VITAMINA B1 INTRAVENOSA : MAIOR EFICACIA SEM RISCOS DE

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VITAMINA B1 INTRAVENOSA : MAIOR EFICACIA
ANAFILAXIA NO BERIBERI CEREBRAL E CARDÍACO
SEM
RISCOS
DE
José de Felippe Junior
Sabe-se a muito tempo que a tiamina intravenosa pode provocar quadros muito graves , inclusive mortais de anafilaxia. Os livros
textos clássicos de clínica médica como o Farreras já alertam claramente sobre os perigos da tiamina intravenosa : “ Jamás se injectará
por via venosa, pues puede ocasionar colapsos mortales” ( 6 ) . Vários trabalhos na literatura também mostram o quanto é arriscado o
emprego desta via de administração ( 1,3,4,7,8,9,10,13,14,15,16,17,18,). A vitamina B1 tem a sua indicação formal pela via
intravenosa nos quadros de encefalopatia de Wernicke ( beriberi cerebral) e nos quadros agudos de insuficiência cardíaca de alto débito (
beriberi cardíaco), podendo também ser utilizada nos pacientes alcoólicos e geriátricos portadores de disbiose.
O presente trabalho mostra que a tiamina preparada de acordo com a técnica desenvolvida no Brasil pelo pesquisador Manoel
Mendes Fernandes não provoca sintomas de alergia nem tampouco quadros de anafilaxia , quando empregada por via intravenosa.
CASUÍSTICA E MÉTODOS
Empregou-se a vitamina B1 preparada ,no Laboratório Clímax segundo a técnica de Manoel Mendes Fernandes ( Thiaminose :
cloridrato de tiamina,15 mg , ácido ascórbico,250 mg, solução de glicose monoidratada a 30 % ,10 ml ) em 58 pacientes com idade
variando de 38 a 89 anos ( média de 64 anos), 25 do sexo feminino e 33 do sexo masculino no período de outubro a dezembro de
1999. Os pacientes todos de ambulatório ,receberam o medicamento em infusão gota a gota, durante 40 minutos. O número de
infusões variou de 3 a 20 em cada paciente em um total de 312 infusões ( média : 5,4 por paciente). Mediu-se a freqüencia cardíaca e a
pressão arterial ,antes e imediatamente após o término de cada infusão.
Todos eram portadores de intoxicação crônica por metais tóxicos, e estavam recebendo infusões intravenosas de edetato
dissódico, segundo protocolo empregado em vários países e descrito em livro texto de Medicina Interna ( 5 ) . Cada paciente já havia
recebido pelo menos 3 infusões do soro padrão para intoxicação metálica quando se iniciou o emprego da tiamina . Somente receberam
a tiamina os pacientes que apresentavam cinco ou mais sintomas clínicos de deficiência de vitamina B1.
RESULTADOS
Não houve alteração da pressão arterial ou da frequência cardíaca ou da temperatura medidas antes e após cada infusão
intravenosa de tiamina em todos os pacientes estudados.
Nenhum paciente manifestou dispnéia, prurido , exantema ou qualquer outro tipo de reação alérgica. No total foram 312 aplicações
intravenosas de tiamina em 58 pacientes em uma média de 5,4 aplicações por paciente.
DISCUSSÃO
A deficiência de vitamina B1 no adulto pode nos casos extremos afetar gravemente o sistema cardiovascular ( beribéri úmido ) ou
o sistema nervoso ( beribéri seco ) .
O beribéri cardiovascular se caracteriza por insuficiência cardíaca de alto débito com taquicardia, aumento da pressão venosa
central, retenção de sódio com ou sem edema periférico que pode evoluir para edema agudo de pulmão.
O beribéri cerebral ( Síndrome de Wernicke – Korsakoff ) se caracteriza por confusão mental e oftalmoplegia podendo evoluir
para o coma ( encefalopatia de Wernicke ) . A psicose de Korsakoff consiste na perda da memória para fatos antigos e fatos recentes
acompanhada pela quase total perda de iniciativa. A neuropatia periférica cursa com distúrbio da sensibilidade e formigamento das
extremidades inferiores tipicamente de uma forma simétrica e em bota.
Em 1938 já se descrevia a anafilaxia como reação adversa de suma importância que ocorria com a tiamina ( 6 ) . Não se
conhece o mecanismo preciso ,porem é uma reação do tipo hipersensibilidade imediata que acontece exclusivamente por via parenteral
intravenosa .
