INSTITUTO MATERNO INFANTIL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL PERFIL CLÍNICO DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA EM USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, 2002 / 2003 LÚCIA MARIA VIEIRA DE OLIVEIRA SALERNO RECIFE-2004 LÚCIA MARIA VIEIRA DE OLIVEIRA SALERNO PERFIL CLÍNICO DE CRIANÇAS PORTADORAS DE SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA EM USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, 2002/2003 DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO COLEGIADO DO CURSO DE MESTRADO EM SAÚDE MATERNO INFANTIL DE PERNAMBUCO, COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM SAÚDE MATERNO INFANTIL. ORIENTADOR: LUIZ CLÁUDIO ARRAES CO-ORIENTADORA: MARIA DO CARMO M. B. DUARTE RECIFE-2004 “É CERTO QUE NÃO PODEMOS MUDAR A DIREÇÃO DOS VENTOS, MAS, COM CERTEZA PODEMOS ALTERAR A POSIÇÃO DAS VELAS”. LEILA NAVARRO Autora de ”Talento para ser feliz”. Editora Gente DEDICATÓRIA ‘As mães das crianças portadoras da síndrome da rubéola congênita pela dedicação e amor extremado da qual sou testemunha, durante esta luta diária que é ter um filho especial. A meu marido Pedro pela firmeza de caráter, inteligência, paciência, generosidade e amor sem fim. Você é a luz que ilumina o meu caminho. Aos meus filhos Juliana, Carolina e Pedro que compreenderam a importância do meu trabalho e me perdoaram a ausência. Aos meus pais Therezinha e Durval por terem me dado raízes e asas para voar, me abrindo os caminhos da vida. Aos meus irmãos Liana, José, Roberto, Cacau e Helena e cunhados Marcelo, Emerson, Suzy e Fernanda por acreditarem em mim. E acima de todos a Deus que me fez não apenas ver e ouvir mas também sentir. AGRADECIMENTOS A meu orientador Luiz Cláudio Arraes, pelo incentivo, confiança e compreensão. A minha co-orientadora Maria do Carmo Duarte, pela paciência, delicadeza e amizade. Ao Professor Dr Carlos Teixeira Brandt, pela valiosa ajuda na elaboração desta dissertação, o meu muito obrigado. A minha companheira de mestrado Conciana Duarte Monte, pela realização das avaliações auditivas, pela disponibilidade e pelo ideal comum. Aos meus companheiros de mestrado Ana Caetano, Celso, Cíntia, Claudia, Joaquim, Liliane, Lippo e Márcio pelos bons tempos passados juntos. Ao Professor José Natal Figueiroa pela paciência e disposição para ensinar, pela análise estatística deste estudo. Ao Dr. Marcelo Ventura oftalmologista e cirurgião com grande habilidade e dedicação nas cirurgias de catarata congênita. É sem duvida um homem de visão e competência em tudo que faz, nunca esquecendo dos mais necessitados. A Dra Liana Ventura pelo exemplo de profissionalismo, competência e amor ao próximo. A Fundação Altino Ventura e ao Complexo Hospitalar Hope-Esperança pelo apoio integral, fornecendo suporte técnico, de material e pessoal. As Doutoras Alexandra Carneiro, Eveline Araújo Barros e Daniela Endress, pelas avaliações oftalmológicas. A Dra Fabianna Almeida assessora estadual do programa da erradicação do sarampo, controle da rubéola e da SRC pelo apoio logístico e pela luta para o controle da rubéola e erradicação da síndrome da rubéola congênita no Estado de Pernambuco. A Dra Savana Goretti Cavalcante pela gentileza das avaliações otorrinolaringológicas. A Dra Adriana Valença pelas avaliações neurológicas. Ao Dr. Renato Della Santa pela grande ajuda nas atribuições diárias As Doutoras Ângela Rocha, Chefe do Departamento de Infectologia Pediátrica do Hospital Osvaldo Cruz e Maria José Couto, Chefe do Laboratório Central de Pernambuco, pelas boas horas compartilhadas durante as viagens pelo interior de Pernambuco na campanha pelo controle da rubéola e erradicação da SRC. Aos colegas e amigos da UTC - Hope Cardio pelo apoio e consideração por este trabalho. As secretárias da cardiologia pelos atendimentos aos pacientes deste trabalho, especialmente Neide, Clotilde e Adriana e a Tereza, secretária da Fundação Altino Ventura pela paciência com as crianças portadoras de SRC. A Catarina pelo capricho na revisão das referências bibliográficas. A Odimeres, secretária do mestrado pela qualidade do trabalho e presteza no atendimento de nossas necessidades. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ....................................... 1 1.2 REVISÃO DA LITERATURA................................................... 4 1.2.1 HISTÓRICO.............................................................................. 4 1.2.2 EPIDEMIOLOGIA................................................................... 6 1.2.3 PATOGÊNESE........................................................................ 11 1.2.