Análise comparativa de metodologias para elaboração de planos de marketing: introdução a uma proposta direcionada às micro e pequenas empresas. Prof. Arlindo Carvalho Rocha Filiação: Arlindo de Souza Rocha e Hilda Carvalho Rocha Rodrigo Castelan Carlson Filiação: Renato Carlson e Maria Helena Castelan Carlson Thiago Souza Araújo Filiação: Isaías João Araújo e Rosemeri Souza Araújo RESUMO Este trabalho propõe-se a apresentar e comparar, resumidamente, quatro metodologias de elaboração de plano de marketing para inferir a adequação do seu uso por micro e pequenas empresas, as quais, geralmente, não possuem estruturas formais de planejamento que lhes permita desenvolver estudos muito elaborados e planos sofisticados. Para tanto, a partir de três metodologias tradicionais e amplamente aceitas de elaboração de planos de marketing (SKACEL, 1992; AMBRÓSIO E SIQUEIRA, 2002; e WESTWOOD, 1991) e de uma nova, a de Rocha (ROCHA, 2006), que embora ainda não publicada (encontra-se em fase de revisão, para futura publicação), tem um longo caminho de desenvolvimento e aplicação, como tema central da disciplina Estratégias Mercadológicas (atualmente Marketing III) do Curso de Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina – ESAG/UDESC, buscou-se fazer uma síntese de cada uma delas e destacar alguns dos aspectos que, a critério dos autores, definem a sua maior ou menor aplicabilidade no âmbito das pequenas empresas. Palavras-chave: Plano de marketing, estratégia mercadológica, posicionamento mercadológico, Marketing para pequenos negócios, ABSTRACT This paper presents and compares, concisely, four methodologies of marketing plan elaboration to infer the adequacy of their use by small sized companies, which ones, usually, don’t possess plain formal structures of planning that allows them to develop elaborated and sophisticated plans. Therefore, three traditional thoroughly accepted marketing plan elaboration methodologies (SKACEL, 1992; AMBRÓSIO AND SIQUEIRA, 2002; and WESTWOOD, 1991) and a new one, the Rocha's methodology (ROCHA, 2006), that despite not been published yet (it is under review for publication in near future), has since long been developed and applied as the core of the Marketing Strategies course (now Marketing III) of the Business Administration Undergraduate Studies at the University of the State of Santa Catarina - ESAG/UDESC. Each of the methodologies were synthesized and main aspects that define their best or worse applicability in the ambit of small sized companies were pointed out, according with authors' own criteria. Key-words: Marketing Plan, Strategic Marketing, Marketing Positioning, Small Business Marketing 2 1. INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS BÁSICOS DE MARKETING O dia-a-dia dos administradores de empresas é em grande parte ocupado pela tomada de decisões. Ansoff (1990) divide as decisões em três categorias, estratégicas, administrativas e operacionais. As estratégicas interessam a este trabalho. As decisões estratégicas estão relacionadas com os problemas externos da empresa, com o composto de produtos que ela irá dispor e o mercado onde ela pretende vender estes produtos. O processo para conciliar a realidade do mercado com os recursos da empresa, não só no presente, mas também no futuro, é o planejamento estratégico (GRACIOSO, 1996). O Plano de Marketing aparece como um documento formal do planejamento estratégico e funciona como um roteiro para os trabalhos da empresa, como uma ferramenta de persuasão na relação com o mercado e como um relatório das estratégias adotadas com base em análises do mercado onde o negócio está inserido (ROCHA, 2006). A elaboração de um Plano de Marketing envolve o conhecimento de uma série de conceitos das disciplinas de marketing e planejamento estratégico. Por este motivo considera-se útil uma breve revisão dos conceitos básicos adotados. O primeiro conceito a ser relembrado é logicamente o de marketing: para Nickels e Woods (1999, p. 4) marketing é “processo de estabelecer e manter relações de troca mutuamente benéficas com clientes e outros grupos de interesse”. A definição de Nickels e Woods é simples, mas recorrente em outras definições de marketing como para Skacel (1992) em que as “relações mutuamente benéficas” é o aumento da compra de produtos e serviços, e da satisfação de necessidades, ou para Ambrósio e Siqueira (2002) a maximização da felicidade das pessoas e a otimização do retorno para a organização. É inviável, portanto, fazer marketing sem o envolvimento de um sistema organizacional orientado para a construção de valor para o consumidor (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002; SKACEL, 1992) com intenso intercâmbio entre as áreas da empresa, especialmente entre vendas e marketing. As empresas devem estar preparadas e serem flexíveis para mudar ou introduzirem novos produtos e serviços, ou ainda, ingressarem em novos mercados e/ou deixarem seus mercados atuais. Westwood (1991) denomina de equilíbrio de mercado a saúde da organização no seu mercado. E ao ambiente onde o mercado está inserido, de ambiente de marketing. Para manter-se no mercado é condição necessária a flexibilidade organizacional e o cuidado com uma série de fatores como preferências locais, culturais, políticas, concorrência e inovação tecnológica. A gestão de marketing fundamenta-se basicamente no composto de marketing ou mix de marketing. O composto de marketing é a união e interação de quatro elementos que são o centro da gestão de marketing. “O controle do composto de marketing é a chave para o marketing bem sucedido e é essa a essência do planejamento” (WESTWOOD, 1991, p. 11). 