21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil Incorporação de Fluconazol em Inéditos Derivados do Copolímero PMMA-g-PEG B. M. Silveira(1); V. M. R. dos Santos(1); K. M. Novack(1); S. A. Lopes(1) Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP, Campus Morro do Cruzeiro, Bauxita, Ouro Preto – MG [email protected] (1) Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP RESUMO O copolímero graftizado PMMA-g-PEG passou por transformações químicas em sua cadeia, através de reações de acetilação, halogenação, metilação e esterificação seguida de hidrólise. Posteriormente, os produtos inéditos derivados do copolímero PMMA-g-PEG passaram por processo de emulsificação e incorporação do fármaco fluconazol. As cadeias incorporadas foram caracterizadas pelas técnicas de espectroscopia na região do infravermelho (FTIR), difração de raio X (XRD) e microscopia eletrônica de varredura (MEV), a fim de avaliar a efetivação da incorporação do fármaco nas mesmas. Foi verificada a eficiência da incorporação e observada à influência da complexidade da cadeia do polímero no teor de fluconazol incorporado. Palavras chave: PMMA-g-PEG, Fluconazol, FTIR, XRD, MEV INTRODUÇÃO Inicialmente, os polímeros foram utilizados como aditivos para estabilizar e solubilizar drogas ou como suportes mecânicos para a liberação controlada de fármacos. Com o desenvolvimento de novos métodos de síntese foram produzidos os polímeros com estruturas bem definidas. (1) A maioria dos sistemas de liberação oral de fármacos é baseada em matrizes poliméricas, por permitir a incorporação de quantidades relativamente elevadas de fármacos, além de obter vantagens inerentes: versatilidade, 6863 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil eficácia e baixo custo. (2) O Sistema de Liberação de Fármaco (SLF) consiste em um sistema de administração desenvolvido para prolongar o tempo de liberação do fármaco no organismo, sustentar sua concentração plasmática e controlar a localização temporal e espacial das moléculas in vivo. (3) O copolímero graftizado PMMA-g-PEG reúne características equivalentes de seus polímeros de origem: transparência e resistência do PMMA e a estrutura apropriada, incluindo a boa solubilidade em água e em solventes orgânicos, falta de toxicidade, além de fácil processamento do PEG, estando inserido entre os polímeros farmacologicamente ativos e podendo agir como medicamentos ou serem usados como veículos para outros fármacos. (4,5) O fármaco estudado nesse trabalho foi o fluconazol, 2 (2,4-difluorofenil) 1,3-bis (1H-1,2,4-triazol-1-il) -2-propanol, utilizado para o tratamento de infecções fúngicas superficiais e sistêmicas. (6) É um derivado triazólico resultante da substituição do anel imidazólico por triazólico e está entre os fármacos de baixa solubilidade e alta permeabilidade. (7,8) Sua estrutura pode ser observada na Figura 1. Reações de acetilação (COP ACET), halogenação (COP HALOG), metilação (COP MET) e esterificação seguida de hidrólise (COP EST HIDROL) foram realizadas como modificações da cadeia do copolímero graftizado PMMA-g-PEG (COP GRAFT), gerando produtos inéditos, representados também na Figura 1 (9). As cadeias modificadas do COP GRAFT foram emulsificadas (10) e incorporadas com o fármaco fluconazol, referidos como COP ACET INCORP, COP HALOG INCORP, COP MET INCORP e COP EST HIDROL INCORP, respectivamente. Fig. 1: (1) Estrutura química do fluconazol. (2) Estrutura química dos derivados do copolímero PMMA-g-PEG. 6864 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil PARTE EXPERIMENTAL Reagentes: Reagentes usados para incorporação de fluconazol: água destilada, poli(álcool vinílico) (Sigma-Aldrich), diclorometano P.A (Vetec), copolímeros modificados emulsificados e fluconazol (extraído com diclorometano, sendo que a cápsula foi desprezada). Método para Incorporação: No processo de incorporação foram preparadas duas fases: Fase aquosa: Em uma chapa aquecedora, colocou-se um béquer contendo aproximadamente 40,00mL de água e quando esta atingiu a temperatura de aproximadamente 70°C, adicionou-se 0,12g do emulsificante (PVA) lentamente em água, sob agitação, até completa dissolução. Fase orgânica: Em outra chapa aquecedora, colocou-se em outro béquer aproximadamente 6,00mL de diclorometano. Esse solvente a quente solubilizou o copolímero modificado emulsificado juntamente com 0,10g de fluconazol e foi mantido sob agitação. Após o preparo das duas fases, a fase aquosa foi vertida sobre a fase orgânica. A mistura foi submetida à agitação de 500rpm, por 4h a uma temperatura de 35°C. Durante esse processo, foram adicionados pequenas porções (10,00mL) de diclorometano. Em seguida, o produto foi levado à estufa a 40°C por 24h, para evaporação dos solventes. Cada copolímero modificado emulsificado foi incorporado separadamente. Teste de solubilidade Para o teste de solubilidade 0,1g do copolímero foram dissolvidas em 3,0 mL de solvente sob agitação. Os solventes usados foram: acetona, etanol, clorofórmio, diclorometano, dimetilsulfóxido e hexano. CARACTERIZAÇÃO As análises de espectroscopia na região do infravermelho (FTIR) foram realizadas no Espectrômetro de Infravermelho Horizon MB 3000. A de difração de raio X (XRD) foi realizada à temperatura ambiente e as amostras foram 6865 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil analisadas na região de 5-70°C (2Ɵ) e velocidade 2°C/mim-1. O aparelho utilizado foi um difratômetro Shimadzu, modelo XRD-6000, equipado com tubo de ferro e monocromador de grafite. A Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) foi feita nos equipamentos de molelo Vega 3 – Tescan, vaporizados pelo Quorum Q150R ES. RESULTADO E DISCUSSÕES O aspecto físico dos copolímeros incorporados é demonstrado na Figura 2: (1) (2) (3) (4) Fig. 2: (1) COP MET INCORP, (2) COP ACET INCORP, (3) COP EST HIDROL INCORP, (4) COP HALOG Os rendimentos foram acima de 100% devido à presença de solvente residual entre as cadeias poliméricas emulsificadas e incorporadas. Teste de Solubilidade Os copolímeros incorporados foram insolúveis em hexano, etanol, acetona, clorofórmio e diclorometano, provavelmente devido ao aumento da cadeia polimérica com a incorporação do fármaco fluconazol. Foi observado uma solubilidade parcial das amostras em dimetilsulfóxido. Espectroscopia na Região do Infravermelho (FTIR) Através dos espectros de IV, é possível confirmar que realmente houve incorporação do fluconazol, devido à presença das bandas de absorções de anel aromático, sendo uma em 3050 cm-¹ referente ao estiramento da ligação C-H sp2 de anel aromático e bastante evidente no COP HALOG INCORP e COP MET INCORP, duas bandas em 1.500 cm-¹ e 1.600 cm-¹ referentes ao estiramento de C=C de anel aromático, que foram evidênciadas no COP EST 6866 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil HIDROL INCORP, COP ACET INCORP e COP MET INCORP, além da banda de aproximadamente em 1.100 cm-¹ referente à C-O de álcool terciário. As bandas de OH dos copolímeros incorporados em 3.500cm-¹ estão mais largas devido à interação da ligação OH do fluconazol com o copolímero, conforme figura 3. Fig. 3: Espectros de Infravermelho dos copolímeros incorporados com fluconazol. O espectro de infravermelho referente ao fármaco fluconazol está demonstrado na figura 4 a seguir. Fig. 4: Espectro de Infravermelho do fluconazol. É possível observar as bandas características de sua estrutura: 3030 C-H de carbono sp2 de anel aromático, outra banda larga em aproximadamente 6867 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil 3200 cm-1 referente ao estiramento da ligação OH, duas bandas de absorções em aproximadamente1600 cm-1 e 1500 cm-1 referentes a presença de C=C de aromático, banda de absorção em 1000 cm -1 devido à presença da ligação C-F e por último em 2500 cm-1 banda característica de estiramento de C=N de anéis heterocíclicos. Difração de Raio X (XRD): A incorporação do fluconazol aumentou a organização de todas as cadeias poliméricas e, conseqüentemente, sua cristalinidade. Esse aumento pode estar relacionado ao caráter polar do fármaco inserido e à sua maior interação com os polímeros modificados e emulsificados, cuja polaridade é maior do que a do copolímero graftizado original, essa modificação é observada devido ao padrão de deslocamento diferenciado em relação à modificação e emulsificação e os picos mais finos, que demonstram a maior organização, conforme figura 5: Fig. 5: Difratograma de raio X dos copolímeros incorporados com fluconazol. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) Para comparação da incorporação do fluconazol nas cadeias poliméricas sintetizadas e modificadas, foram realizadas fotomicrografias também do 6868 21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil fármaco puro. É possível identificá-lo junto aos copolímeros, como demonstra a Figura 6: Figura 6: Fotomicrografia de MEV do fluconazol e dos copolímeros incorporados: metilado, acetilado, esterificado seguido de hidrólise e halogenado, respectivamente. Em todos os copolímeros há visível incorporação do fluconazol, evidenciada pela presença dos cristais do fármaco, além de apresentar fotomicrografias diferenciadas dos copolímeros modificados (9) e dos copolímeros emulsificados (10). REFERÊNCIAS 1. KIM, S.; KIM, J. H.; JEON, O.; KWON, I.C.; PARK, K. Engineered Polymers for Advanced Drug Delivery. NIH Public Access Author Manuscript. Eur J Pharm Biopharm. Março, 2009. 2. LOPES, C. M.; LOBO, J. M. S.; COSTA, P. Formas farmacêuticas de liberação modificada: polímeros hidrifílicos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Vol. 41, n. 2, abr./jun., 2005. 3. SWARBRICK, J. - “Encyclopedia of Pharmaceutical Technology”, Informa Healthcare, England (2007). 4. FERREIRA, V. L. S.; NOVACK, K. M. 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Incorporation of Fluconazole in Copolymer PMMA-g-PEG Derivatives ABSTRACT The graft copolymer PMMA-g-PEG went through chemical transformations in its chain through acetylation, halogenation, methylation and esterification followed by hydrolysis reactions. Subsequently, the copolymer PMMA-g-PEG derivatives passed through the process of emulsification and incorporation of the drug fluconazole. Derivatives copolymers were characterized by infrared spectroscopy (FTIR), X-ray diffraction (XRD) and scanning electron microscopy (SEM) after incorporation in order to evaluate their effectiveness. The efficiency of incorporation was observed and it was also verified that the complexity of polymer chain influence in the incorporated fluconazole content. Key-words: PMMA-g-PEG, Fluconazole, FTIR, XRD, SEM 6870