A encefalopatia de Wernicke, doença de elevada mortalidade e expressiva morbidade é muito freqüente entre os pacientes
dependentes de álcool . A deficiência de tiamina desempenha papel chave na etiologia desta doença e o seu uso em altas doses pela via
parenteral é eficaz tanto na profilaxia como no tratamento. Infelizmente a incidência não rara de reações anafiláticas levaram os médicos
a reduzirem dramaticamente o emprego parenteral da tiamina como descrevem Thonsom e Cook na Escócia ( 15 ) . Afirmam que a
mortalidade e a morbidade seriam bem menores se a tiamina fosse empregada pela via intravenosa , entretanto os médicos são
extremamente cautelosos quanto à essa via de acesso.
A mesma opinião expressou Ramayya em 1977 , também na Escócia em trabalho retrospectivo realizado entre 1990 e 1995
em uma cidade de 160.000 habitantes (11) . Neste período conseguiram encontrar 47 novos casos de psicose de Korsakoff , 7 deles
com encefalopatia de Wernicke. O autor concluiu, após minucioso levantamento dos procedimentos terapêuticos que o aumento da
incidência destas doenças estava relacionado com a excessiva cautela dos médicos socorristas empregarem vitaminas intravenosas de
alta potência , principalmente a tiamina.
Em 1988 , Serdaru e colegas no Hospital de Salpetriere , na França , lembravam que devemos empregar altas doses de tiamina
intravenosa nos pacientes alcoólicos com a menor suspeita de encefalopatia e alertam os médicos para não se esquecerem que a
monoterapia vitamínica pode agravar o quadro cerebral pela deficiência relativa de outros componentes do complexo B ,como a niacina e
a piridoxina (12) . Também devemos nos lembrar que o excesso de tiamina nos pacientes com câncer pode aumentar a síntese de
ribose e promover proliferação de células neoplásicas ( 2 ) .
Stephem , trabalhando em serviço de emergência em Bostom, após presenciar quadro grave de anafilaxia por tiamina
intravenosa , fez revisão da literatura e concluiu que nos Estados Unidos não se descreve tais casos, talvez para evitar processos, porém
eles realmente acontecem e não são raros ( 14 ) . Termina o trabalho exaltando os médicos a terem muita cautela no emprego da
tiamina intravenosa.
No presente trabalho, em 58 pacientes submetidos a
312 infusões de tiamina inclusive com repetições das aplicações no
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paciente, não verificamos qualquer tipo de reação alérgica ou quadro de anafilaxia . Não observamos alterações dos sinais vitais nos 40
minutos de infusão da droga e os pacientes no seguimento clinico não se queixaram de qualquer tipo de reação adversa.
Essa tecnologia proporcionará tranqüilidade aos médicos , que poderão prescrever com segurança a tiamina intravenosa nos pacientes
que realmente necessitam desta via de administração quais sejam os portadores de doença de Wernick – Korsakoff e na insuficiência
cardíaca de alto débito por deficit de B1.
Infelizmente esta tecnologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros e dentro do nosso País não é conhecida no exterior , onde poderia
estar beneficiando elevado número de pacientes de uma forma segura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Boiko,NV : Acute allergic reaction as a result of use of vitamin B1. Vrach Delo , 5:116,1969.
2. Boros,LG et als:Thiamine supplementation to cancer patients : a double edged sword. Anticancer Res.; 18(1B):595-602,1998.
3. Bukinich PS and Lozovo,NM: On side effects dureing vitamin B1 therapy. Ter Arkh;39(7):119-21,1967.
4. Carta A and Fischer F : The problem of intolerance to vitamin B1. Policlinico (Prat); 75(26): 844-7,1968.
5. Cecil. Textbook of Medicine. WB Saunders, Philadelphia, pg.2363, décima oitava edição,1988.
6. Farreras Valenti. Medicina Interna Editorial Marim,Barcelona, pg759, sétima edição,1967.
7. Markiewicz,M and Uss,B. ncephalitis caused by hypersensitivity to vitamin B1. Pol Tyg Lek; 25(44): 1661-2 , 1970.
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17. Villas Martinez F et als: Anaphylatic reaction caused by vitamin B1(letter) : Med Clin ( Barc): 100(8):316,1993.
18. Wrenn,KD and Slovis,CM : Is intravenous thiamine safe? ( editorial) : Am J Emerg Med; 10(2): 165,1992.
Prof. Dr. José de Felippe Junior
Tel: 5543-8833
e-mail: [email protected]
Índice: beriberi cerebral, beriberi cardíaco, insufuciência cardíaca de alto débito, encefalopatia de Wernicke, encefalopatia de Korsakoff,
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