“Estrutura tributária destruirá indústria brasileira”, diz Barros, na FIESC Durante seminário sobre desindustrialização, ex-presidente do BNDES defendeu corte dos gastos governamentais e afirmou que os impostos no Brasil permanecem no patamar de quando a economia era fechada Florianópolis, 19.4.2012 – “A estrutura tributária da indústria, com a economia aberta, vai destruir a indústria brasileira”. A afirmação foi feita pelo economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, na Federação das Indústrias (FIESC), nesta quinta-feira. “Posso falar isso de peito aberto. Meu filho tem uma indústria em São Paulo, com 350 funcionários, e vai fechar porque não tem condições de competir”, completou ele, que participou de seminário sobre desindustrialização. Elmar Meurer Sistema FIESC 48 3231-4672 48 8421-4070 [email protected] Dâmi Cristina Radin FIESC, CIESC 48 3231-4670 48 8421-4080 [email protected] O único caminho é de discutir essa questão mais a fundo. A reforma tributária que se discutia era uma abstração, disse o economista referindose ao passado. “Hoje é uma questão de sobrevivência. Discutiu-se inflação no Brasil durante 25 anos. Só se resolveu quando chegou a hiperinflação e era questão de sobrevivência. Aí, a sociedade resolveu se mexer. Agora, é uma questão de sobrevivência da indústria a reforma tributaria”, enfatizou, destacando que esse deve ser o foco central da cobrança das lideranças empresariais. Diogo Honorato SENAI 48 3231-4674 48 9981 4642 [email protected] Mendonça de Barros, que já presidiu o BNDES e foi ministro das Comunicações, disse que as condições de competitividade da economia brasileira pioraram muito com a abertura comercial no início dos anos 1990. “A indústria foi o setor que mais sofreu porque o segmento mais protegido da economia sempre foi a parte industrial. Com a abertura, diminuiu esse poder de competição”, afirmou. Barros acrescentou que, embora a economia esteja aberta, a estrutura tributária segue a dos tempos da economia fechada. Quando o Brasil começou a concorrer com outros países, percebeu que os custos eram maiores. Como exemplo ele citou a energia elétrica que chega a custar quatro vezes mais que nos países concorrentes. Num cenário de economia fechada, o consumidor paga o produto mais caro, mas hoje não. “Então não pode ter a estrutura tributária que nós temos em uma série de insumos da indústria”, disse ele. Miriane Moreira Campos SESI 48 3231-4671 48 8421-4224 [email protected] Para Barros, o câmbio é uma questão relevante, mas que vai se manter mais forte que no passado por causa das commodities. “Não teremos mais real fraco”, afirmou. Para ele, a taxa de câmbio é apenas parte do problema da competitividade da indústria. Ivonei Fazzioni SENAI 48 3231-4673 48 8421-3600 [email protected] Maiara Raupp da Silva IEL 48 3231-4122 [email protected] Na mesma linha, o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, disse que o câmbio é mais uma gota num copo de água que já estava cheio. “Encheram o copo com carga tributária muito elevada, juros elevados, custos de logística exagerados que nos temos no País e que, portanto, dificultam a nossa competitividade em ralação aos nossos principais concorrentes que não tem os mesmos custos”, declarou. “Hoje, produzir no Brasil ficou muito caro. E um dos fatores que encarem a produção é a carga tributária cada vez mais elevada”, completou. O economista e professor da UFSC, Silvio Ferraz Cário, que ministrou o primeiro painel, falou sobre a questão da desindustrialização, que para ele é a perda de participação relativa da indústria na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. “Em nível nacional, há uma trajetória descendente dessa participação da indústria. No ano passado, o setor chegou em torno de 18% do PIB. Isso significa voltar a 1958, quando era esse o percentual de participação. Nos anos 1980, o setor chegou a 38%. Há um processo cadente da participação da indústria no PIB. Mas é preciso considerar que é uma desindustrialização relativa e não absoluta, ou seja, nem todos os segmentos estão caindo”, afirmou ele. Cário, que coordena um grupo de pesquisa sobre economia industrial, afirma que muitos setores estão “desadensando” economicamente, com a substituição de peças nacionais pelas importadas na fabricação do produto. Então há uma desindustrialização relativa, mas a indústria está perdendo participação na construção da riqueza nacional. Para o professor isso é um problema porque nos países em desenvolvimento a indústria tem um papel muito importante. Diferentemente dos países desenvolvidos onde o setor de serviços é o grande responsável pela geração de renda. Ainda que a indústria caia, a renda cresce por causa do setor terciário. “Aqui, a indústria cai e o serviço não responde no mesmo sentido. Falar em desindustrialização na Europa é fácil porque lá a renda per capta é de US$ 25 mil. Agora, falar em desindustrialização no Brasil, com renda per capta de US$ 4,5 mil é muito problemático. Então, nós temos que caminhar na defesa da indústria”, declarou ele, lembrando que o Brasil não está num estágio de desenvolvimento como os países europeus, ainda que em crise neste momento. Para a mudança de cenário é fundamental a participação do Estado por meio de regimes de incentivo, como políticas fiscais, monetária e comercial, defendeu Cário. “Mas o mais importante é criar um ambiente político e econômico favorável porque o estado estimula, mas quem vai executar é o setor empresarial. E o empresariado precisa tem confiança no futuro para que ocorram os investimentos”, ressaltou ele. Assessoria de Imprensa Sistema FIESC