1.1 COMPOSTO DE MARKETING Os quatro elementos que formam o composto de marketing são, do inglês, product, price, promotion e place (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002), ou os 4 Ps. Traduzindo para o português os elementos são, literalmente, produto, preço, promoção e lugar (Skacel, 1992). Com o intuito de manter o padrão internacional dos 4 Ps do marketing autores sugerem nomes alternativos para o elemento “lugar”, denominando-o de “ponto de venda” (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002) ou de praça (NICKELS; 3 WOODS, 1999). O conceito não muda, e produto, por exemplo, refere-se também a “serviço”. Alguns autores (NICKELS; WOODS, 1999) sugerem que o modelo é ultrapassado e adicionaram outros Ps ao mesmo, como (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002) packing (embalagem) e profit (lucro). Todavia, a grande maioria continua adotando o modelo dos 4 Ps e argumentam que qualquer outro P (elemento) acrescentado já figura nos 4 Ps originais. Entre estas variações a mais aceita é a dos 5 Ps, em que um quinto P de pessoa é acrescentado ao modelo. Ambrósio e Siqueira (2002) adotam este modelo chamando-o de 4 Ps + C, onde o P de pessoa é substituído pelo C de consumidor. Apesar das divergências com relação aos elementos do modelo, é aceita uma evolução conceitual do modelo (NICKELS; WOODS, 1999; AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002) devido à mudança de um mercado com produtos padronizados e com lenta variação para um mercado dinâmico em intensa transformação. Assim cada P incorpora novos conceitos: produto – desenvolvimento do produto e diferenciação, preço – determinação de valor e preço, promoção – comunicação integrada de marketing, praça – gerenciamento de canais e da cadeia de valor. 1.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Com o desenvolvimento social, econômico e tecnológico a partir da década de 1970, e a disseminação das tecnologias de informação na última década, tornou-se imperativo para as organizações a capacidade de adaptar-se rapidamente a novas condições do mercado, sejam políticas, sejam econômicas, sejam sociais. O dinamismo do mercado é de tal monta que reduz cada vez mais o horizonte do planejamento estratégico (WESTWOOD, 1991), de tal sorte que mesmo sendo realizado anualmente com projeções para três, quatro ou cinco anos seguintes, um plano estratégico tem que ser ajustado incessantemente. A permanência da organização no mercado competitivo é então, uma atividade constante para superar a concorrência por posições competitivas duradouras (ROCHA, 2006). Segundo Cobra (1991, p. 16), planejar estrategicamente é: “(...) criar condições para que as organizações decidam rapidamente diante de oportunidades e ameaças, otimizando as vantagens competitivas em relação ao ambiente concorrencial em que atuam.” Assim, a reação às turbulências do mercado e a exploração das oportunidades de mercado são direcionadas estrategicamente por meio do planejamento. O planejamento estratégico é a observação da situação atual da organização e do ambiente em que ela está inserida, com fins de preparar-se antecipadamente para atingir os objetivos organizacionais (ROCHA, 2006) e independentemente de imprevistos, reagindo rapidamente às mudanças no ambiente, utilizando recursos otimamente e visando a obtenção de estratégias competitivas de longo prazo (COBRA, 1991). Planejamento é “um processo de decidir o que e como fazer antes que se promova a ação propriamente dita”, para que o desenvolvimento estratégico do negócio garanta uma posição competitiva sustentável não apenas no presente, mas também, e principalmente, no ambiente futuro (ROCHA, 2006), por meio do estabelecimento de ações estratégicas. 4 1.3 PLANEJAMENTO DE MARKETING De acordo com Westwood (1991) planejamento de marketing é um conjunto de métodos que aplicam recursos de marketing visando cumprir objetivos do marketing, e pode ser “qualquer processo de planejamento que se encaixe no escopo amplo das responsabilidades do marketing” (SKACEL, 1992, p. 12). São processos complexos e dinâmicos que variam ao longo do tempo e de empresa para empresa e que envolvem (WESTWOOD, 1991) pesquisas de marketing interna e externa, estabelecimento de objetivos de marketing, geração de estratégias de marketing, definição de programas e orçamentos, entre outros. Como bem descrevem Ambrósio e Siqueira (2002) o planejamento envolve pessoas, informações, recursos financeiros, e materiais de maneira organizada, com foco na satisfação do consumidor. Enfim, planejamento de marketing são os processos através dos quais o planejador de marketing irá definir os objetivos de marketing e as ações estratégicas para atingi-los, em consonância com o planejamento estratégico empresarial ou corporativo. Como resultado terá um plano de marketing. Na seção seguinte, sobre plano de marketing, são apresentadas metodologias para elaboração de planos de marketing. As metodologias apresentadas incorporam ferramentas que deixarão mais claro o processo de planejamento de marketing, uma vez que para se elaborar um plano de marketing é necessário fazer planejamento de marketing. 1.4 PLANO DE MARKETING O plano de marketing é o documento que reúne as informações relevantes obtidas durante o processo de planejamento de marketing e elaboração do plano de marketing. Para Ambrósio e Siqueira (2002) o plano de marketing é a “fotografia do planejamento de marketing”. E é, portanto, o documento que comunica a toda a empresa o resultado do planejamento de marketing. De maneira simplificada, um plano de marketing nada mais é que um plano de comercialização de produtos e serviços (WESTWOOD, 1991). Cobra (1991) complementa que o plano de marketing é “um conjunto de ações táticas de marketing que devem estar atreladas ao planejamento estratégico da empresa”. Na mesma linha Rocha (2006) complementa que “o plano de marketing é um documento formal do planejamento estratégico utilizado para direcionar e coordenar o trabalho, obter recursos, incentivar parcerias e prestação de contas das atividades desenvolvidas”. No plano de marketing definem-se o nicho ou ambiente de marketing de um negócio, seus objetivos e as estratégias para atingi-los (NICKELS; WOOD, 1999; SKACEL, 1992). Enfim, o plano de marketing é um documento corporativo que orienta as atividades de marketing da organização. É parte do plano estratégico da organização e resultado de um processo de planejamento de marketing. 