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS............................................. 14 1.2.4.1 SURDEZ NEUROSENSORIAL........................................... 14 1.2.4.2 MANIFESTAÇÕES OCULARES........................................ 16 1.2.4.3 DEFEITOS CARDIOVASCULARES................................. 18 1.2.4.4 ALTERAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E DO DESENVOLVIMENTO............................................................. 19 1.2.5 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE SRC............................... 20 1.2.5.1 VALOR PREDITIVO DA CORRENTE DEFINIÇÃO DE CASO DE SRC........................................................................... 22 1.2.6 ANÁLISE ECONÔMICA DA SRC........................................ 23 1.3 JUSTIFICATIVA........................................................................ 25 2. OBJETIVOS ..................................................................................................... 26 2.1 GERAL ....................................................................................... 26 2.2 ESPECÍFICOS ........................................................................... 26 3. MÉTODOS ....................................................................................................... 27 3.1 LOCAL DO ESTUDO............................................................... 27 3.2 DESENHO DO ESTUDO........................................................... 28 3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO..................................................... 28 3.4 PERÍODO DA COLETA DE DADOS...................................... 29 3.5 SELEÇÃO DE SUJEITOS........................................................ 29 3.5.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E DE DEFINIÇÃO DE SRC........................................................................................... 29 3.5.2 CRITÉRIO DE EXCLUSÃO.................................................. 30 3.6. VARIÁVEIS DE ANÁLISE E DEFINIÇÃO DE TERMOS 31 3.7. PROCEDIMENTOS, TÉNICAS E EXAMES........................ 34 3.7.1 INSTRUMENTO DE COLETA............................................. 34 3.7.2 PROCEDIMENTO PARA COLETA DE DADOS............... 34 3.7.3 FLUXOGRAMA DE PROCEDIMENTOS........................... 35 3.7.3.1 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.................................. 35 3.7.3.2 AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA......................................... 35 3.7.3.2.1 DEFINIÇÃO DOS TESTES............................................. 36 3.7.3.3 AVALIAÇÃO OFTALMOLÓGICA.................................. 38 3.7.3.4 AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA...................................... 39 3.7.3.5 AVALIAÇÃO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO....................................................... 39 3.8 ACOMPANHAMENTO DOS SUJEITOS............................... 41 3.9 ANÁLISE DOS DADOS............................................................. 41 3.10 ASPÉCTOS ÉTICOS............................................................... 42 3.11 CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................. 42 4. RESULTADOS 43 4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CASOS............................................. 43 4.2 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DAS CRIANÇAS..... 46 4.3 CARACTERÍSTICAS SOCIAIS.............................................. 48 4.4 CARACTERÍSTICAS MATERNAS E DA ASSISTÊNCIA PRÉ E PERI-NATAL................................................................ 48 4.5 TEMPO DECORRIDO PARA O DIAGNÓSTICO DA SRC............................................................................................. 51 4.6 ANOMALIAS ENCONTRADAS............................................. 52 4.6.1 ANOMALIAS AUDITIVAS E DEFEITOS ASSOCIADOS......................................................................... 54 4.6.2 ANOMALIAS OCULARES.................................................... 55 4.6.3 ANOMALIAS CARDÍACAS.................................................. 57 4.6.4 ANOMALIAS NEUROPSICOMOTORAS........................... 60 4.7 MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS......................................... 61 5. DISCUSSÃO....................................................... .............................................. 62 6. COMENTÁRIOS.............................................................................................. 87 7. RECOMENDAÇÕES8..................................................................................... 88 . 