstico de morte cerebral em 18,4% desta população amostral, teste este aplicado em pacientes internados e em uso de suportes mecânicos para a manutenção da vida. Este dado sugere que em Sergipe existe um sistema de abordagem do familiar do doador em potencial, e que apenas c um quinto do número total de doadores acaba sendo deste pacientes que receberam assistência hospitalar. A pesquisa de Oliveira et al. (2003) verificou a importância da existência do sistema regional Organização e Procura de Córnea, que juntamente com a criação de uma lista única para transplante de córnea, tornou mais ágil e efetivo o processo de captação e distribuição das córneas. Na análise do meio de preservação utilizado para o acondicionamento e conservação da córnea doada, houve um predomínio do uso do Optsol®, com 52,7%, seguido do Likol,® com 19,7%, o Corneal-Chum® com 18,2%, o Eusol® com 3,7% e o Ophthalmos®, com 1,2%. Esses conservantes têm como composição química básica o Dextrano, o Sulfato de Condointrina a 2,5%, vitaminas e precursores da adenosina trifosfato. Means et al. (1995) demonstraram que o Optsol® é capaz de manter viável o endotélio corneano por um período máximo de 21 dias. Este estudo obteve resultado semelhante ao de Adan et al. (2008), que observou uma utilização predominante do Optisol® na conservação das córneas doadas (variando entre 86,6% no início do estudo – e 1996 a 2000, á 92,2% no período de 2000 a 2005). 43 No que diz respeito aos pacientes submetidos ao transplante de córnea (N= 415), aqui denominados receptores, a média de idade desta população foi de 51,8 (+/- 25) anos, e a distribuição entre os dois sexos foi semelhante. Na pesquisa de Fabris et al. (2001), os pesquisadores obtiveram uma média de idade de 43,3 +/19,8 anos, e Hernandez em Cuba obteve uma média de idade de 52,1 +/- 20 anos (2008). Este fato demonstra que boa parte daqueles que necessitaram do transplante estão em uma faixa etária que exerce atividade econômica, e que a baixa visão compromete de maneira relevante sua qualidade de vida, seus compromissos familiares e sua função na sociedade (WHO, 2008). Essa faixa etária de transplantados também se relaciona aos prováveis diagnósticos de patologia corneana. Ferraz et al. (2002), estudando apenas transplantes de córnea indicados para tratamento de urgência, obtiveram uma maior freqüência em pacientes masculinos abaixo de 40 anos e que tiveram o diagnóstico de úlcera de córnea. As médias mais baixas de idade também estão relacionadas aos diagnósticos das patologias que levaram à indicação dos transplantes; Endriss et al. (2003) obtiveram uma média de idade de 48,4 anos e a maior indicação de transplante foi o ceratocone, que é uma patologia mais freqüente em indivíduos abaixo dos 30 anos (GHANEN, 2003). A pesquisa aqui descrita observou que houve uma maior freqüência do diagnóstico de ceratopatia bolhosa, dentre os receptores, que levou à necessidade de transplante de córnea, com 37,3 % dos casos, seguido de leucoma, com 22 %, do ceratocone com 18%, e as demais causas com 21% (que incluíram distrofias, úlceras, queimadura de córneas). Neste item os dados locais divergiram da maioria das pesquisas nacionais analisadas, que tiveram como principal diagnóstico o ceratocone (ÁVILA et al., 2001; CATANI et al., 2002; ENDRISS et al., 2003; FABRIS et al., 2001; FREITAS et al., 1997), porém se assemelha à pesquisa de Hernandez et al. (2008), com 40% dos casos. O estudo de Fasolo et al. (2006), na Itália, verificou uma predominância de ceratocone, com 47% dos casos, seguido do ceratopatia bolhosa, com 14%. A ceratopatia do pseudofácio ou afácico