MARKETING JURÍDICO: INFLUÊNCIAS DAS NORMAS DA ORDEM

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MARKETING JURÍDICO: INFLUÊNCIAS DAS NORMAS DA
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB) NA
ESTRUTURAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE FIDELIZAÇÃO
MERCADOLÓGICA PARA ESCRITÓRIOS DE ADVOCACIA
TROLESI, Daniela Domingos
Pós-graduada em Marketing pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, Brasil
E-mail: [email protected] / [email protected]
Grupo de Trabalho escolhido: GT de Comunicação Mercadológica, Propaganda e
Publicidade.
RESUMO
Há várias décadas, o marketing e suas estratégias são utilizados por inúmeras organizações
que objetivam projetar a imagem dos seus produtos e/ou serviços frente aos seus públicosalvos. No entanto, o marketing – por muito tempo – ficou distante da realidade dos
advogados e dos escritórios de advocacia do país. O Código de Ética e Disciplina da Ordem
dos Advogados do Brasil (OAB) é extremamente rígido no quesito relacionado à
publicidade das bancas, não permitindo que as mesmas façam uso de diversas ferramentas
de comunicação e marketing. Porém, em um movimento recente e que está ainda em fase
de desenvolvimento, os escritórios de advocacia estão cada vez mais conscientes da
importância dos conceitos de marketing como ferramenta indispensável e fundamental de
diferenciação e vantagem competitiva diante da concorrência. Diante desse cenário, que
apresenta, até o momento, poucas pesquisas e discussões sobre o tema, esse trabalho
certamente trará contribuições tanto para a área acadêmica – principalmente as de
marketing e jurídica – como para os profissionais do setor, que ainda possuem dúvidas e
receios com relação à utilização correta, legal e ética do marketing jurídico em suas
atividades. Palavras-chave: Marketing Jurídico; Ética; Comunicação; Publicidade.
1 INTRODUÇÃO
Disciplina amplamente estudada e analisada, considerada indispensável para as
empresas e organizações atuais, o conceito de marketing intensificou-se, principalmente, a
partir do momento em que as empresas começaram a enfrentar uma competitividade cada
vez maior e mais intensa, fato que as obrigou a acharem mecanismos de diferenciação da
concorrência. Diante dessa realidade, as ferramentas de marketing foram ganhando espaço
e tornando-se, cada vez mais, extremamente relevantes para as organizações que objetivam
sobreviver em um mundo globalizado e um mercado altamente competitivo.
No entanto, durante muito tempo, essa foi uma realidade distante e distinta da presente
nos escritórios de advocacia do país. Até algum tempo atrás, as grandes e renomadas
bancas – como são chamados – não necessitavam de investimentos em marketing. Um bom
corpo de profissionais garantia a presença constante de clientes e era o responsável pela
imagem da banca perante a sociedade, a classe e o meio empresarial. Diferenciava-se o
escritório que possuísse tradição e advogados renomados com vários títulos acadêmicos,
capazes de reter grandes e rentáveis clientes apenas por oferecer um bom serviço e uma
relação custo-benefício satisfatória.
Obviamente, num mercado em constante evolução, a competitividade chegou também
ao setor das bancas jurídicas. Os escritórios – principalmente os maiores – foram ganhando
espaço e volume, o que lhes possibilitou investimentos em infra-estrutura e tecnologia,
crescimento constante e, conseqüentemente, uma oferta cada vez maior de serviços com
qualidade e muito semelhantes para todos os clientes, o que resultou em uma concorrência
cada vez mais acirrada também nesse setor.
Diante desse novo cenário, faz-se necessário, cada vez mais, a utilização do marketing
jurídico para solidificar a imagem dos escritórios, visando tanto a conquista quanto a
fidelização dos clientes. Essa é uma ferramenta essencial para a sobrevivência das bancas
em um cenário competitivo e globalizado.
No entanto, o chamado marketing jurídico tem características e peculiaridades muito
distintas das outras áreas do marketing. Com o objetivo de zelar pela ética e transparência
nas relações advogado-cliente e garantir a legitimidade das ações dos escritórios com
relação à captação de clientes, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tem, em seu
Código de Ética e Disciplina, um capítulo dedicado exclusivamente à publicidade das
bancas. Nele, várias ferramentas e ações de publicidade, comunicação e marketing são
vetadas e legalmente consideradas antiéticas.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Diante de todo o contexto apresentado, o objetivo principal desse estudo é analisar as
influências das normas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na estruturação de
estratégias de fidelização mercadológica para escritórios de advocacia.