8. ANEXOS............................................................................................................ 89 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 100 LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS Pág. Gráfico 1. Gráfico 1. A distribuição de freqüência dos casos de SRC de acordo com o ano de nascimento em crianças usuárias do SUS em Pernambuco atendidos em 2002/2003 Tabela 1. 43 Distribuição de freqüência dos casos confirmados de SRC de acordo com o número de manifestações encontradas em crianças usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. Tabela 2. 44 Distribuição de freqüência das manifestações clínicas dos casos compatíveis de SRC em crianças usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003, de acordo com critérios clínicos e sorologia materna. Tabela 3. 45 Distribuição de freqüência de características biológicas em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. Tabela 4. 46 Distribuição de freqüência dos índices do estado nutricional expresso em escores de desvio padrão em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. 47 Tabela 5. Distribuição de freqüência do estado nutricional expresso em escores de desvio padrão, associado ao número de manifestações clínicas em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. Tabela 6. Distribuição de freqüência das características gestacionais materna e assistência pré e peri-natal das crianças portadoras de 48 SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. Tabela 7. 49 Distribuição de freqüência das variáveis, história sugestiva de rubéola durante a gravidez, infecção confirmada na gravidez, se foi informada dos riscos durante a gestação e período referido da infecção materna das crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. Tabela 8. 51 Distribuição de freqüência das variáveis do grupo I em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. Tabela 9. 53 Distribuição de freqüência das variáveis do grupo II em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. 54 Tabela 10. Distribuição de freqüência da perda auditiva e defeitos associados em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. 55 Tabela 11. Distribuição de freqüência das alterações oftálmicas em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. 56 Tabela 12. Distribuição das crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003, de acordo com a ocorrência de catarata e a associação desta com microftalmia e estrabismo. Tabela 13 Distribuição das crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003, de acordo com a 57 ocorrência de lesão ocular e de cardiopatia.. 57 Tabela 14. Distribuição de freqüência dos defeitos cardíacos congênitos encontrados em crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. 59 Tabela 15. Distribuição de freqüência de anomalias neuropsicomotoras encontrados em crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. . . 60 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS AAP - American Academy of Pediatrics AASI – Aparelho de ampliação sonora individual ABR- Auditory Brainstem Response CDC - Centers For Disease Control And Prevention CC – Cardiopatia congênita CIA - Comunicação interatrial CID - Classificação internacional das doenças CIV – Comunicação interventricular CSTE – Council of state and territorial epidemiologists DP – Desvio padrão DSM - IV – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ELISA – Ensaio imunoensimático FAV – Fundação Altino Ventura IGG – Imunoglobulina G IGM – Imunoglobulina M IMIP – Instituto Materno Infantil de Pernambuco LACEN – Laboratório Central do Estado MMR – Measles Mumps and rubella MR – Measles and Rubella NCHS – National Center for Health Estatistics OPAS – Organização Panamericana de Saúde OMS - Organização Mundial de Saúde PAHO – Pan American Health Organization PCA – Persistência do canal arterial PNI – Programa Nacional de Imunização RDNPM – Retardo no desenvolvimento neuropsicomotor SRC – Síndrome da Rubeóla Congênita SUS – Sistema Único de Saúde WHO – World Health Organization RESUMO FUNDAMENTO: Enquanto na maioria dos países industrializados a síndrome da rubéola congênita (SRC) está praticamente extinta, no Brasil ela permanece como um problema de saúde pública. A escassez de estudos sobre o perfil clínico das crianças com SRC no Brasil fez com que proposto o presente estudo. OBJETIVOS: Descrever as características clínicas dos caos compatíveis e confirmados de SRC atendidas no Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP) e na Fundação Altino Ventura (FAV). Determinar a freqüência das anomalias cardíacas, oculares, audiológicas e do crescimento e desenvolvimento destas