Anticonvulsivantes - ICB

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Anticonvulsivantes
Prof. Dr. Gilda Ângela Neves
2015
Convulsões
Alteração transitória do comportamento causada pela
ativação desordenada, sincrônica e ritmada de
populações de neurônios cerebrais.
Causa: descargas locais rápidas, excessivas e ocasionais
Perda do mecanismo de
controle inibitório
Aumento da
excitabilidade neuronal
Epilepsias
Distúrbio da função cerebral caracterizado pela
ocorrência periódica e imprevisível de convulsões
2o distúrbio neurológico mais comum, depois do AVE
(0,8% da população)
Sinais e sintomas determinados pelo sítio (foco) e pela
propagação (localizada vs. generalizada) da atividade
anormal
Epilepsias - Classificação
Crises
Parciais
Crises
Generalizadas
Começam em um
foco no córtex
Envolvem amplamente
ambos os hemisférios
cerebrais desde o seu
início
Crises Parciais
Parcial Simples
Preservação da consciência
Manifestações diversas determinadas
pela região do córtex ativada pela
convulsão
Parcial Complexa
Alteração da consciência durante 30 s a
2 min
Movimentos sem objetivo
Parcial
Secundariamente
Generalizada
Evolução para uma convulsão tônicoclônica com perda da consciência
Duram de 1 a 2 minutos
Crises Generalizadas
Tônicas
Aumento repentino do tônus muscular
Resulta em queda
Mais comum em crianças
Clônica
Períodos de contração muscular alternados
com relaxamento
Mais comum em bebês ou crianças pequenas
Tônico-Clônicas
(Grande Mal)
Resposta epilética
máxima do
cérebro
Crise Tônico-Clônica
Generalizada
Crises Generalizadas
Atônicas
Diminuição repentina do tônus muscular
Resulta em queda da cabeça, de um membro
Mais comum em crianças
Mioclonias
Breve contração muscular
Ausência
(Pequeno Mal)
Início súbito de alteração da consciência
Olhar parado, interrupção das atividades
Duração inferior a 30 s
Farmacoterapia das Epilepsias
Objetivo: maximizar a qualidade de vida reduzindo a freqüência
e a intensidade das crises
20% com redução de
frequência das crises
20% refratários à
farmacoterapia
60% dos pacientes
sem crise
Fármacos Anticonvulsivantes
Fármacos Anticonvulsivantes
Mecanismos de Ação
Diminuição dos disparos neuronais no foco da crise
convulsiva, reduzindo a propagação da mesma a partir
do foco
Potenciação da Inativação de Canais de Sódio
Potenciação da neurotransmissão GABAérgica
Inibição da neurotransmissão glutamatérgica
Bloqueio de Canais de Cálcio
Outros
Potencialização da Inativação de
Canais de Na+
Carbamazepina, Eslicarbazepina, Felbamato, Fenitoína, Lacosamida, Lamotrigina,
Oxcarbazepina, Rufinamida, Topiramato, Valproato, Zonisamida
Potenciação GABAérgica
Fenobarbital e Primidona
Benzodiazepínicos
(Clobazam, Clonazepam,
Diazepam, Lorazepam,
Midazolam)
Felbamato, Topiramato,
Zonizamida
Estiropentol (?)
Potenciação GABAérgica
Tiagabina
Valproato
Vigabatrina
Inibição Glutamatérgica
Fenobarbital e Primidona
Topiramato
Felbamato
Valproato (?)
Bloqueio de Canais de Ca2+
- Tipo T zonisamida
Localização pós-sináptica
Responsáveis por correntes de baixo limiar
Importantes para a manutenção dos disparos e ondas ritmadas no
tálamo que são vistas durante as crises de ausência.
Bloqueio de Canais de Ca2+
- Tipo N Localização pré-sináptica
Regulam o processo de
exocitose e,
consequentemente,
liberação de outros
neurotransmissores
Pregabalina
Gabapentina
Lamotrigina (?)
Outros Mecanismos Propostos...
Ligação
Leviracetam
a
proteína
SV2A:
Potenciação de canais HCN (Canais
Acoplados a Nucleotídeos Cíclicos
ativados
por
Hiperpolarização):
Lamotrigina
Inibição da Anidrase Carbônica
Central: Acetazolamida, Topiramato,
Zonisamida
Resumindo...