2.2 Objetivos específicos
A partir do objetivo geral descrito acima, traçamos os seguintes objetivos específicos:
-
Analisar a bibliografia existente sobre marketing jurídico, principalmente artigos
publicados dos principais especialistas do país no assunto;
-
Levantar técnicas e ferramentas de marketing e comunicação que estejam dentro do
contexto permitido pela OAB e que possibilitem, aos escritórios, obter maior
visibilidade e diferenciação, e construir uma marca mais forte e consolidada;
-
Analisar o Código de Ética do Conselho Federal da OAB com relação à questão do
marketing, da comunicação e publicidade;
-
Verificar como funciona, quem são os profissionais, quais são os investimentos e
outros aspectos da área de marketing de alguns escritórios do país.
3
METODOLOGIA
Duas metodologias serão utilizadas para a realização desse estudo:
- Levantamento bibliográfico: serão três levantamentos. No primeiro, pesquisaremos
artigos dos principais especialistas em marketing jurídico do país e de jornalistas que
abordaram o tema em veículos de comunicação impressos e eletrônicos. No segundo, os
principais conceitos e técnicas de marketing existentes e utilizados atualmente pelas
grandes organizações, de acordo com autores de obras especializadas no assunto. Já no
terceiro levantamento listaremos as permissões e restrições presentes no Código de Ética da
Ordem dos Advogados do Brasil, com relação à publicidade e propaganda dos escritórios
de advocacia.
- Pesquisa de Campo Qualitativa: uma pesquisa qualitativa será aplicada junto aos
responsáveis pela área de marketing (se houver) de algumas bancas do país. Esses
profissionais responderão a um questionário com perguntas abertas e fechadas, todas
relacionadas à área de marketing do escritório.
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REFERENCIAL TEÓRICO
Esse estudo será teoricamente embasado nos conceitos elaborados por autores de três
áreas: Marketing; Relações Públicas e Comunicação; e Marketing Jurídico.
Kotler (2000) permite um completo levantamento de conceitos, ferramentas, tendências,
orientações e análises de todos os processos e planejamentos que envolvem a área de
marketing e, sendo assim, será o principal referencial teórico da mesma.
Todos os conceitos apresentados por Kotler (2000) serão amplamente analisados e
estudados, visando adaptá-los e aplicá-los de acordo com a estrutura e realidade dos
escritórios de advocacia no país.
Outros autores de obras mais específicas voltadas ao marketing também serão citados.
Schultz e Barnes (2001) tratam de conceitos como a importância de um banco de dados de
clientes e prospects e o marketing de relacionamento, e destacam a importância do valor da
marca de uma empresa, que se traduz em sua vantagem competitiva.
Já Certo e Peter (1993) analisam os fundamentos de marketing para uma administração
estratégica. De acordo com os autores, um desses fundamentos é a vantagem diferencial
competitiva, responsável pela superioridade em relação aos concorrentes.
O marketing jurídico alinha todos os conceitos até aqui mencionados, especialmente
estruturados de acordo com a realidade e características do meio jurídico. Bertozzi (2003) a única obra existente atualmente no país sobre o assunto - descreve uma série de
ferramentas de marketing que devem ser utilizadas pelos escritórios de advocacia que
desejam posicionar-se de maneira competitiva no setor, e que, principalmente, podem ser
utilizadas sem restrições pela OAB – Ordem dos Advogados do Brasil. Seus conceitos são
abrangentes a ponto de atingir todos os públicos com os quais as bancas interagem,
ajudando a solidificar, assim, a imagem das mesmas.
5
MARKETING JURÍDICO: HISTÓRIA, CONCEITOS E ANÁLISES
5.1 O processo histórico
Termo relativamente novo, o marketing jurídico começou a ser discutido no Brasil há
aproximadamente duas décadas. No entanto, por se tratar de um assunto tão específico,
peculiar e com inúmeras restrições legais, culturais e éticas, começou a ser realmente
estudado e viabilizado por alguns escritórios de advocacia – principalmente os maiores –
somente na década passada, quando essas grandes bancas começaram a perceber que a
competitividade aumentava a cada dia, os concorrentes ofereciam os mesmos serviços e
benefícios, as estruturas eram muito similares e era necessário, caso quisessem continuar a
crescer, desenvolver mecanismos que as diferenciassem no mercado.
