Medicina Interna

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Ano XIII - 2014 - nº 1
Editorial
Emergência
Medicina Interna
Neurologia e Psiquiatria
Oncologia
Pediatria
Terapia Intensiva
Cobertura Especial
da 8ª Jornada
Notícias da Rede D'Or
São Luiz
Eventos
Uma seleção de temas
apresentados na oitava
edição da Jornada
Rede D'Or São Luiz
Págs 6 a 22
Confira também a
cobertura de algumas
das exposições que
chamaram a atenção
de médicos e estudantes
de medicina que
participaram do evento
organizado pelo IDOR
Págs 23 a 30
Sumário
Editorial
03
O melhor da Jornada
Emergência
Farmacoterapia no controle da via aérea
Medicina Interna
Controle glicêmico no âmbito hospitalar. O que há de novo?
Neurologia e Psiquiatria
O que aconteceu com os transtornos de ansiedade na DSM5?
Oncologia
Neoplasia pulmonar
06
10
13
15
relato de caso
Pediatria
Manuseio nutricional para o prematuro
17
Terapia Intensiva
Bioética Clínica - Um caminho para o reencontro com
A arte perdida de cuidar
Notícias da Rede D'Or São Luiz
19
23
30
Eventos
34
Cobertura Especial da 8ª Jornada
A Revista Med D'Or é uma
publicação trimestral dirigida à
classe médica, editada pelo
Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino
(IDOR), entidade sem fins lucrativos
e parcialmente apoiada por
subsídios independentes da Rede
D'Or São Luiz, e produzida em
parceria com o Departamento de
Marketing da Rede D'Or São Luiz.
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Editorial
O melhor da Jornada
Espaço IDOR disponibilizou artigos científicos impressos e em tablets para envio por e-mail
A
Med D'Or inicia 2014 com um
número especial. Os artigos
científicos e boa parte das notícias
que você lerá nas próximas páginas são
frutos do principal evento científico
organizado pelo IDOR em 19 de outubro de
2013: a oitava edição da Jornada da Rede
D'Or São Luiz. Mais de cem painelistas
debateram, com mais de 400 médicos e
estudantes da área, os rumos recentes de
tratamentos e diagnósticos em várias
especialidades da Medicina.
tornos Mentais (DSM). Em síntese, ele
aponta que houve inclusões e exclusões na
categoria de transtornos de ansiedade, mas
“o rearranjo classificatório não foi acompanhado de modificações paralelas no manejo
terapêutico de seus sintomas.”
Na área de Oncologia, a radio-oncologista
Lilian d'Antonino Faroni, do Centro de Oncologia D'Or, relata um caso de neoplasia
pulmonar (apresentado na Jornada no
formato de sessão interativa com votação
eletrônica) em que a confirmação do
diagnóstico por meio de biópsia se mostrou
fundamental. Do módulo de Pediatria, a Med
D'Or traz um artigo do coordenador da UTI
Neonatal do Hospital Oeste D'Or, Gustavo
Pinheiro, sobre a nutrição enteral e parenteral de recém-nascidos prematuros.
Destacamos, neste número, alguns temas
apresentados no evento. Em “Emergência”,
a médica Alessandra Thompson, rotina da
UTI Ventilatória do Hospital Copa D'Or,
aborda o uso adequado de sedativos, analgésico e bloqueadores neuromusculares no
manuseio da via aérea. Em “Medicina
Interna”, o coordenador da Endocrinologia do
Hospital Quinta D'Or, Eduardo Sanchez,
escreve sobre o controle glicêmico em
pacientes internados, mostrando a importância de programas hospitalares nessa
área.
Por fim, Marcelo de Godoy, médico do Copa
D'Or e do Quinta D'Or, expõe os conceitos
básicos de Bioética e relata um caso
apresentado na Jornada em que florescem
os dilemas e conflitos na prática médica
diária.
Já o professor da UFRJ Leonardo Fontenelle,
pesquisador de Neurociências do IDOR,
explica, na seção “Neurologia e Psiquiatria”,
as modificações na recém-lançada edição do
Manual Estatístico e Diagnóstico dos Trans-
Na seção de notícias, você encontrará um
resumo de outras palestras apresentadas
durante a Jornada, nos módulos de Medicina
Interna, Cardiologia, Neurologia e Psiquiatria, Emergência e Pediatria.
Em razão dessa cobertura especial, excepcionalmente este número da revista não traz
as tradicionais páginas voltadas a entrevista, resenhas e informações sobre os cursos
de pós-graduação do IDOR. Mas, como nas
outras edições, há notas sobre as iniciativas
mais importantes dos hospitais da Rede D'Or
São Luiz nos últimos meses.
Gostaríamos de agradecer a todos os participantes, aos palestrantes e aos coordenadores dos módulos que, mesmo sobrecarregados em sua intensa rotina médica diária, se
dedicaram à realização da Jornada e à
promoção de atualização continuada, fundamentais para a excelência na saúde.
Esta edição traz outra novidade: a partir de
agora, a Med D'Or passa a ser exclusivamente digital. Assim, poderá chegar mais rapidamente aos leitores e ser acessada de
qualquer lugar (em computadores, tablets ou
celulares). A ideia é ampliar o alcance da
revista e torná-la mais dinâmica.
A publicação pode ser encontrada nos sites
do IDOR (www.idor.org) e da Rede D'Or São
Luiz (www.rededor.com.br). Quem estiver
cadastrado nesses portais vai recebê-la por
e-mail.
Boa leitura!
Revista MED D’OR
3
Um resumo da Jornada
F
iel ao lema da última Jornada Rede D'Or São Luiz, de
integrar conhecimentos para a excelência médica, a
Med D'Or publica nas páginas seguintes uma
seleção de artigos abordando temas apresentados no
evento. Os textos, alguns dos destaques dos vários
módulos da Jornada, mostram tendências recentes da
Medicina, debates éticos e atualizações sobre temas tão
diversos como transtornos de ansiedade, controle
glicêmico em hospitais e nutrição de recém-nascidos
prematuros.
Revista MED D’OR
5
Farmacoterapia no controle da via aérea
Emergência
Alessandra Thompson - Médica rotina da UTI Ventilatória do Hospital Copa D'Or, especialista em Medicina Intensiva pela AMIB.
(Tema apresentado no módulo de Emergência da 8ª Jornada Rede D'Or São Luiz)
O
uso adequado de agentes
sedativos, analgésicos e
bloqueadores neuromusculares
tem fundamental importância no manuseio
da via aérea, tanto no serviço de emergência
como no ambiente da terapia intensiva.
Além de darem conforto ao paciente,
facilitam a intubação traqueal, reduzindo o
trabalho respiratório e o consumo de
oxigênio pela musculatura respiratória.
FISIOLOGIA DA INTUBAÇÃO TRAQUEAL
O principal objetivo da intubação traqueal é
proporcionar de maneira segura e eficiente
uma via aérea artificial ao paciente.
Paradoxalmente, os procedimentos
relacionados à intubação, tais como a
laringoscopia e a introdução do dispositivo
avançado de via aérea, por muitas vezes
resultam em uma sequência de respostas
fisiológicas reflexas. A estimulação de
receptores na faringe posterior, provenientes
do nervo vago e glossofaríngeo, dá início a
essa resposta, ativando os sistemas nervoso
central, endócrino, cardiovascular e
respiratório 1 . Apesar de todos esses
sistemas responderem ao estímulo de
maneira previsível na maioria das vezes,
alguns pacientes podem apresentar
manifestações patofisiológicas que afetam
de maneira negativa seu prognóstico.
A manipulação da via aérea, a dor e a ansiedade, por exemplo, provocam a estimulação
do sistema nervoso simpático. No sistema
nervoso central ocorre aumento do fluxo
sanguíneo cerebral e da demanda metabólica de oxigênio, além do aumento da pressão
intracraniana em situações de diminuição da
complacência cerebral. Já a ativação do
sistema endócrino-metabólico eleva os
6
Revista MED D’OR
níveis plasmáticos de catecolamina, cortisol, glucagon, vasopressina e hormônio do
crescimento, entre outros1. Consequentemente, podemos observar o aumento do
catabolismo proteico, da gliconeogênese e
diminuição da resposta imune. No sistema
cardiovascular, há aumento da frequência
cardíaca (aproximadamente 30/min), da
pressão arterial (aproximadamente 20
mmHg) e do consumo de oxigênio pelo miocárdico. No sistema respiratório, a realização da laringoscopia estimula os reflexos
das vias aéreas superior e inferior, podendo
provocar laringoespasmo, tosse e broncoconstrição, que dificultam o procedimento e
perpetuam o quadro de insuficiência respiratória1,2. Ainda não foi estabelecido se a utilização de medicações específicas com intuito de minimizar essas respostas fisiológicas
melhora o prognóstico dos pacientes,
porém, sua administração diminui a intensidade e a liberação desses reflexos patofisiológicos1.
No manuseio farmacológico da via aérea
podem ser utilizadas diversas medicações,
usualmente classificadas nas seguintes
categorias: medicações pré-tratamento ou
pré-laringoscopia, medicações sedativas ou
indutoras, bloqueadores neuromusculares e
antagonistas dos bloqueadores neuromusculares.
MEDICAÇÕES PRÉ-TRATAMENTO OU
PRÉ-LARINGOSCOPIA
As medicações pré-tratamento são aquelas
administradas três minutos antes da intubação traqueal e visam diminuir os efeitos
adversos da laringoscopia e da manipulação
da via aérea em pacientes selecionados2.
Diferentes medicações já foram utilizadas
com esse intuito, tanto no cenário da via
aérea emergencial como no eletivo. Dentre
estas podemos citar a lidocaína e os opioides de ação ultrarrápida, como fentanil e
seus derivados. O uso de atropina para prevenção de bradicardia3 e de agentes defasciculantes para pacientes com hipertensão
intracraniana5 não é mais indicado em razão
do baixo nível de evidência encontrado em
análises sistemáticas e observação direta de
profissionais em sua prática diária2.
a) Lidocaína - É metabolizada pelo fígado e
excretada pelo rim, tendo como principal
mecanismo de ação o bloqueio dos canais de
sódio, interrompendo assim a despolarização dos neurônios. Utilizada três minutos
antes da intubação na dose de 1,5 mg/kg por
via intravenosa, tem capacidade de suprimir
o reflexo de tosse6, sendo particularmente
importante em pacientes com hipertensão
intracraniana. Sua principal indicação é a
prevenção do aumento da pressão intracraniana durante a manipulação da via aérea7,
mas é contraindicada em pacientes com
alergia ao amido e bradicardia grave. Seus
efeitos colaterais mais importantes incluem:
neurotoxicidade (coma e crise convulsiva,
por exemplo), distúrbios de condução cardíaca e choque cardiogênico, se utilizada em
altas doses.
b) Opioides - São drogas com propriedades
farmacológicas semelhantes às do ópio, das
quais a morfina é o protótipo. Agem ligandose seletivamente aos receptores mu no
sistema nervoso central, promovendo analgesia e sedação2. Apresentam baixo peso
molecular e alta variabilidade quanto a sua
lipossolubilidade e ligação a proteínas. Os
mais comumente usados como medicações
Farmacoterapia no controle da via aérea
pré-tratamento, como fentanil e remifentanil,
por exemplo, são mais lipossolúveis, o que
lhes confere rápido início de ação. Tem como
efeito fisiológico cardinal a atenuação da
resposta simpática durante a laringoscopia,
reduzindo as oscilações na pressão arterial e
frequência cardíaca, com efeitos colaterais
mínimos em doses de 2-15 mcg/kg 8,9 .
Depressão respiratória e instabilidade hemodinâmica podem ser encontradas como
efeitos colaterais (dose dependentes), além
do aparecimento de rigidez torácica após a
rápida infusão de doses elevadas10.
Quadro 1. Recomendações das medicações pré-tratamento
Medicações pré-tratamento
Lidocaína
Fentanil
Recomendações
Pacientes com hiper-reatividade das vias aéreas
Pacientes com hipertensão intracraniana
Pacientes com doença cardiovascular e necessidade
de controle pressórico e frequência cardíaca
O modelo mnemônico ABC demonstrado na figura 1, abaixo, nos auxilia na indicação dessas
diferentes drogas nas seguintes situações: A – Asthma (representando doenças com hiperreatividade das vias aéreas), B – Brain (representando pacientes com elevação da pressão
intracraniana), e C – Cardiovascular (representando pacientes com disfunção
cardiovascular)2:
Lidocaína
Asthma
Ambos
Fentanil
Brain Cardiovascular
Figura 1. Modelo mnemônico ABC para pré-tratamento
SEDATIVOS OU AGENTES INDUTORES
Estão entre as medicações mais potentes
utilizadas atualmente. O sedativo ideal deve
ter rápido início de ação, curta duração e
pouco ou nenhum efeito adverso. Além
disso, deve provocar inconsciência, analgesia e amnésia e promover estabilidade hemodinâmica1. A maior parte das medicações
desta classe, pela sua característica lipossolúvel, preenche os primeiros critérios, mas
todas, em diferentes esferas, causam
depressão miocárdica e instabilidade hemodinâmica. Esse efeito é tempo e dose dependente, e pode ser influenciado pelas comorbidades do paciente. Podemos dividir esses
medicamentos em barbitúricos de ação
ultrarrápida (como tiopental), benzodiazepínicos (como midazolam) e outros (como
cetamina, etomidato e propofol)2. Seus
mecanismos de ação atuam principalmente
através da ligação com receptores GABA e
NMDA. Como o alvo de ação é o sistema
nervoso, em indivíduos não obesos sua dose
deve ser baseada no peso ideal do paciente.
a) Barbitúricos de ação ultrarrápida - Seu
protótipo é o tiopental, que tem elevado
poder de hipnose, porém, carece de propriedades analgésicas. Provoca diminuição do
fluxo sanguíneo cerebral, do consumo cere-
bral de oxigênio e da pressão intracraniana.