1.4.1 Tipos de plano de marketing Os planos de marketing são basicamente de dois tipos (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002): I) plano anual de marketing; e II) plano de marketing para um novo produto ou serviço. 5 A diferença na elaboração de um tipo ou outro está principalmente na quantidade de dados que será analisada, o período que será considerado, e a amplitude que será abrangida. Mas deve sempre ser orientado a um produto, mercado ou região (COBRA, 1991). O plano anual é realizado anualmente, normalmente coincidindo com o exercício contábil e fiscal da empresa. As projeções, estimativas e previsões costumam cobrir até cinco anos além do ano em exercício, mas mesmo assim o plano deve ser realizado anualmente, e se necessário atualizado no decorrer do exercício para cumprir com novas exigências do mercado. O plano para um novo produto ou serviço é uma ferramenta de aprovação de orçamento e programação para o lançamento do novo produto ou serviço e após aprovado é incorporado ao plano anual de marketing (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002). Westwood (1991, p. 14-15) destaca bem o aspecto da abrangência de um plano de marketing ao afirmar que nada é pequeno ou grande demais para ser abrangido por um plano de Marketing. 1.4.2 A Necessidade de um plano de marketing O planejamento por escrito é comumente ignorado por gestores de diversas organizações que preferem dedicar seu precioso tempo na solução de problemas operacionais (WESTWOOD, 1991). É bastante provável que estes gestores estejam resolvendo atualmente problemas operacionais advindos da falta de planejamento no passado. O planejamento de marketing mesmo quando realizado informalmente deve ser registrado em um documento e deve ser de conhecimento de toda a empresa. Skacel (1992) é bem objetivo ao listar as razões pelas quais uma empresa deve preparar um plano de marketing: • dá um caminho para a empresa seguir; • estabelece objetivos específicos a serem perseguidos; • fornece meios para medir o progresso; • prepara uma ação corretiva em caso de variações; • estabelece as bases de um planejamento a seguido insistentemente; e • persegue a lucratividade. O plano de marketing é uma ferramenta de grande utilidade para uma empresa, pois indica se um segmento de mercado oferecerá bons resultados (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002). Auxilia também na coordenação das atividades de marketing e propicia o ingresso de forma competitiva nos canais de venda. O relacionamento com os clientes é fundamental para a atividade de marketing da organização. O plano de marketing é um roteiro das atividades de marketing, ferramenta de persuasão de gestores, investidores e clientes e um relatório do planejamento de marketing (ROCHA, 2006; NICKELS; WOODS, 1999). Os princípios básicos da atividade de marketing e as ações estratégicas e táticas que a organização vai adotar devem ser de conhecimento de todos, principalmente da equipe de marketing. O plano de marketing é o documento que unifica a organização em torno destes princípios e estratégias. 6 1.4.3 Quem elabora o plano de marketing O plano de marketing é resultado de uma atividade de planejamento que deve ser contínua (COBRA, 1991), integrada e interativa (NICKELS; WOODS, 1999). Assim, deve envolver todos os elementos do composto de marketing e em conseqüência, toda a organização e os clientes. Assim, os responsáveis pela elaboração do plano de marketing devem ter domínio dos conceitos da teoria de marketing (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002), envolvendo todos os níveis responsáveis pelo marketing da organização “começando pelos funcionários mais graduados, passando pelos das linhas de serviços e produtos, gerentes de departamento e pessoas-chave” (SKACEL, 1992, p. 12). Skacel (1992, p. 12) acrescenta aspectos positivos do envolvimento de múltiplos níveis que vão além de um plano de marketing integrado: • os planejadores se aproximam do consumidor; • o planejamento é levado a sério e feito a tempo; • todo mundo fica sabendo qual o formato do planejamento; • os planos cobrem áreas estreitas de responsabilidade; • os planejadores novatos ou de nível inferior são treinados num processo eficiente de planejamento, preparando-se para promoções e missões de nível mais alto. • o planejamento consistente se transforma num processo padrão de operação de ofertas de novos produtos/serviços, penetração de alvos especiais no mercado e marketing de nicho; e • o processo de planejamento se torna melhor a cada plano, ano após ano. É importante notar que o plano não deve ser elaborado por todos, mas deve envolver a todos. 1.4.4 Resultados de um plano de marketing O plano de marketing não é uma análise em si, mas define estratégias com fundamento em análises das condições do mercado em que o negócio está inserido (ROCHA, 2006). As atividades de marketing só poderão ter seus progressos monitorados eficientemente por meio do plano de marketing. Entre outras, o plano de marketing lançará bases sólidas de planejamento, apontará pontos fortes e fracos, identificará obstáculos e problemas, fixará prioridades corretas, conduzirá a objetivos realistas, avaliará estratégias alternativas, irá lhe dar um plano de trabalho, permitirá uma revisão significativa (SKACEL, 1992). 2. METODOLOGIAS MARKETING DE ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE São várias as metodologias para elaboração de um plano de marketing. Esta seção apresenta brevemente quatro metodologias propostas por diferentes autores. Não se pretende aqui explorar cada uma dessas metodologias integralmente, mas apenas dar uma idéia de como cada uma delas aborda o tema. Deve ficar claro que todas as metodologias apresentadas são orientações de como elaborar o plano de marketing, e devem ser, a critério do gestor, adaptadas para cada organização onde será aplicada. A subseção final apresenta um quadro comparativo das cinco metodologias abordadas. 