QUE PAÍS É ESTE? A INFLUÊNCIA DA PRODUÇÃO MUSICAL DE CAZUZA E RENATO RUSSO E A JUVENTUDE BRASILEIRA. Isabela Vettori Pereira da Cruz/UNIOESTE/ [email protected] Iris Missias da Silva/UNIOESTE/[email protected] INTRODUÇÃO A juventude sempre manteve uma relação muito próxima com a música. O rock é um estilo musical que sempre chamou a atenção dos jovens em priori, porém não era apenas o ritmo do som que chamava atenção deles, buscavam muitas vezes uma maneira de espelhar-se tanto em questões de comportamento, quanto em condutas libertárias ou como sinônimo de rebeldia. O rock é um dos mais importantes fenômenos de massa do século XX, talvez devido ao fato de que o rock nos trás uma imagem de revolução. Revolução esta que no rock se mostrou presente em diferentes fatores, inclusive por se mostrar diverso na constituição de suas letras, apresentou-se como sinônimo de luta em alguns períodos importantes da história Brasileira como na ditadura civil militar que se instalou no Brasil no ano de 64. O rock surgiu neste período como uma forma de manifestação cultural repleta de radicalismos, onde os jovens encontram uma ideologia a qual apoiar. Nesse fanatismo os adeptos do rock, que na maioria das vezes são jovens, encontraram em momentos conturbados, no caso do Brasil, neste clima passou a utilizar do Rock Nacional também pouco conhecido com B-Rock como um meio de expressão de indignações urbanas. Por isso algumas figuras passaram a ser admiradas pelo público jovem, os artistas Cazuza e Renato Russo tiveram e ainda tem uma grande influencia sobre os fãns, são ídolos exemplares a serem seguidos, não somente devido a “paixão” que se tem pelo gênero musical Rock Nacional que se começou a construir na década de 70, 80 pela população brasileira, mas também pela, ideologia presente nas composições destes artistas. Os artistas que priorizaremos na pesquisa são admirados pelo rock nacional brasileiro até os dias atuais, pois buscaram transparecer nas letras de suas canções fatos que rementem a realidade brasileira de milhões de pessoas, desta forma se identificando com as canções, tentam através da música se auto-afirmar, ou romper com valores já estabelecidos, por tratarem de temáticas urbanas em suas canções agregaram fãs de todas as faixas etárias. O objetivo deste artigo é analizar a influência do rock nacional brasileiro da década de 80, de que maneira este gênero musical influencia nos seus ouvintes, onde os jovens tendem a inspirar seu visual, buscam ideologias para seguir, modo de agir, como representantes deste B-Rock no artigo trata especificadamente sobre Renato Russo e Cazuza, suas contribuições e contradições no rock brasileiro. Rock nacional brasileiro e o poder da música sob o comportamentos dos jovens Historicamente o homem busca maneiras de se situar culturalmente, isto é, procura formas de se encaixar na sociedade, está em busca constante de um grupo (tribo). Para que neste grupo possa compartilhar ideias, ser compreendido, estabelecer laços de afetividade, pelas afinidades e gostos geralmente semelhantes às pessoas se organizam em grupos. Em alguns casos, esta organização dos grupos se concretiza na busca por este padrão, que os integrantes achem relevantes, neste contexto verificamos que a música é um meio no qual as pessoas podem unir-se, muitos jovens se identificam com um mesmo ritmo musical, por exemplo, o rock, neste cerne mesmo que cada membro tenha características peculiares, se estabelece relações sociais entre o grupo. Nestes grupos podemos perceber alguns estereótipos, no caso dos roqueiros, se tem uma visão culturamente estipulada que os roqueiros são indivíduos rebeldes, muitas vezes revoltados sem ter um motivo aparente, e são caracterizados por uma maneira especifica de se vestir, onde na maioria das vezes utilizam cores fortes como o preto. Criando-se assim um estereotipo que gera uma visão negativa e muitas vezes esta é visão desconexa da realidade, quando o que realmente acontece é a união dos roqueiros por várias identificações entre si, por pensarem de maneira parecida, por gostarem do mesmo estilo musical, ou das mesmas bandas, dos mesmos cantores, o rock traz em suas letras inspirações, no comportamento, na maneira de encarar a vida, seguindo sempre uma intencionalidade, buscando sempre a mesma ideologia. O gênero musical, rock historicamente tem demonstrado um poder de influência na vida das pessoas, mundialmente e no Brasil. Não somente o rock mais a música no geral é um instrumento de disseminação de linguagens de