São cérebro-protetores por esses motivos,
além de apresentarem propriedades anticonvulsivantes. Atualmente suas indicações
são mais restritas a pacientes neurocríticos,
devido à presença de efeitos adversos, tais
como: liberação de histamina, teratogênese,
depressão respiratória e depressão miocárdica com instabilidade hemodinâmica
grave11.
b) Benzodiazepínicos - São agentes hipnossedativos com propriedades anticonvulsivantes12, caracterizados pela produção de
amnésia anterógrada, redução da atividade
Revista MED D’OR
7
Farmacoterapia no controle da via aérea
psicomotora e relaxamento muscular. Seu
início de ação está diretamente ligado a seu
potencial de lipossolubilidade. Dentre seus
efeitos adversos podemos mencionar
depressão do sistema nervoso central,
depressão respiratória e instabilidade hemodinâmica12. Os mais utilizados em situações
emergenciais são diazepam, lorazepam e
midazolam, sendo o último o único considerado agente indutor na abordagem à via
aérea. Doses de 0,2-0,3 mg/kg em bolus
podem ser utilizadas2.
c) Etomidato - Derivado imidazólico com
rápido início de ação e propriedades hipnóticas. Como característica principal promove
estabilidade hemodinâmica13 por não inibir o
tônus simpático, preservando o fluxo sanguíneo cerebral e se tornando uma excelente
escolha para pacientes com suspeita ou
confirmação de pressão intracraniana elevada. Seu efeito colateral mais controverso é a
supressão da glândula adrenal em estados
de hipoperfusão, que consequentemente
reduz os níveis de cortisol14 e aldosterona;
porém, não há evidência que apoie a exclusão da utilização de etomidato nesses pacientes para a intubação traqueal15. Doses de
0,2-0,3 mg/kg em bolus podem ser usadas.
d) Cetamina - Tem propriedades analgésicas
e amnésicas com mínima influência no drive
respiratório. É considerado um anestésico
dissociativo. Provoca liberação de catecolaminas, estimulando o sistema nervoso simpático, provocando efeito hemodinâmico
positivo sobre a frequência cardíaca e pressão arterial, além de broncodilatação16. É
indicado principalmente para pacientes com
hiper-reatividade das vias aéreas e para
aqueles hemodinamicamente instáveis por
sepse. Podem ocorrer alucinações, geralmente resolvidas com administração de
benzodiazepínicos. Doses de 1,5 mg/kg em
bolus podem ser utilizadas.
8
Revista MED D’OR
te estáveis e euvolêmicos18. Da mesma
maneira que a quetamina, é utilizado em
pacientes com hiper-reatividade das vias
aéreas por seu efeito broncodilatador. Doses
de 1,5 mg/kg em bolus podem ser utilizadas
em pacientes normotensos e euvolêmicos.
e) Propofol - Considerado agente de características hipnóticas e anticonvulsivantes17
que apresenta rápido início de ação e curta
duração. Tem a capacidade de diminuir o
metabolismo cerebral e a pressão intracraniana e, por esses motivos, é indicado para
pacientes neurocríticos hemodinamicamen-
Quadro 2. Características farmacocinéticas dos agentes indutores
Agentes indutores
Tiopental
Midazolam
Etomidato
Cetamina
Propofol
Dose
3 mg/kg
0,2-0,3 mg/kg
0,3 mg/kg
1,5 mg/kg
1,5 mg/kg
Duração de ação
5-10 min
15-30 min
3-12 min
10-20 min
15-45 seg
5-10 min
Estabilidade
Hemodinâmica
Broncodilatação
Etomidato
Quetamina
Propofol
Anticonvulsivante
Figura 2. Principais
indicações dos agentes
indutores
Início de ação
< 30 seg
60-90 seg
15-45 seg
45-60 seg
Propofol
Midazolam
Tiopental
BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES
São utilizados para facilitar a intubação
traqueal e considerados de extrema importância na realização da sequência rápida de
intubação na prevenção de broncoaspiração
e outros efeitos adversos relacionados ao
procedimento. Podemos classificá-los em
duas categorias: agentes despolarizantes ou
não competitivos e agentes não despolarizantes ou competitivos1.
a) Bloqueadores neuromusculares despolarizantes - Produzem seu efeito se ligando
aos receptores de acetilcolina na junção
Amnésia e
Sedação
Midazolam
neuromuscular, causando despolarização
sustentada da fibra muscular. Seu protótipo
é a succinilcolina, que age estimulando os
receptores nicotínicos e muscarínicos do
sistema nervoso simpático e parassimpático1. É utilizado na sequência rápida de intubação pelo seu rápido início de ação e curta
duração. Tem como principais contraindicações a história pregressa pessoal ou familiar
de hipertermia maligna e utilização em pacientes com alto risco de hiperpotassemia
(como grandes queimados, portadores de
doenças neuromusculares)2. Seus efeitos
colaterais mais importantes são: fasciculações, hipercalemia, hipertermia maligna,
Farmacoterapia no controle da via aérea
bradicardia (mais descrita em crianças) e
trismo2. Doses de 1,5 mg/kg em bolus podem
ser utilizadas.
b) Bloqueadores neuromusculares não
despolarizantes - Estas medicações competem com os bloqueadores neuromuscula-
res despolarizantes e bloqueiam a ação da
acetilcolina na junção neuromuscular. São
divididas em duas categorias: benzilisoquinolinas e aminoesteroides. Os últimos são
mais indicados no uso emergencial da abordagem à via aérea, e sua potência é inversamente proporcional ao início de ação. Carac-
terizados pela ausência de fasciculações e
reversão da paralisia muscular com a utilização de inibidores da acetilcolinesterase
como a neostigmina em doses de 0,06-0,08
mg/kg. Recentemente foi descrito um antagonista seletivo do rocurônio (sugamadex)
que demonstrou ser seguro e eficaz19.
Quadro 3. Características dos bloqueadores neuromusculares não despolarizantes aminoesteroides
Não despolarizantes
Início de ação
Duração de ação
Efeitos colaterais
Pancurônio
1-5 min
45-90 min
taquiarritmias
Vecurônio
1-4 min
30-60 min
hipotensão
Rocurônio
1-3 min
30-45 min
hipotensão
REFERÊNCIAS
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Revista MED D’OR
9
Controle glicêmico no âmbito hospitalar.
O que há de novo?
Medicina Interna
Eduardo Sanchez - Médico do Serviço de Clínica Médica do Hospital Quinta D'Or, coordenador da Endocrinologia do Hospital Quinta D'Or,
especialista em Clínica Médica, mestre em Endocrinologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
(Tema apresentado no módulo de Medicina Interna da 8ª Jornada Rede D'Or São Luiz)
O
controle glicêmico no paciente
internado é atualmente um dos
maiores desafios da medicina hospitalar. Embora geralmente o diabetes melito
não seja o motivo primário da admissão no
hospital, é uma das comorbidades mais
frequentes. Além disso, durante a hospitalização, pacientes sem diagnóstico prévio de
diabetes melito podem exibir hiperglicemia
transitória com posterior normalização do
estado metabólico, uma condição conhecida
como hiperglicemia de estresse. Independentemente do diagnóstico de (diabetes
melito ou hiperglicemia de estresse), a hiperglicemia está associada a maior tempo de
permanência no hospital e aumento dos
custos de internação.
Em 2001, Van den Berghe publicou um estudo sobre uma unidade de cuidados intensivos cirúrgica onde observou redução de
mortalidade e morbidade com terapia insulínica intensiva, objetivando manter a glicemia abaixo de 110 mg/dl1. Em 2004, o American College of Endocrinology (ACE) e a American Association of Clinical Endocrinologists
(AACE), em colaboração com a American
Association of Diabetes (ADA) e outras
organizações médicas, elaboraram recomendações para o tratamento da hiperglicemia no paciente hospitalizado2. Já em 2006,
o ACE e a ADA, em parceria, organizaram
uma força-tarefa e uma conferência para
definir um consenso sobre o controle glicêmico no paciente hospitalizado3.
Embora a hiperglicemia esteja associada a
desfechos desfavoráveis, a intervenção para
normalizar a glicemia tem gerado resultados
divergentes. Estudos recentes com pacientes criticamente enfermos, em particular o
“Normoglycemia in Intensive Care Evaluati-
10
Revista MED D’OR
on and Survival Using Glucose Algorithm
Regulation” (NICE-SUGAR), não conseguiram mostrar redução significativa da mortalidade ou registraram até mesmo aumento do
risco de mortalidade, alertando para os episódios de hipoglicemias graves4. Reconhecendo a importância desses achados, a
AACE e a ADA atualizaram, em 2009, o consenso sobre o manejo do controle glicêmico
no paciente hospitalizado, revendo as metas
glicêmicas e descrevendo protocolos e
procedimentos necessários para facilitar sua
implementação5. Finalmente, entendendo
esta área como uma prioridade nas diretrizes
clínicas, a Endocrine Society, dos Estados
Unidos, junto com outras organizações de
profissionais de saúde, organizou um
manuscrito, publicado em 2012, que apresenta as recomendações consensuais,
baseadas em evidências clínicas, sobre o
manejo da hiperglicemia no paciente não
crítico hospitalizado6.
Para os pacientes criticamente doentes, a
recomendação atual é iniciar insulinoterapia
para hiperglicemia em um limiar de glicemia
não superior a 180 mg/dl, com o objetivo de
manter o nível entre 140 e 180 mg/dl para a
maioria dos pacientes. O método escolhido é
a infusão contínua intravenosa de insulina.
Em geral, esses pacientes, após estabilização clínica, requerem transição de administração de insulina da via intravenosa para a
via subcutânea.
Entre os pacientes sem doença crítica, nas
unidades abertas, as metas glicêmicas
recomendadas são abaixo de 140 mg/dl em
jejum e abaixo de 180 mg/dl ao acaso. Para
esse grupo, os agentes anti-hiperglicêmicos
não insulina são inapropriados na maioria
das situações, sobretudo porque não permi-
tem ajuste de doses com resultados imediatos em cenários clínicos que rapidamente
mudam, e porque apresentam alto risco de
efeitos adversos. Entretanto, os inibidores
da dipeptidil-dipeptidase-4 (DDP-4) tornaram-se opções atrativas para os pacientes
hospitalizados. Esses inibidores são agentes
orais que estimulam a secreção de insulina
endógena prandial e inibem a secreção de
glocagon, com baixo risco de hipoglicemia e
boa tolerabilidade.
Em um estudo piloto, multicêntrico e randomizado publicado em 2013, o uso da sitagliptina isolada ou em combinação com insulina
basal mostrou-se seguro e eficaz no manejo
de pacientes diabéticos hospitalizados clínicos e cirúrgicos7. Insulina aplicada pela via
subcutânea, quando utilizada racionalmente,
ainda é considerado o agente mais eficaz e
seguro. O uso exclusivo de insulina subcutânea seguindo uma escala movel (sliding
scale) não é recomendado. Esse método
está associado a altas taxas de hipoglicemia
e hiperglicemia (variabilidade glicêmica) e
cetoacidose iatrogênica em diabéticos tipo
1. Comumente é utilizado sem consideração
adequada à sensibilidade insulínica, o que
faz com que as doses raramente sejam reajustadas.
A administração de insulina subcutânea
programada, com componentes basal, prandial (bolus) e de correção, é a forma preferida
para se alcançar e manter um controle glicêmico adequado. O componente basal determina a supressão da produção hepática de
glicose, controlando a glicemia de jejum. As
opções de insulina são os análogos de ação
longa glargina e detemir, e a NPH. Pela
ausência de pico de ação pronunciado,
esses análogos levam vantagem sobre a
Controle glicêmico no âmbito hospitalar.
O que há de novo?
insulina NPH, pois, se verdadeiramente
prescritos como componente basal, não
precisam ser suspensos em pacientes que
iniciarão jejum para cirurgia ou exames. O
componente prandial leva ao abrandamento
das elevações glicêmicas associadas ao
aporte nutricional, tendo-se como opções os
análogos de ação rápida lispro, asparte e
glulisina. Para os pacientes que se alimentam por via oral, os análogos são preferidos
pela conveniência de administração imediatamente antes das refeições e menores
taxas de hipoglicemia. O componente de
correção é um suplemento para as hiperglicemias pré-prandiais indesejadas, devendose utilizar a mesma insulina prescrita como
componente prandial.
A despeito dos benefícios do esquema
basal-bolus-correção, muitos médicos relutam em integrá-lo à sua prática clínica, provavelmente pela sua aparente complexidade
e pelo receio de hipoglicemia. Além disso,
em muitos pacientes hospitalizados a ingestão calórica fica comprometida pelas doenças, exames complementares e procedimentos cirúrgicos que requerem jejum.
Nesse contexto, um estudo multicêntrico e
randomizado publicado em 2013 comparou o
uso de esquema basal-bolus-correção com o
esquema basal-plus (insulina basal sem
insulina prandial) entre pacientes diabéticos
tipo 2 hospitalizados clínicos e cirúrgicos, e
foi observado que ambos os regimes resultaram em melhoras similares no controle
glicêmico8.
A dosagem da hemoglobina glicada (A1C) é
útil nos pacientes hospitalizados com hiperglicemia e recomendada se o paciente não
apresentar resultado dentro dos últimos dois
meses. Ela pode ajudar na distinção entre
diabetes melito (> 6,5%) e hiperglicemia de
estresse (<6,5%) e na programação terapêutica no momento da alta hospitalar. Em
2013, um comitê internacional de membros
apontados pela ADA, European Association
for the Study of Diabetes e International
Diabetes Federation publicou registro que
representa seu consenso sobre o papel da
hemoglobina A1C no diagnóstico de diabetes melito, recomendando seu uso para esse
fim9.