7 2.1 METODOLOGIA DE SKACEL Skacel (1992) propõe uma metodologia com o objetivo de guiar o planejador de marketing a alcançar os melhores resultados possíveis por meio de um processo organizado e sistemático de suas atividades. É uma proposta simples e objetiva que concentra no plano de marketing como a atividade mais importante entre as tantas envolvidas por essa área. A metodologia de Skacel é dividida em seis passos (SKACEL, 1992), a saber: 1. Preparar um FACT BASE correto (conjunto de informações básicas); 2. Fazer uma lista de PROBLEMAS e OPORTUNIDADES; 3. Fixar OBJETIVOS específicos; 4. Desenvolver ESTRATÉGIAS; 5.Estabelecer o ORÇAMENTO; e 6. Projetar VENDAS, LUCROS e RESULTADOS da atividade de marketing. 2.1.1 Preparar um FACT BASE correto O FACT BASE (base factual) contém as informações fundamentais da organização que mostram qual a situação atual da mesma. É a parte mais importante do plano e marketing e deve conter todos os fatos (facts) que tenham impacto no marketing da organização. As falhas na elaboração põem em risco o restante do processo de elaboração do plano de marketing e sua execução. Neste passo é declarado o propósito da organização, que para Skacel (1992) deve contemplar: i) o negócio da organização; ii) os produtos e serviços que a organização oferece; e iii) as necessidades do cliente que a organização é capaz de satisfazer. Em seguida o plano de marketing deve conter, ainda como parte do FACT BASE, relatos objetivos da situação atual da organização de áreas importantes como vendas, mercados, tendências, produtos/serviços, concorrência, entrega/inventário, distribuição/força de vendas, atitudes dos consumidores, comunicação com os clientes e outras que podem ser acrescentadas quando relevantes para a organização. É fundamental na elaboração do FACT BASE o uso de argumentos pautados em dados e fatos obtidos em relatórios da empresa, como faturamento e número de vendas. 2.1.2 Fazer uma lista de problemas e oportunidades A elaboração do FACT BASE acaba sendo uma ferramenta para elaboração de uma lista de problemas e oportunidades da organização. Por isso a importância de conter todos os fatos relevantes. A metodologia dá orientações de como identificar os problemas e oportunidades a partir do FACT BASE, de como analisá-los e explorá-los. Este passo do plano de marketing consolida a situação atual da empresa permitindo que o gestor passe a se concentrar no que fazer a partir dessa situação. 2.1.3 Fixar objetivos específicos Com a formulação de objetivos específicos é que se inicia a elaboração da estratégia da empresa no plano de marketing. Para Skacel (1992) um plano de marketing não deve conter muitos objetivos, eles devem ser específicos e surgir naturalmente da lista de problemas e oportunidades. Assim, um objetivo representa “a solução desejada para um problema ou a exploração de uma oportunidade” (SKACEL, 1992, p. 37) identificando um resultado real que se deseja ao fim do período para o qual 8 o plano foi elaborado. O autor sugere explorar os objetivos através da elaboração de hipóteses orientando a sua elaboração. A partir das hipóteses são definidos os objetivos, parte essencial, do plano de marketing. 2.1.4 Desenvolver estratégias As estratégias descrevem a forma como os objetivos definidos no passo anterior serão atingidos, que ações serão tomadas. As estratégias devem fazer uso de todas as ferramentas de marketing disponíveis, como produtos, promoções, vendas e propaganda. Skacel (1992) sugere então que se elaborem programas de ação que devem conter: atribuição de responsabilidades; prazos; prioridades; e recursos. Além disso é recomendada a concentrar em dois elementos básicos, o mercado-alvo e composto de marketing. Com as estratégias deve-se procurar a diferenciação da organização em tantos elementos do composto de marketing quantos forem possíveis. As estratégias devem ser priorizadas e avaliadas segundo sua compatibilidade com a própria organização, mercado, duração do plano de marketing e riscos. Enfim, Skacel (1992) orienta a elaboração das estratégias e enfatiza a importância da coordenação com as demais funções da empresa sob pena de ineficiência do plano de marketing. 2.1.5 Estabelecer o orçamento É neste passo que o autor orienta como elaborar o orçamento do plano de marketing, os custos envolvidos, e em estreita relação com as estratégias elaboradas no passo anterior. 2.1.6 Projetar vendas, lucros e resultados da atividade de marketing O passo final do plano de marketing de Skacel (1992) são as projeções ou previsões. As previsões devem ser revistas regularmente ao longo da aplicação do plano de marketing e o autor sugere como fazê-lo. A metodologia de Skacel (1992) encerra com orientações de como formatar o plano de marketing. E enfatiza que “É IMPORTANTÍSSIMO QUE VOCÊ COMECE A IMPLANTAR SEU PLANO... IMEDIATAMENTE!” (SKACEL, 1992, p. 76). 2.2 METODOLOGIA DE AMBRÓSIO E SIQUEIRA Ambrósio e Siqueira (2002) elaboraram uma metodologia de elaboração de um plano de marketing orientada a serviços, dada a importância e crescimento que este setor vem tendo. Esta metodologia foi elaborada baseada em outra obra “Plano de Marketing Passo a Passo” (AMBRÓSIO, 1999, apud AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002), mas orientada para bens e produtos. Para os autores a elaboração do plano de marketing deve seguir cinco passos. No primeiro passo, o mais importante de todos, deve ser definido o tema do plano de marketing. No segundo passo se faz um levantamento de informações, para que o plano se baseie em fatos e evidências e não apenas em hipóteses e opiniões. Forma-se também a equipe composta por representantes de todos que irão implementar o plano. A equipe deve estar comprometida e reunir-se regularmente. O terceiro passo compõe a 9 elaboração do plano. O quarto passo é a revisão do plano de marketing. O último passo é chamado pelos autores de “passo maior” que é a relação com o cliente e com o consumidor. O roteiro elaborado por Ambrósio e Siqueira (2002) é composto por quatro partes e treze seções: Parte I. Oportunidade Seção 1. Situação Seção 2. Objetivos Parte II. Marketing Estratégico Seção 3. Consumidor Seção 4. Mercado Seção 5. Aspectos legais Seção 6. Posicionamento do produto/serviço Parte III. Marketing tático Seção 7. Produto (serviço) Seção 8. Ponto Seção 9. Promoção Seção 10. Preço Parte IV. Ação e controle Seção 11. Resultados financeiros Seção 12. Análise e equilíbrio Seção 13. Programação Este roteiro deve ser seguido de forma dinâmica modificando e corrigindo etapas anteriores a medida que se avança na elaboração do plano de marketing (AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002). 