expressões, que se é analisada conforme o seu momento histórico, podo estar atrelada a questões políticas. Devido ao seu forte poder de assimilação a música serve de instrumento não somente para o mercado, mas também para a política. Nesse sentido é necessário analisar o contexto histórico, social e político do período para entender essa relação da música com a política. (SILVA, Roberta; SILVA, Elizete, s.d. , p. 2) Como podemos ver na citação a cima, dependendo do momento histórico e da forma como a música é composta, por ela pode ser transmitida várias mensagens, sendo assim a música nunca é neutra, de modo que os compositores e cantores utilizam de suas canções como meio de intervenção na realidade social de seus ouvintes, às vezes de maneira intencional ou não. Diante desta potencialidade da música como um meio de comunicação de massa, muitos artistas do rock utilizaram deste poder que a música carrega, para transmitir a rebeldia, para protestar, sobre questões sociais. Os efeitos do rock sob a juventude foram massivos em todo o mundo, influenciando a linguagem, a moda, as atitudes e o estilo de vida, tem contribuído em muitas questões desde o seu surgimento em meados da década de 50, encorajando por meio de canções os fãns em lutas multifacetadas. O que importa é que a música atua como um objeto de poder seja este político, ideológico, sociológico, estético e entre outros. É por meio desta, [...] consegue evocar sentimentos, expressar emoção, descrever fatos e até contar histórias. Ao escutar uma música, as pessoas se ocupam mentalmente e a canção se torna um estímulo a comportamentos; ou porque quem a executa quer nos induzir a fazer determinada coisa, ou porque nós mesmos a tomamos como estímulo. Em muitas culturas, utiliza-se conscientemente a música para estimular comportamentos, interiores ou manifestados: nas práticas religiosas, terapêuticas, nos quartéis, nas manifestações políticas e nas festas; outrem no campo, nas feiras, e hoje, nas fábricas e nas grandes lojas. (SILVA, Roberta & SILVA, Elizete, s.d, p. 2) Com a citação acima podemos afirmar que a música, é um estímulo a comportamentos. Dentro desta constatação partimos do pressuposto que ela influência no comportamento dos ouvintes de maneira geral. A música tem o poder da evocação de sentimentos no ser humano, por meio da música pode-se trabalhar uma série de conexões celebrais, desta forma a música é um tipo de conhecimento. Um grande pesquisador neurocientista no campo da música Daniel Livitin, autor do livro “This Is Your Brain On Music” “Este é o Seu Cérebro Com a Música”, foi entrevistado em uma matéria da superinteressante que afirma o seguinte: “De todos os estilos musicais, o rock é o que tem mais apelo sexual. “Se as mulheres pudessem, elas engravidariam de astros do rock”, ele explica. “Algo neles sugere criatividade, flexibilidade de corpo e mente e talento para expressar emoções.” “ 1. Relacionando as ideias de SILVA, Roberta; SILVA Elizete (s.d.) percebeu que a influência do rock no Brasil começa na década de 60 com os festivais da Record, onde Elvis e Beathes começaram a ser ouvidos no país, de acordo com as autoras a partir a instituição do AI-5 no ano de 1968, a produção musical e cultural brasileira passou com reformulações nas canções, e temáticas o que favorece a partir dos anos 80, nascer o novo rock brasileiro“. É nesta perspectiva que verificamos a importância do rock dos anos 80 como um período efervescente nas músicas compostas deste período. De acordo com Fábio Serra Nascimento que em sua dissertação, descreve sobre algumas questões da música brasileira na década de 80, analisando as canções de Cazuza, grande representante do rock nacional brasileiro, [...] um olhar sobre os anos 80 no Brasil, a partir desse que é considerado um dos nomes mais expressivos do seu tempo Cazuza. Em comum com seus contemporâneos, o artista tem a temática urbana, a vivência de uma época conturbada e uma ânsia de expressá-la em letra de música [...] Não é difícil entender porque, cada vez mais adolescentes continuam ouvindo hits do Legião Urbana, dançando no ritmo de Cazuza evocativo das décadas anteriores. Passado o tempo, fica claro que a geração 80 marcou um momento histórico da musica brasileira, trazendo o BRock- o rock brasileiro – evento mais feliz da nossa indústria cultural, desde a Tropicália. (NASCIMENTO, 2005, p.8) 1 Reportagem da Revista SuperInteressante sobre o livro “This Is Your Brain On Music” “Este é o Seu Cérebro Com a Música”do Neurocientista Daniel Livitin, por