Também merecem destaque os dispositivos
remotos usados para medir a concentração
de glicose no sangue (glicosímetros). Atualmente existem no mercado nacional glicosímetros hospitalares que garantem rastreabilidade e gerenciamento informatizado. Do
ponto de vista clínico, o sistema de rastreamento da glicemia capilar possibilita definir
uma faixa de normalidade, identificando
pacientes com hipoglicemia e hiperglicemia.
As medidas são analisadas, e a partir delas
geram-se relatórios organizados por paciente ou por unidade de internação. O rastreamento de um paciente, identificado pelo seu
prontuário (o aparelho faz leitura óptica do
código de barras da pulseira do paciente),
permite intervenções ativas de uma equipe
multiprofissional, para melhor controle individual da glicemia. Por sua vez, o rastreamento de uma unidade de internação, ao
longo de um período, é capaz de gerar indica-
dores gerenciais em tempo real, aferindo a
qualidade do serviço prestado pelo hospital.
No Hospital Quinta D'Or, adotamos, desde
2008, um protocolo específico de administração de insulina subcutânea para os pacientes nas unidades abertas (quadro 1 e
figuras 1 e 2). O objetivo é assegurar qualidade e segurança nos cuidados e redução dos
custos hospitalares. Além disso, programas
de controle glicêmico no paciente hospitalizado vêm ganhando importância crescente
nos processos de acreditação hospitalar. Já
contamos com sistema de sinalização dos
pacientes com hiperglicemia nos quartos
(figura 3) e nos prontuários, com a padronização dos análogos de insulina glargina e glulisina como opções, impresso específico e
exclusivo de prescrição médica de insulina
(figura 1) e protocolo de tratamento de hipoglicemia. A perspectiva é ampliar a abrangência do programa de controle glicêmico,
revendo os processos nos setores de emergência e nas unidades fechadas, fazendo
deste programa um projeto institucional
prioritário que vai beneficiar, sobretudo, o
paciente.
Quadro 1. Metas glicêmicas recomendadas5
Pacientes críticos:
Iniciar intervenção com limiar não maior que 180 mg/dL.
Manter glicemia entre 140 e 180 mg/dL.
Metas glicêmicas inferiores (110-140 mg/dL) podem ser apropriadas em pacientes
selecionados. Metas < 110 mg/dL ou >180 mg/dL não são recomendadas.
NÃO RECOMENDADO: < 110
ACEITÁVEL: 110 - 140
RECOMENDADO: 140 - 180
NÃO RECOMENDADO: > 180
Revista MED D’OR
11
Controle glicêmico no âmbito hospitalar.
O que há de novo?
Figura 2. Sistema de sinalização, na entrada de cada unidade aberta, indicando que
o paciente encontra-se inserido no protocolo de controle glicêmico.
Figura 1. Protocolo institucional, adotado no
Hospital Quinta D'Or, para o controle glicêmico
em pacientes internados em unidades abertas.
Figura 3. Cartão informativo diário, orientando o paciente a aguardar a medição
da glicemia antes de cada refeição.
REFERÊNCIAS:
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12 Revista MED D’OR
Neurologia e
Psiquiatria
O que aconteceu com os transtornos
de ansiedade na DSM5?
Leonardo F. Fontenelle - Psiquiatra, professor adjunto da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
e pesquisador de Neurociências do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR)
(Tema apresentado no módulo de Neurologia e Psiquiatria da 8ª Jornada Rede D'Or São Luiz)
C
lassificar doenças sempre foi um
desafio na medicina. Em algum
momento da história, o debate entre
lumpers e splitters fez parte de cada uma de
nossas especialidades. Enquanto os
primeiros acreditavam que múltiplos
estados mórbidos eram diferentes apresentações clínicas de uma mesma doença, os
últimos tendiam a crer que a existência de
determinadas peculiaridades fisiopatológicas era suficiente para falar em doenças
conceitualmente diferentes. O equilíbrio
entre lumpers e splitters é até hoje influenciado pelos avanços nos conhecimentos
fisiopatológicos de entidades clínicas que,
ao menos idealmente, guiam nossas
tentativas de separar a natureza em suas
juntas (carve nature at its joints).
Em psiquiatria, talvez devido à pouca
informação disponível sobre mecanismos
fisiopatológicos dos transtornos mentais, a
disputa entre lumpers e splitters continua
acirrada. Historicamente, a contenda se
inicia na existência do conceito de psicose
única 1 e termina no extremo oposto, com a
proposta de múltiplas síndromes psicóticas,
cada uma com seus sintomas, cursos e
respostas ao tratamento2. Ao menos na área
das psicoses, os principais sistemas
classificatórios em psiquiatria – ou seja, o
Manual Estatístico e Diagnóstico dos
Transtornos Mentais (DSM) e a Classificação Internacional de Doenças (CID) – têm
mantido uma postura intermediária entre as
duas abordagens, incluindo como principais
transtornos psicóticos a esquizofrenia, os
transtornos bipolares, os transtornos
depressivos e o transtorno esquizoafetivo,
sem grandes inovações.
Curiosamente, o entendimento de outros
transtornos mentais tem sido menos
conservador do que aquele adotado em
relação às psicoses, aparentando estar mais
alinhado com a filosofia dos splitters, como
pode ser notado na quinta edição do DSM
(DSM5), publicado pela Associação
Americana de Psiquiatria em maio de 2013 3.
Nesse manual, um grupo de transtornos
mentais, classicamente pertencentes à
égide dos transtornos de ansiedade (isto é,
desde a publicação da terceira edição da
DSM, em 1980)4, sofreu importantes baixas
e alguns acréscimos. Trata-se de uma
importante mudança na metaestrutura da
classificação psiquiátrica, embasada não
apenas em achados clínicos, mas também
em informações científicas importantes,
provenientes de estudos de neuroimagem e
genética.
Os transtornos de ansiedade formavam, até
recentemente, o grupo de transtornos
mentais mais frequentemente observados
na população em geral, afetando até 18,1%
da população em um ano 5 . Incluíam
classicamente condições como o transtorno
do pânico, a agorafobia, as fobias específicas, a fobia social, o transtorno obsessivocompulsivo (TOC), o transtorno do estresse
pós-traumático (TEPT), o transtorno do
estresse agudo, o transtorno de ansiedade
generalizada (TAG), o transtorno de
ansiedade devido a uma condição médica
geral e o transtorno de ansiedade induzido
por substância. As grandes baixas observadas nessa área no DSM5 foram referentes ao
TOC, ao TEPT e ao transtorno do estresse
agudo. O TOC foi “promovido” a principal
categoria diagnóstica de um grupo denominado transtornos relacionados ao TOC6, e o
TEPT e o transtorno de estresse agudo
alçados a conceitos centrais na categoria
dos transtornos relacionados ao trauma e ao
estresse7.
A remoção do TOC dos transtornos de
ansiedade deveu-se a uma série de achados,
incluindo predomínio de emoções “não
ansiosas” (como nojo e incompletude) em
muitos pacientes e hiperativação de uma
neurocircuitaria (frontoestriatal) essencialmente diferente daquela envolvida em
pacientes com transtornos de ansiedade
(amigdalino/hipocampal)8. Em paralelo, o
chamado transtorno dismórfico corporal (ou
feiura imaginária), até então classificado
como somatoforme, juntou-se aos relacionados ao TOC por apresentar importantes
relações com esta última condição, tanto do
ponto de vista clínico (presença quase
universal de comportamentos compulsivos,
como checagens de “defeitos” físicos no
espelho), quanto do ponto de vista neural
(envolvimento dos circuitos frontoestriatais
acima mencionados) e genético (por
exemplo: pacientes com TOC apresentam
história familiar de transtorno dismórfico
corporal mais frequente do que indivíduos
saudáveis).
A tricotilomania e o transtorno escoriativo,
até então considerados transtornos do
controle dos impulsos, foram também
acrescentados ao grupo relacionado ao TOC,
por guardarem importantes conexões
genéticas com esta última condição.
Finalmente, o transtorno de acumulação,
antes considerado sintoma do transtorno de
personalidade obsessivo-compulsivo
(quando leve) ou do TOC (quando grave),
alcançou maior status nosológico e figura
agora como doença independente, mas
ainda pertencente ao grupo relacionado ao
TOC. Todos os transtornos mentais
pertencentes a esse grupo e caracterizados
por um componente cognitivo podem agora
ser classificados quanto ao grau de
autocrítica (insight) relacionado aos
sintomas. A DSM5 pretende, com essa
modificação, alertar o clínico para o fato de
que pacientes com tais condições podem
apresentar-se delirantes e, ainda assim, não
merecerem o diagnóstico de um transtorno
psicótico primário.
A remoção do TEPT e do transtorno do
estresse agudo dos transtornos de ansiedade foi uma tentativa de melhor caracterizar
um grupo de transtornos mentais cuja
Revista MED D’OR
13
O que aconteceu com os transtornos
de ansiedade na DSM5?
etiologia primária encontrava- se na
ocorrência de experiências estressantes ou
traumáticas7. Embora esse grupo inclua
condições caracterizadas por sintomas
ansiosos proeminentes, são frequentemente
observados também outros tipos de
sintomas emocionais, como anedonia e
disforia, raiva e agressividade, e sintomas
dissociativos (isto é, depersonalização e
desrealização)7. Um interesse particularmente significativo surgiu no subtipo
dissociativo do TEPT, associado a bases
neurobiológicas específicas, na essência,
inconciliáveis com a conceitualização do
TEPT como um transtorno de ansiedade
(hiperativação do cíngulo anterior rostral e
hipoativação da amígdala). A esse grupo de
transtornos somaram-se os de ajustamento
e um grupo de condições anteriormente
classificadas dentre o capítulo de transtornos diagnosticados na infância e adolescência, isto é, os transtornos de apego, com
suas formas reativa (inibida) e desinibida.
As perdas experimentadas pelos transtornos
de ansiedade resultaram em um relativo
encolhimento desse grupo, restando o
transtorno do pânico9, a agorafobia10, as
fobias específicas11, a fobia social12, o TAG13,
o transtorno de ansiedade devido a uma
condição neurológica/médica geral e o
transtorno de ansiedade induzido por
substância. Ainda assim, somaram-se a eles
o transtorno de ansiedade de separação e o
mutismo seletivo, antecedentes desenvolvimentais frequentes do transtorno do pânico
e da fobia social, respectivamente. A
inclusão destas últimas formas obedece à
filosofia da DSM5 de agregar, em um mesmo
capítulo, condições que guardam entre si
relações desenvolvimentais. Com a
designação geral de “outros transtornos de
ansiedade”, a DSM5 lista ataques de pânico
com sintomas limitados, ansiedade
generalizada ocorrida na minoria dos dias e
síndromes ligadas à cultura, como o Khyâl
cap e “o ataque de nervos”.
Em resumo, na medida em que avanços na
caracterização fenotípica e na identificação
dos correlatos neurais e genéticos dos
transtornos mentais são alcançados, é
natural que exista uma reorganização em sua
classificação. Embora esse fenômeno tenha
sido notado em relação aos transtornos de
ansiedade (incluindo, ou, melhor ainda,
excluindo o TOC, o TEPT e o transtorno de
estresse agudo), o rearranjo classificatório
não foi acompanhado de modificações
paralelas no manejo terapêutico de seus
sintomas. Atualmente, o tratamento
farmacológico dos transtornos de ansiedade, relacionados ao TOC e relacionados ao
trauma ou estresse é baseado na administração de inibidores da recaptação da serotonina e apresenta mais pontos semelhantes do
que pontos discordantes entre si. Isso
contradiz aqueles que acreditam que as
modificações associadas à DSM5 têm
motivações mercadológicas. Esperamos, no
entanto, que uma abordagem que contemple
as particularidades das condições aqui
listadas permita o desenvolvimento de
pesquisas e tratamentos mais específicos
no futuro.
REFERÊNCIAS
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14 Revista MED D’OR
Oncologia
Neoplasia pulmonar
relato de caso
Lilian d'Antonino Faroni - Radio-oncologista do Centro de Oncologia D'Or, da Rede D'Or São Luiz e do Inca, coordenadora da
residência médica em Radioterapia no Inca e mestre em Oncologia pela mesma instituição
(Caso clínico interativo com votação eletrônica, apresentado no módulo de Oncologia da 8ª Jornada Rede D'Or São Luiz)
H
ISTÓRICO
Paciente feminina, de 69 anos,
com história de tosse não produtiva. Em 2005, apresentou nódulo no
lobo superior direito (LSD) de 2,0 cm e no
lobo superior esquerdo (LSE) de 1,6 cm.
Foi submetida a segmentectomia bilateral e amostragem linfonodal. Laudo histopatológico (LHP): adenocarcinoma de
2,1 cm no maior eixo do LSD, com componente broncoalveolar e margens
livres; adenocarcinoma de 0,8 cm no
maior eixo do LSE, com componente
alveolar e margens livres; cinco linfonodos negativos. Até abril de 2006 foi submetida a seis ciclos de carboplatin-taxol,
mais seis ciclos de pemetrexede dissódico adjuvante. Em controle, não houve
evidência de doença.
5,2 (parâmetro é de até 5 ng/ml em
fumantes e até 3 ng/ml em não fumantes) e alfafetoproteína (AFP) de 10,8
(até 9 ng/ml). Única alteração era um
CA 19-9 de 123,7 (parâmetro é de até
37 U/ml).
 Tomografia de tórax: lesão espiculada
de 3,5 cm no maior eixo do lobo inferior direito (LID), com espessamento da
superfície pleural adjacente e localização periférica (figura 1); discretas
áreas de enfisema e ausência de linfonodomegalias mediastinais. Prova de
função respiratória e ultrassonografia
abdominal normais.
ANTECEDENTES
Teve neoplasia de mama em 2003, tratada com cirurgia conservadora seguida
de radioterapia na mama residual, a
esquerda. Fez uso de anastrozol por
cinco anos, sem evidência de doença.