2.2.1 Parte I. Oportunidade Nesta parte contextualiza-se o plano de marketing e indica-se para que fins ele está sendo elaborado. 2.2.1.1 Seção 1. Situação Os autores sugerem que nesta seção se deixe claro para que serve e porque está sendo feito o plano de marketing. A contextualização ocorre por meio de uma descrição econômica, política e social do país partindo de uma visão geral e estreitando-a até que se atinja os impactos no mercado e na organização. Os mercados em que a empresa está inserida, os interesses da organização e como os serviços que a organização oferece ou pretende oferecer afetam o mercado. É sugerido o uso da matriz BCG. 2.2.1.2 Seção 2. Objetivos Aqui devem ser descritos os objetivos do plano de marketing. Na metodologia proposta também há orientações de como estabelecer os objetivos e como trabalhar com eles à medida que se elabora o plano de marketing. 2.2.2 Parte II. Marketing Estratégico Nesta parte elabora-se a estratégia da empresa tendo como fundamentação dados e fatos concretos. Descreve-se também a segmentação do mercado, seleciona-se mercado alvo e posiciona-se o serviço. Destaca o Sistema de Informação de Marketing como ferramenta fundamental do plano de marketing. 10 2.2.2.1 Seção 3. Consumidor Descrever o entendimento que a organização tem do seu consumidor. A metodologia orienta como entender o consumidor, através de questionamentos que permitem obter o perfil do consumidor, desejos e necessidades do consumidor, hábitos de uso e atitudes do consumidor e papéis de compra. 2.2.2.2 Seção 4. Mercado Seção destinada ao estudo das dimensões do mercado, atratividade e evolução. Aqui a organização identifica sua posição no mercado e vislumbra onde quer chegar. É uma seção complexa, rica em projeções, tabelas, gráficos e diagramas. Também através de questionamentos orienta o planejador a identificar o histórico do mercado, o tamanho do mercado nacional e por região, a demanda, sazonalidade, impactos tecnológicos, segmentação, participação no mercado e concorrentes, características de produto, ponto, promoção e preço, e finalmente, projeções de mercado. 2.2.2.3 Seção 5. Aspectos legais Todo o serviço aplicado pela organização deve seguir exigências legais, e de responsabilidade. Nesta seção pode ser apropriada a assessoria de um advogado. Questionamentos também auxiliam esta seção da metodologia de Ambrósio e Siqueira (2002) a identificar exigências legais para a preparação e comercialização do serviço, legislação em trâmite, considerações éticas, tributos, controle de preços, restrições à comunicação, registro de marca e código de defesa do consumidor. 2.2.2.4 Seção 6. Posicionamento do produto/serviço Seção que serve de elo de ligação entre o marketing estratégico e o marketing tático, e onde se posiciona o serviço, ou seja, a imagem que o cliente tem do serviço. A metodologia sugere pesquisas de marketing e também uma análise do ciclo de vida do serviço. 2.2.3 Parte III. Marketing tático Nesta parte Ambrósio e Siqueira (2002), sugerem que seja elaborado o plano de ação, baseado no trabalho da Parte II. Ter em mente que as ações devem ser realistas é fundamental nesta parte do plano de marketing. Esta parte se desenvolve em torno do composto de marketing. 2.2.3.1 Seção 7. Produto (serviço) Deve-se preparar um histórico dos serviços já existentes ou os motivos que levaram a criação do novo serviço. Esta seção, por meio de perguntas, leva o planejador a identificar características do produto, benefícios para o consumidor, valor/qualidade da marca, qualidade do serviço, bens facilitadores, bens de suporte e garantias, formas de uso e cuidados, necessidades regionais, cultura de serviços, desenvolvimento do serviço, recuperação do serviço, pessoal envolvido, uniformes e apresentação pessoal, 11 exames médicos e testes laboratoriais e pesquisas de marketing previstas para o desenvolvimento do serviço, 2.2.3.2 Seção 8. Ponto As perguntas dessa seção envolvem canais de distribuição, logística, previsão de vendas e pesquisas previstas. Alguns métodos de previsão de vendas são sugeridos. 2.2.3.3 Seção 9. Promoção Baseados nas ferramentas mais usadas em comunicação com o mercado de Kotler (apud AMBRÓSIO; SIQUEIRA, 2002), os autores elaboram perguntas para que o planejador desenvolva o público alvo, a estratégia de criação, a propaganda, a promoção de vendas, relações públicas, a equipe de vendas, o marketing direto, eventos de lançamento, endomarketing, quadro de orçamentos e pesquisas de marketing. 2.2.3.4 Seção 10. Preço As perguntas nesta seção da metodologia procuram o objetivo da precificação, estratégia de preços, comparação com a concorrência, controle de preços, margens de comercialização, descontos não promocionais, condições de pagamento, financiamentos, estrutura de preços, estrutura de custos e pesquisas de marketing. 2.2.4 Parte IV. Ação e controle Etapa em que todo o trabalho do plano de marketing é utilizado para a tomada de decisão e implementação do plano de ação elaborado. 2.2.4.1 Seção 11. Resultados financeiros Elaboração de projeções financeiras, por meio de hipóteses econômicas, parâmetros do produto como vendas e preço unitário, DREs e análise de investimentos. 