Thiago Cordeiro. Disponível em: http://super.abril.com.br/cotidiano/musica-446750.shtml . Acessado em: 27 de Julho de 2013. Neste anseio de contar um pouco da história do rock brasileiro, pretendemos destacar que as músicas de Renato Russo e Cazuza, se tornaram um estímulo para os jovens da época que se viam insatisfeitos com as questões sociopolíticas da época. Fazse necessário realçar que Renato e Cazuza inicialmente tiverem em suas composições pensamentos que andavam paralelamente, somente após a década de 1980 que suas leituras da sociedade se diversificaram. Nesse período Cazuza trazia em suas letras, uma atitude rebelde, palavras de revolta e contestação por um país melhor, no disco “Ideologias”, falava de assuntos relacionados a questões sociais do país e de suas experiências e perspectivas a respeito da morte, pois nesse período já estava muito doente, devido ao HIV. Ao surgir em 1982 como líder da banda Barrão Vermelho, o poeta carioca passaria a escrever a história de seu tempo, até o desaparecimento em Julho de 1990. Referindo-se a morte de Renato Russo em Outubro de 1996, o jornalista Artur Dapieve (2000, p. 205) declarou que, aquele dia, a década de 80 encerrava-se uma vez mais. Isto significava que aquela morte, marcava o final de um período que assistira o surgimento de uma nova geração inteira de jovens que renovaram a música popular brasileira, unindo sucesso de vendas à criatividade artística. Cazuza partira seis anos antes de Renato Russo, seu companheiro, mais próximo, a sua morte começara a emudecer toda uma geração. [...] ali iniciava a tentativa de compreensão da recente história do país. (NASCIMENTO, 2005, p. 9) Deste modo podemos perceber que tanto Cazuza, quanto Renato Russo marcara aquela geração de jovens. Cazuza não é só cantor, mas também foi considerado um poeta, ele tinha intimidade com a poesia, e isso dava sentido as suas músicas, o artista brincava em seus versos românticos com a situação vivida pela população brasileira. A ausência de sentido da música tem, no meio dessa intimidade da poesia com a imaginação, uma posição pouco refletida na questão, mas de suma importância [...] Por isso ao analisar em destaque uma peça musical é descortinar suas complexidades combinatórias. Assim a imaginação da produção musical nos leva para o interior da própria composição, para dentro dá própria matéria musical manipulada. (LOSSO, 2000, p. 48) Enquanto o Legião Urbana, no mesmo período lança o álbum “As quatro estações” , este trazendo clara relação com a religião, Renato Russo já havia utilizado da temática religião em suas canções, porém neste disco se tornou o tema central de sua obra. Neste período Renato se manifestou sobre a situação do país. Onde diz: Até bem pouco tempo atrás, a gente realmente acreditava que poderia mudar alguma coisa. Depois percebemos que não ia dar mais para mudar, mas continuamos acreditando. E passou um certo tempo – eu pelo menos senti isso – em que as pessoas aqui no Brasil, principalmente depois do Plano Cruzado [1986], ficaram descrentes de tudo. Está assim atualmente: elas deixam as coisas irem sem convicção. Mesmo estas eleições presidenciais estão assim: todo mundo está querendo acreditar, mas ninguém acredita muito. (ALVES, 2005, p.2) Renato neste texto traz a tona a sua preocupação com a descrença das pessoas, com isso podemos perceber em suas canções uma espécie de fanatismo religioso, pois segundo ele as pessoas já não acreditavam na melhora de seu país, por isso através de suas músicas tentava transmitir e reacender a esperança em seus ouvintes, tentado através da música, mandar um pedido de paz universal, desta forma a valorização da religião presente neste disco, visa a reforçar a importância do amor como um sentimento essencial para a vida social. Neste tocante com SILVA, Roberta; SILVA, Elizete, vem contribuir no entendimento sobre a importância da música para as pessoas “Bem como a apropriação de linguagens de expressão, a música é um instrumento competente de liberdade de um povo. Viabiliza o acesso ao acervo cultural, científico e religioso da humanidade.” (s. d. , p. 2) Em uma performance do Barão Vermelho, em histórico show no primeiro Rock in Rio, no ano de 1985. A banda toca a música “Milagres”, um grande sucesso que Cazuza ilustra a realidade do país de forma poética. Nossas armas estão na rua/ É um milagre /Elas não matam ninguém /A fome está em toda parte/ Mas a gente come/ Levando a vida na arte/Todos choram/ Mas só há alegria Me perguntam/ O que é que eu faço?