Farmacocinética
Maioria tem boa absorção por via oral (BD 80 – 100%);
Maioria sofre biotransformação hepática;
Condições que alteram níveis de proteínas plasmáticas podem requerer
ajuste de doses e acompanhamento:
insuficiência renal,
doença hepática,
queimaduras,
gravidez,
desnutrição,
idade
Fenitoína - Farmacocinética
O
Fenitoína
NH
HN
O
Alta ligação às proteínas plasmáticas
fenitoína
Administração: individualização da dose!!!
Inicio de ação lento (Cmáx em 3 – 12 horas v.o.) – necessita de
dose de ataque!!
Começar com doses baixas e aumentar considerando benefício x
reações adversas
Evitar via IM!! Absorção errática
Fosfenitoína
Mais indicada para
vias IM e IV
Maior solubilidade em água
O
HN
N
O
PO3
O
fosfenitoína
Carbamazepina
N
O
Administração: 2 x dia (formas de liberação controlada) –
aumentar a doses a cada 2 semanas
Uso com alimentos aumenta a BD
Altamente metabolizada - 3% eliminada na forma inalterada
Auto-indutor enzimático
± um mês para obtenção de uma
concentração plasmática estável
NH2
Oxcarbazepina e Acetato de
Eslicarbazepina
Oxcarbazepina
Menos potente e melhor tolerado
que a CBZ
Menor indição de enzimas hepáticas
Acetato de Eslicarbazepina
Isômero S(+)
Administração em dose única diária
Menor número de estudos clínicos
Formas de Administração
Etossuximida: duas vezes ao dia (↓ queixas GI), aumentar
gradativamente a dose por um período de uma a duas semanas.
Valproato: FF revestimento entérico e junto com alimentos (↓
queixas GI)
Gabapentina: BD saturável (↓ com aumento da dose).
inicialmente, aumentar freqüência de administração (1 x dia – 2 x
dia – 3 x dia). Correção de doses em pacientes nefropatas!!
Tiagabina: aumentar a dose a cada semana até resposta
satisfatória
Felbamato, Topiramato, Zonisamida: aumentar a dose a cada
duas semanas até resposta satisfatória
Interações Medicamentosas
Induz
CYP
Induz Inibe
UGT CYP
Inibe
UGT
Metabolizado
por CYP
Metab.
p/ UGT
Carbamazepina 2C9; 3A*
Sim
1A2;2C8;2C9;3A4 Não
Oxcarbazepina
3A4 / 5
Sim
2C19
Fenobarbital
2C*; 3A*
Sim
Sim
metaboliza
Sim os
orais
Nãocontraceptivos
2C9;2C19
Não !
Fenitoína
2C*; 3A*
Sim
Sim
Não
2C9;2C19
Não
Primidona
2C*; 3A*
Sim
Sim
Não
2C9;2C19
Não
Valproato
Não
Não
2C9
Sim
2C9;2C19
Sim
Lamotrigina
Não
Sim
Não
Não
Sim
Sim
Topiramato
Não
Não
2C19
Não
Etossuximida
Não
Não
Não
Não
?
?
Gabapentina
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Tiagabina
Não
Não
Não
Não
3A4
Não
Levetiracetam
Não
Não
Não
Não
Não
Não
Zonisamida
Não
Não
Não
Não
3A4
Sim
CYP3A4
Fraca
Não
PARCIAL E
GENERALIZADA TÔNICOCLÔNICA
felbamato,
carbamazepina, fenitoína,
topiramato,
oxcarbazepina
zonisamida
fenobarbital, primidona,
tiagabina, levetiracetam,
BZDs i.v.
