GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DE ESTADO DE

Propaganda
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE PÚBLICA
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO
DE EPIDEMIOLOGIA
NOTA TÉCNICA 04 / 2016- DVE / DEPI / SESPA
Assunto: Vigilância da Influenza- Alerta as Vigilâncias em Saúde dos Centros Regionais e dos Municípios.
Abril/ 2016
A importância da vigilância epidemiológica da Síndrome Gripal (SG) com detecção e tratamento precoce
evitando, assim os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Para tanto, foram revisadas e redefinidas
algumas condutas a serem instituídas frente aos casos de influenza. 
I. Definição de caso de Síndrome Gripal – SG:
Indivíduo que apresente febre de início súbito,
mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de
garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: cefaleia,
mialgia ou artralgia, na ausência de outro diagnóstico
específico.
Em crianças com menos de dois anos de idade,
considera-se também como caso de síndrome gripal: febre
de início súbito (mesmo que referida) e sintomas
respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência
de outro diagnóstico específico.
II. Definição de caso de Síndrome Gripal Aguda Grave
(SRAG):
Indivíduo de qualquer idade, com Síndrome Gripal
(conforme definição acima) e que apresente dispneia ou os
seguintes sinais de gravidade:

Saturação de O2 < 95% em ar ambiente;

Sinais de desconforto respiratório ou aumento da
frequência respiratória avaliada de acordo com idade;

Piora nas condições clinicas de doença de base;

Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do
paciente.
Em crianças: além dos itens acima, observar
também: batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem
intercostal, desidratação e inapetência.
O quadro clínico pode ou não ser acompanhado de
alterações,
tais
como: Laboratoriais:
leucocitose,
leucopenia ou neutrofilia; Radiografia de tórax: infiltrado
intersticial localizado ou difuso ou presença de área de
condensação.
III. Fatores de risco da SG:



Crianças < 2 anos;
Adultos a partir de 60 anos;
Grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até
duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram
aborto ou perda fetal);

Indivíduos com doença crônica: Pneumopatias
(incluindo asma); cardiovasculopatias (excluindo
hipertensão
arterial
sistêmica);
nefropatias;
hepatopatias; doenças hematológicas (incluindo
anemia falciforme); distúrbios metabólicos (incluindo
diabetes mellitus); transtornos neurológicos que podem
comprometer a função respiratória ou aumentar o risco
de aspiração (disfunção cognitiva, lesões medulares,
epilepsia, paralisia cerebral, Síndrome de Down, atraso
de
desenvolvimento,
AVC
ou
doenças
neuromusculares);

Imunossupressão (incluindo medicamentosa ou pelo
vírus da imunodeficiência humana);
 Indivíduos menores de 19 anos de idade em uso
prolongado com ácido acetilsalicílico (risco de Síndrome
de Reye);
 População indígena;
 Obesidade mórbida (índice de massa corporal IMC =
40).
IV. Sinais de agravamento da SG:








Aparecimento de dispneia ou taquipneia ou hipoxemia
– Saturação de O2 < 95%.
Persistência ou aumento da febre por mais de três dias
(pode indicar pneumonite primária pelo vírus influenza
ou secundária a uma infecção bacteriana);
Exacerbação de doença pré-existente (Doença
Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC, cardiopatia ou
outras doenças com repercussão sistêmica);
Disfunções orgânicas graves (exemplo: insuficiência
renal aguda);
Miosite comprovada por creatinoquinase – CPK (≥ 2 a
3 vezes);
Alteração do sensório;
Exacerbação dos sintomas gastrointestinais em
crianças;
Desidratação.
V. Tratamento da SG:
Tratamento de Síndrome Gripal em pacientes com
condições e fatores de risco para complicações:
 Hidratação;
 Medicamentos Sintomáticos;
 Fosfato de Oseltamivir (Tamiflu®) de forma empírica,
independente da situação vacinal.
OBS: O antiviral ainda apresenta benefícios mesmo se
iniciado após 48 horas do início dos sintomas.
Tratamento de Síndrome Gripal sem condições
e fatores de risco para complicações:

Hidratação;

Medicamentos Sintomáticos;