/E eu respondo: "Milagres, milagres"/As crianças brincam /Com a violência/ Nesse cinema sem tela/ Que passa na cidade/Que tempo mais vagabundo/Esse agora/Que escolheram pra gente viver/Todos choram/Mas só há alegria/Me perguntam/O que é que eu faço/E eu respondo:"Milagres, milagres". Referenciando Nascimento podemos perceber o quanto Cazuza fez sucesso no rock brasileiro “Diferente de pensadores que o influenciaram, Cazuza, dispôs, em sua época do palco, da cena pop rock que espalhou ideias para milhares de fãs que ouviam e repetiam os versos de suas músicas como verdadeiros hinos. (2005, p. 13)”. Nascimento em sua dissertação verifica a importância letrista e poeta de Cazuza, para os jovens roqueiros do Brasil, Cazuza é um dos artistas mais conhecidos e controvertidos dentre os que ocupam espaço na mídia cultural brasileira [...] seu comportamento por vezes transgressor e suas letras que retratam a angústia de uma juventude sem heróis, o tornaram porta voz e símbolo de uma nova geração. [...] Definindo-se, dessa forma, um poeta do cotidiano cinzento, Cazuza traça o seu caminho na arte da década de 80. O papel do poeta, enquadrado nesse perfil, será o de filtrar a realidade e apresenta-la na sua arte. Traduzindo muitas angústias de uma geração, Cazuza deixou uma obra vigorosa, rica, capaz de expressar, em seu trabalho, um amplo panorama de sentimento e emoções. (2005, p.15) O artista sem sombra de dúvidas influenciou na cultura brasileira, Nascimento (2005, p. 16) considera que “Cazuza em nenhum momento chega a ser depressivo como Renato Russo, seu contemporâneo. A luminosidade do garoto de Ipanema não se diluiu mesmo na dor, no viés cinzento que tipifica o rock da Legião Urbana, nascido em Brasília.”. Mesmo com as dificuldades enfrentadas por Cazuza nos últimos anos de carreira por ser soro positivo do vírus HIV, sempre deixou isso claro para seus fãs, diferente de Renato Russo que preferiu manter sua imagem preservada sobre ter a doença. Cazuza, além disso, assumia publicamente ser bissexual, apesar do preconceito que enfrentara na época por ambas as questões, Cazuza demonstrou encarar a doença de frente e mostrouse mais otimista em algumas de suas canções que Renato Russo. Neste tocante Nascimento (2005), mostra que Renato Russo traz a temática do suicídio em Pais e Filhos (1989), “Clarisse”, “Dezesseis”, estas são canções de Legião Urbana que abordaram o assunto pouco comum nas canções brasileiras. O autor afirma que Renato era deprimido crônico e dependente de álcool e cocaína, tanto Cazuza quanto Renato Russo fizeram uso de droga no decorrer de suas vidas. Nascimento aponta também uma comparação de algumas músicas de Cazuza e de Renato que remetem uma oposição da morte. Porém as músicas de Renato Russo eram muito mais depressivas do que de Cazuza, que tratava de dores-de-cotovelo, paixão, dor, entre outras temáticas. No álbum “A tempestade”, lançado em 1996, a canção Clarisse estaria presente, mas por decisão do próprio Renato Russo, pelo conteúdo deprimente da canção que falava de uma garota com distúrbios psíquicos e emocionais, como podemos verificar na letra a seguir: E Clarisse está trancada no banheiro/ E faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete/ Deitada no canto, seus tornozelos sangram/ E a dor é menor do que parece/ Quando ela se corta ela se esquece/ Que é impossível ter da vida calma e força/ Viver em dor, o que ninguém entende. (“Clarisse” – Legião Urbana, 1996). Conseguimos perceber algumas semelhanças entre Cazuza e Renato Russo, As comparações entre Cazuza e Renato Russo são inevitáveis. Tinham praticamente a mesma idade (Cazuza era dois anos mais velho), viveram numa conjuntura política-social e chegaram a ser considerados os dois maiores poetas brasileiros de uma geração. (NASCIMENTO, 2005, p. 33). Cazuza sempre gostou de música desde a infância, teve um bom referencial quanto às músicas brasileiras mais tradicionalistas. Nascimento confirma, Cazuza acostumou-se a ouvir, desde os primeiros anos de sua formação, uma música popular brasileira mais tradicional. Posteriormente, teve contato com o Rock. Em 1972, ouviu Rolling Stones e Janis Joplin no recreio do Colégio Anglo-Americano. [...] Vivendo durante sete meses em 1979, nos Estados Unidos, Cazuza tem a possibilidade de ampliar seus horizontes musicais e culturais,, retomando com as certezas de que seu caminho seria a musica e de que, dentro da música, teria sempre um caminho pelo Rock. (2005, p. 18) O artista afirma que gostava de poesia desde a