Submeteu-se a duas cirurgias: colecistectomia e histerectomia por miomatose. Ex-tabagista (fumava 80 maços/ano;
tinha parado havia cinco anos). Nega
uso de bebidas alcoólicas e de drogas.
Exame físico
Peso: 68 kg. Altura: 1,60 m. Lúcida, orientada no tempo e no espaço, hidratada,
acianótica, eupneica. Pressão arterial
(PA): 128 x 79 mmHg. Sem linfonodomegalias palpáveis. Ausculta pulmonar
normal e membros inferiores sem edemas; pequenas varizes.
EXAMES
 Exame de sangue normal, incluindo
antígeno carcinoembrionário (CEA) de
Figura 1. TC de tórax mostrando nódulo no
LID (seta)
 Biopsia pulmonar: adenocarcinoma de
grau 2.
 PET-CT: hipercaptação em nódulo espiculado no LID, com SUV (standardized uptake value) de 12,8 (figura 2); ausência de
captação em linfonodos mediastinais;
hipercaptação em nódulo hepático, segmento 6, medindo 1,7 cm no maior eixo,
com SUV de 5,7 (figura 3).
Figura 2. PET-CT mostrando hipercaptação
em nódulo pulmonar (setas), sem captação
mediastinal
Revista MED D’OR
15
Neoplasia pulmonar
relato de caso
Submetida a SBRT na lesão pulmonar, na
dose de 54 Gy, em três frações de 18 Gy.
Evoluiu muito bem, sem toxicidades nem
complicações (figura 4).
Submetida a segmentectomia do segmento
6 hepático, o LHP mostrou colangiocarcinoma de 0,7 cm de margens livres. Não realizou
QT adjuvante.
Está há um ano sem evidência de doença.
Quanto à comparação entre cirurgia e radioterapia estereotática para neoplasias de
pulmão Estadio I, apesar de o controle local e
de a sobrevida livre de doença serem semelhantes, a sobrevida global ainda é maior
com a cirurgia. Isso se deve ao fato que não
há estudos randomizados sobre o tema,
apenas retrospectivos, nos quais nitidamente há um viés de seleção entre os pacientes.
Eles são jovens e possuem menos comorbidades no grupo da cirurgia quando comparado ao da radioterapia.
Esta paciente recusou o tratamento cirúrgico. O importante é a vontade do paciente ser
levada em conta quando existe mais de uma
opção curativa para sua doença.
REFERÊNCIAS
Figura 3. PET-CT mostrando hipercaptação em
nódulo hepático (setas)
EVOLUÇÃO
A lesão hepática foi submetida a biópsia
guiada por TC, e o diagnóstico indicou hepatocarcinoma. A revisão de lâminas apontou
provável colangiocarcinoma. Por decisão da
Cirurgia Oncológica, foi considerada elegível
para segmentectomia hepática.
Quanto à lesão pulmonar, as opções terapêuticas seriam cirurgia ou radioterapia estereotática (SBRT – stereotactic body radiation
therapy), ambas com as mesmas chances
de controle local da doença (em torno de
94%, já que se trata de um Estadio I).
16 Revista MED D’OR
Figura 4. TC de tórax pré e pós-tratamento
de radioterapia estereotática
DISCUSSÃO
Provavelmente se consideraria que esta
paciente tem doença metastática no fígado,
caso a lesão não fosse biopsiada. É importante confirmar o diagnóstico, especialmente neste caso (paciente com duas neoplasias
anteriores).
1. Puri V, Crabtree TD, Kymes S et al. A
comparison of surgical intervention
and stereotactic body radiation therapy
for stage I lung cancer in high-risk
patients: a decision analysis. J Thorac
Cardiovasc Surg. 2012 Feb;143(2):
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2. Olsen JR, Robinson CG, El Naqa I et al.
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radiotherapy in early-stage non-smallcell lung cancer. Int J Radiat Oncol Biol
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lobar resection for clinical stage I nonsmall-cell lung cancer. J Thorac Oncol.
2013 Feb;8(2):192-201.
Pediatria
Manuseio nutricional para o prematuro
Gustavo Pinheiro - Coordenador da UTI Neonatal do Hospital Oeste D'Or
(Tema apresentado no módulo de Pediatria da 8ª Jornada Rede D'Or São Luiz)
I
NTRODUÇÃO
Com o nascimento de um recém-nascido
(RN) prematuro, imediatamente após a
ligadura do cordão umbilical tem início um
quadro de estresse metabólico que precisa
ser contornado o mais rapidamente possível.
Nesse período da vida do ser humano, nossa
intervenção pode repercutir por toda a existência de um indivíduo. Da mesma forma,
deixar de adotar algumas condutas pode ser
igualmente nocivo, como afirmam as hipóteses que acreditam na existência de “janelas
de atuação” em que poderíamos definir
programações celulares associadas ao
desenvolvimento de doenças em outras
etapas da vida – como a obesidade, hipertensão arterial sistêmica, doença coronariana, diabetes melito etc.1
O manuseio nutricional adequado permite
melhores resultados em RNs prematuros,
dando-lhes a quantidade ideal de aminoácidos já nas primeiras horas de vida.2 Prematuros extremos, alimentados corretamente,
apresentam, por exemplo, melhores resultados na incidência de doença pulmonar crônica (broncodisplasia pulmonar), menores
índices de retinopatia da prematuridade,
sepse bacteriana tardia, enterocolite necrotizante, coléstase, entre outros. Todos esses
quadros estão ligados ao estado nutricional.
O desenvolvimento do sistema nervoso
central também deve ser levado em consideração, pois se encontra em ritmo acelerado
desde o início do último trimestre de gestação até por volta dos 2 anos de idade. Hoje
em dia, o foco de melhoria da assistência ao
recém-nascido prematuro está se voltando
cada vez mais para a preservação da integridade do sistema nervoso central. Qualquer
evento infeccioso ou comprometimento da
oferta de nutrientes necessários para o
crescimento nesse período representa grande risco para o desenvolvimento neuropsicomotor do indivíduo.
NUTRIÇÃO ENTERAL
A via enteral deve ser utilizada sempre que
possível, e o leite materno é o alimento preferencial.
O intestino não é apenas um órgão onde
ocorre a digestão e a absorção de alimentos.
É também o maior órgão do sistema imunológico, tem importantes funções endócrina e
exócrina e contém uma inervação equivalente à quantidade de tecido nervoso presente
na medula espinhal.3
Dessa forma, é de extrema importância a
introdução do que chamamos de dieta enteral trófica nas primeiras horas de vida. Essa
dieta consiste na ingestão de um volume de
até 24 ml/kg/dia ou 1 ml/kg/h e pode ser
iniciada em grande parte dos RN prematuros. A introdução da dieta enteral trófica
permite um desenvolvimento mais rápido do
trato gastrointestinal (TGI) com o estímulo
ao desenvolvimento de microvilosidades,
atua como “down-regulation” inflamatório
(previne a liberação de agentes inflamatórios
ou interrompe a cascata inflamatória local),
coloniza o intestino com bactérias menos
patogênicas do que naqueles recémnascidos que persistem por alguns dias em
dieta zero, estabelece uma melhor homeostase ao liberar alguns hormônios importantes para o nosso metabolismo, além de
fornecer elementos que vão propiciar a formação da barreira mucosa intestinal. A
progressão do volume da dieta vai variar de
acordo com o grau de aceitação, mas o limite
normalmente utilizado é de até 20 ml/kg/dia.
Morgan et al.6 não viram associação entre
enterocolite necrotizante (NEC) e progressões de volume de dieta até 30-35 ml/kg/dia,
mas lembram que seu estudo teve pouca
participação de prematuros extremos e
pequenos para a idade gestacional com
sofrimento fetal crônico. Também é bom
lembrar que se espera haver um certo grau
de resíduo gástrico pela imaturidade do TGI,
e isso não é motivo para impedir o início da
dieta ou suspendê-la –, a não ser que a quantidade de resíduo apresente-se persistentemente elevada, com ausência de peristalses
e evacuações, na presença de regurgitações
ou distensão abdominal e instabilidade
clínica. Devemos manter uma taxa calórica
ideal em torno de 110-135 kcal/kg/dia. Taxas
calóricas em torno de 140-150 kcal/kg/dia,
apesar de seguras a curto prazo, só devem
ser atingidas na dieta daqueles RNs prematuros com dificuldade de ganho ponderal
pois essas taxas podem estar associadas a
uma deposição desequilibrada de gordura.4
A eficácia do uso de probióticos ainda não
está assegurada, pois falta definir a quantidade e a qualidade das cepas que podem ser
introduzidas na dieta sem aumentar o risco
de infecções.5
Uma grande preocupação é o desenvolvimento de NEC. Quanto mais prematuro for o
RN, maior o risco de desenvolver a doença. A
NEC, no entanto, está associada a outros
fatores além da prematuridade, que podem
ser vistos na tabela abaixo:
Fatores associados à NEC:
Prematuridade
Índices de Apgar baixos
Corioamnionite / Tempo de bolsa rota > 18h
Exsanguinotransfusão
Doenças cardíacas congênitas
Defeitos do tubo neural
NUTRIÇÃO PARENTERAL
Nos casos em que não podemos utilizar o
intestino para suprir as necessidades metabólicas/energéticas ou em que a previsão é
de se chegar à dieta plena somente após um
período mais prolongado, faz-se necessário
o uso da nutrição parenteral (NPT).
Quanto mais prematuro for o RN, maior será
a necessidade de aminoácidos. Esses nutrientes devem ser introduzidos rapidamente
na dieta, já em doses elevadas de 3-4
Revista MED D’OR
17
Manuseio nutricional para o prematuro
g/kg/dia, sobretudo nos prematuros extremos, que, além de necessitarem de mais
aminoácido em comparação com um RN a
termo, precisarão de um período maior de
adaptação do TGI. Os aminoácidos são
comercializados em frascos que permitem a
infusão imediata, e as farmácias dos hospitais que tenham unidades de terapia intensiva neonatal devem ter esse material em
estoque, assim como fazem com o surfactante exógeno. O grande fornecimento de
aminoácido irá gerar um desequilíbrio entre a
oferta de calorias nitrogenadas e não nitrogenadas, mas isso não é fator de preocupação na população neonatal. É esperado,
ainda, que haja elevação dos níveis séricos
de ureia, o que não representa sinal de toxicidade nem efeito colateral. As formulações
pediátricas não costumam acentuar a acidose metabólica, que acontecia quando não se
tinha à disposição formulações específicas
para a população pediátrica. Essas não são
indicações para suspender a NPT. A taurina
está associada a menor indução de coléstase e melhores resultados de retinopatia e
acúmulo de proteínas no organismo.
A infusão de lipídeos deve ser iniciada a
partir do segundo dia de vida em doses mais
baixas (1,0-1,5 g/kg/dia), e sua oferta deve
ser aumentada gradualmente. Quanto à
formulação, não se observam resultados
diferentes quando se compara a utilização
apenas de triglicerídeos de cadeia longa ou
sua mistura com os de cadeia média. Já o
uso de óleo de oliva permite uma maior oferta de vitamina E em comparação com o óleo
de soja.2
Devemos unir as infusões (aminoácidos,
lipídeos, glicose, eletrólitos, vitaminas e
oligoelementos) o mais rapidamente possível, a fim de minimizar a manipulação do
acesso venoso profundo, que muitas vezes é
único. Baixas velocidades de infusão podem
diminuir a biodisponibilidade de vitaminas.
A glicose deve ser infundida entre 68 mg/kg/min. A introdução precoce de aminoácidos permite a síntese de insulina, que
dificulta o surgimento da intolerância à glicose. A glicemia deve ser mantida entre 45144 mg/dl sendo que a persistência de glice18 Revista MED D’OR
mias acima de 180 mg/dl está associada a
um pior prognóstico.6 A hiperglicemia prejudica a síntese proteica e promove a deposição de gordura. Portanto, sem o aumento da
massa “magra”, não é uma forma de crescimento adequada. Uma boa estratégia frente
à hiperglicemia, levando-se em conta que o
RN já recebe uma dose adequada de aminoácido, é reduzir a infusão de lipídeos até 1,01,5 g/kg/dia, diminuir gradualmente a infusão de glicose até chegar a 4,0 mg/kg/min e,
caso o problema persista, iniciar infusão de
insulina. O uso rotineiro de insulina é contra-
indicado por prejudicar a síntese proteica no
organismo.
A taxa calórica oferecida pela NPT deve ficar
em torno de 110-120 kcal/kg/dia, por ser a
faixa que permite uma maior síntese
proteica.
A taxa hídrica deve ser norteada evitando-se
duas complicações: desidratação e persistência do canal arterial. Na primeira semana
de vida, podemos utilizar os valores da tabela
abaixo, de acordo com o peso e a idade.
Taxa hídrica na primeira semana de vida (ml/kg/dia)
Idade
1º dia
2º dia
3º dia
4º dia
5º dia
6º dia
>1500g
60-80
80 -100
100 -120
120 -150
140 -160
140 -160
<1500g
80-90
100 -110
120 -130
130 -150
140 -160
160 -180
Os valores devem ser ajustados de acordo com a evolução do paciente, levando-se em
consideração a individualidade e a imprevisibilidade características da assistência ao RN
prematuro.
REFERÊNCIAS:
1. Barker DJP. Fetal origins of coronary heart disease. BMJ. 1995;311:171.
2. Koletzko B, Goulet O, Hunt J, et al. Guidelines on paediatric parenteral nutrition of the European Society
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3. Neu J. Gastrointestinal development and meeting the nutritional needs of premature infants. Am J Clin
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the neonate receiving parenteral nutrition. JPEN Parenter Enteral Nutr. 2012 Jan;36(1):81-95.
7. Morgan J, Young L, McGuire W, et al. Slow advancement of enteral feed volumes to prevent necrotising
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8. Velaphi S. Nutritional requirements and parenteral nutrition in preterm infants. S Afr J Clin Nutr.
