DFQ-FEIS – Ano 2013 Licenciatura em Física - FIS 1105 - Laboratório de Física II EXPERIMENTO IX Medida do coeficiente termoelétrico Objetivos: Utilizando junções de metais diferentes que conformam um par termoelétrico, determinar o coeficiente Seebeck de um termopar tipo K. Introdução. O efeito termoelétrico é a conversão direta da diferença de temperatura em voltagem e vice-versa. Analisando este efeito na escala atômica (em especial, partículas portadoras de carga elétrica, eletrons, etc.), quando é aplicado um gradiente de temperatura na interface de dois metais diferentes devido à movimentação das cargas elétricas se cria uma diferença de potencial nos terminais. Por outro lado, entre os lados quentes e frios ocorre a passagem de uma corrente elétrica que foi induzida termicamente. O efeito de movimentação das cargas elétricas é semelhante ao de quando se aquece um gás, que se espande para qualquer lugar, geralmente para lugares mais frios. O efeito de aplicar uma variação de temperatura pode ser usado para gerar eletricidade, e este pode servir para monitorar a temperatura dos objetos. Se ao contrario aplicarmos uma corrente este pode aquecer ou esfriar os objetos ou tratá-los termicamente. O processo que que faz aquecer ou esfriar é determinada pela direção da corrente elétrica aplicada. Existem três efeitos interelacionados com a termoeletricidade: - Efeito Seebeck. - Efeito Peltier. - Efeito Thomsom. Esta separação provém de descobrimentos independentes do físico francês Jean Charles Athanase Peltier e do físico estônio-alemão Thomas Johann Seebeck. O efeito termoelétrico se diferencia do efeito Joule porque neste se considera que o calor gerado ocorre quando se aplica uma voltagem através de um material de certa resistencia. e se considera usualmente como um mecanismo de perda devido à não idealidade dos dispositivos termoelétricos). Os efeitos Peltier-Seebeck e Thomson podem em princípio ser termodinamicamente reversíveis, enquanto que o efeito Joule não é reversível. Prof. Responsável: Victor Ciro Solano Reynoso DFQ-FEIS – Ano 2013 Licenciatura em Física - FIS 1105 - Laboratório de Física II O Efeito Seebeck Esse efeito é um clássico exemplo de produção de uma força eletromotriz devido a diferença de temperatura de dois metais ou ligas em contato. Ou seja, dois metais, A e B, distintos e unidos por junções e na ausência de eletrólitos ou campos magnéticos com diferentes temperaturas iniciais, estarão submetidos a uma diferença de potencial, que por sua vez induzirá uma corrente elétrica que pode ser mensurada como qualquer outra. A força eletromotriz produzida dependerá da diferença inicial de temperatura dos dois metais, e dos parâmetros de transporte de entropia de cada metal. Isso se deve ao fato de metais diferentes responderem de forma distinta com relação a diferenças temperaturas. O princípio do Efeito Seebeck deriva de uma propriedade física dos condutores metálicos submetidos a um gradiente térmico: quando dois condutores metálicos A e B de diferentes naturezas são acoplados mediante um gradiente de temperatura, os elétrons de um metal tendem a migrar de um condutor para o outro, gerando uma diferença de potencial elétrico num efeito semelhante a uma pilha eletroquímica. Através da condução térmica esse efeito é capaz de transformar energia térmica em energia elétrica com base numa fonte de calor mediante propriedades físicas dos metais. A densidade de corrente produzida nos condutores é dada por: Na qual é a tensão e é a condutividade elétrica. De maneira geral, o efeito Seebeck é descrito pela criação de um campo elétrico ou força eletromotriz dado por: Na qual é o Coeficiente Seebeck que depende das características do material, e é o gradiente térmico de . O coeficiente Seebeck geralmente varia de acordo com a temperatura e fortemente com a composição do condutor. Para os materiais comuns a temperatura ambiente, o coeficiente Seebeck fica no intervalo de -100 μV/K a +1000 μV/K. Prof. Responsável: Victor Ciro Solano Reynoso DFQ-FEIS – Ano 2013 Licenciatura em Física - FIS 1105 - Laboratório de Física II O Efeito Peltier Este consiste na produção de um gradiente de temperatura em duas junções de dois condutores ou semicondutores de materiais diferentes quando são submetidos a uma tensão elétrica em um circuito fechado. Esse efeito também é conhecido como calor de Peltier. A força eletromotriz de Peltier que se precisa aplicar no material pode ser considerado como um efeito inverso do efeito Seebeck onde ocorre o aparecimento de uma diferença de potencial devido à diferença de temperatura num mesmo tipo de circuito. Os efeitos Seebeck e Peltier podem ser também considerados como um só e é denominado de efeito