UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL ENSINO A DISTANCIA- EAD PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA JOYCE MINAMI INTERVENÇÃO ODONTOLÓGICA EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS. FIOCRUZ Cerrado Pantanal/ MS 2011 JOYCE MINAMI INTERVENÇÃO ODONTOLÓGICA EM PACIENTES PORTADORES DE DIABETES MELLITUS. Trabalho de conclusão de Curso apresentada ao Curso de PósGraduação em Saúde da Família, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul como requisito à obtenção do título de pósgraduado em Saúde da Família Orientador: Tutora Beata. FIOCRUZ Cerrado Pantanal/ MS 2011 1 JOYCE MINAMI FATORES MOTIVACIONAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-graduação em Saúde da Família, da Universidade federal de Mato Grosso do Sul, como requisito à obtenção do título de Especialista. COMISSÃO EXAMINADORA 2 DEDICATÓRIA Aos meus avôs, Lilia e Shoichi, pelo imenso carinho e amor recebidos durante a minha vida. Estiveram comigo incentivando em todos os momentos. Ensinaram-me a ter responsabilidade e honestidade valores que considero essenciais para seguir o resto da vida. Sem esquecer também, pelo apoio incondicional e investimentos que recebi durante grande parte da minha vida. Aos meus queridos pais, Carlos e Luzia, pois não há nada mais acolhedor que o carinho e o afeto que me dedicam. Aos meus irmãos, Valquiria, Newton e Patrícia, que sempre me entenderam, e que são para mim fonte de motivação. A nossa convivência proporciona muitas alegrias. Aos meus tios Gerson e Eduardo que me motivaram e financiaram grande parte da minha formação acadêmica. Investiram para mim poder continuar estudando durante meus quatro anos de faculdade. Ao meu esposo Diogo, pois o seu carinho e dedicação tornaram-se uma constante na minha vida, sua presença passou a ser uma das poucas presenças indispensáveis para mim... 3 AGRADECIMENTOS A minha tutora Beata Catarina Langer, pela dedicação, paciência, atenção e disponibilidade com que conduziu este trabalho. E não só este trabalho mas, durante todo o curso de pos graduação. A minha Auxiliar de Consultório Dentário Maria José Pereira França que durante as Visitas Domiciliares me acompanhou me informando o endereço de cada paciente cadastrado no programa hiperdia. Reforçando as minhas instruções aos pacientes para que de forma clara e adequada pudesse ocorrer a assimilação de todo o conteúdo fornecido aos mesmos. Seu auxilio e dedicação incondicional foi de grande estima. As minhas amigas Fernanda e Camila que sempre me incentivaram a fazer as tarefas... A todos aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho, meus sinceros agradecimentos. 4 DAS UTOPIAS Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las... Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!” Mário Quintana 5 RESUMO O diabetes Mellitus é uma desordem patológica de origem endócrina que provoca inúmeras alterações de ordem sistêmica e bucais. Verificaram dentre outras alterações bucais desses pacientes, estão a xerostomia, glossodínia, ardor na língua, eritema, distúrbios de gustação e principalmente, doença periodontal. Desta forma, a estreita relação entre as doenças bucais e diabetes tem sido motivo de preocupação entre os cirurgiões-dentistas. Por isso, neste trabalho foi realizada uma intervenção na tentativa de reduzir o índice de pacientes diabéticos que não realizam consultas odontológicas regularmente e melhorar a atuação multiprofissional no interior da Unidade de Saúde em relação ao atendimento integral do paciente portador de Diabetes. A intervenção foi realizada com os 36 pacientes diabéticos cadastrados no programa hiperdia e com a pactuação da intervenção com toda a equipe da Unidade de Saúde Jardim América. Para a avaliação e monitoramento da intervenção foi realizada uma comparação da porcentagem de pacientes diabéticos que realizaram consultas odontológicas “antes e após” a ação. Como resultado, a porcentagem inicial de pacientes diabéticos de 16,66% (6 pacientes) e a porcentagem final foi de 19.44% (7 pacientes). Concluiu-se que o projeto tem cumprido, dentro de suas possibilidades, o seu papel na formação de pacientes motivados a realizar tratamento curativo e a prevenção de doenças bucais. 