adolescência, porém assume este dom apenas aos 23 anos de idade, somente quando integrante da banda Barrão Vermelho, Nascimento (2005) aponta que, Cazuza sempre teve sua sensibilidade aflorada e isso contribuiu muito em sua carreira, para enfrentar os mecanismos da sociedade, tratara em suas canções de desgastes do sentimento humano. Aos 17 anos, comecei a descobrir que minhas poesias podiam ser letras de músicas, mas só assumi isso aos 23 anos, quando entrei no Barão Vermelho. Antes disso, procurei conhecer tudo sobre teatro, pois sabia que era um bom veículo pra me tornar cantor [...] Não tenho a voz aprimorada, nunca estudei canto e tenho a língua presa. Mas cantar rock não é fácil, não. Não estou desmerecendo o que cantei até hoje [...] foi com o rock que encontrei a minha tribo. De repente, fumei um baseado, saí na rua e vi uma porção de gente igual a mim. Soltei pipa e joguei frescobol ao som do rock. [...] Rock eu conheci mesmo através do Caetano e da Tropicália, Os Mutantes, Rita Lee, Novos Baianos. [...] claro que isso aconteceu com a moldura mais epidérmica do rock. Todo brasileiro, todo latinoamericano, é pego um pouquinho pelo pé nisso de mexer na ferida do amor. Por enquanto, o que me dá maior prazer além da música é o beijo na boca. 2 Cazuza na citação acima conta como foi a sua relação com o rock, o que o gênero musical o proporcionou, ele argumenta sobre a relação de intimidade que tinha com a música, que lhe proporcionava uma relação harmônica com a sua própria vida, harmonia está que é o que muitos jovens procuram ao ouvirem o rock, encontrar nas canções, nos cantores um ser que seja parecido consigo próprio. As letras de Renato Russo e de Cazuza tem em comum o potencial de atingir os jovens de forma enérgica, fazendo com que suas músicas se tornassem um sucesso em todo o país, conforme veremos a seguir: [...] Cazuza e Renato Russo iam além de colocar sua poesia a serviço de uma sinceridade urgente. Mais do que isso, suas letras se expõe como uma experiência de uma vida em que os ideais morreram antes de nascer. O mais interessante é a maneira como isso aconteceu . Ao contrario de seus antecessores, os sentimentos contidos nas poesias de Cazuza e de Renato Russo não ficaram presos aos livros e canções. Eles explodiram numa cena pop rock que fez de toda uma geração – e uma geração seguinte – decorar cada verso escrito pelos dois. (NASCIMENTO, 2005, p. 39) 2 Compilação feita por Ezequiel Neves e recolhida em entrevista às revistas ISTO É, PLAYBOY, AMIGA e INTERVIEW, no período de 1983 a 1989. Disponível no site oficial de Cazuza. http://cazuza.com.br/sec_textos_list.php?language=pt_BR. Acessado dia 29 de Julho de 2013. Renato e Cazuza atingiram de formas diferentes diversos jovens brasileiros, levando inspiração e conforto para suas vidas. Tiveram contudo no decorrer da sua carreira milhões de fãns, até hoje os hits dos artistas são escutados por fãns de diversas faixas etárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa que ora vai se encaminhando para sua conclusão, começou com uma profunda identificação com as canções de Renato Russo e de Cazuza. Conclui-se que as canções de Cazuza e Renato Russo, muito influenciou e ainda influência a vida e dos jovens brasileiros, a ideologia presente nas letras das canções é seguida por muitos dos ouvintes do rock nacional, as temáticas presentes nas músicas vão do amor ao ódio, da vida há morte, fazendo com que a juventude se identifica com esses discursos musicais. Ambos os poetas reconhecidos, merecem atenção os estudos que se remete ao gênero musical rock nacional. Sem sombra de dúvidas fizeram parte da história do país em momentos difíceis da história brasileira, e são reconhecidos até os dias atuais. Suas canções deixaram um legado na sociedade brasileira, fizeram sucesso em momentos conturbados da história brasileira, e por se remeterem a um rock urbano, muitas foram as canções que descreveram um pouco das angustias que milhões de pessoas vivera. Podemos considerar que muitas de suas canções tinham algum caráter político e ideológico, este no qual contribuiu para fossem artistas a serem espelhados para a maioria dos jovens. REFERÊNCIAS ALVES, Luciano Carneiro. IDEOLOGIA (1988) E AS QUATRO ESTAÇÕES (1989): Cazuza, Renato Russo e o Fim das Utopias. Londrina, 2005. Disponível em: http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S23.0599.pdf. Acesso em 30 de Julho de 2013. BARCINSKI, André. Rock´n´roll: Um, dois, três, quatro! 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