Fosfato de Oseltamivir (Tamiflu®) também pode ser
considerado,
excepcionalmente,
baseada
em
julgamento clínico, se o tratamento puder ser iniciado
nas primeiras 48 horas do início da doença.
Todos os pacientes de síndrome gripal devem ser
orientados para retornar ao serviço de saúde em caso de
piora do quadro clínico.
A coleta deve ser feita preferencialmente antes do
início do tratamento com o antiviral ou em até 3 dias de
uso. No entanto o tratamento é soberano em relação à
coleta.
1
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE PÚBLICA
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO
DE EPIDEMIOLOGIA
VI. Tratamento da SRAG:
Realizar avaliação clínica minuciosa e, de acordo
com a indicação, iniciar terapêutica imediata de suporte,
incluindo hidratação venosa e oxigenioterapia sob
monitoramento clínico.
Indicar internação hospitalar;
Iniciar o tratamento com o fosfato de Oseltamivir
(Tamiflu®) após a suspeita clínica, independentemente da
coleta de material para exame laboratorial;
Na possibilidade de coleta de amostras para exame
laboratorial,
o
procedimento
deve
ser
realizado
preferencialmente antes do início do tratamento e em
pacientes com até 7 dias de início dos sintomas.
Observação: A indicação de Zanamivir somente está
autorizada em casos de impossibilidade clínica da
manutenção do uso do fosfato de Oseltamivir (Tamiflu®).
As
gestantes
devem
ser
tratadas
preferencialmente com o fosfato de Oseltamivir
(Tamiflu®).
Não deve se protelar a realização de exame
radiológico em qualquer período gestacional, quando
houver necessidade de averiguar hipótese diagnóstica
de pneumonia.
O Oseltamivir não é contraindicado na
gestação; não há relatos de malformações e há melhor
risco benefício.
Esquema de Tratamento:
Droga
Fosfato de
OseltamivirTamiflu
Faixa Etária
Adulto
≤15Kg
>15 kg
Criança
a 23
maior
kg
de 1
>23 kg
ano de
a 40
idade
kg
>40 Kg
<3
Criança
meses
menor
3a5
de 1
meses
ano de
6 a 11
idade
meses
Adulto
Zanamivir Relenza
Criança
≥7
anos
Tratamento
Dose
Tempo
75 mg 12/12h
5 dias
30 mg 12/12h
5 dias
45 mg 12/12h
5 dias
60 mg 12/12h
5 dias
75 mg 12/12h
5 dias
12 mg 12/12h
5 dias
20 mg 12/12h
5 dias
25 mg 12/12h
5 dias
10 mg duas
inalações de 5
mg 12/12h
10 mg duas
inalações de 5
mg 12/12h
5 dias
5 dias
VII. Diagnóstico laboratorial:
O diagnóstico da Influenza é laboratorial, por meio da
secreção nasofaríngea (swab ou aspirado nasofaríngea).
O diagnóstico laboratorial é fundamental para o
encerramento do caso.
VIII. Coleta de Material:
A coleta de material biológico da secreção da
nasofaringe (SNF) deve ser feita preferencialmente até 3°
dia de doença podendo se estender até o 7º dia.
Para a vigilância universal de SRAG, a coleta de
amostras deve ocorrer em todos os casos hospitalizados.
Em casos graves (paciente em UTI, ou risco iminente de
morte) pode-se coletar em qualquer período.
IX. Indicações para internação em UTI:
Instabilidade hemodinâmica persistente após reposição
volêmica;
Sinais e sintomas de insuficiência respiratória, incluindo
hipoxemia com necessidade de suplementação de oxigênio
para manter saturação arterial de oxigênio acima de 90%;
Evolução para outras disfunções orgânicas
(Ex.: insuficiência renal aguda, insuficiência hepática,
disfunção neurológica)
X. Notificação:
Todo o caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SRAG) hospitalizado deve ser notificado;
Nos casos de surtos de SG, a vigilância epidemiológica
local deverá ser prontamente notificada e digitar os casos no
SINAN NET, MÓDULO SURTO.
A digitação no SINAN Influenza WEB deverá ser
realizada pelos Munícipios, os quais já foram treinados. A
descentralização se deu no segundo semestre de 2014.
XI. Dispensação de Medicamentos
A solicitação de Oseltamivir e Zanamivir deverá ser
feita pelos municípios aos CRS, e estes ao DEPI, exceto o 1º
CRS que é feito pelos municípios diretamente ao DEPI.
O pedido deve ser feito por Correspondência Interna
(CI) que deve conter nome do responsável pela distribuição
do medicamento, número do RG ou número da matrícula
institucional. Esta CI pode ser enviada digitalizada para o email:
[email protected],
conforme
a
necessidade de cada regional.
As regionais são responsáveis por distribuir o
medicamento para todos os municípios e estes para os seus
estabelecimentos de saúde, tanto públicos quanto privados. A
solicitação deve ser feita com antecedência para evitar o
desabastecimento visto que o medicamento é liberado e
enviado pela CAF por correio. A regional e o município
devem estar atentos para o estoque e validade do
medicamento.
XII. Como se prevenir?
Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças
respiratórias, especialmente às de grande infectividade, como
vírus Influenza, orienta-se que sejam adotadas medidas
gerais de prevenção, tais como:

Frequente lavagem e higienização das mãos,
principalmente antes de consumir algum alimento;

Utilizar lenço descartável para higiene nasal;

Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;

Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;

Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;

Não compartilhar objetos de uso pessoal, como
talheres, pratos, copos ou garrafas;
2
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE PÚBLICA
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO
DE EPIDEMIOLOGIA

Manter os ambientes bem ventilados;

Evitar contato próximo a pessoas que apresentem
sinais ou sintomas de gripe.
XII. Quimioprofilaxia
Os medicamentos antivirais apresentam de 70% a 90%
de efetividade na prevenção da influenza e constituem
ferramenta adjuvante da vacinação.
Entretanto, a quimioprofilaxia indiscriminada NÃO
é recomendável, pois pode promover o aparecimento de
resistência viral.
A
quimioprofilaxia
com
antiviral
não
é
recomendada se o período após a última exposição* a
uma pessoa com infecção pelo vírus for maior que 48
horas.
*Considera-se exposição a pessoa que teve contato
com caso suspeito ou confirmado para influenza.
Para que a quimioprofilaxia seja efetiva, o antiviral deve
ser administrado durante a potencial exposição à pessoa
com Influenza e continuar por mais sete dias após a última
exposição conhecida.
*Indicações da quimioprofilaxia para INFLUENZA

Pessoas com risco elevado de complicações não
vacinadas ou vacinadas há menos de duas semanas, após
exposição a caso suspeito ou confirmado de influenza.

Crianças com menos de 9 anos de idade,
primovacinadas, necessitam de segunda dose da vacina
com intervalo de um mês para serem consideradas
vacinadas. Aquelas com condições ou fatores de risco, que
foram expostas a caso suspeito ou confirmado no intervalo
entre a primeira e a segunda dose ou com menos de duas
semanas após a segunda dose, deverão receber
quimioprofilaxia se tiverem comorbidades.

Pessoas com graves deficiências imunológicas
(exemplos:
pessoas
que
usam
medicamentos
imunossupressores;
pessoas
com
aids
com
imunodepressão avançada) ou outros fatores que possam
interferir na resposta à vacinação contra a influenza, após
contato com pessoa com infecção.

Profissionais de laboratório, não vacinados ou
vacinados a menos de duas semanas, que tenham
manipulado amostras clínicas de origem respiratória que
contenham o vírus influenza sem uso adequado de EPI.

Trabalhadores de saúde, não vacinados ou vacinados
a menos de duas semanas, e que estiveram envolvidos na
realização de procedimentos invasivos geradores de
aerossóis ou na manipulação de secreções de caso
suspeito ou confirmado de Influenza sem o uso adequado
de EPI.

Residentes de alto risco em instituições fechadas e
hospitais de longa permanência, durante surtos na
instituição.
*Quimioprofilaxia em instituições
hospitais de longa permanência
fechadas
e

Definição de instituição fechada e hospitais de longa
permanência: aqueles com pernoite de residente e
trabalhador (exemplos: asilos, orfanatos, presídios, hospitais
psiquiátricos).

Definição de surto em instituições fechadas ou
hospitais de longa permanência: - ocorrência de dois casos
suspeitos ou confirmados para influenza com vínculo
epidemiológico.

A quimioprofilaxia para todos os residentes ou internos
é recomendada para controlar surtos somente se a
instituição ou hospital de longa permanência for destino para
pessoas com condições e fatores de risco para
complicações (item 1.3.3). Neste caso, indica-se:

Em surto suspeito ou confirmado de influenza nesses
ambientes, é recomendado o uso de quimioprofilaxia
antiviral para todos os expostos residentes ou internados,
independentemente da situação vacinal. Para trabalhadores
e profissionais de saúde, é recomendado somente para os
não vacinados ou vacinados há menos de duas
semanas.

É recomendável a quimioprofilaxia com antiviral na
instituição por no mínimo duas semanas e até pelo menos
sete dias após a identificação do último caso.
*Quimioprofilaxia: uso de antiviral - Posologia e
administração
OBS.: Tratamento durante 10 dias. (Acip Updates Guidelines
for Use of Antiviral Agents for Influenza
<www.cdc.gov/ mmwr/pdf/rr/rr6001.pdf>)
OBS.: A indicação de zanamivir somente está autorizada
em casos de impossibilidade clínica da manutenção do
uso do fosfato de oseltamivir (Tamiflu®).
Belém, 07de abril de 2016.
Maria de Fátima Chaves Oliveira
Chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica
Socorro de Jesus Gomes da Mota
Chefe do Departamento de Epidemiologia
Maria Rosiana Cardoso Nobre
Diretora de Vigilância em Saúde
3
Download