6 SUMÁRIO 1-Introdução---------------------------------------------------------------------------- 8 2-Justificativa do projeto------------------------------------------------------------ 10 3-Objetivo------------------------------------------------------------------------------- 15 4-Metodologia-------------------------------------------------------------------------- 16 5-Cronograma------------------------------------------------------------------------- 18 6- Análise dos dados e discussão------------------------------------------------ 19 7- Considerações finais------------------------------------------------------------- 23 8-Bibliografia--------------------------------------------------------------------------- 24 7 1-INTRODUÇÃO O diabetes Mellitus é uma desordem patológica de origem endócrina que provoca inúmeras alterações de ordem sistêmica. Essa desordem patológica abrange um grupo de distúrbios metabólicos que podem levar à hiperglicemia. Segundo Castro et al (2000), os principais sintomas são polidpsia, poliúria, polifagia e perda de peso. Há insuficiência vascular periférica, provocando distúrbios de cicatrização, e alterações fisiológicas que diminuem a capacidade imunológica, aumentando a susceptibilidade às infecções. Tem sido considerado que o diabetes influencia na instalação e progressão da doença periodontal, a exemplo da dificuldade cicatricial, mas também sofre influência da mesma, posto que o curso clínico da doença periodontal pode alterar o metabolismo da glicose e, conseqüentemente, dificultar o controle do diabetes. Vasconcelos et al (2008), em seu estudo, verificaram que a maioria dos pacientes diabéticos apresentou pelo menos um tipo de lesão da mucosa bucal. Sonis et al (1996) publicaram que 3 a 4% dos pacientes adultos que se submetem a tratamento odontológico são diabéticos. A doença periodontal é a manifestação odontológica mais comum, estando presente em 75% destes pacientes. Segundo Monteiro (2001) são as mudanças alimentares e a diminuição de açúcares na dieta, junto com o maior conteúdo de glicose e cálcio na saliva, favorece o aumento na quantidade de cálculos e de fatores irritantes nos tecidos, enquanto a atrofia alveolar difusa está aumentada nesses pacientes. Além disso, Schneider et al (1995) verificaram dentre outras alterações bucais desses pacientes, estão a xerostomia, glossodínia, ardor na língua, eritema, e distúrbios de gustação. O diabetes mellitus leva a um aumento da 8 acidez do meio bucal, aumento da viscosidade e diminuição do fluxo salivar, os quais são fatores de risco para cárie. Desta forma, a estreita relação entre as doenças bucais e diabetes tem sido motivo de preocupação entre os cirurgiões-dentistas. Assunção , Santos e Gigante (2001) descreveu que o controle metabólico rigoroso associado a medidas preventivas e curativas relativamente simples são capazes de prevenir ou retardar o aparecimento das complicações do diabetes mellitus, resultando em melhor qualidade de vida ao indivíduo diabético. Por isso, neste trabalho foi realizada uma intervenção na tentativa de reduzir o índice de pacientes diabéticos que não realizam consultas odontológicas regularmente. E melhorar a atuação multiprofissional no interior da Unidade de Saúde em relação ao atendimento integral do paciente portador de Diabetes. Pois, a freqüência dos pacientes diabéticos que procuravam o atendimento odontológico era reduzida e o trabalho multiprofissional se apresentava deficiente. Sendo assim, tornouse indispensável à intervenção odontológica. 