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9. Deshpande G, Rao S, Patole S, et al. Updated meta-analisys of probiotics for preventing necrotizing
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10. Martin CR, Brown YF, Ehrenkranz RA, et al; Extremely Low Gestational Age Newborns Study
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infants. Pediatrics. 2009 Aug;124(2):649-57.
11. Fush,C, Bauer K, Böhles HJ, et al; Working group for developing the guidelines for parenteral nutrition of
The German Society for Nutritional Medicine. Neonatology/Paediatrics - Guidelines on parenteral
nutrition, Chapter 13. Ger Med Sci. 2009 Nov 18;7:Doc15.
Terapia Intensiva
Bioética Clínica: Um caminho para o
reencontro com A arte perdida de cuidar
Marcelo Kolblinger de Godoy - Médico dos hospitais Copa D'Or e Quinta D'Or. Especialista em Medicina Legal e Pediatria, mestrando em
Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (PPGBIOS/UERJ). Pós-Graduado em Direito Médico (EPD) e em Avaliação do Dano Corporal PósTraumático (Universidade de Coimbra – Portugal).
(Tema discutido no módulo de Bioética, na sala de Medicina Intensiva da 8ª Jornada Rede D'Or São Luiz)
O
termo “bioética”, neologismo
criado por Van Rensselaer Potter na
década de 1970, é definido na
“Enciclopédia de Bioética” como o estudo
sistemático das dimensões morais – incluindo a visão, a decisão, a conduta e as normas
– das ciências da vida e da saúde, utilizando
uma variedade de metodologias éticas num
contexto interdisciplinar2.
A Bioética Clínica é o ramo da bioética, ou da
ética aplicada, que procura estabelecer
conceitos e metodologias práticas para
abordagem dos dilemas éticos e morais que
surgem da prática e dos procedimentos
realizados no âmbito da assistência à saúde.
Tem por objetivos a identificação, análise e
proposição de soluções para esses problemas, buscando a melhor solução possível
que guarde simultaneamente relação com a
moralidade e a legalidade, ou seja, que se
constitua, ao mesmo tempo, em um ato
bom, justo e lícito.
Faz parte do senso comum a ideia de que,
com os extraordinários avanços tecnocientíficos das últimas décadas, cada vez mais
têm ocorrido dilemas éticos na prática médica. Se antes esses conflitos eram exceções,
eles se tornaram rapidamente rotina, e
devem ser percebidos e enfrentados por
todos os profissionais que se dedicam à
prática da arte médica1, pois causam muita
insegurança psíquica, moral, legal e administrativa às partes envolvidas.
A prática tem mostrado que a maior parte
dos conflitos nasce do dever moral do profissional da saúde em promover o “bem científico” do paciente, contrapondo-se com o
“bem existencial” que o paciente deseja
receber. Temos, ainda, temas efervescentes
como terminalidade da vida, alocação de
recursos cada vez mais escassos, além da
transformação da antiga relação médicopaciente em uma relação médico-hospitalplano de saúde-paciente, que provocou não
só o distanciamento entre o profissional de
saúde e quem recebe o tratamento, como
imbróglios administrativos que geram conflitos práticos e morais.
Por tudo isso, é recomendado que toda
unidade de saúde mantenha em atividade
um serviço especializado em Bioética para
prestar consultoria individual ou coletiva aos
profissionais da assistência à saúde,
pacientes e familiares frente aos casos de
conflitos morais, garantindo que os valores
individuais, coletivos e institucionais sejam
analisados, compreendidos, respeitados e
harmonizados, na medida do possível.
O interesse mundial pelo tema é tão relevante que a Unesco, órgão do qual o Brasil é
membro desde 1964, aprovou em 2005 a
Declaração sobre Bioética e Direitos Humanos. Em seu artigo 19, o documento recomenda a instituição de Comissões de Ética
independentes, multidisciplinares e pluralistas a fim de prestar aconselhamento sobre
problemas éticos em situações clínicas,
promover o debate, a educação, a conscientização do público e o engajamento com a
bioética, entre outros objetivos.
Atualmente, mais de 90% das instituições de
saúde norte-americanas dispõem de comitês de consulta bioética (CCB)3, e a experiência mundial tem apontado as seguintes
vantagens com a implantação dos CCBs:
I. enriquecimento do processo de tomada
de decisão por parte da equipe de saúde9;
II. diminuição de processos jurídicos e
concomitante redução de custos4,5;
III. facilitação de gestão3;
IV. diminuição de tensões psicológicas
diante de conflitos morais6;
V. inseridos na estrutura hospitalar, se
apresentam imprescindíveis para discutir, orientar e sugerir o melhor para todos
os envolvidos9.
Conforme nos ensina o bioeticista espanhol
Diego Gracia1,11, no processo de tomada
decisões frente a conflitos morais, a anamnese e o exame físico são ferramentas fundamentais, pois juízos clínicos e éticos fundamentados em noções exatas e fatos precisos conduzirão a decisão a duas perspectivas distintas. De um lado, a opinião da medicina, avaliando aquilo que a ciência considera o melhor para a pessoa; de outro, a ótica
do paciente, levando em consideração sua
vontade, aquilo que ele julga melhor para si
mesmo. Dessa forma, como veremos adiante, chega-se a um equilíbrio entre o princípio
da beneficência do médico e o princípio da
autonomia do paciente/representante, fonte
mais comum de conflitos morais na assistência à saúde, como dito anteriormente.
Revista MED D’OR
19
Bioética Clínica: Um caminho para o
reencontro com A arte perdida de cuidar
Esse processo decisório deve sempre se
basear em metodologia adequada que possibilite um estudo racional, sistemático e
objetivo desses problemas. Este parte sempre do princípio fundamental do respeito à
dignidade da pessoa humana, e todos os
participantes devem ter uma atitude compreensiva e tolerante diante dos valores e
posicionamentos divergentes, respeitando a
pluralidade ético-cultural da sociedade
contemporânea.
Dentre as metodologias empregadas no
processo de tomada de decisões, o mais
utilizado é o método principialista de análise
bioética de Beauchamp e Childress (quadro
1), que fundamenta o sistema nacional de
ética em pesquisa. É praticamente impossível compreender a história recente da Bioética sem conhecer esse método. A vantagem
do principialismo é ser operacional, o que
facilita a análise dos casos e faz dele um
componente necessário do debate bioético10. O método parte da ponderação de quatro princípios fundamentais (autonomia,
beneficência, não maleficência e justiça) que
são, por natureza, deveres prima facie. Os
deveres prima facie são obrigações que
devem ser cumpridas a não ser que conflitem, numa situação determinada, com outra
obrigação igual ou mais forte10. São deveres
não absolutos e que não guardam grau de
subordinação entre si. Sua hierarquização
deve ser estabelecida conforme cada caso
concreto.
7
1) O princípio da autonomia determina que
os indivíduos capazes de deliberar sobre
suas escolhas pessoais devem ser tratados
com respeito pela sua capacidade de decisão. As pessoas têm o direito de decidir
sobre as questões relacionadas ao seu corpo
e à sua vida. Praticamente todas as
teorias da autonomia consideram duas
condições essenciais: a liberdade (indepen20 Revista MED D’OR
dência de influências controladoras) e a
qualidade do agente (capacidade de agir
intencionalmente).
Nessa linha, para pacientes com sua capacidade civil plena, quaisquer atos médicos
devem ser autorizados pelo paciente, procurando sempre proporcionar o melhor benefício possível dentro das escolhas individuais
do paciente. Para pessoas sem capacidade
civil plena, recorremos à decisão substituta
do representante legal (pessoa escolhida
através de dispositivos legais) ou do representante moral (pessoa responsável pelas
escolhas do melhor interesse do representado e não legalmente constituída). Esta decisão substituta só é moralmente justificada
se seguir um destes modelos: julgamento
substituto, pura autonomia ou melhor interesse – cada um com sua base teóricoprática específica.
2) O princípio da beneficência7 refere-se à
obrigação moral de agir em benefício dos
outros, com a obrigação de conceder benefícios, de prevenir e reparar danos e de pesar e
ponderar os possíveis benefícios em comparação com os custos e os possíveis danos
causados por uma ação. Suas principais
regras são:
I.
proteger e defender os direitos dos
outros;
II. evitar que outros sofram danos;
III. eliminar condições que causarão danos
a outros;
IV. ajudar pessoas inaptas e
V. socorrer pessoas que estão em perigo.
3) O princípio da não maleficência7 determina a obrigação de não infligir dano intencionalmente a outrem e, quando isso não for
possível, estabelece que a ação do médico
sempre deve causar o menor prejuízo ou
agravo à saúde do paciente. É universalmente consagrado através do aforismo hipocráti-
co primum non nocere (primeiro não prejudicar), cuja finalidade é reduzir os efeitos
adversos ou indesejáveis das ações diagnósticas e terapêuticas no ser humano.
4) O princípio da justiça7 estabelece como
condição fundamental a obrigação moral de
tratar cada indivíduo conforme o que lhe é
devido. Distribuir os riscos e benefícios
igualmente (princípio da igualdade), protegendo os vulnerados através de fatores de
correção (princípio da equidade), favorecendo assim o igualitarismo de oportunidades,
ou seja, que todas as pessoas tenham a
mesma chance de atingir o resultado
pretendido.
Quadro 1. Método Principialista¹¹
1. Princípios prima facie: autonomia,
beneficência, não maleficência e
justiça.
2. Princípios reais e efetivos:
 hierarquizar os princípios prima facie
em conflito, considerando a situação
concreta e as consequências
previsíveis.
 a hierarquia pode variar de pessoa
para pessoa, segundo a percepção
que se tenha da situação concreta.
 levar em consideração o maior
número de perspectivas, para
enriquecer a análise, antes de tomar
uma decisão.
Outro método que merece destaque é o de
Diego Gracia¹¹ (quadro 2), que privilegia os
critérios de segurança no processo de tomada de decisão. Para esse método, é conditio
sine qua non que a decisão não pode ser
antijurídica e que o decisor deve estar disposto a defendê-la publicamente. Caso
contrário, a decisão deve ser revista, porque
talvez não reúna elementos moral e/ou legalmente justificados.
Bioética Clínica: Um caminho para o
reencontro com A arte perdida de cuidar
Quadro 2. Método de Diego Gracia¹¹
1. Identificação do problema; verbalizálo claramente.
2. Análise dos fatos: quanto mais
claros estiverem, mais fácil será a
análise ética.
3. Identificação dos valores implicados.
4. Identificação dos valores em
conflito: reformulação do problema.
5. Identificação do conflito de valor
fundamental.
6. Deliberação sobre o conflito
fundamental:
 deliberar sobre cursos de ação
possíveis, reduzindo-os a
propostas reais e não ideais
 deliberar sobre o curso ótimo de
ação
7. Tomada de decisão.
8. Critérios de segurança:
 defender a decisão publicamente
 verificar se a decisão é antijurídica
Assim sendo, após breve apresentação da
Bioética Clínica e de dois dos processos de
tomada de decisão frente a conflitos morais,
juntamente com as metodologias mais
utilizadas, passemos à análise do caso
apresentado na 8ª Jornada da Rede D'Or São
Luiz.
Naquele raro momento, foi apresentado o
caso de um paciente hipertenso e diabético,
que deu entrada na emergência com quadro
grave de febre, cansaço e precordialgia,
sendo diagnosticadas sepse pulmonar e
síndrome coronariana aguda, com indicação
de cateterismo de urgência. No momento
em que foi confrontado com a notícia da
necessidade do exame invasivo, o paciente
recusou o procedimento indicado.
Nesse caso, estamos diante de um conflito
bioético em que há confronto do princípio da
beneficência do médico com o princípio da
autonomia do paciente, situação que é, de
longe, a fonte mais comum de conflitos
morais na prática médica. Em um caso como
este, o paciente tem o direito de se recusar a
receber um tratamento que não deseja,
conforme artigo 146 do Código Penal abaixo
apresentado in verbis, e sua violação pode
inclusive configurar crime.
Art. 146 - Constranger alguém, mediante
violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a
capacidade de resistência, a não fazer o que
a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou
multa.
§ 3º – Não se compreendem na disposição
deste artigo: (excludentes da tipicidade)
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;
Para a solução desse caso, levou–se em
conta que o paciente encontrava–se em
risco iminente de vida e que sua autonomia
estava completamente comprometida pela
doença (hipotensão arterial, hipoxemia),
alterando seu juízo crítico e interferindo,
assim, nas suas escolhas autônomas. Além
disso, para uma deliberação racional é
necessário que o paciente esteja de posse
de todas as informações e opções (escolha
esclarecida) pertinentes ao caso, o que não
acontecia naquele momento. Os médicos
decidiram, então, pela entubação orotraqueal e enviaram o paciente para o exame. Prevaleceu, assim, o princípio da beneficência,
neste caso classificado como paternalismo
fraco.
O paternalismo7 é a ação de contrariar as
preferências ou ações conhecidas de outra
pessoa, justificando a atitude com base no
objetivo de beneficiar a pessoa que vai ser
contrariada ou de evitar que ela sofra danos.
Pode ser:
 Paternalismo fraco7: um agente intervém
por beneficência ou não maleficência
apenas para prevenir uma conduta substancialmente não voluntária – ou seja,
para proteger as pessoas contra suas
próprias ações substancialmente não
voluntárias. Tais ações incluem casos de
consentimento que não são adequadamente informados, casos de depressão
severa, qualquer outro caso que impeça a
deliberação racional e casos de dependência severa que impossibilite a escolha e a
ação livre.
 Paternalismo forte7: em contraposição,
envolve intervenções com o fim de
beneficiar uma pessoa, a despeito de as
escolhas arriscadas da pessoa serem
informadas, voluntárias e autônomas. Um
partidário de paternalismo forte se recusa
a consentir com os desejos, as escolhas e
as ações autônomas de uma pessoa a fim
de protegê-la, com frequência restringindo
a informação disponível e passando por
cima de escolhas informadas e
voluntárias.