crianças e suas associações. MÉTODOS: Trata-se de uma série de casos, de crianças com diagnóstico confirmado ou compatível de SRC, avaliadas entre março de 2002 e setembro de 2003. Os casos foram considerados confirmados quando na presença de malformação congênita e confirmação laboratorial de infecção rubeólica na criança, e compatíveis, quando os resultados laboratoriais foram insuficientes para confirmação do diagnóstico, e a criança apresentava duas complicações da doença ou uma complicação associada a infecção materna confirmada por laboratório, ou por vínculo epidemiológico. Foram analisados os dados clínicos e realizadas as avaliações cardiológicas, audiológicas e oftalmológicas. RESULTADOS: Das 84 crianças, 53,6% eram do gênero feminino. A idade variou de 4 a 180 meses (média = 51,4±36,.4 meses). Verificou-se baixo peso ao nascer em 40,5% dos pacientes. Os casos de SRC foram confirmados laboratorialmente em 25,0% das crianças e compatíveis clinicamente em 75,0%. As anomalias mais freqüentes foram surdez (86,9%), lesões oculares (68,0%), alterações neurológicas (60,7%) e cardiopatia congênita (54,8%). Foi encontrada catarata congênita em 48,8%, retardo mental em 40,5%, retinopatia pigmentar em 25,0%, microcefalia em 13,0%, icterícia em 9,5%, hepatoesplenomegalia e glaucoma em 2,4%. Infecção rubeólica no primeiro trimestre de gestação foi referida em 75,0% dos casos. O tempo médio para o diagnóstico das complicações foi 238 dias. COMENTÁRIOS: O encontro de 84 casos de SRC em dois anos indica uma alta freqüência de SRC no estado de Pernambuco, nordeste do Brasil. Chama a atenção a baixa taxa de casos confirmados nesta série, indicando a necessidade de maior atenção para casos de SRC nos médicos que tratam populações de risco para rubéola como é o nosso caso. O perfil clínico dos casos compatíveis ou confirmados de SRC é similar ao descrito em outras séries. Recomenda-se que os casos suspeitos de SRC sejam notificados, investigados e, se confirmados encaminhados para os especialistas, visando tratamento adequado. PALAVRAS CHAVES: Rubéola; Síndrome da rubéola congênita; Surdez congênita; Cardiopatia congênita; Catarata congênita. ABSTRACT BACKGROUND: While congenital rubella syndrome (CRS) is virtually extinct in most industrialized countries, in Brazil it remains a public health problem. The lack of studies about the CRS in Brazil and the presence of characteristics peculiar to these population, made this study important. AIMS: To describe clinical features of Congenital Rubella Syndrome (CRS) cases in children from the Instituto Materno Infantil of Pernambuco and the Altino Ventura Fundation in Pernambuco, Brazil seen in 2002 and 2003. To determine the frequency of congenital heart anomalies, ocular disease, deafness, neurological and developmental delay in these children and its associations. METHODS: a case series study was performed in children with CRS seen at two major public centers in ophtalmologic and pediatric hospitals at the State of Pernambuco, Northeast of Brazil, during the 2002/2003 years. Case definitions approved by The Public Health of Brazil were used to classify cases of CRS as confirmed or probable. A confirmed CRS case was a clinically compatible case with a positive blood test for rubella IgM or IgG that persists at a higher level than expected from passive transfer of maternal antibody. A probable CRS case lacked laboratory confirmation of rubella infection but had a clinical presentation consistent with CRS, with two complications characteristic of the disease or one complication and confirmed maternal rubella infection by laboratory test or by epidemiological link. The clinical characteristics of children were evaluated. A complete cardiac, ophtalmologic and audiologic evaluation were provided. RESULTS: Of the 84 children, 21 (25%) met the definition of confirmed CRS and 63 (75%) had probable CRS. The gender was female in 53.6%. Mean for age was 51,4 ± 36,4 months. Low birth-weight was seen in 40.5% children. Major manifestations were hearing loss (86.9%), ocular (68%), neurologic (60.7%) and congenital heart disease (54.8%). Congenital cataracts were detected in 48.8%, mental retardation in 40.5%, retinopathy in 25%, microcephaly in 13%, jaundice in 9.5%, hepatosplenomegaly and glaucoma in 2,4%. History of rubella infection during the first trimester of pregancy was referred in 75% of the cases. The mean time for clinical diagnosis was 238 days. COMMENTS: 84 cases in two years indicate a high frequency of CRS in Pernambuco State, Northeast of Brazil. The low rate of confirmed cases among these children indicates a need for heightened awareness of CRS among physicians who serve populations at risk for rubella. The clinical profile of the confirmed or probable cases of CRS is similar to other series. Physicians should report all suspected, confirmed or probable CRS cases to the state health department and send the confirmed cases to specialists in order to get appropriated treatment. KEY WORDS: Congenital rubella syndrome, congenital heart disease, rubella, congenital anomalies. Salerno, Lúcia Maria Vieira de Oliveira Perfil clínico de crianças portadoras de síndrome da rubéola congênita em usuários do Sistema Único de Saúde de Pernambuco, 2002 / 2003 / Lúcia Maria Vieira de Oliveira Salerno. – Recife : O Autor, 2004. 