Até a década de 80, não havia preocupação formal em relação à comunicação dos
escritórios de advocacia com os públicos com os quais interagia. Na década de 90 essa
realidade começou a se alterar: as bancas passaram por um processo de crescimento
acelerado, devido à era das grandes privatizações e fusões. Nesse momento, iniciou-se uma
preocupação relacionada à comunicação, porém de forma muito simplista e “caseira”, sem
despertar grande atenção por parte das bancas. Já no final dos anos 90 é que os conceitos de
marketing jurídico começaram a surgir de forma mais definida, profissional e aplicável. A
concorrência despertou o interesse dos escritórios pela comunicação integrada, planejada
como ferramenta de diferenciação, que visa trazer resultados de imagem para a organização
e, conseqüentemente, financeiros. Também nessa época é que se iniciaram as discussões
com relação ao capítulo que trata de publicidade no Código de Ética da OAB, bem como os
estudos de como utilizar – de forma ética – o marketing jurídico para o crescimento,
desenvolvimento e expansão dos escritórios.
5.2 Conceito de Marketing Jurídico
Marketing jurídico ainda é um conceito pouco explorado e analisado na esfera da
grande ciência do marketing. Bertozzi (2003) diz que os conceitos de comunicação no
mundo jurídico sempre foram subdesenvolvidos, mas que – devido à concorrência e à
massificação da profissão – a tendência é que os advogados comecem a se interessar por
esse assunto, assim como vem acontecendo em outros países.
Um dos primeiros e principais estudiosos do país sobre o tema, Bertozzi (2003, p. 29)
define marketing jurídico como “todos os esforços estratégicos de marketing dentro da
comunidade jurídica, utilizando os instrumentos de acordo com o Código de Ética da
OAB”.
Bertozzi (2003, p. 26) ainda afirma que "a finalidade do marketing jurídico é servir de
elo conclusivo entre o mercado (demandas jurídicas possíveis) e os advogados, criando e
oferecendo serviços de valor definitivamente percebidos pelos clientes”.
Desta forma, o conceito e as práticas relacionados ao marketing jurídico são
extremamente importantes e relevantes para os escritórios e profissionais que desejam se
diferenciar da concorrência, obter uma marca consolidada e reconhecimento por parte dos
clientes e, além disso, crescer e se desenvolver – de forma ética e criativa – em um mercado
cada vez mais competitivo.
5.3 O marketing jurídico na visão dos especialistas
Marketing jurídico é um tema ainda pouco explorado no Brasil. Prova disso é o fato da
existência de somente uma bibliografia sobre o assunto em português, de autoria do
profissional Rodrigo Bertozzi (2003). No entanto, vários especialistas já abordaram o tema
em artigos veiculados em diversos meios de comunicação, como sites, jornais e revistas.
Ao contextualizar o conceito genérico de marketing, Cozatti (2003) analisa que, devido
ao seu significado literal – mercadologia, forma de propaganda e divulgação – o marketing
não poderia andar de mãos dadas com a advocacia, pois essa não pode ser mercantilista.
Para o autor, esse é um dos principais fatores que fazem com que haja, até os dias atuais,
preconceitos em relação às práticas de marketing no mundo jurídico.
Asdrúbal Junior (2004) também tem essa visão, quando afirma que enxergar o
marketing jurídico em um contexto mais amplo e não somente como divulgação e
propaganda é essencial para que o advogado mantenha e conquiste mais espaço. A imagem
que o profissional projeta da sua pessoa e do trabalho que desenvolve assume um papel
fundamental: a satisfação do cliente, desde o atendimento da secretária até o resultado do
trabalho, é componente da moderna concepção de marketing jurídico.
Já Bertozzi e Selem (2004) fazem uma importante ressalva: o marketing jurídico não é
o responsável por criar a reputação jurídica de um escritório. Ele é um dos fatores que
auxilia de forma intensa e poderosa a solidificação da imagem da banca em diversos meios,
como o acadêmico, social e empresarial.
