Avaliação do autoconhecimento da doença em uma

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ARTIGOS
ORIGINAIS
A VALIAÇÃO
DO AUTOCONHECIMENTO DA DOENÇA... Lisbôa et al.
Avaliação do autoconhecimento da doença
em uma amostra de pacientes diabéticos
do tipo 2 em Passo Fundo, RS, Brasil
Evaluation of the knowledge about this
disease in a sample of type 2 diabetic
patients from Passo Fundo, RS, Brazil
RESUMO
Para avaliar o conhecimento da sua doença, estudaram-se 171 pacientes (116 mulheres) provenientes de Passo Fundo, RS, com diabetes mellitus do tipo 2, com idade de
57,4±10 anos e tempo médio de diagnóstico de 2,7±1 anos e provenientes de classes
socioeconômicas média e inferior. O conhecimento sobre o diabetes mellitus foi avaliado
por questionário com 15 perguntas ilustradas por cartazes explicativos e que, se respondidas corretamente, possibilitariam um escore de 13,5 pontos. Foi medida glicemia capilar
casual e considerados mal controlados os indivíduos com glicemia maior que 160 mg/dL.
A média de acertos foi de 6±1,8, sendo que o tempo de diagnóstico foi o fator que mais
influenciou para o melhor escore. Observou-se que nesta amostra, possivelmente representativa dos pacientes diabéticos, havia um conhecimento abaixo da média das noções
básicas sobre a enfermidade, o que talvez explique que ¾ apresentassem glicemias mal
controladas. É necessário que os grandes avanços no conhecimento do diabetes mellitus sejam repassados aos pacientes através de estratégias educativas para prevenir complicações.
UNITERMOS: Diabetes Mellitus, Conhecimento em Diabetes, Educação em Diabetes.
ARTIGOS ORIGINAIS
HUGO ROBERTO KURTZ LISBÔA –
Professor de Endocrinologia.
PAULO ROBERTO WEINERT – Professor de Endocrinologia.
LUIZ AQUINO KURTZ – Médico endocrinologista.
CHARLES ANDRÉ CARAZZO – Médico
Residente formado pela Faculdade de Medicina – Universidade de Passo Fundo.
GEISSON BECK HAHN – Médico Residente formado pela Faculdade de Medicina
– Universidade de Passo Fundo.
FABÍOLA COSTENARO – Médica formada pela Faculdade de Medicina – Universidade de Passo Fundo.
FABRICIO CASANOVA – Médico Residente formada pela Faculdade de Medicina
– Universidade de Passo Fundo.
DILETA CECCHETTI – Professora de
Bioestatística.
Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de
Medicina da Universidade de Passo Fundo.
Endereço para correspondência:
Hugo R. Lisbôa
Rua Teixeira Soares 885/806
99010-901 – Passo Fundo – RS, Brasil
(54) 311 64 99
Fone: (54) 311 64 99
[email protected]
ABSTRACT
To verify the knowledge on type 2 diabetes mellitus, one hundred and seventy one
patients (116 women), mean age of 57,4±10 years and diabetes duration of 2,7±1 years
from the median and low socioeconomic strata of Passo Fundo-RS were studied. The
knowledge on diabetes mellitus was evaluated through a questionnaire with 15 questions
illustrated by clarifying posters and that, if answered correctly, it would make possible
13,5 points. Random capillary glucose was measured and those above 160 mg/dL were
considered bad controlled. The mean score obtained was 6±1,8 points and diabetes duration was the factor that leads to better results. In this group of type 2 diabetes mellitus
patients it was observed that their knowledge on basic issues about diabetes was below
the mean of correct answer and, possibly, it explains why three quarter of the individuals
presented bad diabetic control. It is necessary to teach to these patients the achievements
in diabetes research through educative strategies in order to obtain better glucose control
and prevent complications.
KEY WORDS: Diabetes Mellitus, Knowledge on Diabetes, Diabetes Education.
I
NTRODUÇÃO
A educação dos pacientes diabéticos tornou-se uma das pedras fundamentais do tratamento, junto com
a dieta, exercícios físicos e medicações (1). Para atingir o controle metabólico adequado, o paciente deve-
rá ter noções de nutrição, da ação da
atividade física sobre os níveis da glicose sangüínea e conhecimento sobre
a ação de medicamentos que utiliza.
Os indivíduos diabéticos deveriam
receber um plano de tratamento individualizado que abordaria vários
aspectos da sua vida (2).
A ampla gama de informações e
especialidades envolvidas no tratamento do paciente diabético requer que este
seja orientado por uma equipe multidisciplinar, na qual se incluiriam médicos, enfermeiras, nutricionistas, psicólogos e podólogos.
Os estudos, já clássicos, que avaliaram, de maneira adequada, o efeito
do controle glicêmico sobre o desenvolvimento de complicações crônicas
e mortalidade em pacientes com diabete do tipo 1 e do tipo 2, Diabete Control and Complication Trial (DCCT) e
do United Kingdon Prospective Diabetes Study (UKPDS) e Estudo Kumamoto, respectivamente, evidenciaram
que a hiperglicemia persistente estava
relacionada a todos os desfechos que
avaliaram o desenvolvimento de microangiopatia (nefropatia, retinopatia
e neuropatia) e, com menos intensidade, macroangiopatia (isto é, infarto do
miocárdio) (3, 4, 5).
Recebido: 10/2/2005 – Aprovado: 12/4/2006
Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 50 (3): 199-204, jul.-set. 2006
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