tornou-se mais freqüente nas últimas décadas, em função do aumento do número de cirurgias de catarata realizadas em todo o planeta. A mudança da técnica cirúrgica, que inicialmente era a cirurgia intra-capsular (anos 60 e 70), evoluiu para a técnica extracapsular e hoje já se estabeleceu e é mais freqüente a cirurgia por faco- 44 emulsificação (PUZT, 2003 DANTAS, 2001). Nas duas últimas técnicas, o processo de retirada do cristalino é intra-ocular, e em função da mobilização de fluidos na câmara anterior, aumenta o risco de perda das células endoteliais. Assim sendo, nos últimos anos houve um aumento no diagnóstico de ceratopatia bolhosa pósfacectomia (AL-MEZAINE; WAGONER, 2005; LOIS et al., 2002). Na análise dos resultados dos receptores observou-se que o percentual de rejeição foi de 8,7% do número total de cirurgias realizadas. Dentre os que apresentaram rejeição, 95% realizaram um novo transplante. Na análise da indicação dos transplantes, 8,9% apresentaram falha do botão corneano (enxerto) e foram ré-transplantados. Na pesquisa de Fabris et al. (2001), o percentual de rejeição foi de 27,5%, sendo a complicação mais freqüente e relevante; Chalita obteve um percentual de 17,69% de rejeição. O Singapure Corneal Transplant Study (2008) verificou uma média maior de rejeição e relacionou os casos a indicação do transplante. Nos transplantes com indicação óptica, o índice de rejeição, após 05 anos de acompanhamento, chegou a 37%; nos casos dos transplantes tectônicos, o índice de rejeição chegou a 51%. Lass et al observaram um perda de células endoteliais em pacientes submetidos a transplante de córnea, ao longo de 05 anos (LASS, 2010). Chalita et al. (2000) correlacionaram seu percentual de rejeição a um transplante prévio e a presença de sinéquias anteriores, que estão associados à inflamação ocular no pós-operatório imediato, além da pouca experiência dos cirurgiões (Hospital-Escola). O item tempo de espera por um transplante de córnea apresentou um resultado de uma espera média, entre os receptores, em dias, de 759,25, que significa 20,3 ± 24,97 meses. Essa variação temporal da população estudada ficará mais bem demonstrada estatisticamente por percentis, comparando o valor encontrado ao que seria esperado. Nesta análise, 25% do pacientes aguardaram 2,2 meses por uma córnea; 50% dos pacientes aguardaram mais de 9,9 meses; 25% dos pacientes aguardaram 38,6 meses e 90% dos pacientes aguardaram até 55,6 meses pelo transplante de córnea. Essa análise englobaria as situações de exceção, em que um paciente pode ter sua cirurgia antecipada por desenvolver um quadro de urgência, no seu cadastramento (ameaça de perfuração ocular por afinamento corneano, infecção, rejeição do transplante, ceratopatia bolhosa dolorosa)(Araújo, 2004), o que faria seu tempo de espera ser muito menor que a média, assim como 45 em situações em que o paciente, por alguma condição de saúde ou de vida, prorroga sua cirurgia, e sua espera também aumenta, em função desta situação e não pela falta de disponibilidade da córnea (CNCDO-SE, 2008). Oliveira et al. (2003), em sua pesquisa em São Paulo, obtiveram um tempo de espera médio de 4,5 meses (variação entre 1 e 24 meses); Fabris et al. (2001) observaram uma média de 17,3+/-9,9 meses, em Porto Alegre (2001); Freitas et al. (1997) em São Paulo, analisando os transplantes de córnea no período de um (01) ano, obtiveram uma média de espera de 5,6 meses, com variação de uma (1) semana a 22 meses. O presente estudo verificou-se que no ano de 2004 houve o maior número de cirurgias realizadas, e após isso houve uma diminuição deste número, que