2.2.4.2 Seção 12. Análise e equilíbrio É feita uma análise de equilíbrio dos serviços oferecidos e sugerida a utilização do modelo SWOT. 2.2.4.3 Seção 13. Programação Quadros de programação, cronograma, PERT/CPM, gráficos de GANTT são as ferramentas sugeridas nesta etapa. Os autores encerram a metodologia sugerindo como realizar o controle do plano de marketing e como elaborar o documento final. Um exemplo completo é apresentado de um plano de marketing real. 2.4 METODOLOGIA DE WESTWOOD 12 Westwood (1991) apresenta uma metodologia para elaboração de um plano de marketing dividida em 13 etapas: 1. Estabelecer objetivos corporativos; 2. Realizar pesquisa de marketing externa; 3. Realizar pesquisa de marketing interna; 4. Realizar uma análise PFOA (SWOT); 5. Fazer suposições; 6. Estabelecer objetivos de marketing e estimar os resultados esperados; 7. Desenvolver estratégias de marketing/planos de ação; 8. incluam promoções; 9. 10. 11. 12. controle; 13. plano. Definir programas que propaganda/plano de Elaborar orçamentos; Escrever o plano; Comunicar um plano; Usar um sistema de Rever e atualizar o Notar que as etapas 11, 12 e 13 acontecem após a elaboração do plano, mas a partir delas o plano é atualizado e revisto à medida que é aplicado. 2.4.1 Estabelecer objetivos corporativos Normalmente elaborados pela alta administração da empresa, podem já estar definidos. O plano de marketing deve estar alinhado com estes objetivos corporativos. 2.4.2 Realizar pesquisa de marketing externa Coleta e análise de dados relativos aos mercados que serão cobertos pelo plano de marketing. Deve abranger as organizações concorrentes, produtos vendidos, onde são vendidos e clientes. Fatores econômicos também são abordados nesta etapa. A metodologia dedica um capítulo inteiro à pesquisa de marketing, fazendo uma revisão geral sobre o tema. 2.4.3 Realizar pesquisa de marketing interna Os dados históricos da empresa compõem esta etapa. Entre eles vendas, número de pedidos, lucros, produtos e resultados de outras pesquisas. 2.4.4 Realizar uma análise PFOA Com base nas pesquisas, analisam-se as potencialidades, fragilidades, oportunidades e ameaças. Para esta etapa do plano de marketing o autor oferece algumas perguntas e tabelas que auxiliam na identificação de potencialidades, 13 fragilidades, oportunidades e ameaças. Assemelha-se à matriz de prioridade estratégica (ROCHA, 2006). 2.4.5 Fazer suposições Suposições a respeito de fatores econômicos, tecnológicos e competitivos. As suposições são complementares à etapa anterior e se enquadram na metodologia daquela etapa. 2.4.6 Estabelecer objetivos de marketing e estimar os resultados esperados Objetivos de marketing que relacionam os produtos com os mercados. A metodologia orienta como identificar os objetivos, fazer o portfólio de produtos, o ciclo de vida do produto e análise do mercado. Também sugere a utilização da matriz BCG. Projeções e estimativas de vendas e de mercado também aparecem nesta etapa. 2.4.7 Desenvolver estratégias de marketing/planos de ação Os métodos que serão adotados para atingir os objetivos de marketing e a viabilidade de atingir os objetivos. Baseia-se no composto de marketing e também sugere diferentes estratégias. Faz uma análise de risco utilizando a matriz de ANSOFF. 2.4.8 Definir programas que incluam propaganda/plano de promoções Definição de programas “de quem faz o quê, quando, onde e como” (WESTWOOD, 1991). Envolve pessoal, vendas, propaganda, preços. Estratégias de precificação são discutidas. Sugere alguns canais de distribuição e mídias para propaganda. 2.4.9 Elaborar orçamentos A palavra final a respeito da viabilidade das estratégias e planos de ação é o orçamento. Além do orçamento, demonstrativos contábeis e financeiros podem e devem ser considerados. Algumas orientações de como elaborar e analisar orçamentos e fornecida nesta etapa. 2.4.10 Escrever o plano Escrita do plano com as informações mais importantes obtidas nas etapas anteriores, suprimindo informações irrelevantes. A metodologia oferece instruções de formatação final do plano de marketing. 2.4.11 Comunicar um plano Não basta enviar uma cópia do plano para cada uma das pessoas envolvidas, é necessário apresentá-lo, para certificar que todos entenderam como deve ser aplicado. 2.4.12 Usar um sistema de controle 14 A implementação deve ser acompanhada e o desempenho do plano de marketing avaliado regularmente para que atitudes corretivas sejam tomadas. 2.4.13 Rever e atualizar o plano A implementação do plano é um processo interativo. O plano deve ser revisto constantemente para que pequenos ajustes sejam realizados ou até mesmo re-elaboração de alguma etapa, como por exemplo, orçamento, caso haja desvios excessivos. A metodologia encerra com orientações de como elaborar o plano escrito discutindo alguns tipos de planos de marketing que podem ser elaborados para atender diferentes necessidades da organização. 2.5 METODOLOGIA DE ROCHA Rocha (2006)1 apresenta uma metodologia composta de várias ferramentas de análise que visa : a) propiciar a tomada de consciência da empresa em relação ao seu negócio; e b) direcionar o negócio para uma atuação estratégica consistente e sustentável ao longo do tempo, e se consubstancia na elaboração do plano de marketing. Sua metodologia está dividida em quatro partes e dez itens: I. Visão Geral 1. Descrição do produto e do negócio II. Visão Estratégica do Negócio 1. Balizadores Estratégicos 2. Análise do Ambiente Competitivo 3. Visão Prospectiva III. Posicionamento Competitivo do Produto 1. Descritores Básicos do Produto 2. Estratégias de Portifólio 3. Delimitação dos Pressupostos do Posicionamento IV. Estratégias de Marketing 1. Ação Estratrégica Central 2. Composto de Marketing 3. Plano de Ação A visão geral do negócio é a base para a elaboração do plano de marketing segundo a metodologia de Rocha (2006). É nesta parte introdutória do plano de marketing que se fundamenta a elaboração do restante do documento. È baseado na descrição ampla da situação atual da empresa e na necessidade do plano. Descrição do produto e do negócio é um item primordialmente descritivo, onde se descreve o negócio e as razões pelas quais o plano de marketing está sendo elaborado. O histórico do negócio e uma breve análise dos seus produtos e/ou serviços, bem como 1 Trabalho não publicado. 