9 2-JUSTIFICATIVA DO PROJETO: A presença de determinadas doenças sistêmicas pode favorecer o aparecimento, manutenção ou exacerbação de doenças bucais. O diabetes mellitus é uma doença sistêmica que pode apresentar repercussões na cavidade bucal. As manifestações bucais em diabéticos citadas na literatura incluem: doença periodontal, hipossalivação, xerostomia, candidíase, ardor bucal, língua geográfica, língua fissurada, líquen plano bucal, glossite romboidal mediana. Embora somente 3 a 4% dos pacientes adultos que se submetem o tratamento odontológico serem diabéticos. A doença periodontal é a manifestação odontológica mais comum, estando presente em 75% destes pacientes. A Doença Periodontal é um processo inflamatório que leva à reabsorção do osso que está ao redor das raízes dos dentes. As toxinas produzidas pela bactéria da placa irritam a gengiva. Essas toxinas estimulam uma resposta inflamatória crônica, onde os tecidos e o osso que suporta os dentes são atacados e destruídos. As gengivas se separam dos dentes, formando bolsas periodontais (espaços entre os dentes e as gengivas) que se tornam infeccionadas. A medida em que a doença (periodontite) avança, as bolsas se tornam cada vez mais profundas, e mais tecido gengival e osso são destruídos. Eventualmente, os dentes podem apresentar mobilidade, e ter de ser extraídos. No atendimento odontológico Unidade Básica de Saúde da Estratégia de Saúde da Família Jardim América do Município de Camapuã-MS observou-se que além de serem indispensável o acompanhamento e tratamento odontológico dos pacientes portadores de diabetes por serem mais suscetíveis as doenças periodontais estes não tem comparecido regularmente ao dentista o que provavelmente tem favorecido o aumento da incidência de doenças periodontais e edentulismo. 10 Apesar da presença do dentista nesta Unidade Básica de Saúde, ainda é restrito os portadores de diabetes que estão sob tratamento odontológico regular na atenção básica. Uma intervenção odontológica regular se tornou indispensável, pois, foi verificada uma prevalência significativa de gengivite e periodontite nesses pacientes diabéticos tornando a atenção à saúde bucal de grande importância, tanto para a melhoria das condições de saúde bucal quanto para o controle da glicemia para os indivíduos diabéticos. Na unidade, os indivíduos diabéticos não eram encaminhados para a odontologia ou só eram encaminhados em caso de alguma necessidade/dor e não para prevenção odontológica já que são mais suscetíveis a doenças bucais. Além disso, em relação à rotina de atendimento do indivíduo diabético na Unidade Básica de Saúde Jardim América, com vistas à integralidade da atenção, pôde-se observar, através dos atendimentos aos pacientes diabéticos, uma participação incipiente de outros profissionais da saúde, além do médico. Na Unidade de Saúde o prontuário da medicina e da odontologia é separado, o que reforça a hipótese de existir pouca integração entre os profissionais na equipe. Entre as atividades previstas pelo Ministério da Saúde, encontra-se a formação de grupos operativos, sobretudo no caso de doenças crônicas como a DM, como forma de vinculação com a UBS e desenvolvimento de programas educativos para controle da doença e promoção de saúde. Em relação ao desenvolvimento de grupos operativos com vistas à prevenção e controle do diabetes, pôde-se verificar que a unidade de saúde estudada realizavam estes grupos e o dentista participava dos grupos, sendo sua presença vinculada geralmente ao convite da equipe. Sendo assim, esta intervenção odontológica reforçou a atenção integral ao paciente diabético tentando suprir as barreiras físicas e organizacionais, garantindo o atendimento em todos os níveis, bem como a integração dos profissionais dentro da própria unidade de saúde, ou seja, a intervenção foi fator essencial para melhorar a integralidade das ações em saúde no atendimento ao indivíduo com Diabete Mellitus. Em uma visão mais específica, o acompanhamento odontológico do paciente diabético evita o tratamento odontológico invasivo e a provável perca do elemento dentário. O que favorece a mastigação ideal e a melhora a qualidade de vida para os mesmos. 