Todos autores que ousaram escrever sobre marketing jurídico até o momento são
categóricos ao dizer que esse é um conceito ainda em desenvolvimento no Brasil, e que
merece total atenção e estudo por parte dos escritórios de advocacia de todos os portes.
6 MARKETING
E
COMUNICAÇÃO:
PRINCIPAIS
CONCEITOS,
ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS
Atualmente, ainda há um preconceito e um desconhecimento muito grande por parte
dos advogados com relação não somente ao marketing jurídico, mas a toda a ciência do
marketing. Talvez pela própria dificuldade de compreensão da conceituação dos termos
marketing, publicidade, comunicação e propaganda, dos benefícios que essas práticas
podem trazer para os escritórios em termos institucionais e mercadológicos, e da relação
entre elas e as normas legais impostas pelo setor.
Os profissionais do mundo jurídico – principalmente os mais conservadores, que
consideram de pouca valia as práticas ligadas à comunicação – precisam atentar ao fato de
que todo advogado aplica, diariamente, os conceitos e técnicas de marketing no
desenvolvimento de seu trabalho, seja no relacionamento com seus clientes e com o
mercado, na preocupação com seu marketing pessoal, na identificação de novas áreas para
atuação, etc.
Além disso, para o cliente, é difícil saber exatamente como diferenciar a qualidade
técnica e de conhecimento de um advogado para outro. Desta forma, quanto mais
informações sobre o escritório e seus profissionais o cliente possuir, mais será influenciado
na compra pelos serviços jurídicos da banca.
Sendo assim, os profissionais da área jurídica precisam se conscientizar da importância
do marketing e suas ferramentas como um investimento, que tara inúmeros resultados para
a banca.
6.1 As diferenças entre marketing, propaganda e publicidade
Muitos profissionais – não somente da área jurídica, mas também de diversas outras –
não sabem o exato significado e ainda confundem os termos marketing, publicidade e
propaganda. Aliás, esse é um dos motivos que, provavelmente, fazem com que diversos
advogados cometam irregularidades no exercer de sua profissão.
A função do marketing, de acordo com Certo e Peter (1993, p. 371), é “facilitar as
trocas entre uma organização e seus compradores das indústrias ou usuários finais”. Para
isso, as empresas buscam – por meio do marketing – estratégias de diferenciação da
concorrência que, conseqüentemente, atraem e mantêm clientes, gerando vendas e lucros.
Desta forma, o marketing está muito mais vinculado com a diferenciação propriamente dita
do que com a venda em si.
A propaganda é uma das ferramentas que devem fazer parte do plano estratégico de
marketing – quando permitidas pelo setor ao qual pertence a organização. Kotler (2000, p.
596) a define como “qualquer forma remunerada de apresentação não-pessoal e
promocional de idéias, bens ou serviços por um patrocinador identificado”.
Churchill e Peter (2000, p. 293) afirmam que a publicidade é “a comunicação vista
como não paga de informações sobre a organização ou produto, geralmente por alguma
forma de mídia”. Justamente por ser vista pela mídia como notícia e não com caráter de
informação paga, a publicidade geralmente tem mais credibilidade por parte do público em
geral do que a propaganda.
Essas definições são de extrema importância para o meio jurídico, pois são elas que
auxiliarão os profissionais do setor a analisarem e definirem quais práticas podem ser
utilizadas de forma ética nesse segmento, já que o Código de Ética da OAB – justamente
visando erradicar qualquer dúvida a respeito – estabeleceu que só é permitida a publicidade
de forma informacional, ou seja, sem a conotação e finalidade de captação de clientes,
visando apenas esclarecer fatos jurídicos de interesse da sociedade.
6.2 Planejamento estratégico de marketing
Um dos principais pontos a serem analisados e estabelecidos pelas organizações é o
planejamento estratégico de marketing. É ele que irá guiar as ações e ferramentas que serão
desenvolvidas e utilizadas pela empresa, considerando uma análise detalhada dos ambientes
nos quais a mesa está inserida, de forma a otimizar as decisões e, conseqüentemente, trazer
resultados concretos.