15 os resultados e impactos esperados devem também ser comentados. A visão estratégica do negócio permite ao planejador delinear como vai agir no mercado para reposicionar seu negócio. Obtém-se nesta etapa uma visão de onde se está, onde se quer chegar e como se vai chegar. Os balizadores estratégicos segundo Rocha (2006) são o negócio, a visão e a missão da organização. Nesta etapa, orientado por um diagrama e dois questionários o planejador define os três balizadores estratégicos. Na análise do ambiente competitivo o planejador identifica os grupos estratégicos existentes, identificando em qual deles o negócio em questão está inserido. Faz-se então uma avaliação da concorrência através de perguntas que auxiliam na identificação dos grupos estratégicos concorrentes e quais as ameaças reais ou potenciais estes grupos oferecem às pretensões da organização em relação ao mercado. A metodologia, neste item, também oferece quadros e orientações para determinar as potencialidades da empresa, identificado pontos fortes e fracos e intensidade e influência dos mesmos. A matriz de prioridade estratégica é utilizada para definir a prioridade estratégica de cada ponto forte e de cada ponto fraco. Adicionalmente um quadro auxilia na definição de ativos e competências estratégicas. A análise do ambiente externo dá-se por meio de um quadro onde se listam as oportunidades e ameaças e suas intensidades e influências as quais, após analisadas com o auxílio da matriz de prioridade estratégica, resulta nos impulsionadores estratégicos do negócio. A etapa se encerra com uma análise da estrutura da indústria através da avaliação da sua atratividade e da sua vulnerabilidade. Para a análise da atratividade a metodologia oferece uma ferramenta analítica na qual se atribuem notas a diversos requisitos, como por exemplo, novos concorrentes, rivalidade do mercado, a possibilidade de produtos substitutos e o poder dos compradores e fornecedores sobre o negócio, e de onde se obtém uma pontuação final que determina qual a atratividade da indústria. Para a análise da vulnerabilidade a metodologia propõe e considera a decomposição percentual do preço do produto/serviço ofertado pela indústria, com vistas a avaliar o nível e a origem das pressões a que a indústria está submetida. A visão prospectiva nada mais é que a elaboração de cenários possíveis a partir da visão elaborada na etapa de balizadores estratégicos do negócio. O cenário da visão é desenvolvido considerando as possibilidades de mudança do mercado com base nos impulsionadores estratégicos definidos na etapa anterior. Já na etapa do posicionamento competitivo do produto o planejador procura conhecer como o seu negócio está posicionado no mercado. O item ‘Descritores Básicos do Produto’ é também descritivo e aborda a função e uso do produto, os seus atributos e características, os benefícios e valor para o cliente, público alvo, grupo de clientes e a postura frente à concorrência. Estes aspectos do posicionamento do produto também devem considerar as análises feitas anteriormente. Enquanto no item ‘Estratégias de Portifólio’ é realizada uma análise do portfólio de produtos e posição do negócio. Para isto o autor sugere a utilização das matrizes BCG e AM-PN. Os modelos ADL e SWOT também podem ser utilizados. A ‘Delimitação dos pressupostos do posicionamento’ trata do posicionamento do negócio e pora tanto deve partir de pressupostos que o orientem e que, segundo a metodologia, são o rumo estratégico, as suas diretrizes de expansão e a abordagem de mercado para cada produto ou linha de produtos. O posicionamento e o rumo estratégico que se pretende seguir podem ser caracterizados, nesta metodologia, 16 segundo uma matriz denominada “quadrado de Gilbert”. O mercado que se pretende atingir com o produto/serviço deve ter sua abrangência determinada, segundo as possibilidades da matriz de ANSOFF. Finalmente define-se a abordagem estratégica de mercado. Para toda esta delimitação além das ferramentas sugeridas, deve-se considerar todas as análises feitas até então na elaboração do plano de marketing. IV. ‘Estratégias de marketing’ é o item que encerra o plano de marketing e é a essência do trabalho desenvolvido. No item ‘Ação Estratégica Central’ é declarado expressamente, de forma objetiva e mais ampla possível, qual é o negócio da empresa e que estratégias gerais serão adotadas. O item ‘Composto de marketing’ detalha os quatro elementos do composto de marketing da organização, produto, preço, praça e promoção. Enfim, é esta etapa que orienta o gestor na atuação no mercado. O ‘Plano de Ação’, por sua vez, aponta as ações gerais onde ficam definidas de forma específica as atividades que serão implementadas, o que deve ser feito, quem irá fazê-lo, o período de realização e a estimativa de valores necessários para sua realização. 