11 Apesar da presença do dentista nesta Unidade Básica de Saúde, ainda é restrito os portadores de diabetes que estão sob tratamento odontológico regular na atenção básica. Provavelmente, devido ao estilo de vida dos pacientes, falta de ações integradas e multiprofissionais e falta de informações para os portadores de diabetes. Segundo Ferreira et al (2005), a prevalência da Diabetes tem aumentado, nas últimas décadas, em decorrência de uma série de fatores como: aumento da expectativa de vida, aumento da urbanização, alimentação incorreta, obesidade e falta de atividade física. Grillo (2005) complementa que para o tratamento efetivo são necessárias mudanças no estilo de vida, que exigem técnicas de orientação e educação em saúde para a prática do autocuidado. A falta de conhecimento sobre a doença e a educação precária dos pacientes dificulta, muitas vezes, a obtenção de níveis glicêmicos estáveis. Com relação ao conhecimento sobre a doença, o tratamento e as práticas de autocuidado, pode-se observar que a maioria dos pacientes não possuia o conhecimento aprofundado sobre o assunto. No autocuidado também se incluem a prevenção e tratamento odontológico devido aos pacientes diabéticos serem mais propensos à gengivite e periodontite. A literatura odontológica sugeri que a diabetes influencia doenças bucais. Vasconcelos et al (2008), em seu estudo, verificaram que a maioria dos pacientes diabéticos apresentou pelo menos um tipo de lesão da mucosa bucal. Segundo Monteiro (2001) são as mudanças alimentares e a redução de açúcares na dieta, junto com o maior conteúdo de glicose e cálcio na saliva, favorece o aumento na quantidade de cálculos e de fatores irritantes nos tecidos, enquanto a atrofia alveolar difusa está aumentada nesses pacientes. Schneider et al (1995) verificaram dentre outras alterações bucais desses pacientes, estão a xerostomia, glossodínia, ardor na língua, eritema, e distúrbios de gustação. O diabetes mellitus leva a um aumento da acidez do meio bucal, aumento da viscosidade e diminuição do fluxo salivar, os quais são fatores de risco para cárie. Embora, até recentemente, o consumo de açúcar era contraindicado na dieta dos indivíduos diabéticos, sendo esta conduta ainda adotada por muitos profissionais. Como a sacarose é o mais cariogênico dos açúcares, era possível supor que indivíduos com seu uso restrito tivessem 12 menor ocorrência de cárie. No entanto, não há evidência de que uma dieta pobre em açúcares reduza a ocorrência de cárie dental nestes indivíduos. Diversos estudos demonstram que a prevalência de cárie em pacientes diabéticos é maior. Porém, outros mostram que esta prevalência é menor quando comparada a de indivíduos sadios. Estes resultados conflitantes decorrem do tempo de duração do DMT1, do consumo restrito de sacarose, da ocorrência de xerostomia, do conteúdo de glicose na saliva e no fluido gengival e da baixa taxa de fluxo salivar e capacidade tampão, que interferem favorável ou desfavoravelmente no desenvolvimento de lesões de cárie dental. Tem sido considerado que o diabetes influencia na instalação e progressão da doença periodontal, a exemplo da dificuldade cicatricial, mas também sofre influência da mesma. De acordo com Saintran e Lima (2008), como o sangramento gengival e ao acúmulo de tártaro, conforme qualquer tipo de infecção, estes problemas periodontais podem dificultar o controle do diabetes. A presença de infecção leva à estimulação da resposta inflamatória, resultando em situação de estresse, que aumenta a resistência dos tecidos à insulina, dificultando o controle da doença. Este tratamento periodontal, quando precedido da administração sistêmica de antibióticos, melhora o controle glicêmico metabólico do paciente, porquanto a presença de infecções em diabéticos aumenta a resistência à insulina, agravando a condição da doença e complicando o seu controle metabólico. Estes sinais e sintomas clínicos periodontais, quando em pacientes idosos diabéticos, constituem dificuldades e maiores necessidades de cuidados e atuação de tratamento odontológico com equipe multiprofissional e interdisciplinar. Ressalta-se a importância do conhecimento do cirurgiãodentista ante as alterações sistêmicas, assim como o diálogo entre Odontólogo, médico e outros profissionais da saúde, para que o paciente seja visto como um todo e não parte dele, elevando assim os índices de sucesso terapêutico na diferentes profissões. A falta de esforços direcionados para que haja maior