Kotler (2000) estabelece oito etapas que compõem esse planejamento: a missão do
negócio, a análise SWOT, formulação de metas, formulação estratégica, formulação de
programas, implementação, feedback e controle.
7 CÓDIGO
DE
ÉTICA
DA
OAB:
UMA
ANÁLISE
EM
TERMOS
MERCADOLÓGICOS
A Ordem dos Advogados do Brasil, visando nortear os princípios que regem a conduta
e a consciência do advogado no país, instituiu um rígido Código de Ética e Disciplina, que
engloba uma série de regras e normas cujo objetivo é zelar pelo cumprimento da ética nas
atividades advocatícias.
O Provimento 75/92, datado de 14 de dezembro de 1992, dispõe sobre a publicidade da
atividade jurídica. No entanto, devido às constantes mudanças mercadológicas que afetam
todos os setores do país, eram necessárias uma atualização e revisão desse Provimento.
Isso ocorreu em 2000, com o Provimento 94/00, que dispõe sobre a publicidade, a
propaganda e a informação da advocacia, revogando o Provimento 75/92. Esse novo
Provimento foi um significativo avanço e surgiu com o objetivo de permitir a adequação
das sociedades jurídicas à realidade empresarial, principalmente no que diz respeito à
evolução tecnológica, e possibilitar que as bancas desenvolvessem e utilizassem técnicas de
marketing inteligentes e éticas sob o ponto de vista do Código de Ética da OAB.
O Provimento 94/00 ressalta, em seu art. 1º, que a publicidade somente é permitida caso
tenha caráter informativo, ou seja, se está levando conhecimento e informação sobre dados
verídicos aos clientes ou à sociedade em geral.
O Provimento 94/00 foi um grande avanço para os escritórios de advocacia no quesito
da publicidade das bancas. Sua disposição permitiu às bancas uma comunicação mais
eficaz com seus públicos de interesse, por meio de correspondências, comunicados e
publicações com envio previamente autorizado. Além disso, permitiu-se também que os
escritórios fizessem anúncios discretos e moderados, desde que exclusivamente
informativos; fixassem placas de identificação nas suas instalações; enviassem boletins
informativos e participassem de entrevistas cedidas aos meios de comunicação, desde que
respeitados alguns critérios.
No entanto, há que se tomar muito cuidado com as ações de marketing a serem
desenvolvidas, pois muitas ainda são as restrições presentes no Código de Ética da OAB.
Podemos citar algumas delas, como enviar correspondência à coletividade sem prévia
autorização; outdoors; propagandas em rádio e televisão; utilização de nome fantasia para
identificar a banca; fazer referências à estrutura da sede profissional, bem como ao seu
tamanho e à qualidade dos serviços por ela prestados; frases e pronunciamentos suscetíveis
à captação de causas ou clientes; referências a valores cobrados pela prestação dos serviços;
divulgação em conjunto com outra atividade (imobiliária, cobrança, auditoria, etc.); menção
de qualquer cargo, função pública ou relação de emprego ou patrocínio que tenha exercido,
capaz de captar clientela; além de fotografias, ilustrações, marcas ou símbolos
incompatíveis com a sobriedade da advocacia e a utilização de meios e veículos
promocionais típicos de atividade mercantil.
8 PESQUISA DE CAMPO: O MARKETING NOS MAIORES ESCRITÓRIOS DE
ADVOCACIA DO PAÍS
8.1 Situação-problema
Poucas são as pesquisas existentes a respeito do marketing jurídico no Brasil. Talvez
esse seja um dos principais motivos da quase inexistência de literatura sobre o tema, além –
é claro – da própria questão de ser um assunto muito recente, que começou a ser discutido,
observado e estudado há apenas algumas décadas.
Desta forma, a pesquisa realizada nesse trabalho busca levantar e analisar, de forma
prática, a questão da aplicação do marketing jurídico nos maiores escritórios de advocacia
do país, resultando, assim, em um acréscimo de informações e dados para a discussão cada
vez mais constante e profissional da área.
8.2 Objetivos da pesquisa
8.2.1 Objetivo Geral
Analisar de que forma os maiores escritórios de advocacia do país trabalham a questão
do marketing jurídico.
8.3 Amostragem
Para a realização dessa pesquisa, foram selecionados os doze maiores escritórios de
advocacia do Brasil em número de advogados, de acordo com o ranking divulgado pela
publicação inglesa Latin Lawyer, uma das mais conceituadas do setor.