3. PONDERAÇÕES A RESPEITO DAS METODOLOGIAS As quatro metodologias apresentadas mostram-se apropriadas para a elaboração de um plano de marketing em uma organização. De maneira geral elas seguem uma macro estrutura semelhante, em que se descreve a situação da empresa, onde ela quer chegar e como ela vai fazer para chegar onde deseja. A metodologia de Skacel (1992) é a mais simples das metodologias apresentadas, em termos de ferramentas sugeridas. Apresenta pouca fundamentação teórica e é pouco estruturada. Por outro lado é bastante objetiva e parece fácil de implementar (fácil no sentido de se seguir a metodologia, pois como as demais é trabalhosa). Importante observar, no entanto, que Cobra em seu livro “Plano Estratégico de Marketing” (COBRA, 1991), propõe a metodologia de Skacel em doze etapas, mas oferecendo um arcabouço teórico mais sólido, o que melhora a compreensão e valoriza a metodologia. Ambrósio e Siqueira (2002) apresentam a abordagem mais completa entre as metodologias abordadas: propõe um estudo de mercado e da própria empresa mais profundo com utilização de ferramentas até mesmo de análise de processos como o PERT/COM. Todavia a metodologia de Ambrósio e Siqueira se mostra demasiadamente extensa e complexa para uma empresa de pequeno porte, em especial se a empresa pretende elaborar seu primeiro plano de marketing. Não é proposta dos autores apresentados uma fundamentação teórica na apresentação da metodologia, mas o suporte teórico e leituras recomendadas são suficientes para o bom andamento da elaboração do plano de marketing. Seu caráter detalhado, passo a passo, torna uma metodologia fácil de implementar, porém faz pouco uso das ferramentas gerenciais conhecidas, utilizando-se apenas e com pouca ênfase da matriz BCG e o do modelo SWOT. A metodologia de Westwood, por sua vez, é a mais complicada de seguir, pois é pouco estruturada, apesar de fazer um bom uso de ferramentas gerenciais e oferecer boa 17 fundamentação teórica. Entretanto apresenta um aspecto importante do plano de marketing, visto também na metodologia de Ambrósio e Siqueira, que é a necessidade de rever continuamente o plano de marketing durante sua implantação por meio de um sistema realimentado. Finalmente, Rocha (2006) tem uma boa estrutura com uma abordagem que, em termos de dimensão do plano de marketing, é o mais objetivo e mais analítico. É de fácil aplicação e faz uso de ferramentas de gestão como matriz BCG, AM-PN e de ANSOFF. Além disso, oferece também quadros e questionários que facilitam a análise do negócio. A fundamentação teórica é intermediária podendo ser complementada com a leitura de outros trabalhos sobre o tema. O plano de ação é pouco estruturado e exige experiência do planejador e do gestor que irá implementa-lo. Essa metodologia constitui-se em um bom roteiro de utilização das ferramentas mais consagradas com adição de tabelas (novas ferramentas) de fácil aplicação para análise dos fatores externos e elaboração do plano de marketing. Essa característica a torna extremamente útil para as pequenas empresas que não dispõe de pessoal especializado em planejamento ou marketing pela agilidade que proporciona ao processo de elaboração de plano de marketing mesmo quando conduzidos por pessoas não especializadas (o que, aliás, é o propósito da metodologia), resultando num plano simples e de boa qualidade técnica. Para efeito de simples comparação, o quadro abaixo oferece uma síntese das metodologias apresentadas: Itens/ Metodologias Adaptabilidade às pequenas empresas Nível de Estruturaçã o Fundamentação Teórica Skacel Média Pouco Pouca Baixo Pouco Fácil Ambrósio e Siqueira Westwood Baixa Bem Pouca Alto Pouco Fácil Média Pouco Boa Baixo Bom Difícil Alta Bem Média Baixo Alto Fácil Rocha Nível de Uso de Complexidade Ferramentas Gerenciais Facilidade de Desenvolvimento Quadro 1: Comparação das metodologias. Fonte: Elaborado pelos autores. 4. CONCLUSÃO As metodologias estudadas, de maneira geral, são bastante flexíveis e se propõe a sê-lo, pois, como salientado por todos os autores, suas metodologias são roteiros gerais que podem e devem ser adaptadas de acordo com as necessidades e especificidades de cada caso e/ou situação. Por fim, como contribuição adicional aos interessados cabe ressaltar que, considerando o uso e o propósito da utilização, pode ser interessante, ao aplicar qualquer uma das metodologias apresentadas, utilizar elementos das outras metodologias para complementar o trabalho, como por exemplo: a questão de revisão contínua do plano ou da importância de envolvimento e comunicação do plano a todos os participantes, as várias ferramentas gerenciais apresentadas ou, mesmo, os próprios elementos estruturais. 18 BIBLIOGRAFIA AAKER, David. Administração estratégica de Mercado. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1991. ABEL, Derek F. Definição do negócio. São Paulo: Atlas, 1991. ANSOFF, Igor. A nova estratégia gerencial. São Paulo Atlas, 1990. AMBRÓSIO, Vicente; SIQUEIRA, Rodrigo. Plano de marketing passo a passo: serviços. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Ed., 2002. 168 p. COBRA, Marcos. Plano estratégico de marketing. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1991. GRACIOSO, Francisco. Planejamento estratégico orientado para o Mercado. São Paulo: Atlas, 1996. LAS CASAS, Alexandre L. Plano de marketing para micros e pequenas empresas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2005. LEMES, Josiane de Souza; FLACH, Lisandra; GISLON, Maria Aparecida; Carlson, Rodrigo Castelan. Plano de marketing da Japaway: um exercício da disciplina de Estratégias Mercadológicas da ESAG. Florianópolis, 2006a. 15 p. Trabalho não publicado LEMES, Josiane de Souza; FLACH, Lisandra; GISLON, Maria Aparecida; Carlson, Rodrigo Castelan. Plano estratégico de marketing da gráfica Baldissera e Souza Ltda. Florianópolis, ESAG, 2006b. 22 p. Trabalho final apresentado na disciplina Estratégias Mercadológicas. Não publicado. MATTAR, Fauze Najib. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento. v. 1. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1996. NICKELS, William G.; WOOD, Marian Burk. Marketing: relacionamentos, qualidade, valor. Rio de Janeiro: LTC, 1999. 468 p. ROCHA, Arlindo Carvalho. A visão estratégica do negócio e a formulação de estratégias competitivas: um roteiro para estabelecer o posicionamento estratégico e desenvolver um plano de marketing para micro e pequenas empresas. Material instrucional utilizado na disciplina de Estratégias Mercadológicas. Florianópolis, 2006. 71 p. Trabalho não publicado. SKACEL, Robert K. Plano de marketing: como prepará-lo... o que ele deve conter. São Paulo: Nobel, 1992. 82 p. WESTWOOD, John. O plano de marketing. São Paulo: Makron Books, 1991. 253 p.