integração da equipe multiprofissional, em benefício do paciente portador de diabetes, com o fim de identificar estratégias que o motivem para o autocuidado. Embora, o conhecimento sobre a prevalência do diabetes mellitus, sua relação com as doenças autoreferidas e a saúde bucal em idosos podem 13 contribuir significativamente a seus portadores, mediante informações e orientações em Educação em Saúde, sobretudo no que se refere aos agravos na cavidade bucal. As intervenções odontológicas para os mesmos tem sido escassas. Aos portadores desta afecção, torna-se importante despertar o interesse e o conhecimento de sua sintomatologia e referido tratamento. Existe a necessidade de contribuir para a informação e o reconhecimento do quadro epidemiológico, oferecendo aos idosos portadores do diabetes mellitus orientações sobre a doença e estimulo ao autocuidado em saúde. Saintrain e Lima (2008) verificoram que um bom controle metabólico diminuirá a incidência de complicações agudas e crônicas, reduzindo também a velocidade da progressão das já existentes. Gaspari e Schwartz (2005) publicaram que a oportunidade que o indivíduo tem para vivenciar outras idéias, valores e realidades que terão papel decisivo na incorporação de novas atitudes no seu dia-a-dia. 14 3- OBJETIVOS O presente trabalho objetivou, primeiramente estimular o paciente portador de diabetes a refletir sobre seu estilo de vida cotidiano relacionado à sua patologia, no caso específico, as doenças bucais influenciadas pela diabetes mellitus, caracterizando-se como um instrumento de educação em saúde sob uma perspectiva de promoção, prevenção e controle. E um segundo objetivo, pactuar com toda a Equipe de Saúde do Jardim América o atendimento integral do paciente portador de diabetes. 15 4- METODOLOGIA Para tal, foi implementada uma intervenção de interação profissionalindivíduo, que teve por base a elaboração de palestras educativas e visitas domiciliares. Durante a ação houve orientação sobre os cuidados bucais necessários aos pacientes portadores de diabetes mellitus, visita domiciliar e para os pacientes que solicitaram, receberam atendimento clinico individual. Essa intervenção possibilitou a construção do conhecimento pelos participantes, a troca de vivências entre os mesmos, além da possibilidade do odontólogo realizar tratamento e controle das principais manifestações bucais da diabetes nesses pacientes. Ou seja, a intervenção visou a longo prazo estimular mudanças nos hábitos prejudiciais e no estilo de vida dos pacientes. Estimulando-os a realizarem consultas odontológicas periódicas e evitando os tratamentos odontológicos mutiladores. Desta intervenção participaram todos os pacientes diabéticos cadastrados no programa Hiperdia atendidos pela Unidade Básica de Saúde da Estratégia de Saúde da Família Jardim América do Município de Camapuã-MS. A intervenção foi realizada somente com os 36 pacientes diabéticos cadastrados no programa hiperdia. Para a avaliação e monitoramento da intervenção foi realizada uma comparação de dados “antes e após” a ação. A porcentagem foi realizada antes e após a palestra informativa e as visitas odontológicas aos pacientes cadastrados. Na primeira etapa, obteve-se a porcentagem inicial de pacientes diabéticos que haviam consultado o dentista entre abril de 2010 e outubro de 2010. A porcentagem inicial é a relação de pacientes diabéticos que realizaram consultas odontológicas entre abril de 2010 a outubro de 2010 sobre o total de pacientes cadastrados no programa hiperdia. 