Acontece que, no exame, foi diagnosticada
doença coronariana grave, sendo necessária
uma intervenção cirúrgica. Para tanto,
porém, era necessária primeiro a estabilização do quadro clínico. Por volta do quarto dia
de tratamento, já com parâmetros inflamatórios estabilizados, voltou-se à discussão
sobre a realização da cirurgia, e duas condutas foram oferecidas: a primeira, retirar
sedação, extubar e solicitar novo consentimento, sendo que o representante moral do
paciente afirmara que não iria consentir com
a cirurgia, não se sentindo confortável para
consentir com o ato; a segunda era levar o
paciente para o centro cirúrgico ainda entubado, realizar a cirurgia sem o consentimento deste e, quando este “acordasse”, tudo
lhe seria explicado.
Revista MED D’OR
21
Bioética Clínica: Um caminho para o
reencontro com A arte perdida de cuidar
Agora estamos diante de um segundo
momento de conflito bioético, em que o
princípio da beneficência novamente colide
com a autonomia do paciente. A diferença é
que, antes, este havia expressado sua vontade em condições de completa autonomia, e
agora teria a autonomia restringida, mas não
correria mais risco de vida – muito pelo contrário, agora estaria em franca melhora clínica e laboratorial.
somente compromisso de tomar decisões
prudentes, ou seja, racionais ou ao menos
razoáveis12. Para que um ato seja considerado razoável à luz do ordenamento jurídico,
necessita minimamente:
 guardar relação de causalidade entre o
meio adotado e as finalidades buscadas,
ou seja, se meios adotados são capazes
de atingir o fim desejado (teste da adequação),
 não haver outra medida adequada com
menores violações a outros bens jurídicos
(teste da necessidade),
Após discussão e deliberação com as partes
envolvidas no processo decisório, optou-se
por realizar a extubação e solicitar autorização do paciente, pois, caso contrário, além
de configurar flagrante condição de paternalismo forte do médico, objetivamente violaríamos o artigo 146 do Código Penal, além de
outros do Código de Ética Médica.
CONCLUSÃO
Cabe aqui consideração muito importante:
no momento de incerteza, o decisor tem
Este caso presta-se a mostrar que conflitos
bioéticos são mais frequentes do que se
imagina e que as decisões não são únicas.
 que o benefício gerado supere as desvantagens igualmente trazidas pelo mesmo
(teste da proporcionalidade)13.
Neste caso, por exemplo, temos duas alternativas totalmente antagônicas para o
mesmo paciente.
Em tempos de predomínio da ciência e da
tecnologia sobre o humanismo na prática
médica diária, a Bioética Clínica é uma ferramenta capaz de nortear decisões que sejam
simultaneamente moral e legalmente justificáveis, e o consultor em Bioética Clínica é
alguém treinado para auxiliar os profissionais ou outras pessoas responsáveis por
tomar decisões. O seu papel é auxiliar nesse
processo, problematizando, ampliando a
complexidade do problema e, por conseguinte, aumentando o número de alternativas
que possam servir como solução.
REFERÊNCIAS:
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Publishing, 2010.
4. Heilicser BJ, Meltzer D, Siegler M. The effect of clinical medical ethics consultation on healthcare costs. J Clin Ethics. 2000 Spring;
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5. Schneiderman LJ, Gilmer T, Teetzel HD et al. Effect of ethics consultations on nonbeneficial life-sustaining treatments in the intensive care
setting: a randomized controlled trial. JAMA. 2003 Sep 3;290(9):1166-72.
6. Schneiderman LJ, Gilmer T, Teetzel HD. Impact of ethics consultations in the intensive care setting: a randomized, controlled trial. Crit Care
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7. Beauchamp TL, Childress JF. Princípios da ética biomédica, 2ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
8. Fortes PAC, Zoboli, ELCP. Bioética e Saúde Pública. 1ª ed. São Paulo: Centro Universitário São Camilo/Edições Loyola, 2003.
9. Goldim JR, Francisconi CF. Os comitês de ética hospitalar. Revista de Medicina ATM 1995;15(1):327-334.
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http://www.nhu.ufms.br/Bioetica/Textos/Princ%C3%ADpios/PRINC%C3%8DPIOS%20DA%20BIO%C3%89TICA%20%283%29.pdf>. Acesso
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11. Loch JA. Como analisar conflitos em Bioética Clínica. Disponível em: <http://www.pucrs.br/bioetica/cont/jussara/comoanalisar.pdf>.
Acesso em: 09 dez. 2013.
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13. Travassos MZ. Proporcionalidade (no Direito Constitucional). In: Torres RL et. al (org). Dicionário de Princípios Jurídicos. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011; p. 1072-77.
22 Revista MED D’OR
8ª Jornada Rede D'Or São Luiz
Pílulas da medicina atual
F
oram 82 sessões, entre debates, conferências e apresentações
de casos clínicos interativos com votação eletrônica, reunindo
mais de 100 palestrantes e um público de mais de 400
pessoas. A 8ª Jornada Rede D'Or São Luiz consolidou-se como um
importante evento de atualização e troca de experiências para
médicos e estudantes do 6º ano de Medicina, mostrando um pouco
do que há de mais novo em diversas especialidades.
foi aprovado para certificação de atualização profissional pela
Comissão Nacional de Acreditação (CNA). As sessões contaram
pontos para nove especialidades e duas áreas de atuação:
cancerologia cirúrgica (3,5 pontos), cancerologia clínica (3,5
pontos), cardiologia (4), clínica médica (4), endocrinologia (2,5),
medicina intensiva (4), neurologia (4), pediatria (2,5), psiquiatria (2),
medicina de urgência (4) e neonatologia (1).
Dividido em sete módulos (Cardiologia, Emergência, Medicina
Interna, Neurologia e Psiquiatria, Oncologia, Pediatria e Terapia
Intensiva), o evento realizado em 19 de outubro, no Rio de Janeiro,
Nas próximas páginas, você vai ler um pouco sobre algumas das
palestras apresentadas na Jornada, cujo tema foi “Integrando
conhecimentos para a excelência em saúde”.
Revista MED D’OR
23
Emergência
Cirurgião relata como é o
socorro em grandes desastres
V
azamento de 40 toneladas de gases
tóxicos na fábrica de pesticidas da
empresa norte-americana Union
Carbide, em Bhopal (Índia), em dezembro de
1984: entre 3 mil e 8 mortes inicialmente, de
150 mil a 600 mil vítimas não fatais. Ataque
com gás sarin no metrô de Tóquio, em março
de 1995: 5.500 vítimas, 11 mortes. Atentado
a bomba em Oklahoma City, abril de 1995:
444 feridos, 168 mortos. Ataque terrorista
em 11 de Setembro, em Nova York: 2.997
mortes.
Por trás desses números, há um trabalho
intenso de médicos de diversas especialidades, para tentar minimizar as perdas humanas. Esse foi o tema da palestra “Aprendizados históricos de atendimento a desastres”,
apresentada no módulo Emergência pelo
cirurgião Antonio Marttos, professor assistente de cirurgia da Universidade de Miami e
diretor da área de Telemedicina do Trauma do
Ryder Trauma Center do Jackson Memorial
Hospital.
Marttos citou esses e outros casos (como o
incêndio na boate Kiss em Santa Maria, em
janeiro do ano passado, e bombas na maratona de Boston, em abril) para mostrar a
importância, as dificuldades e os paradigmas ligados a atendimentos desse tipo. Ao
listar prós e contras de diversos procedimentos, ele destacou que o uso de torniquetes
ajuda a salvar vidas sem aumentar o risco de
perda de membros, afirmou que cirurgias à
distância podem obter resultados semelhantes ao de estruturas mais amplas e ponderou
que ainda não há consenso sobre qual a
estratégia ideal para reanimar pacientes
feridos.
O cirurgião também contou sua experiência
no socorro a vítimas do terremoto no Haiti,
em janeiro de 2010. Menos de 24 horas
depois do tremor, ele partiu com a equipe
para Porto Príncipe. Marttos contou que
eram feitas mais de 120 amputações por dia,
24
Revista MED D’OR
Dr. Antonio Marttos - professor assistente de cirurgia da Universidade de Miami e diretor da
área de Telemedicina do Trauma do Ryder Trauma Center do Jackson Memorial Hospital.
inclusive em calçadas, para aproveitar a luz
dos postes. A comunicação com o hospital
de Miami era direta – foi possível, inclusive,
levar alguns pacientes para lá. Ele descreveu
a participação na operação de resgate como
uma experiência única. “Tudo nos fez entender por que somos médicos e estávamos
ali.”
Telemedicina foi crucial no
atendimento a vítimas da boate Kiss
Emergência
Dr. Sérgio Baldisserotto - Coordenador do setor de Emergência e responsável pela UTI do Hospital Universitário de Santa Maria
R
esponsável pela UTI do Hospital
Universitário de Santa Maria, Sérgio
Baldisserotto contou, em sua palestra “Boate Kiss: Lições aprendidas”, no
módulo de Emergência, como foi a experiência de atender as vítimas do incêndio de
janeiro de 2013, que chocou o país. Especializado em atendimentos de urgência, o
médico coordena o setor de emergência do
hospital da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM), para onde foram levados
mais de cem feridos. Segundo ele, todas as
vítimas levadas ao hospital sobreviveram, e
a telemedicina foi crucial para o salvamento
dessas pessoas.
Os médicos usaram a tecnologia de atendimento à distância para debater condutas e
estratégias de tratamento dos feridos. O
recurso foi muito importante para coordenar
as ações da equipe responsável pela operação, que incluiu cerca de 60 remoções para
outras cidades. “A questão emocional é
muito forte, mas toda a equipe teve de ter
foco nas suas habilidades profissionais”,
comentou Baldisserotto.
Dentre as lições aprendidas na tragédia, ele
destacou a importância do controle e da
segurança na área do acidente. O caos nas
imediações da boate tornava o atendimento
ainda mais complexo: havia grande aglomeração de pessoas, muita confusão na porta,
amigos e parentes das vítimas tentando
entrar a todo momento.
tragédia: edema agudo de pulmão, ocasionado pela inalação de cianeto e monóxido de
carbono. Os gases tóxicos produzidos pela
queima do revestimento acústico da boate
provocaram queimaduras no sistema
respiratório das vítimas e as envenenaram.
Quando inalado em grande quantidade, o
cianeto inibe a ação de uma das enzimas
responsáveis pela produção da energia que
as células humanas precisam para viver. A
composição pode agredir o cérebro e provocar tremores, delírios, alucinações e parada
cardíaca. A vítima, desse tipo de envenenamento, pode morrer por asfixia ou por
falência múltipla de órgãos.
Baldisserotto também explicou a causa da
maioria das 242 mortes registradas na
Revista MED D’OR
25
Medicina Interna
A
maioria (66%) dos pacientes com
depressão crônica não recebe
tratamento em razão de equívocos
no diagnóstico, alertou o psiquiatra Paulo
Mattos, no módulo de Medicina Interna. E
muitas dessas falhas são cometidas por
profissionais não especializados em psiquiatria, que prescrevem antidepressivos sem o
devido conhecimento, destacou ele em sua
conferência, intitulada justamente “Erros
comuns na prescrição de antidepressivos
pelo não especialista”.
Mattos, coordenador de pesquisa em Neurociências do Instituto D'Or de Pesquisa e
Ensino (IDOR), disse que um dos problemas
Prescrição de antidepressivo por
não especialista prejudica tratamento
mais comuns é confundir os sintomas da
depressão com os de outros transtornos
psíquicos – como esquizofrenia, demência,
transtorno bipolar e transtorno de personalidade borderline – ou mesmo com os de
enfermidades que nada têm a ver com a
psiquiatria, como apatia ou sequelas de
doenças alheias ao sistema nervoso.
Outro erro comum é indicar tratamentos
equivocados – como psicoterapia, em vez de
farmacoterapia – ou cometer deslizes na
administração da medicação, como não
aguardar o período de latência da medicação, interromper o tratamento antes do
adequado ou não observar as condições
Psiquiatra Paulo Mattos - Coordenador de Pesquisa em Neurociências do IDOR
26
Revista MED D’OR
necessárias para que a substância faça
efeito (para o antidepressivo ser eficaz, a
amígdala do paciente deve estar silenciosa,
por exemplo).
Todos esses problemas têm potencial de
prejudicar o tratamento de uma doença que
pode afetar milhões de brasileiros. Segundo
Paulo Mattos, 20% das mulheres e 13% dos
homens têm probabilidade de desenvolver a
depressão em algum momento da vida. O
psiquiatra informou, ainda, que, dos casos
diagnosticados no país hoje, 10% são leves;
38,6% são moderados; 38% são graves e
12,9% são muito graves.
Psiquiatra explica e avalia as
mudanças no DSM-5
O
Manual Diagnóstico e Estatístico de
Desordens Mentais (DSM, na sigla
em inglês) é a classificação padrão
de doenças mentais usada por profissionais
de saúde nos Estados Unidos e contém uma
lista de critérios para todos os transtornos
psiquiátricos reconhecidos pelo sistema de
saúde norte-americano. Considerada a
referência mais importante para a psiquiatria, a publicação passou recentemente por
uma revisão completa e ganhou nova edição
– a quinta –, que já nasceu cercada de
controvérsias. Esse foi o tema da palestra “O
que mudou no DSM-V: A visão supradiagnóstica”, proferida pelo psiquiatra Luis Augusto
Rohde, único brasileiro que participou da
elaboração do livro.