Dos escritórios que receberam o questionário da pesquisa, apenas seis responderam, ou
seja, 50% da parcela que representa as doze maiores bancas jurídicas do país, o que
consideramos uma amostragem satisfatória.
Os escritórios respondentes foram: Demarest & Almeida Advogados; Tozzini, Freire,
Teixeira e Silva Advogados; Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados; Veirano
Advogados; Barbosa, Müssnich & Aragão Advogados e Lefosse Advogados em
cooperação com Linklaters.
8.4 Conclusão
Após a realização dessa pesquisa, podemos constatar que a área de marketing e
comunicação já é uma realidade nos grandes escritórios de advocacia do país, o que
confirma o marketing jurídico como uma tendência.
A comunicação com clientes é feita, em sua maioria, por meio de newsletters e boletins
jurídicos. Já a comunicação com prospects ainda gera dúvidas e ressalvas por parte dos
escritórios: alguns consideram que essa prática é contra o Código de Ética da OAB e outros
citaram que a utilizam, principalmente por meio da participação em eventos e seminários
organizados em parceria com outras instituições.
Já a comunicação com a imprensa é feita, quase em sua totalidade, via assessoria de
imprensa externa.
Notamos que os escritórios utilizam, principalmente, os relatórios das assessorias de
imprensa para medir seus resultados em comunicação, o que mais uma vez comprova a
importância que os mesmos dão à essa ferramenta.
Por fim, essa pesquisa deixa claro que o marketing jurídico é uma área importante
dentro dos escritórios atualmente e que, portanto, merecedora de estudos cada vez mais
freqüentes, profissionais especializados e discussões que contribuam para seu constante
desenvolvimento não somente nas grandes, mas também nas pequenas e médias bancas
jurídicas.
9 CONCLUSÃO
O marketing jurídico ainda está começando a se profissionalizar no país. Diante da
escassez de estudos e teoria sobre o tema, esse trabalho procurou reunir o maior número
possível de especialistas que já o abordaram, além de mostrar como tem sido tratado na
prática pelos grandes escritórios – que já o analisam há algum tempo. O principal objetivo é
fornecer subsídios e informações para que os escritórios que ainda não utilizam as práticas
de marketing o façam, pois é possível realizá-las em total conformidade com o Código de
Ética da OAB e elas também devem fazer parte da realidade das pequenas e médias
sociedades jurídicas.
Em tempos de concorrência acirrada e com os escritórios oferecendo serviços cada vez
mais qualificados, o marketing aparece no cenário jurídico não só como uma tendência,
mas como uma ferramenta imprescindível para o crescimento, a diferenciação e a
consolidação da imagem das bancas. Quando esse último elemento – a marca – não é
facilmente percebido pelos clientes, as contratações dos serviços acabam como
conseqüência de uma guerra acirrada de preços, gerando infidelidade por parte dos clientes
e insatisfação de todos os envolvidos.
O Código de Ética da OAB, apesar da sua rigidez e inúmeras restrições, passou por uma
grande evolução com o Provimento 94/00, beneficiando expressivamente todo o setor.
Futuras mudanças serão necessárias e já são intensamente discutidas no meio; porém,
enquanto isso não ocorre, os escritórios podem – e devem – utilizar as várias técnicas de
marketing disponíveis e permitidas. Antes, porém, é necessário que os profissionais do
meio compreendam exatamente todo o Código, e saibam aplicar o marketing e a
publicidade em suas organizações de forma ética, responsável e moderada.
Os investimentos e esforços focados no marketing jurídico devem ser amplamente
analisados, gerenciados, estruturados e mensurados a curto, médio e longo prazos. Aliás,
devem também ser parte integrante de um elaborado planejamento estratégico de
marketing, que tenha como objetivo central o processo complexo de construção de valor
tanto do escritório como dos seus profissionais.
O foco no cliente, na qualidade dos serviços prestados e na consolidação da marca da
banca devem ser as metas de todos os integrantes da mesma. É imprescindível que todos
estejam motivados e engajados no objetivo comum de fazer com que o escritório seja uma
referência no mercado, tanto para os clientes, como para o próprio setor e parceiros.
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