16 A coleta de dados para a obtenção da porcentagem inicial foi realizada através de informações obtidas do boletim diário de consultas odontológicas e Lista contendo todos os pacientes diabéticos cadastrados no hiperdia da Unidade de Saúde Jardim América. A intervenção foi avaliada após seis meses do seu início. Quando se obteve a relação dos pacientes diabéticos que realizaram consultas odontológicas no período entre abril de 2011 a outubro de 2011 sobre todos os pacientes diabéticos cadastrados no programa hiperdia. A ação foi organizada pela equipe odontológica contando com a participação de toda a equipe da Unidade de Saúde. Os esforços foram direcionados para que houvesse maior integração da equipe multiprofissional, em benefício do paciente portador de diabetes, com o fim de identificar estratégias que o motivassem para o autocuidado. Um bom controle metabólico diminui a incidência de complicações agudas e crônicas, reduzindo também a velocidade da progressão das já existentes. A ação foi desenvolvida dentro de cada microárea, oferecendo a oportunidade para que todos tivessem acesso. Foi uma tentativa acessível a todos de amparar e acompanhar o grupo, convencendo-o que não é necessária a instalação da doença bucal para procurar assistência. O estudo foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira, foi obtida a porcentagem inicial de pacientes diabéticos atendidos pela unidade de saúde cadastrados no programa hiperdia que realizaram consultas odontológicas antes da intervenção entre o período de abril de 2010 e outubro de 2010. Através informações do Boletim diário de atendimento odontológico da Unidade de Saúde da Estratégia de Saúde da Família Jardim América e da lista de todos os pacientes diabéticos. Com a observação das informações foi possível obter a quantidade exata de pacientes que consultaram o dentista entre os meses de abril a outubro de 2010. A porcentagem inicial é a relação de pacientes diabéticos sobre o total de pacientes diabéticos cadastrados no programa hiperdia. Após a intervenção composta de 2 palestras e uma e somente uma visita domiciliar a cada paciente portador de diabetes mellitus, Foi realizada uma avaliação após seis meses do inicio da intervenção. A avaliação foi realizada, de forma manual e minuciosa, da seguinte maneira: novamente 17 através do boletim diário de atendimento odontológico foi procurado o nome de cada paciente diabético contido na lista. Após a contagem de todos os pacientes da lista presente no boletim diário foi calculada a porcentagem da primeira avaliação após seis meses. A porcentagem da avaliação é a relação de pacientes diabéticos atendidos no período entre abril a outubro de 2011 pelo total de pacientes cadastrado no programa hiperdia. As duas porcentagens obtidas foram confrontadas para verificar o êxito ou não do projeto. Após a verificação foram encontradas as possíveis causas que acarretaram o resultado. Para o desenvolvimento da foi necessário que todos os integrantes da equipe tomassem cientes do desafio e do seu papel na intervenção. 18 5- CRONOGRAMA A seguir o cronograma mensal dos passos do projeto: Atividade Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Diagnóstico do X X problema Revisão de X X literatura Elaboração do X X Projeto Coletas de X X informações estatisticas Obtenção da X porcentagem inicial Intervenção na X X X comunidade Avaliação após X 6 meses Tabulação de X dados Análise de X dados Interpretação X X X X dos dados Elaboração do relatório Entrega do X relatório 19 6- ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO Este trabalho tratou-se de uma intervenção que utilizou a visita domiciliar como estratégia para ampliar o cuidado em saúde bucal, possibilitando o acesso a usuários diabéticos cadastrados no programa hiperdia. A visita domiciliar constitui-se em um conjunto de ações em saúde voltadas para o atendimento, tanto educativo como curativo. Porém, durante as visitas domiciliares do período da intervenção não foram realizados atendimento curativo. Durante as VDs se realizou a busca ativa a demanda reprimida, promoção e prevenção da saúde, através da educação em saúde mais individualizada. Todos os pacientes selecionados e visitados foram convidados a realizarem sua primeira consulta para avaliação na Unidade de Saúde e se necessário tratamento odontológico invasivo. As visitas domiciliares tiveram como objetivo a promoção de saúde através da educação e da motivação a execução da higienização bucal adequada e realizar visitas regulares ao dentista. Segundo o Ministério da Saúde entende-se como visita domiciliar o tipo de atendimento domiciliário cujo objetivo é avaliar as demandas do cliente e seus