vem se mantendo desde então (SES, 2009). Essa situação resultou em um aumento considerável de pacientes na lista de espera, que praticamente triplicou em 10 anos. A explicação para tal fato, no presente estudo, esteve associada a uma realidade observada em todo Brasil, que foi a diminuição do número de equipes transplantadoras ativas no nosso Estado, ao longo da década (ABTO, 2010), cadastradas a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Sergipe (SES, 2010), associada a um número pequeno de doações a e cirurgias realizadas, assim como o retorno de pacientes transplantados á lista de espera, em função da rejeição ou falha do enxerto, que se somam aos novos inscritos. A espera longa por transplantes de córnea é uma realidade de muito estados brasileiros, apesar do aumento do número de doações observado nos últimos anos. (ABTO 2010; ARAÚJO, 2004; BRASIL 2010) CONCLUSÃO No presente estudo procurou-se avaliar os dados epidemiológicos dos doadores e receptores de córneas em Sergipe, e verificou-se que os doadores foram predominantemente homens jovens que foram vítimas de trauma. Essas características se associaram um grande aproveitamento das córneas doadas, e a um percentual baixo de rejeição, entre os receptores. A indicação predominante do transplante de córnea foi a ceratopatia bolhosa do pseudofácico, seguida do 46 leucoma e ceratocone, sendo a média de idade dos receptores de córnea maior. O tempo de espera foi considerado alto, com um número grande de pacientes a espera de por uma córnea e que aumenta a cada ano, em função de uma média anual de cirurgias realizada ainda pequena além do número pequeno de doações, que são insuficientes para abranger a todos pacientes já inscritos, e a quantidade que necessitará de um novo transplante, entre os transplantados, por apresentar rejeição ou falha do enxerto. 47 REFERÊNCIAS ABTO. I Reunião de Diretrizes Básicas para a Captação e Retiradas de Múltiplos Órgãos e Tecidos. 23 a 30 de março de 2003. Campos do Jordão, São Paulo. Disponíveis em < www. abto.org.br. >. Acesso em 21/09/2009, às 22:15min. ABTO. Dados Estatísticos Sobre Transplantes de Órgãos no Brasil. RTB JAN/MARC 2010. Disponível em < www.abto.org.br.>. Acesso em 13/04/2010, às 20:15min. ADÁN, C, DINIZ A, PORLATO D, HIRAI F, SATO E. Dez anos de doação de córnea no Banco de Olhos do Hospital São Paulo: perfil dos doadores de 1996 a 2005. Arq. Bras. 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Portaria GM nº 931 de 02 de maio de 2006. Aprova o Regulamento Técnico para Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas. Revoga a Portaria GM/MS nº 2.480, de 17 de novembro de 2004. ______. Portaria GM nº 1.183 de 25 de outubro de 2000. Cria o Registro Nacional de Doadores de Órgãos e Tecidos. ______ Portaria GM nº 2.692 de 23 de dezembro de 2004. Estabelece as normas de funcionamento e cadastramento junto ao SUS dos Bancos de Tecidos Oculares Humanos (Banco de Olhos). Revoga a Portaria GM/MS nº 239 de 19 de fevereiro de 2004. PUTZ, C. Oftalmologia Ciência Básica. Ed. Cultura Médica, Rio de Janeiro, 2001.p 105; 108. RAIA, S. Bases filosóficas da ética em transplantes: Conferência Magistral. Anais do Congresso Brasileiro de Transplantes. ABTO. Fortaleza, 2003. RAIA, S et al. Liver transplantation from live donor. Lancet. 2:497. 1989. REDBRAKE C, BEKER J, SALLA S, STOLLENWERK R, REIM M. The influence of the cause of death and age on human corneal metabolism. 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Rio de Janeiro, 2003. 