HISTÓRIA COMENTÁRIO DA PROVA DE HISTÓRIA Boa prova com uma equilibrada distribuição de conteúdos e abordagem de temas relevantes. Em comparação com a prova aplicada na primeira fase, percebemos maior zelo na elaboração das questões o que certamente privilegiou o bom aluno. Há de se observar apenas, como sugestão, a importância de as questões serem precedidas de textos de referência que auxiliem no balizamento das reflexões dos alunos, além de divulgarem autores e textos que nos permitem comentar em sala de aula, valorizando a historiografia e sua relação fundamental com o ensino. Professores de HISTÓRIA do Curso Positivo. Comentário: Durante o período em que comandou a República romana, o ditador Júlio César instituiu uma série de reformas políticas e sociais visando à superação da crise que atingiu o regime republicano no século I a.C. Dentre as principais medidas, devemos destacar a organização das finanças do Estado (reduziu gastos, proibiu o abuso do luxo); construção de diversas obras públicas para gerar emprego aos plebeus; obrigou os proprietários a empregar homens livres e procurou unificar o mundo romano, estendendo a cidadania aos habitantes das províncias. Comentário: Dentre as principais monarquias germânicas que se consolidaram no Ocidente após a queda de Roma, devemos destacar os reinos visigodo e franco. Ambos são exemplos de permanências culturais romanas durante o período de transição da Antiguidade à Idade Média, pois podemos observar o processo de cristianização ocorrido nesses reinos, o uso do latim e a influência das estruturas político-jurídicas romanas na formação dessas monarquias feudais. 1 HISTÓRIA Comentário: Boa questão sobre o século XVIII. A prosperidade do século XVIII foi uma prosperidade de classe, beneficiando os senhores de terras e a burguesia mercantil. Já os camponeses, em grande parte da Europa, estavam submetidos a taxações diversas. Para analisarmos as causas da fome do século XVIII, devemos levar em consideração diversos fatores: – houve um grande aumento populacional. – a terra continuava sendo explorada por processos arcaicos, daí uma baixa produtividade. – acelerou-se o processo de concentração fundiária. – a alta generalizada dos preços agrícolas beneficiou os grandes proprietários e levou multidões ao desespero. – as intempéries climáticas agravavam a situação que já era desesperadora. – a precariedade dos transportes dificultava a circulação de mercadorias. – praticamente não havia armazenamento governamental visando enfrentar os anos de catástrofes naturais. O que havia era a estocagem de particulares visando especular e obter lucros. O aluno deveria elencar e comentar algumas das causas citadas. Comentário: Boa questão sobre um tema relevante. Os alicerces do Welfare State foram erguidos nos Estados Unidos e na Europa Ocidental na década de 30, expandindo-se intensamente após a Segunda Guerra. O Estado Previdência atua como mediador entre capital e trabalho; intervém na economia e amplia os direitos sociais da população. O Estado assegurando aposentadorias; seguro social para os desempregados, investindo maciçamente em saúde, educação e cultura é o que defendem aqueles que acham que só dessa forma é possível que haja uma sociedade justa e fraterna. 2 HISTÓRIA Comentário: Questão inteligente. O discurso para justificar a intervenção norte-americana no Vietnã era o da defesa da liberdade. Afirmava-se que se os vietcongues vencessem, o Vietnã do Sul tornar-se-ia um Estado totalitário. Ironicamente aquilo que era necessário preservar no sudeste asiático era violado no terreno doméstico, onde afro-americanos eram vítimas de toda sorte de preconceitos. Proibidos de frequentar certas escolas e universidades; segregados nos transportes coletivos impedidos de votar e acossados por ações da Ku Klux Klan, os negros lutaram e conseguiram garantir a plenitude dos direitos civis e políticos. Manifestações contra o racismo mesclaram-se com os protestos contra a intervenção norte-americana no Vietnã. É importante destacar que muitos negros foram enviados para lutar no Vietnã. Lutarem em defesa de um “mundo livre”, claro dentro de uma ótica muito limitada de liberdade. Foram bem sucedidos os manifestantes? De um certo modo sim, pois os negros obtiveram o que almejavam e o Governo dos Estados Unidos acabou retirando as tropas do Vietnã, claro, depois de