familiares, bem como o ambiente em que vivem, e estabelecer um plano assistencial voltado à recuperação e/ou autocuidado. Durante as visitas domiciliares foram realizadas observações tentando não esquecer dos mínimos pormenores as condições socioeconômicas e culturais de cada paciente. Para que, principalmente, de forma apropriada as instruções de higiene bucal fossem pontificadas de forma acessível ao nível de instrução de cada um dos pacientes visitados. Analisando sobre este aspecto, uma das visitas que mais se destacou ocorreu durante uma manhã, a qual, a paciente diabética visitada possui um esposo com de Doença de Alzheimer em estágio avançado. A abordagem melhorou quando o profissional cirurgião-dentista entendeu sua 20 impaciência devido ao estresse de seu lar, ao seu baixo grau de instrução escolar. Com isso, foi possível convence-la da necessidade de visitar ao dentista. O que ocorreu alguns meses após a VD. Durante as visitas domiciliares foram realizados os seguintes procedimentos: reconhecimento das condições de vida do indivíduo e sua família, anamnese, rastreamento de lesões orais; além de educação em saúde e escovação supervisionada. Embora nem sempre foi possível realizar escovação supervisionada pois, dentro dos 36 pacientes cadastrados no programa hiperdia foi detectado durante a anamnese que 14 utilizavam prótese dupla total, ou seja, eram edentados. E durante esse processo não foram detectados quantos pacientes utilizavam pelo menos uma prótese total. Como resultado, obteve-se em seis meses de atividades: 34 visitas domiciliares e duas reuniões para a conscientização desses pacientes abrangidos pelo projeto de intervenção. Dois pacientes cadastrados no programa hiperdia não foram localizados em seu endereço do cadastro. Como a persistência da equipe odontológica em encontrá-los foi exaustiva, os vizinhos e parentes que ali estavam acabaram relatando que aquelas pessoas não residiam no endereço, pertencia à zona rural. Um outro fato digno de atenção, ocorrido também durante as visitas domiciliares, foi à identificação involuntária de uma paciente residente da área, a qual se encontrava a mais de três meses internada devido a complicações do descontrole da diabete e não estava identificada como paciente diabética e muito menos participava do programa hiperdia. Para a avaliação e monitoramento da intervenção foi realizada uma comparação de dados “antes e após” a ação. Na primeira etapa, obteve-se a porcentagem inicial de pacientes diabéticos de 16,66% (6 pacientes), os quais, realizaram consultas odontológicas durante o período de coletas dos valores numéricos referido na intervenção. A porcentagem inicial é a relação de pacientes diabéticos que realizaram consultas odontológicas entre abril de 2010 a outubro de 2010 sobre total de pacientes cadastrados no programa hiperdia. Após a intervenção composta de 2 palestras e uma e somente uma visita domiciliar a cada paciente portador de diabetes mellitus, Foi realizada uma nova avaliação após seis meses de intervenção. A porcentagem foi de 21 19.44% (7 pacientes), os quais realizaram consultas odontológicas durante o período de coletas dos valores numéricos. Como a quantidade total de pacientes diabéticos da Unidade de Saúde Jardim América cadastrados no programa hiperdia é pequena, representando no total 36 pacientes, embora a porcentagem após seis meses de intervenção tenha aumentado não foi significativamente relevante, pois, em dados quantitativos o aumento real foi de apenas 1 paciente. Este aumento pode ter sido devido à intervenção ou simplesmente, mera coincidência. Já que além, de algumas das consultas terem sido realizadas anteriormente a visita domiciliar da intervenção 5 dos 7 pacientes que consultaram admitiram que só consultaram pois, apresentavam dor em algum dente, problemas dentários ou dor em algum local da boca. Dentro destes 7 pacientes diabéticos, os quais, realizaram suas consultas odontológicas, 2 relataram consultar devido a visita domiciliar realizada pela intervenção. Não apresentavam dor de dentes ou em outros locais da boca. Mas, durante o exame clínico