Professor titular de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
psiquiatra do Hospital das Clínicas de Porto
Alegre e professor associado da Faculdade
Neurologia e Psiquiatria
de Medicina da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Rohde integrou a força-tarefa da
Associação Psiquiátrica Americana que
revisou os critérios de definição dos transtornos mentais e participou do grupo que
revisou a bibliografia e fez testes de campo,
reuniões e teleconferências para atualizar os
conhecimentos sobre transtorno de déficit
de atenção com hiperatividade (TDAH), sua
área de estudo e atuação.
O psiquiatra contou que a revisão do DSM
despertou muita expectativa na comunidade
médica, pois prometia aumentar a precisão
dos diagnósticos dos transtornos mentais.
“Nas unidades de internação psiquiátricas
dos Estados Unidos, 20% dos pacientes
recebem alta 'sem outra especificação', ou
seja, não é possível classificar o que a
pessoa tem”, afirmou. O início do processo
de revisão foi apresentado como uma
mudança de paradigma na psiquiatria, pois
prometia resgatar a validade dos diagnósticos na área ao estabelecer a ligação destes
com a fisiopatologia dos transtornos mentais. Ou seja: identificar claramente as causas
biológicas das patologias psíquicas.
A promessa, no entanto, não foi cumprida.
“Nenhum marcador biológico foi apontado
como suficiente para ser incluído no
diagnóstico psiquiátrico”, disse Rohde.
Também se esperava que a nova edição
reduzisse as diferenças entre os critérios
adotados pelo DSM e os da Classificação
Internacional de Doenças (CID). Mas apenas
um transtorno é diagnosticado da mesma
forma nas novas edições dos dois catálogos.
Essa falta de consenso, avaliou o
palestrante, afeta profundamente o
treinamento e formação dos profissionais.
Apesar disso, o DSM-5 traz importantes
avanços na forma como os transtornos
mentais são diagnosticados, segundo Rohde. Os
novos critérios adotam
tanto uma perspectiva
desenvolvi-mental (levam
em consi-deração que
doenças e transtornos
podem apre-sentar sintomas diferentes ao longo da
vida do pacien-te) quanto
dimensional (evitam levar
em considera-ção apenas a
queixa prin-cipal do paciente). Outra importante
contribuição do DSM-5 é
facilitar a comu-nicação
com médicos de outras
especialidades.
Dr. Luis Augusto Rohde - Professor titular de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
e psiquiatra do Hospital das Clínicas de Porto Alegre
Por fim, Rohde rebateu a
crítica de que o DSM-5 teria
aumentado o número de
transtornos e doenças psíquicas. Na verdade, o número de patologias diminuiu
na nova edição do manual,
declarou o psiquiatra.
Revista MED D’OR
27
Rede D'Or São Luiz lança serviço
de Anatomia Patológica
Anatomia Patológica
Dra. Alessandra Nascimento, patologista dos Hospitais Rede D'Or São Luiz
D
epois de fazer parte, por oito anos,
da equipe do Brigham and Women's
Hospital, em Boston, e atuar como
professora assistente da Harvard Medical
School, a patologista Alessandra
Nascimento está implantando o novo
Serviço de Anatomia Patológica e
Citopatologia da Rede D'Or São Luiz.
Atualmente patologista dos Hospitais Rede
D'Or São Luiz e coordenadora do Banco
Nacional de Tumores do Instituto Nacional do
Câncer (INCA), Dra. Alessandra participou
28
Revista MED D’OR
do debate sobre casos clínicos de linfomas
no módulo de Oncologia e contou como vai
funcionar o novo Laboratório de Anatomia
Patológica da Rede, inaugurado no começo
de 2014, no Rio de Janeiro.
A unidade amplia o leque de exames
oferecidos pela Rede D'Or São Luiz – que,
além de patologia clínica, passa a contar
também com exames de anatomia
patológica como congelação, testes imunohistoquímicos, revisão de lâminas e outros
exames. Padronizados, os laudos trazem
informações completas para facilitar o
trabalho dos oncologistas.
O laboratório fica no prédio do Quinta D'Or e
atende tanto o próprio hospital quanto o
Centro de Oncologia da Rede D'Or. Além de
ter equipe própria, o serviço de Anatomia
Patológica contará com a ajuda do Instituto
D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) nos
estudos de biologia molecular.
Ortopedistas do Hospital da
Criança tiram dúvidas dos pediatras
P
erna quebrada, torção de tornozelo,
luxação de braço... Se existe uma
especialidade médica que os pais
conhecem bem é a ortopedia. Não à toa,
essa é uma área que interessa a todos que
trabalham ou convivem com crianças.
Pensando nisso, o módulo de Pediatria
contou com uma miniconferência intitulada
“Ortopedia para o pediatra”. Durante a
sessão, dois membros da equipe do Hospital
Estadual da Criança, no Rio de Janeiro,
apresentaram e discutiram o trabalho
desenvolvido no centro de saúde, que
nasceu de uma parceria público-privada
entre a Rede D'Or São Luiz e o governo
fluminense.
A miniconferência foi presidida por Gustavo
Rodrigues, coordenador da Unidade de
Internação do hospital. Ele apresentou a
estrutura e os serviços oferecidos pela
unidade e afirmou que o atendimento às
crianças no centro de saúde localizado no
bairro de Vila Valqueire, na zona oeste da
capital, tem apresentado excelentes resultados.
O outro participante da miniconferência foi o
ortopedista pediátrico Érico Slama. Ele
ressaltou o papel social da unidade, por
oferecer, a pacientes do SUS, a qualidade e a
dignidade do atendimento particular. O
especialista também apresentou casos
clínicos relacionados às principais dúvidas
de pais e pediatras.
Em sua exposição, Slama destacou os casos
de joelho varo e valgo. Explicou que, quando
essas deformidades têm causas fisiológicas,
podem ser apenas uma etapa do desenvolvimento dos membros inferiores – portanto, é
possível que a resolução seja espontânea.
Segundo ele, os casos só devem ser motivo
de preocupação quando forem patológicos
(sequelas de infecções ou decorrências de
raquitismo renal, por exemplo). Quadros
desse gênero só são detectados por exames
clínicos e radiológicos.
Pediatria
De qualquer forma, Slama não recomenda
tratar esses problemas antes dos 2 anos de
idade. Segundo ele, o joelho varo com
assimetria não é uma deformidade grave. O
joelho valgo, no entanto, deve ser observado
com mais atenção. Não tendo assimetria, é
provável que seja solucionado até os 8 anos.
Se isso não acontecer, o pediatra deve
encaminhar a criança para tratamento com o
ortopedista.
Foi com muito pesar que o Hospital
Estadual da Criança, informou no final
do ano passado, o falecimento do Dr.
Érico Slama, querido membro da sua
equipe de Ortopedia, ocorrido na
madrugada do dia 24 de novembro de
2013, mês seguinte à Jornada. O
Hospital, em nome de toda sua
equipe, enviou aos familiares e
amigos votos da mais alta estima e
consideração.
Dr. Érico Slama, ortopedista pediátrico do Hospital Estadual da Criança
Revista MED D’OR
29
RJ
NOTÍCIAS
Rede D Or São Luiz
IDOR completa quatro anos como instituição de
destaque científico
N
o último dia 12 de março, o Instituto
D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR)
comemorou seu aniversário de quatro
anos. Ao longo desse período, o instituto
tem atuado de modo a consolidar seu
compromisso científico com a sociedade,
aliando a pesquisa às atividades de ensino
e coordenando as iniciativas da Rede D'Or
São Luiz nessas áreas. O IDOR possui
projetos de pesquisa em Medicina
Intensiva, Medicina Interna e
Neurociências. As atividades de ensino
incluem cursos de pós-graduação lato
sensu, entre eles Residência Médica,
aprovados pelo MEC, e iniciativas de
educação continuada, como realização de
Simpósios, Palestras e Jornadas
Científicas.
Além da atuação dentro da Rede, o IDOR tem estabelecido importantes parcerias com institutos e universidades nacionais e
internacionais nas áreas de pesquisa e ensino. Tais laços de cooperação científica contribuem para fortalecer o IDOR como
instituto de destaque no cenário do desenvolvimento científico no país.
Para os próximos anos, o IDOR e sua equipe de pesquisadores, médicos, alunos e colaboradores reforçam o seu compromisso,
trabalhando sempre de acordo com a sua missão de promover a pesquisa clínica e translacional e a formação profissional de
excelência.
Cardiologista do Oeste D'Or é homenageada por atuação na
medicina do esporte
A
cardiologista Renata Rodrigues Teixeira de Castro, coordenadora de Clínica Médica do Hospital Oeste D'Or, no bairro
Campo Grande (Rio de Janeiro), recebeu o Prêmio Prata da Casa 2013, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A premiação, que homenageia ex-alunos pelas suas realizações profissionais, foi concedida em outubro de 2013 e teve como
tema “Ciência, saúde e esporte”. Renata foi escolhida pela intensa participação como médica em eventos esportivos e pela sua
carreira acadêmica pontuada de publicações em medicina do esporte.
Formada e pós-graduada pela UFF, Renata é mestre em Cardiologia e doutora em Fisiopatologia Clínica e Experimental, na área
de Cardiologia Clínica. Desde março de 2013 na chefia da Clínica Médica do Oeste D'Or, ela já atuou como médica do Comitê
Olímpico Brasileiro (COB) e da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Também foi médica nas Olimpíadas de
Atenas, em 2004; nas Olimpíadas de Inverno de Turim, em 2006; e em diversos mundiais de esportes aquáticos, entre outras
competições de diferentes modalidades.
30 Revista MED D’OR
RJ
Norte, Niterói e Oeste D'Or conquistam certificação nacional
de qualidade
T
rês hospitais da Rede D'Or São Luiz no Rio de Janeiro foram recentemente certificados pela Organização Nacional de
Acreditação (ONA), o que atesta a qualidade dos serviços prestados nesses centros.
O Hospital Norte D'Or, no bairro de Cascadura, na zona norte do Rio de Janeiro, foi acreditado com o certificado ONA 1, que inclui
avaliação do atendimento de emergência até os procedimentos feitos no centro cirúrgico. O Hospital Niterói D'Or , da cidade de
Niterói, no estado do Rio, conquistou o título ONA 2, de Acreditação Plena, que dispõe de um sistema de planejamento e
organização focado na gestão integrada. O Hospital Oeste D'Or, no bairro de Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, já
detinha o certificado ONA 1 e, em outubro de 2013, também recebeu a acreditação ONA 2.
A ONA é uma organização não governamental que define critérios e processos de avaliação dos serviços prestados em
estabelecimentos de saúde brasileiros. A entidade concede três tipos de acreditação.
A de nível 1 reconhece a qualidade das práticas de segurança envolvendo pacientes. Analisa se as instalações, os equipamentos e a equipe são adequados e têm qualidade para garantir as atividades exercidas.
A de nível 2 (Acreditado Pleno) assegura a eficiência da gestão do estabelecimento. Verifica se o hospital dispõe de normas,
rotinas e procedimentos documentados adequados ao processo de assistência. A interação entre os setores deve ser
evidenciada e a atuação focalizada no cliente.
Por fim, a de nível 3 (Acreditado com Excelência) identifica os centros de saúde com excelência em gestão. A avaliação, mais
ampla, inclui o modo como as informações são organizadas para tomadas de decisão e os resultados da ação hospitalar na
população atendida.
Sala de preparação aumenta segurança no Centro
Cirúrgico do Rios D'Or
O
Centro Cirúrgico do Hospital Rios D'Or agora conta com uma Sala de Avaliação Pré-Cirúrgica, que assegura o cumprimento
dos protocolos de Cirurgia Segura e proporciona mais conforto para as equipes que atuam nesse setor.
O local dispõe de três leitos privativos com mesa acessória, caneta de marcação de sítio cirúrgico, termos de consentimento,
formulários de visita pré-anestésica e receituário médico – é possível, inclusive, administrar medicação pré-anestésica.
Além de aumentar a segurança nos procedimentos, esses recursos agilizam a transferência do paciente até a sala operatória,
principalmente quando se trata de cirurgias sequenciais.
Revista MED D’OR
31
RJ
Estudo realizado no Quinta D'Or é apresentado em dois
congressos nos EUA
O
estudo “Capacidade Funcional em Idosos Submetidos a Cirurgia Cardíaca”, realizado no Hospital Quinta D'Or, foi apresentado em dois congressos nos Estados Unidos em 2013: a Reunião Científica Anual da Sociedade Americana de Geriatria e
a 36ª Reunião Anual da Sociedade de Medicina Interna Geral. A pesquisa foi liderada por Márcio Niemeyer Guimarães,
supervisor médico da UTI do Quinta D'Or, em parceria com o professor Clineu de Mello Almada Filho, chefe da disciplina de
Geriatria e Gerontologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Entre 2009 e 2011, os médicos monitoraram 73 pacientes com mais de 60 anos que passaram por cirurgias de revascularização
do miocárdio e avaliaram como o procedimento afetou a capacidade dos pacientes de realizar ações cotidianas.
O objetivo do estudo era analisar se, e em que medida, a cirurgia compromete a autonomia dos idosos. Para isso, os pacientes
foram avaliados em três momentos – um mês, seis meses e um ano após a operação –, por meio de três escalas que medem o
grau de independência do idoso para fazer atividades rotineiras. A conclusão é que o monitoramento dos pacientes pela escala
conhecida como Medida de Independência Funcional revelou-se um instrumento promissor para a recuperação de idosos que
se submetem a cirurgias cardíacas.
Médicos da Rede D'Or São Luiz participam do primeiro
tratado brasileiro de neurologia
C
inco médicos da Rede D'Or São Luiz assinam artigos incluídos no “Tratado de Neurologia” da Academia Brasileira de
Neurologia (ABN), primeira obra nacional a cobrir todos os conteúdos relacionados à especialidade.