115 folhas : il., tab. Dissertação (mestrado) – Instituto Materno Infantil de Pernambuco. Saúde Materno-Infantil, 2004. Inclui bibliografia e anexos. 1. Rubéola congênita – Síndrome. 2. Surdez congênita – Pesquisa. Catarata congênita – Etiologia. 4. Cardiopatia congênita – Etiologia. 5. Retardo mental – Prevenção. I. Título. 616.916.1-053.2-07 CDU (2.ed.) 618.92915 CDD (21.ed.) UFPE BC2004-061 1. INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação do problema A rubéola é uma doença causada por um TOGAVÍRUS, do gênero RUBIVÍRUS, que apresenta alta contagiosidade, acometendo principalmente crianças. Cerca de 25,0 a 50,0% das infecções são assintomáticas. É transmitida por meio do contato direto com gotículas de secreções nasofaríngeas de indivíduos infectados (CDC, 1999b; REEF et al, 1999b; AAP, 2000; BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000; CDC 2001; CDC, 2002; RILEY, 2002). As crianças, em geral, desenvolvem pouco ou nenhum sintoma, porém os adultos podem apresentar febre, cefaléia, coriza e conjuntivite. Linfadenopatia retroauricular, occipital e cervical posterior é característica. Artralgia ou artrite pode ocorrer em até 70,0% das mulheres jovens com rubéola (REEF et al, 1999a; WHO, 1999; AAP, 2000; CDC, 2001; CDC, 2002; HEALTH CANADA, 2002; VANDER STRATEN & TYNING, 2002). A imunidade passiva é adquirida a partir de anticorpos maternos e a imunidade ativa por meio da infecção viral ou pela vacinação. A criança cuja mãe é imunizada, geralmente, permanece protegida pelos anticorpos maternos durante os primeiros seis a nove meses de vida. A imunidade ativa é duradoura, acreditando-se que permaneça por toda a vida (REEF et al, 1999b; BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b). A rubéola torna-se um problema de grande relevância em saúde pública devido a sua teratogenicidade, com a infecção materna no início da gestação causando a síndrome da rubéola congênita (SRC) (CUTTS et al, 1997). Em uma única epidemia nos Estados Unidos, entre 1962 e 1965, causou mais defeitos congênitos em um ano, do 1 que a talidomida durante todo o seu tempo de livre comercialização (SEVER et al, 1965; WOLLF, 1973; WEBSTER, 1998; HINNAM et al, 2002). As conseqüências da infecção fetal incluem abortos, natimortos, retardo no crescimento intrauterino, e um espectro de defeitos congênitos conhecido como SRC (GREGG, 1941; WOLFF, 1972; GIVENS et al, 1993; REEF et al, 1999a; CDC, 2001; CDC, 2002; HINMAN et al, 2002; RILEY, 2002). Entre as complicações destaca-se a deficiência auditiva neurosensorial, anormalidades oculares, cardiovasculares, renais, ósseas, neurológicas, alterações na tireóide, diabetes mellitus, hepatomegalia, hepatite, icterícia, púrpura e trombocitopenia (GIVENS et al, 1993; CUTTS et al, 1997; REEF et al, 1999a; REEF et al, 2000; CDC, 2001; HINMAN et al, 2002; VANDER STRATEN & TYRING, 2002). O desenvolvimento da vacina, em 1966, e de programas de vacinação diminuiu a incidência da síndrome em países desenvolvidos, porém, ainda há um número elevado de casos em países onde a vacinação não é feita rotineiramente, ou que apenas recentemente, implementaram seu programa de vacinação (CUTTS et al, 1997; CDC, 2001; BLITCHTEIN-WINICKI et al, 2002; GOLDEN et al, 2002; RILEY, 2002, ZAMBONATO et al, 2002). Estima-se que na ausência de epidemias, mais de 20.000 crianças nascem com SRC por ano nas Américas (WHO, 1998). Na América Latina, o esforço da Organização Panamericana de Saúde com o programa de eliminação do sarampo, resultou em uma atenção maior para a epidemiologia da rubéola na região, uma vez que, em vários países, entre eles, o México e os países de língua inglesa do Caribe, documentou-se um número elevado de casos de rubéola (ROBERTSON et al, 1997; REEF et al, 2000). Em 1999, numa reunião do grupo técnico da Organização Panamericana de Saúde sobre doenças preveníveis por vacinação realizada no Canadá, foi planejada uma estratégia para controle acelerado da 2 