muitos reveses. Comentário: Ótima questão. Ja a partir da década de 60, o ritmo de crescimento da URSS decaiu. A Era Brejnev (1964/82) foi marcada pela estagnação, burocratização e corrupção. Se não fosse o petróleo, viabilizando a importação de cereais os soviéticos teriam mergulhados na fome. As mudanças sociais não se coadunavam mais com o autoritarismo estatal. Ansiava-se por liberdade, especialmente para as nacionalidades e os adeptos das diversas religiões há muito reprimidas. O atraso tecnológico em relação ao mundo capitalista aumentava; os bens de consumo eram poucos e pecavam pela falta de qualidade. Gorbatchev lançou o slogan: “mais manteiga e menos canhões”, procurou converter indústrias bélicas para indústrias que produzissem algo que fosse útil à maioria da população. Quis mexer nas arcaicas estruturas de poder; procurou oxigenar a vida econômica, social e política. Não teve sucesso. A desintegração econômica ajudou a implodir a URSS. A desesperada tentativa da ala conservadora do PCUS de derrubar Gorbatchev fracassou. Yeltsin: presidente da Rússia emergiu como nova liderança. Na noite de Natal de 1991, o último “Czar Comunista” renunciou à presidência de um país que não mais existia, a URSS. 3 HISTÓRIA Comentário: – Excelente questão. A crise de 1929 e a de 2008 têm semelhanças e diferenças. Na década de 20 houve uma intensa especulação imobiliária na Flórida, bem como em Wall Street, o centro financeiro dos Estados Unidos. Já em 2004 o FBI advertiu o governo sobre “uma epidemia de fraude hipotecária”. Em 2008 a irresponsabilidade creditícia levou bancos e seguradoras à falência. Em Wall Street esquemas, próprios de mafiosos das finanças vieram à tona. Investidores tiveram enormes prejuízos. Na década de 20, o otimismo era enorme, todos acreditavam, que podiam ficar ricos; na década de 90 – não na mesma proporção – parecia que os “anos dourados” estavam voltando. Em 1929 o Governo nada fez para conter o caos econômico, social e financeiro. Já o governo de Bush sabia o que fazer para ter evitado a crise, só que não fez. O interessante é que Herbert Hoover e George W. Bush foram presidentes eleitos pelo Partido Republicano, cujos líderes quase sempre se opuseram ao intervencionismo estatal na economia. É claro que as crises têm muitas diferenças. Eis algumas: – Em 1929 o papel do Estado na Economia era quase nulo; atualmente existem mecanismos diversos de intervenções. – As consequências da crise de 1929 foram bem mais traumáticas, tanto nos Estados Unidos, como no restante do mundo capitalista. Em 1930, a economia brasileira sofreu um forte abalo. Já em 2008/2009 a crise foi apenas “uma marolinha”. – Em 1929 os Estados Unidos eram uma potência em expansão; atualmente, apesar de continuar sendo a maior economia do mundo perdeu força e vitalidade. – Os remédios para os efeitos da crise de 1929 só começaram a ser ministrados em 1933 como o “New Deal” para a de 2008 a intervenção estatal foi imediata. Comentário: E caiu D. João... de novo! É o terceiro ano seguido! Desta vez, a questão pede as consequências da abertura de portos, que significou o fim do pacto colonial no que ele tinha de mais característico: o exclusivo comercial. Com a abertura, os portos brasileiros são “invadidos” por produtos ingleses. Assim, a dependência econômica de Portugal vai sendo substituída pela inserção do nosso país na esfera de influência inglesa. 4 HISTÓRIA Comentário: A questão da maneira que foi formulada pode ter deixado o aluno com sérias dúvidas: é possível que tenha enveredado pelo caminho do fascismo, o que não é de todo errado, visto que o trabalhismo, pensado por Vargas, tinha na legislação italiana do Duce forte inspiração como conjunto de medidas que visavam definir a identidade do trabalhador urbano no Brasil por meio de um ideário fundamentado na colaboração entre as classes e que tinha na valorização do trabalho (obediente e submisso às autoridades) uma virtude maior. Comentário: Esse assunto foi tratado na solução de uma questão no Super, que comparava o “Collorgate” com o “Mensalão”. Era aqui que o aluno poderia usar a expressão improbidade administrativa, razão do início da crise que resultou na mobilização popular liderada pela UNE – cujo presidente, Lindebergh Faria, foi eleito senador pelo estado do Rio de Janeiro este ano – conhecida como “os caras-pintadas”. Boa questão. 5