A seção do livro sobre doenças cerebrovasculares foi organizada por Gabriel Rodríguez de Freitas, coordenador de pesquisa na
área de Neurologia do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR). Ele assina três dos 18 capítulos da seção: um sobre vasculites
e outras arteriopatias não ateroscleróticas, outro sobre agentes antitrombóticos na prevenção secundária do acidente vascular
cerebral isquêmico e um terceiro sobre síndromes vasculares isquêmicas, escrito em parceria com Soraya Pulier da Silva,
neurologista do Hospital Quinta D'Or.
O chefe do Serviço de Neurologia Vascular do Hospital Copa D'Or, Bernardo Liberato, e o neurologista Daniel Azevedo Amitrano,
da mesma instituição, escreveram o capítulo sobre ataque isquêmico transitório. O preceptor de residência médica em
Radiologia do Hospital Barra D'Or, Fábio Noro, é responsável pelo capítulo sobre neuroimagem no AVC.
32 Revista MED D’OR
SP
Hospital Brasil amplia número de leitos de olho em
certificação internacional
O
Hospital e Maternidade Brasil, de
Santo André, na região do ABC paulista, está recebendo investimentos da Rede
D'Or São Luiz para aumentar o número de
leitos: dos atuais 313 para 350 ainda em
2014. O objetivo é candidatar-se a uma
certificação internacional. O reconhecimento tornaria a unidade a primeira da região a
obter esse status. O hospital busca, assim,
atrair mais médicos, aumentar a capacidade
de atendimento e, ao mesmo tempo, elevar
o padrão de qualidade.
Unidade Itaim do Hospital Rede D Or São Luiz faz evento
inédito sobre cirurgia bariátrica
O
Centro de Estudos da unidade Itaim do Hospital Rede D’Or São Luiz promoveu, no fim de 2013, o I Simpósio Integrado
SBCBM/COESAS, organizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O evento foi o
primeiro a reunir especialistas de diferentes áreas para discutir casos e práticas dessa especialidade.
“A cirurgia bariátrica é uma parte do tratamento de
uma doença crônica chamada obesidade mórbida,
da qual mais de 5% da população brasileira sofre
hoje”, afirma o cirurgião Luiz Berti.
Segundo a SBCBM, o número de cirurgias bariátricas feitas no Brasil cresceu quase 90% nos últimos
cinco anos, chegando a 72 mil em 2012, o que
mostra a importância do simpósio. Dividido em
quatro módulos, o encontro abordou casos de
reganho de peso, cirurgia em adolescentes,
diferentes níveis de obesidade e a realização de
cirurgia bariátrica em situações delicadas. Todas
as discussões abrangeram profissionais de diversas disciplinas, como médicos especialistas,
nutricionistas e enfermeiros.
Revista MED D’OR
33
Eventos
RIO DE JANEIRO
INSTITUTO D'OR DE PESQUISA E ENSINO
(IDOR)
www.idor.org
(21) 21 3883-6000
[email protected]
XIII Simpósio Internacional de Ventilação Mecânica
da Rede D'Or São Luiz
Organizadores: Dr. Felipe Saddy e Dra. Patrícia R. M.
Rocco
Palestrantes internacionais: Prof. Jesus Villar (Ilhas
Canárias, Espanha); Prof. Marcelo Gama de Abreu
(Dresden, Alemanha); Prof. John Marini (Mineapolis,
EUA) e Prof. Paolo Pelosi (Genova, Italia)
25 de Julho: Sessões teóricas – Hotel Sofitel, em
Copacabana
26 de Julho: Sessões práticas – IDOR
Inscrições em breve: www.idor.org
Quando: Toda quinta-feira, das 8h às 9h
Onde: Auditório do Prédio Boa Vista
HOSPITAL BARRA D'OR
www.barrador.com.br
(21) 2430 3600 (Ramal 4107 – Centro de Estudos)
Sessão de Cardiologia
Palestrante: Dr. Ricardo Gusmão
Quando: Março a Junho, às quintas-feiras, das
7h45 às 9h
Onde: Auditório
Curso de Radiologia
Palestrante: Dr. Fábio Noro
Quando: De abril a julho, às segundas-feiras (com
exceção do feriado de 21 de abril), das 18h às 21h
Onde: Auditório
www.quintador.com.br
(21) 3461 3686 (Central de Relacionamento Médico)
[email protected]
Curso ECG Aplicada à Prática Clínica
Palestrante: Dr. Antônio Brasileiro
Quando: De 29 de abril a 3 de junho, às terçasfeiras
Onde: Auditório
Sessão Científica Geral do Hospital Quinta D'Or
Discussão de casos clínicos com temática diferente a
cada mês
Quando: Toda 1ª terça-feira do mês, das 12h às 13h
Onde: Auditório do Prédio Paço Imperial
HOSPITAL OESTE D'OR
HOSPITAL QUINTA D'OR
Sessão de Hepatologia (Bom Dia Fígado)
Discussão de casos clínicos com a participação de
hepatologistas, cirurgiões especializados em transplantes
de fígado e cirurgia hepatobiliar, oncologistas,
ultrassonografistas, radiologistas e radiologistas
intervencionistas.
34 Revista MED D’OR
www.oestedor.com.br
[email protected] (Soraia)
Reunião Científica Multidisciplinar
Quando: Última terça-feira do mês, às 9h
Onde: Auditório
Eventos
SÃO PAULO
HOSPITAL REDE D'OR SÃO LUIZ –
ANÁLIA FRANCO
www.saoluiz.com.br
(11) 3386-1584
[email protected]
A importância do médico hospitalista
Quando: 25 de março, às 12h
Onde: Auditório
Síndrome Hipertensiva na Gestação
Quando: 2 de abril, às 12h30
Onde: Auditório
Dor abdominal crônica
Quando: 24 de abril, às 12h
Onde: Auditório
Palestra para Leigos – Tema: Câncer colorretal
Quando: 24 de abril, às 19h
Onde: Auditório
Atendimento no Pronto Socorro Adulto (PSA) ao
paciente com Dor Torácica
Quando: 7 de maio, às 12h30
Onde: Auditório
Bioética e atuação dos profissionais da saúde
Quando: 15 de maio, às 12h
Onde: Auditório
Assistência com qualidade e qualidade na
assistência
Quando: 3 de junho, às 12h
Onde: Auditório
Palestra para Leigos – Endometriose: Mitos e
Verdades
Quando: 31 de julho, às 19h
Onde: Auditório
Doenças mais frequentes dos pés
Quando: 6 de agosto, às 12h30
Onde: Auditório
11º Encontro Científico da Equipe
Multiprofissional de Terapia Nutricional
Quando: 13 de agosto, das 14h às 18h30
Onde: Auditório
Rigor técnico e atendimento humanizado na
Unidade de Terapia Intensiva Adulto
Quando: 16 de setembro, às 12h
Onde: Auditório
Palestra para Leigos – Anemias: Tratamentos e
Cuidados
Quando: 25 de setembro, às 19h
Onde: Auditório
I Simpósio Anual de Tratamento Multidisciplinar
do pé diabético e feridas complexas
Quando: 4 (das 8h às 18h) e 5 de outubro (das 8h às
13h)
Onde: Auditório
Ginecologia
Quando: 16 de outubro, às 12h
Onde: Auditório
Urologia
Quando: 5 de novembro, às 12h30
Onde: Auditório
Palestra para Leigos – Abordagem Atual das
Arritmias Cardíacas
Revista MED D’OR
35
Eventos
Quando: 27 de novembro, às 19h
Onde: Auditório
Ortopedia
Quando: 3 de dezembro, às 12h30
Onde: Auditório
HOSPITAL REDE D'OR SÃO LUIZ –
UNIDADE ITAIM
www.saoluiz.com.br
(11) 3040-1584 (Bernadete ou Sônia)
Curso de Educação Continuada em Ginecologia e
Obstetrícia
Quando: 11 de março a 3 de junho, às 19h30
Trombofilias na Gestação: Diagnóstico e Tratamento:
Quando: 11 de março
Gravidez e Parto na Gênese das Disfunções do
Assoalho Pélvico:
Onde: Auditório
Curso de Educação Continuada em Neonatologia
Quando: 10 de abril e 5 de junho, às 19h
ECN: Novas Estratégias de Prevenção e
Tratamento:
Quando: 10 de abril
Suporte Nutricional, Alergia e Intolerâncias
Alimentares no PT:
Quando: 5 de junho
Onde: Auditório
Encontro Multidisciplinar de Obesidade Mórbida
Quando: 1º de março, às 8h
Onde: Auditório
2º Curso de Cirurgia Ortognática
Quando: início em 3 de junho (aulas mensais), às
19h
Onde: Auditório
Quando: 1º de abril
Diagnóstico Diferencial e Tratamento da Síndrome
Hellp, SHU, PTT e EHG:
X Curso de Aperfeiçoamento do Serviço de
Psicologia da Maternidade São Luiz – Itaim
Quando: de 7 de março a junho, às 8h
Onde: Auditório
Quando: 6 de maio
Ginecologia Endócrina:
Quando: 3 de junho
Onde: Auditório
Screening de 1º Trimestre e Estratégias de
Prevenção em Obstetrícia
Quando: 29 de março, às 8h
36 Revista MED D’OR
Suturas, Transplantes e Retalhos
Quando: início em 15 de março (aulas mensais), às
19h
Onde: Auditório
Endereços das unidades que fazem
parte da Rede D Or São Luiz
OUTRAS UNIDADES
UNIDADES
REDE D’OR SÃO LUIZ
UNIDADES D’OR
UNIDADE
ENDEREÇO
TELEFONE
Instituto D'Or de Pesquisa
e Ensino (IDOR)
Rua Diniz Cordeiro, nº 30. Botafogo | Rio de Janeiro / RJ | CEP 22281-100
Tel.: (21) 3883-6000
Hospital Barra D’Or
Av. Ayrton Senna, 2541, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro / RJ | CEP 22775-002
Tel.: (21) 2430-3600
Hospital Copa D’Or
Rua Figueiredo de Magalhães, 875, Copacabana | Rio de Janeiro / RJ | CEP 22031-011
Tel.: (21) 2545-3600
Hospital Quinta D’Or
Av. Almirante Baltazar, 435, São Cristóvão | Rio de Janeiro / RJ | CEP 20941-150
Tel.: (21) 3461-3600
Hospital Rios D’Or
Estrada dos Três Rios, 1366, Freguesia (Jacarepaguá) | Rio de Janeiro / RJ | CEP 22745-005
Tel.: (21) 2448-3600
Hospital Norte D’Or
Rua Carolina Machado, 38, Cascadura | Rio de Janeiro / RJ | CEP 21350-135
Tel.: (21) 3747-3600
Hospital Niterói D’Or
Av. Sete de Setembro, 301, Santa Rosa | Niterói / RJ | CEP 24230-251
Tel.: (21) 3602-1400
Hospital Caxias D’Or
Av. Brigadeiro Lima e Silva, 821, Jardim 25 de Agosto | D. de Caxias / RJ | CEP 25071-182
Tel.: (21) 2460-3600
Hospital Oeste D’Or
Rua Olinda Ellis, 93, Campo Grande | Rio de Janeiro / RJ | CEP: 23045-160
Tel.: (21) 2414-3600
Hospital e Maternidade
Rede D’Or São Luiz - Itaim
Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 95, Vila Nova Conceição | São Paulo / SP
CEP 04544-000
Tel.: (11) 3040-1100
Hospital Rede D’Or São Luiz
- Morumbi
Rua Eng. Oscar Americano, 840, Morumbi | São Paulo / SP | CEP 05673-050
Tel.: (11) 3093-1100
Hospital e Maternidade
Rede D’Or São Luiz
- Anália Franco
Rua Francisco Marengo, 1312, Jardim Anália Franco | São Paulo / SP | CEP 03313-001
Tel.: (11) 3386-1100
Hospital e Maternidade
Rede D’Or São Luiz
- Jabaquara
Rua das Perobas, 344, Jabaquara | São Paulo / SP | CEP 04321-120
Tel.: (11) 5018-4000
Rio de Janeiro
Hospital Bangu
Rua Francisco Real, 752, Bangu | Rio de Janeiro / RJ | CEP 21810-042
Tel.: (21) 3107-5600
São Paulo
Hospital e Maternidade
Brasil
Rua Cel. Fernando Prestes, 1177, Centro | Santo André / SP | CEP 09020-110
Tel.: (11) 2127-6666
Hospital e Maternidade
Assunção
Av. João Firmino, 250, Assunção | São Bernardo do Campo / SP | CEP 09810-250
Tel.: (11) 4344-8000
Hospital da Criança
Rua das Perobas, 295, Jabaquara | São Paulo / SP | CEP 04321-120
Tel.: (11) 5018-4000
Hospital viValle
Avenida Lineu de Moura, 995, Jd Urbanova, São José dos Campos
São Paulo | CEP 012244-380
Tel.: (12) 3924-4900
Pernambuco
Hospital Esperança
Rua Antônio Gomes de Freitas, 265, Ilha do Leite | Recife / PE | CEP 50070-480
Tel.: (81) 3131-7878
Hospital Prontolinda
Av. José Augusto Moreira, 810, Casa Caiada, 16 | Olinda / PE | CEP 53130-410
Tel.: (81) 3432-8000
Hospital São Marcos
Av. Portugal, 52, Boa Vista | Recife / PE | CEP 52010-010
Tel.: (81) 3217-4444
Hospital Santa Luzia
SHLS 716, conjunto E | Brasília / DF | CEP 70390-902
Tel.: (61) 3445-6000
Hospital do Coração
do Brasil
SHLS 716, conjunto G, lote 6 | Brasília / DF | CEP 70390-902
Tel.: (61) 3213-4000
Hospital Badim
Rua São Francisco Xavier, 390, Tijuca | Rio de Janeiro / RJ | CEP 20550-013
Tel.: (21) 3978-6400
Hospital Israelita
Rua Lúcio de Mendonça, 56, Tijuca | Rio de Janeiro / RJ | CEP 20270-040
Tel.: (21) 2176-8800
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