valproato,
lamotrigina
gabapentina
MIOCLONIA
clonazepam
AUSÊNCIA
etossuximida
Consenso de Especialistas
Brasileiros (2003)
Crises Generalizadas Idiopáticas
Crises Parciais
Crises Parciais e TônicoClônicas Generalizadas
Primeira Escolha
Fármacos
Alternativos
Fármacos
Adjuvantes
Carbamazepina
Fenobarbital
Gabapentina
Fenitoína
Lamotrigina
Tiagabina
Valproato
Vigabatrina
Topiramato
Primidona
Felbamato*
*apenas para crises parciais
Mioclonias
Primeira Escolha
Fármacos
Alternativos
Fármacos
Adjuvantes
Valproato
Clonazepam
Felbamato
Lamotrigina
Ausência
Primeira
Escolha
Fármacos
Alternativos
Fármacos
Adjuvantes
Contraindicados
Etossuximida
Clonazepam
Lamotrigina
Carbamazepina
Topiramato
Gabapentina
Valproato
Fenobarbital
Fenitoína
Tiagabina
Vigabatrina
R2 – Lista C1; R4 – Lista B1; R5 – Lista A1, R45 – apenas em casos de eclâmpsia e préeclâmpsia
Reações Adversas
Sedação, Sonolência
Benzodiazepínicos, gabapentina,
lamotrigina, leviracetam, fenobarbital,
fenitoína, vigabatrina, zonisamida
Tontura
Gabapentina, leviracetam, zonisamida
Ataxia
Carbamazepina, lamotrigina, fenitoína
Desconforto TGI
Etossuximida, valproato
Reações Adversas
- Principais Fármacos Fenitoína
Carbamazepina
Valproato
Lamotrigina
Etossuximida
Nistagmo, diplopia, hiperplasia gengival,
hirsutismo, anemia
Diplopia, discrasias sanguíneas
Hepatotoxicidade, ganho de peso
Rash, síndrome de Stevens-Johnson
Letargia, dores de cabeça
Reações Adversas
- Fármacos Adjuvantes Felbamato
Anemia aplásica, hepatotoxicidade
Gabapentina
Alterações comportamentais
Leviracetam
Astenia
Vigabatrina
Ganho de peso, agitação, confusão, psicose
Zonisamida
Agitação, rash, síndrome de Stevens-Johnson
Uso Durante a Gravidez
Utilização de anticonvulsivantes aumenta o risco de
nascimentos abaixo do peso
Malformações congênitas: evitar o uso de valproato,
carbamazepina e fenitoína ou politerapia durante o 1o
trimestre
Prejuízo cognitivo: evitar uso de valproato, fenitoína,
fenobarbital ou politerapia durante todo o período gestacional
Gravidez - ↑ depuração lamotrigina,
fenitoína, carbamazepina,
oxcabazepina e levetiracetam
Uso Durante a Lactação
Primidona e levetiracetam são
excretados no leite materno em
concentrações clínicamente
relevantes
Vigabatrina: crises de espasmos em
flexão afetando lactentes, cursa com
retardo mental.
Valproato, fenobarbital, fenitoina e
carbamazepina não são encontradas
no leite materno em concentrações
clinicamente relevantes
Resultados Terapêuticos
Estabelecer regime de dosagem para cada paciente;
Monitoramento crônico: controle das crises, reações adversas, ajuste
social, interações medicamentosas, adesão ao tratamento
Monitorar surgimento de outros distúrbios neuropsiquiátricos
Retirada da Medicação – considerar quando:
Paciente sem crises a 2 – 4 anos;
EEG e exame neurológico normais;
Obteve controle completo das crises no primeiro ano de tratamento;
Início das crises entre 2 e 35 anos;
Sempre retirada gradual!!!
Estado de Mal Epiléptico
(Status Epilepticus)
Convulsões recorrentes sem períodos conscientes intercalados entre
as mesmas, ou convulsões de duração superior a 30 min.
Emergência médica!!!
Crises > 60 min de duração podem ocasionar dano neuronal
Mortalidade – 20%
Objetivos do tratamento:
Estabilizar o paciente (função cardiorespiratória, glicemia, etc.)
Interromper a atividade clínica e elétrica
Prevenir a reincidiva
Farmacoterapia das Emergências
Convulsivas
Benzodiazepínicos: lorazepam i.v./i.o., diazepam i.v. ou retal,
midazolam i.v., intranasal, i.m.
Se não ceder em 10 min, repetir BZD
Se não ceder em mais 10 min: fenitoína i.v. ou fosfenitoína i.v.
Após 30 min: repetir fenitoína ou fenobarbital i.v.
Após 60 min: anestesia geral (tiopental, midazolam ou propofol
i.v.)
Att.: risco de depressão respiratória com BZD ou BZD +
fenobarbital i.v.
Outros Usos de
Anticonvulsivantes
Estabilizadores do humor (valproato, carbamazepina,
lamotrigina)
TDAH
Transtorno de Estresse Pós-traumático (lamotrigina)
Enxaqueca (fenitoína, gabapentina, topiramato)
Obesidade (topiramato)
Dor neuropática (carbamazepina, gabapentina, pregabalina)
Neuralgias do trigêmeo e glossofaríngeo
Tabes dorsalis
Outras condições dolorosas crônicas, resistentes ao
tratamento convencional
Fitocanábinóides e Epilepsia
Fitocanábinóides e Epilepsia
Fitocanábinóides e Epilepsia
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