62 ANEXO A – Dados estatísticos sobre transplantes no Brasil - 2010 Lista de espera (ativos e semi-ativos) Total 2009 Lista de Espera (Ativos e Semi-ativos) total 2009 CNCDO Acre Coração 0 Córnea 7 Figado 0 Pâncreas 0 Pulmão 0 Rim 0 Rim/Pâncreas 0 Total 7 Total s/Córnia 0 Alagoas Amapá 1 0 271 0 4 0 0 0 0 0 614 0 0 0 890 0 619 0 Amazonas 0 668 0 0 0 498 0 1.166 498 Bahia Ceará 1 11 1.253 1.739 264 229 0 2 0 0 3.089 303 0 0 4.607 2.284 3.354 545 Distrito Federal 11 990 0 0 0 463 0 1.464 474 Espirito Santo Goiás 3 12 474 2.858 44 0 0 0 0 0 1.035 527 0 4 1.556 3.401 1.082 543 Maranhão Mato Grosso 1 2 489 529 0 0 0 0 0 0 734 851 0 0 1.224 1.382 735 853 Mato Grosso do Sul 16 27 0 0 0 406 0 449 442 Minas Gerais Pará 32 4 3.094 938 202 0 12 0 6 0 2.593 769 18 0 5.957 1.711 2.863 773 Paraíba 4 57 6 0 0 491 0 558 501 Paraná Pernambuco 63 4 1.126 1.052 288 281 16 0 0 0 2.530 1.923 19 0 4.042 3.260 2.916 2.208 Piauí Rio de Janeiro 0 11 765 3.321 0 782 0 3 0 3 422 3.672 0 25 1.187 7.817 422 4.496 Rio Grande do Norte 6 329 8 0 0 943 0 1.286 957 Rio Grande do Sul Rondônia 30 0 1.983 0 419 0 15 0 63 0 1.934 0 92 0 4.536 0 2.553 0 Roraima Santa Catarina 0 4 0 1.297 0 126 0 0 0 0 0 251 0 12 0 1.690 0 393 São Paulo 89 151 1.651 76 89 10.283 46 12.745 12.694 Sergipe Tocantins 0 0 338 0 0 0 0 0 0 0 309 0 0 0 647 0 309 0 Total 305 23.756 4.304 124 161 34.640 576 63.866 40.110 Fonte: Ministério da Saúde (2010). 63 Crescimento do número de doações no Brasil – 2008x2009 Crescimento do número de doações no Brasil - 2008 x 2009 CNCDO Morte Encefálica Coração Parado Notificação Doação Doação Acre NA NA NA Alagoas -59% 0% 148% Amapá NA NA NA Amazonas NA NA -2% Bahia -14% 8% 8% Ceará 24% 29% -19% Distrito Federal -21% -50% 101% Espirito Santo 8% 31% 1% Goiás 14% 107% -5% Maranhão -13% -10% Mato Grosso 22% 217% -51% Mato Grosso do Sul 18% 11% 59% Minas Gerais -5% -3% 0% Pará 22% 30% -2% Paraíba 27% 57% 50% Paraná 9% -3% 12% Pernambuco -8% 17% 7% Piauí -40% 600% 720% Rio de Janeiro 25% -1% 181% Rio Grande do Norte 25% -36% 49% Rio Grande do Sul -2% 8% -5% Rondônia NA NA NA Roraima NA NA NA Santa Catarina 13% 24% 136% São Paulo 6% 45% 1% Sergipe 133% 167% 36% Tocantins NA NA NA Total 6% 26% 10% NA – Não se aplica Fonte: Ministério da Saúde, 2010 208% 64 ANEXO B. Critérios para diagnóstico de morte encefálica Conselho Federal de Medicina: Resolução nº 1.480/97 O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958 e, CONSIDERANDO que a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, que dispõe sobre a retirada de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, determina em seu artigo 3º que compete ao Conselho Federal de Medicina definir os critérios para diagnóstico de morte encefálica; CONSIDERANDO que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme critérios já bem estabelecidos pela comunidade científica mundial; CONSIDERANDO o ônus psicológico e material causado pelo prolongamento do uso de recursos extraordinários para o suporte de funções vegetativas em pacientes com parada total e irreversível da atividade encefálica; CONSIDERANDO a necessidade de judiciosa indicação para interrupção do emprego desses recursos; CONSIDERANDO a necessidade da adoção de critérios para constatar, de modo indiscutível, a ocorrência de morte; CONSIDERANDO que ainda não há consenso sobre a aplicabilidade desses critérios em crianças menores de 7 dias e prematuros, 65 RESOLVE: Art. 1º. A morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas faixas etárias. Art. 2º. Os dados clínicos e complementares observados quando da caracterização da morte encefálica deverão ser registrados no "termo de declaração de morte “encefálica" anexo a esta Resolução. Parágrafo único. As instituições