- Aula 15/04 – Albert Cohen e a Teoria da subcultura delinqüente Subcultura: conceito importante em sociedades complexas e diferenciadas – pluralidade de classes, grupos, etnias e raças. - “cultura dentro de uma cultura”. Mas o que é cultura? - Cultura: “todos os modelos coletivos de ação, identificáveis nas palavras e na conduta dos membros de uma dada comunidade, dinamicamente transmitidos de geração para geração e dotados de certa durabilidade” (F. Dias) - Existem várias culturas em uma mesma sociedade? Se sim, então a sociedade não é um todo unitário, mas vários grupos. A negação da existência de outras culturas, ou no menosprezo delas, significa uma forma de autoritarismo da cultura dominante, da elite. (Chauí). - Cultura de massa: forma de homogeneização das expectativas culturais. Exemplo: americanismo lingüístico, culinário, etc. Globalização. Diferença entre subcultura e contracultura: ambas representam o enfrentamento desviante dos jovens em relação à cultura dominante. - Subcultura – aceita certos aspectos da cultura dominante, mas expressa sentimentos e crenças exclusivas de seu próprio grupo; - Contracultura – tem como elemento central o desafio à cultura dominante. A subcultura, em grande parte, reproduz alguns valores contidos na sociedade tradicional, porém com um sinal invertido. A lealdade é valorizada, enquanto o traidor será considerado arquiinimigo do grupo. Os grupos subculturais se retiram da sociedade convencional. Já vimos, na aula passada, que as metas culturais condicionam a estrutura social (Merton). O sentimento de fracasso na sociedade de consumo é inevitável para a maioria dos grupos sociais. Uma das formas de opção das minorias altamente desfavorecidas é a orientação sob uma estrutura social alternativa, constituindo-se uma subcultura criminal. Vários indivíduos, cada um dos quais funcionou como objeto de referência de outros, chegam de comum acordo a novo conjunto de critérios. Dimensão coletiva do comportamento transgressor. Solução coletiva de um problema comum. Subcultura delinqüente, portanto, pode ser definida como um comportamento de transgressão que é determinado por um subsistema de conhecimento, crenças e atitudes que possibilitam, permitem ou determinam formas particulares de comportamento transgressor em situações específicas. Tais comportamentos ocorrem no ambiente cultural dos agentes, e são incorporados à personalidade, como qualquer aspecto cultural. MODO DE VIDA. O modelo subcultural não pretendeu explicar toda a criminalidade, nem mesmo a criminalidade adulta. Trata-se de um modelo aplicado a certas formas de criminalidade juvenil – GANGUES. Características dos grupos subculturais: - - não-utilitarismo da ação: delitos não são cometidos para algum propósito específico (ficar com o patrimônio, por exemplo). Só a glória e o respeito ganho em relação ao grupo justificam a ação (status). Malícia do ato: desafio em estabelecer metas proibidas e prazer em realizá-las. Negativismo do ato: correção de um ato, sob a perspectiva subcultural, depende exclusivamente da contrariedade do mesmo às regras tradicionais. “É apenas um hedonismo com interesse de mostrar o rechaço deliberado dos valores correlativos da classe dominante” (Salomão). Há um elemento de contrariedade dessa teoria com a Escola de Chicago. Para eles, as áreas criminais não eram setores desorganizados socialmente. Na verdade, lá vigoravam regras invertidas, mas funcionais. Há, inclusive, estudos sobre a subcultura da classe média. Decorre menos do conflito social mertoniano, e mais do chamado conflito de gerações. Tentativa de dar tratamento não preconceituoso a grupos minoritários. No entanto, não deixa de estabelecer uma hierarquia cultural. Hipervaloriza conclusões, que são válidas para determinados grupos, mas não para todos. Forma de “correção”: reforço de um sistema de comunicações entre os grupos (cooptação). Forma de hegemonia cultural.