Objectivos Verificação do efeito de Seebeck. Calibração de um termopar. Material necessário Termopar de NiCr-Konst Microvoltímetro Travessa de vidro 2 tubos de ensaio Água (gelo e líquida) 2 termómetros Introdução teórica Em 1822, Seebeck fez referência pela primeira vez na Academia das Ciências da Prússia ao fenómeno termoeléctrico que pretendemos estudar. Consideremos dois condutores diferentes ligados de forma a termos um circuito fechado: T1 T2 Se as junções estão a temperaturas diferentes verifica-se que há uma corrente eléctrica no circuito. Na verdade, Seebeck não mediu esta corrente mas sim o campo magnético por ela criado (lei de Biot-Savart). Só trinta e oito anos mais tarde é que Lord Kelvin retomou este facto experimental e estudou-o do ponto de vista da termodinâmica. O efeito de Seebeck não é o único efeito que influencia a corrente medida. Pode-se identificar cinco efeitos básicos que acontecem em simultâneo. Eles são os efeitos de Joule, Thomson, Peltier, Fourier e Seebeck. Podemos resumir cada um destes efeitos da seguinte forma: Joule - um circuito sujeito a uma diferença de potencial V e percorrido por uma corrente eléctrica I dissipa uma quantidade de calor por unidade de tempo igual a VI. Thomson - há transferência de calor num condutor eléctrico homogéneo atravessado por uma corrente eléctrica I com cada um dos extremos a temperatura (T) diferente. O sentido desta transferência depende de a corrente fluir de quente para frio ou de frio para quente. A equação que descreve este fenómeno é: dQ dT I dx dt em que: dQ é a taxa de transferência de calor ao longo do comprimento do dt condutor, é o coeficiente de Thompson do condutor e dT é o gradiente de dx temperatura ao longo da direcção da corrente eléctrica x. Peltier - se uma corrente atravessa uma junção de condutores diferentes há transferência de calor entre a junção e o ambiente. Em particular se tivermos um circuito análogo ao atrás representado, a passagem de uma corrente vai “induzir” uma diferença de temperatura entre as duas junções. Esta diferença de temperatura é directamente proporcional á corrente. Fourier - num material sujeito a uma diferença de temperatura há uma transferência de calor de forma a contrariá-la de acordo com a terceira lei da termodinâmica. Este é o fenómeno de condução térmica e é descrito pela seguinte equação: dQ dT kA dx dt em que dQ é a taxa de transferência de calor ao longo do comprimento do dt condutor térmico, k é a condutividade térmica do material, A é a área do condutor exposta á diferença de temperatura e dT é o gradiente de temperatura dx ao longo da direcção de transferência de calor x. Seebeck - A concentração de electrões livres num metal condutor é da ordem de 1028 e-/m3. Este valor médio é função do tipo de metal. Assim, quando dois metais estão em contacto, os electrões tendem a passar do metal de maior concentração para o de menor concentração. O resultado é uma diferença de potencial entre os dois metais da junção. Essa força electromotriz aumenta com a temperatura da junção. Voltando ao circuito inicial, sabemos então que se temos ambas as junções à mesma temperatura a situação é equivalente a termos duas fontes de igual diferença de potencial em oposição. Logo a corrente medida é nula. Isto já não acontece se houver uma diferença de temperatura entre as junções. A diferença de potencial “gerada” por cada junção vai ser diferente. Há por isso uma corrente eléctrica no circuito. Um termopar é uma aplicação deste conceito, com o intuito de medir temperaturas. Nas combinações de metais vulgarmente usadas a força electromotriz é directamente proporcional á diferença de temperatura (T) quando esta está entre zero e cem graus Celsius. Se T é menor que mil graus Celsius esta relação passa a ser quadrática. Finalmente para T maior que mil graus Celsius a relação entre a força electromotriz e a diferença de temperatura é cúbica. As combinações mais usuais de metais são: cobre - constantan (Cu - Const), níquel - níquel crómio (Ni - NiCr) e ferro - constantan (Fe - Const). Combinações de semicondutores são também utilizadas. O potencial termoeléctrico depende grandemente da pureza dos metais e da composição das ligas. As influências mecânicas e térmicas nos materiais e a limpeza das junções também têm a sua importância. Se pretendemos medir uma diferença de temperatura muito pequena, a força electromotriz produzida por um termopar pode não ser mensurável. Nestes casos construimos termopilhas. Estas são simplesmente associações em série de vários termopares. Montagem experimental Na nossa experiência não vamos reproduzir o tipo de circuito usado por Seebeck. Em vez disso faremos o seguinte circuito: Procedimento O reservatório à temperatura T2 será cheio de gelo e é a temperatura de referência. É importante verificar para cada medição se há variação desta temperatura e tabelar o seu valor. Varie a temperatura do líquido no outro reservatório entre 00C e cerca de 700C. Anote a força electromotriz correspondente a cada diferença de temperatura medida. É muito importante que a tensão medida quando a diferença de temperatura é nula seja zero. Para isso não se esqueça de fazer um “reset” do microvoltímetro para esta situação.