hospitalares poderão fazer acréscimos ao presente termo, que deverão ser aprovados pelos Conselhos Regionais de Medicina da sua jurisdição, sendo vedada a supressão de qualquer de seus itens. Art. 3º. A morte encefálica deverá ser conseqüência de processo irreversível e de causa reconhecida. Art. 4º. Os parâmetros clínicos a serem observados para constatação de morte encefálica são: com a perceptivo com ausência de atividade motora supra-espinal e apnéia. Art. 5º. Os intervalos mínimos entre as duas avaliações clínicas necessárias para a caracterização da morte encefálica serão definidos por faixa etária, conforme abaixo especificado: a) de 7 dias a 2 meses incompletos - 48 horas b) de 2 meses a 1 ano incompleto - 24 horas c) de 1 ano a 2 anos incompletos - 12 horas d) acima de 2 anos - 6 horas Art. 6º. Os exames complementares a serem observados para constatação da morte encefálica deverão demonstrar de forma inequívoca: 66 a.Ausência de atividade elétrica cerebral ou, b.Ausência de atividade metabólica cerebral ou, c.Ausência de perfusão sangüínea cerebral. Art. 7º. Os exames complementares serão utilizados por faixa etária, conforme abaixo especificado: a.Acima de 2 anos - um dos exames citados no Art. 6º, alíneas "a", "b" e "c"; b.De 1 a 2 anos incompletos: um dos exames citados no Art. 6º, alíneas "a", "b" e "c". Quando optar-se por eletroencefalograma, serão necessários 2 exames com intervalo de 12 horas entre um e outro; c De 2 meses a 1 ano incompleto: 2 eletroencefalogramas com intervalo de 24 horas entre um e outro; d De 7 dias a 2 meses incompletos: 2 eletroencefalogramas com intervalo de 48 horas entre um e outro. Art. 8º. O Termo de Declaração de Morte Encefálica, devidamente preenchido e assinado, e os exames complementares utilizados para diagnóstico da morte encefálica deverão ser arquivados no próprio prontuário do paciente. Art. 9º. Constatada e documentada a morte encefálica, deverá o Diretor-Clínico da instituição hospitalar, ou quem for delegado, comunicar tal fato aos responsáveis legais do paciente, se houver, e à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos a que estiver vinculada a unidade hospitalar onde o mesmo se encontrava internado. Art. 10º. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação e revoga a Resolução CFM nº 1.346/91. Brasília, 08 de agosto de 1997. 67 ANTÔNIO HENRIQUE PEDROSA NETO Secretário-Geral ANEXO C. Critérios para retirada de córnea- RDC 67/2002 Não podem ser obtidos, para utilização terapêutica, tecidos oculares de doadores cuja causa mortis tenha sido: a) Morte de causa desconhecida; b) Hepatite viral aguda; c) Sepse; d) Raiva; e) AIDS; f) Doença de Creutzfeldt-Jakob; g) Panencefalite sub-aguda esclerosante; h) Rubéola congênita; i) Linfomas ativos disseminados; j) Leucemias; l) Síndrome de Reye; m) Encefalite viral ativa ou encefalite de origem desconhecida ou encefalopatia progressiva; n) Leucoencefalopatia multifocal progressiva; o) Doença neurológica de diagnóstico indeterminado; p) Endocardite (bacteriana ou fúngica) ativa. 68 ANEXO D. Fichário de coleta de dados para os doadores. 1. Dados do doador: • Idade • Gênero • Causa Mortis • Resultado da sorologia para AIH, hepatite B e C, etc • Raça • Integridade da córnea • Aproveitamento da córnea: Sim ou não • Doador de outros órgãos: Sim ou não • Solução de preservação utilizada 69 ANEXO E. Fichário de coleta de dados para os receptores. Dados do receptor: • Idade • Gênero • Raça • Diagnóstico da doença corneana • Presença de rejeição ou falha no enxerto • Data de entrada na lista de espera • Data da Cirurgia • Novo transplante: Sim ou Não 70