Capítulo 5 CAUSAS DE MUDANÇA NAS FREQUÊNCIAS GÊNICAS II - MUTAÇÃO O Conceito de Mutação Mutação pode ser definida como uma modificação em uma característica com causa genética. H. De Vries em 1904 foi o primeiro a trazer esse conceito. Podem ser distintas em mutações germinais, que ocorrem nas células germinais e podem ser transmitidas para as próximas gerações. Também podem ser mutações somáticas, aquelas que ocorrem em células somáticas e só podem ser transmitidas a linhagens celulares do indivíduo mas não são transmitidas para futuras gerações. As mutações causadas pela alteração na sequência de nucleotídeos (DNA nos organismos celulares e no RNA viral) podem ser: i. Mutações pontuais por substituição de nucelotideos, por transição quando a substituição for por nucelotideos de mesmo tipo de base (purina por purina, pirimidina por pirimidina) ou transversão quando a substituição for por nucelotídeos de bases diferentes (purina por pirimidina ou pirimidina por purina). ii. Mutações “frameshift” que alteram o modo de leitura devido a inserção ou deleção de um ou mais nucleotídeos. iii. Alterações cromossômicas estruturais, por duplicação deleção, inversão, translocação de segmentos cromossômicos. As consequências de mutações pontuais em genes que codificam sequência de aminoácidos constituintes de cadeias de uma proteina, são: Mutações silenciosas não causam mudanças na estrutura 3D das proteinas porque o código genético alterado é redundante. Mutações “missense” causam mudança no amino ácido devido a alteração do código genético. Podem entretanto não causar mudança na estrutura 3D da proteina (mutação neutra), ou podem ser causa de alteração funcional parcial ou total da proteina. Mutações Nonsense” mudam o código para um código de parada. Mutações condicionais produzem um fenótipo defectivo somente quando exposto a certas condições ambientais. Consequências das Mutações “frameshift” leva a um truncamento de leitura inviabilizando a formação do produto gênico. Taxas de Mutação e Frequência de Mutações A taxa de mutação expontânea é uma estimativa do número de mutações que ocorre por geração ou por gameta para um gene específico. Essa taxa é extremamente baixa e constante para determinado sítio do DNA devido as características específicas de estabilidade química do material genético. Ocorrerá de maneira recurrente e constante desde que não sejam alteradas as condições em que esse material genético se encontre. A taxa de mutação para acrondroplasia devida a um gene recessivo é de 6-13 mutações por milhão de gametas. Na espécie humana essas taxas variam de 1 mutação para 10.000 gametas na distrofia muscular de Duchenne do gene que causa a neurofibromatose tipo-1 (os mais longos genes conhecidos) até 1 mutação para 10.000.000. Como em média essa taxa está em torno de 10-8 e desde que existem 3 bilhões de nucleotídeos por genoma humano, podemos dizer que cada gameta tem a probabilidade de produzir 30 novas mutações envolvendo substituições de nucleotídeos. Os organismos vivos estão distribuíduos em diferentes níveis de complexidade e com diferente tamanho de genoma. Vários estudos tem mostrado que a taxa de mutação varia inversamente ao tamanho do genoma. A pressão da mutação recurrente Supondo a ocorrência somente de mutação recurrente, a uma taxa , conforme o diagrama abaixo, sendo p a frequência de um alelo A e q a frequência de um alelo a, a cada geração haverá um acréscimo na frequência de a igual a pressão de mutação e um decréscimo consequente na frequência de A. A a Sejam p a freqüência de A e q a freqüência de a na geração inicial. Na próxima geração a freqüência de a será q’. q’ = q + p q’= q + (1-q)u q’= + u (1-q) Em n gerações teremos portanto um aumento na frequência de a correspondente a qn : qn = + (1-)n + (1-)n qo qn = 1 – (1-)n (1-q0) (1-)n = 1- qn / 1-q0 = pn / p0 Desde que é muito baixa podemos considerar: qn = 1 – (1-q0) e-nu E assim: e-nu = 1-qn / 1- q0 Exemplo: Se q0 =0.10 e qn = 0.20 e = 10-4 -nu = log 1-0.20/ 1-0.10 = 8/9 nu = log 9/8 = log 1.125 = 1.178 n = 1178 . 104 = 1178 gerações q = q’- q = (1-q) A pressão de mutação recurrente vs mutação reversa Quando consideramos a ocorrência de mutação recurrente a uma taxa mutação reversa a uma taxa v, conforme o diagrama abaixo: A a v E supondo que a frequência de um alelo A seja p e do alelo a seja q em uma dada geração, a taxa de mudanças nas frequências gênicas de uma geração para outra será dada por: q = p – vq p = vq quando q = 0 ( no estado de equilíbrio)! (1-p) = vq - q = vq = q+ vq = q ( + v) qe = /+v Para calcularmos a frequência em equilíbrio de A podemos proceder da mesma forma: pe = v / + v A taxa de mudança nas frequências gênicas pode ser obtida a partir de: q = (1-q) – vq = - q – vq = qe ( + v) – q (+ v) = -( + v) (q-qe) dq/ dt = -(+v)(q-qe) ; dq/q-qe = -(+v) dt qn dq/q-qe = -(-v) q0 qn q0 dt q0 log(qn-qe/q0-qe) = - (+v)n (+v)n= log(q0-qe/qn-qe) Exemplo =0.00003 v=0.00002 qe= 0.60 q0=0.10 qn=0.20 Teremos então a partir da fórmula dada acima: (0.00005)n = log 0.1 – 0.6/ 0.2 – 0.6 = log 1.25 = 0.22314 n = 4463 gerações O equilíbrio entre mutação e seleção Considerando um mutante recessivo deletéreo, que tem seu aumento de frequência na população promovido por pressão de mutação e tem sua frequência diminuída por eliminação através da seleção natural, podemos estimar a taxa de mudança na sua frequência de uma geração para outra através de: q = (1-q) – sq2 (1-q) Quando s for pequeno teremos: = sq2 q2 = /s q = /s Quando a for quase letal em homozigose teremos: q2 q= A frequência do alelo A será então: p = v/s Para um alelo A quase letal teremos: p v