e o tratamento odontológico de rotina verificou-se que um deles além da raspagem e alisamento subgengival, profilaxia e aplicação tópica de flúor necessitava de uma restauração dentária devido a uma lesão cariosa, já em dentina. Ambos concluíram o tratamento. Um dos cinco pacientes diabéticos que consultaram durante o período de avaliação relatando dor de dente ou em algum local da boca utilizava prótese dupla total. Como os pacientes diabéticos são mais propícios a contraírem candidíase, esta estava com candidíase no palato duro. O baixo índice de prevenção ainda nesta população da intervenção é provavelmente, devido ao período limitado da intervenção. Durante a intervenção percebeu-se que seis meses é um tempo reduzido para que uma ação tão ampla como esta possa surtir um efeito estatisticamente significativo. Um outro objetivo da intervenção foi pactuar com a equipe o atendimento integral e multiprofissional deste pacientes mencionados. A pactuação iniciou com uma reunião com a toda a equipe da Unidade de Saúde. No entanto, foi baixa a adesão da equipe na intervenção. Com exceção da auxiliar de consultório dentário e de três das cinco agentes comunitárias, o restante da equipe não adaptou ao procedimento de além de tratar a necessidade imediata do paciente também realizar a prevenção. Quando os 22 encaminhamentos eventualmente ocorrem na Unidade, os indivíduos diabéticos só são encaminhados para a odontologia em caso de alguma necessidade/dor e não para prevenção odontológica, embora mais suscetível a doenças bucais. Entre as atividades previstas pelo Ministério da Saúde, encontra-se a formação de grupos operativos, sobretudo no caso de doenças crônicas como a DM, como forma de vinculação com a UBS e desenvolvimento de programas educativos para controle da doença e promoção de saúde. Em relação ao desenvolvimento de grupos operativos com vistas à prevenção e controle do diabetes, pôde-se verificar que a unidade de saúde estudada ainda não se tem reuniões periódicas com o grupo de pacientes hipertensos e diabéticos e quando estas eventualmente ocorrem, a presença do dentista está vinculada geralmente ao convite da coordenadora da equipe. A baixa adesão da equipe ocorreu provavelmente devido a alta rotatividade de funcionários da equipe da Unidade de Saúde Jardim América. O que impossibilita uma pactuação sólida entre a equipe, pois, a lotação de seus membros é alterada constantemente. 23 7-CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluiu-se, não só através dos dois pacientes que consultaram o dentista com o objetivo de prevenir doenças bucais, que a visita domiciliar traz resultados positivos por possibilitar a atenção em saúde bucal a uma parcela da população que não teria acesso a Odontologia tradicional, devido a alguma condição peculiar ou falta de afinidade ao tratamento odontológico. Permite, ainda, personalização e humanização do atendimento e o estreitamento do vínculo na relação profissional-usuário. O projeto de intervenção possuiu ampla gama de atividades que envolveram o atendimento curativo e preventivo do paciente diabético. Devido à amplitude desta intervenção não deve ser considerado apenas, a baixa adesão dos pacientes e dos profissionais da equipe ao projeto. Esta avaliação não deve ser detectável somente baseado em dados numéricos, mas, também no desenvolvimento de hábitos saudáveis para os pacientes portadores de diabetes em longo prazo. Desta forma, está correto afirmar que este projeto tem cumprido, dentro de suas possibilidades, o seu papel na formação de pacientes motivados a realizar tratamento curativo e a prevenção de doenças bucais. Por tanto, a intervenção tem cumprido com o seu papel social de promover a saúde bucal, contribuindo para a melhora do quadro de saúde geral, do paciente portador de diabetes. 24 8- BIBLIOGRAFIA Assunção MCF, Santos IS, Gigante PD. Atenção primária em diabetes no Sul do Brasil: estrutura, processo e resultado. Rev Saúde Pública 2001; 35:88-95. Vasconcelos BCE ,Novaes M, Sandrini FAL, Maranhão Filho AWA , Coimbra LS. 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