Peltier-Seebeck ou efeito termoelétrico. Isto é, são dois efeitos que podem ser considerados como diferentes manifestações do mesmo fenômeno físico. O calor Peltier , gerado nas junções por unidade de tempo, é dado por: Na qual ( ) é o coeficiente Peltier do condutor A e (B), e a corrente elétrica do circuito. Observamos também que os coeficientes de Peltier representam quanto calor é gerado por unidade de carga. A relação direta entre os efeitos Peltier e Seebeck pode ser observada na conexão entre seus coeficientes: . Note que o total de calor gerado é determinado pelo efeito Peltier, mais a influencia do efeito Joule. De fato, o calor liberado, chamado de calor de Peltier, é: proporcional a , e o calor liberado devido ao efeito Joule é proporcional ao . Quando uma corrente elétrica fluir no circuito e passar pelas junções dos metais, haverá uma variação na temperatura dessas soldagens, numa das junções libera-se calor e na outra, é absorvido calor. O Efeito Thomsom Em 1834 William Thomsom (Lord Kelvin) mostrou que se as forças eletromotrizes de Peltier fossem as únicas fontes de energia nas soldagens do circuito fechado, então, a força eletromotriz resultante, aquela que chamamos de força eletromotriz de Seebeck deveria depender linearmente da temperatura. Em muitos materiais, o coeficiente de Seebeck não é constante de acordo com a variação da temperatura. Desse modo, uma dada variação de temperatura pode resultar numa Prof. Responsável: Victor Ciro Solano Reynoso DFQ-FEIS – Ano 2013 Licenciatura em Física - FIS 1105 - Laboratório de Física II mudança no coeficiente de Seebeck, e a isso podemos denominar de gradiente do coeficiente Seebeck. Se a corrente é conduzida na direção deste gradiente, ocorrerá, então, uma versão contínua do efeito Peltier. Ele descreve o aquecimento ou arrefecimento de um condutor, percorrido por uma corrente, de acordo com um gradiente de temperatura. Em outras palavras, o efeito Thomsom compreende a relação entre a taxa de produção de calor, que pode ser maior ou menor que , de acordo com a grandeza e direção da corrente, da temperatura e do material. Se a densidade de corrente passa através de um condutor homogêneo, o efeito Thomson determina a produção de calor por unidade de volume através da seguitne relação: Na qual é o gradiente de temperatura e é o coeficiente de Thomson. O coeficiente de Thomson se relaciona com o coeficiente de Seebeck da seguinte forma: . O efeito Seebeck é uma mistura do efeito Peltier e Thomson. Thomsom encontrou a relação entre os efeitos e seus coeficientes correspondentes. A temperatura absoluta T, o coeficiente Peltier e o coeficiente S Seebeck estão relacionados da seguinte maneira: Enquanto que µ relaciona-se da seguinte maneira: Nota-se que Thomson inovou o tratamento teórico da termoeletricidade pela tentativa de criação de uma teoria sensata sobre a termodinâmica irreversível. Prof. Responsável: Victor Ciro Solano Reynoso DFQ-FEIS – Ano 2013 Licenciatura em Física - FIS 1105 - Laboratório de Física II Experimental. Materiais utilizados: Multímetro Termômetro de mercúrio Termopar tipo K, Cobre-Constantan. Tubo de ensaio. Cuba revestida com isopor. Sistema de aquecimento (lamparina). Água. Gelo. Procedimento 1) coloque uma das junções no referencial 0oC. Mergulhar na cuba que contem água e gelo. A outra junção será colocada juntamente com o termômetro de mercúrio no tubo de ensaio que contem água. 2) Aquecer lentamente com a lamparina o tubo de ensaio e realizar simultaneamente leituras da voltagem com o multímetro e da temperatura do termômetro a cada 5 oC no mínimo ate a água ferver. Desligar a lamparina e faça também a leitura durante o esfriamento 3) Com os dados obtidos no item anterior, faça o gráfico da voltagem em função da temperatura lida no termômetro. Aquecimento e esfriamento. Considerando como uma aproximação no intervalo de temperaturas lidas a relação V=S.T Determinar pelo gráfico o valor do coeficiente S Seebeck do sensor. 4) Faça a conversão da leitura do termopar em mV para a temperatura utilizando a tabela do termopar tipo K. Compare estes valores com aqueles lidos pelo termômetro de mercúrio. 5) Faça o gráfico da voltagem com a temperatura do termopar. Calcular o coeficiente Seebeck. Compare este resultado com aquele obtido no item 3. Questionário: - Como poderia ser realizado um experimento para determinar o coeficiente Peltier?. - Quais são as utilidades práticas dos efeitos termoelétricos?. Cite vários exemplos. - No caso de materiais semicondutores, utilizando um tipo de efeito termoelétrico pode ser determinado a densidade de portadores de carga e o seu sinal. Pesquise como pode ser feito este experimento. Prof. Responsável: Victor Ciro Solano Reynoso