rubéola e da SRC nas Américas, com base no sucesso das campanhas de vacinação em massa nos países de língua inglesa do Caribe e em Cuba (PAHO, 1999). A rápida redução da doença que se seguiu com a implementação desta estratégia, combinada com a disponibilidade de uma vacina eficaz e com evidência do custo-benefício da imunização contra a rubéola, abriu o caminho para a decisão da Organização Panamericana de Saúde de estabelecer o objetivo de eliminação da rubéola e da SRC nas Américas até o ano de 2010 (PAHO, 2003). No Brasil, a implantação do plano de erradicação do sarampo em âmbito nacional, em 1992, permitiu o conhecimento da extensão do acometimento da rubéola. Entre 1993 e 1996, cerca da metade dos casos descartados de sarampo, era na verdade de rubéola, 75,0% deles com confirmação laboratorial (CUBEL et al, 1996). Em estudo sobre a soroprevalência de anticorpos contra a rubéola no Brasil, realizado, na grande São Paulo em 1992, por SOUZA, o exame sorológico do cordão umbilical de 329 recém-nascidos, cujas mães tinham entre 15 e 34 anos, revelou prevalência de 77,5 % a 95,6 % de anticorpos da rubéola, demonstrando que um grande número de mulheres eram infectadas em idade fértil, com a possibilidade de ocorrência da SRC (SOUZA et al, 1994). Inquérito sorológico realizado em creches, escolas e maternidades de Fortaleza em 1997, mostrou que o grupo mais susceptível entre as mulheres gestantes e no pós-parto era as com idade entre 15 a 19 anos (39,0% de susceptibilidade) (REY et al, 1998). Com base nestes estudos implementou-se a estratégia de vacinação no país (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b; WHO, 2002). A rubéola pós-natal e a SRC, passaram a serem consideradas doenças de notificação compulsória a partir de 1996 (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b), todavia a subnotificação é alta (PAHO, 2002). No Brasil, foi descrito um surto 3 de rubéola em 20 dos 27 estados entre os anos de 1998 a 2000, inclusive em Pernambuco, com acometimento de adultos jovens (LANZIERE et al, 2003). Entretanto, foram notificados nos anos de 1997 a 2001 17, 24, 39, 79, e 39 casos de SRC, respectivamente, no Brasil (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001a). Sabese que a incidência da SRC durante epidemias é de 0,5 a 2,2 casos por 1.000 nascidos vivos nos países em desenvolvimento (HINMAN et al, 2002), portanto, esperar-se-iam 1.602 casos novos de SRC no Brasil, sendo 81 em Pernambuco no ano de 2000. 1.2 Revisão da literatura Histórico As primeiras referências sobre a rubéola datam de 1700, quando dois médicos alemães descreveram as manifestações clínicas da doença, de Bergan em 1752 e Orlow em 1758. Nesta época, a rubéola era considerada derivada do sarampo e, por conta da influência da medicina alemã, a doença se tornou conhecida como sarampo alemão. Na época era considerada como forma de sarampo e escarlatina até que, em 1814, outro médico alemão, George de Maton, documentou-a como uma entidade distinta, que se tornou conhecida como Rötheln. A doença foi renomeada rubéola, (do latim para coisas vermelhas), em 1866 por Henry Veale, cirurgião britânico. Várias décadas se passaram sem relatos relevantes sobre a rubéola até que, em 1938, Hiro e Tasaka documentaram a etiologia viral da doença (LEE & BOWDEN, 2000). A noção de que a rubéola era uma doença simples da infância foi afastada em 1941, por um oftalmologista australiano, Norman McAlister Gregg, que relatou o efeito teratogênico do vírus (GREGG, 1941). Em 1940, na Austrália ocorreu uma epidemia de 4 rubéola. Gregg observou um grande número de recém-nascidos com catarata congênita e que, em geral, apresentavam outras malformações. A similaridade da opacificação do cristalino, a freqüência de associação com defeitos cardíacos e a área geográfica abrangente, sugeriam que a doença era o resultado de um fator de natureza tóxica ou infecciosa, ao invés de um defeito no desenvolvimento (GREGG, 1941). A sua persistência levou à descoberta do elo entre estas anomalias congênitas, e a infecção materna por rubéola no início da gravidez. Gregg tinha 13 casos na sua clínica e, junto com outros colegas, coletou 78 casos de crianças com catarata. Dessas, 68 mães relatavam história sugestiva de infecção por rubéola no início da gravidez (GREGG, 1941; WOLFF, 1972; WEBSTER, 1998; LEE & BOWDEN, 2000). O seu relato inicialmente chamou pouca atenção da comunidade científica mundial, porém, após uma revisão extensa publicada no New England Journal of Medicine por Wesslhoeft, em 1947, o verdadeiro significado das observações de Gregg foi aceito (LEE & BOWDEN, 2000). Em 1962, o isolamento do Togavírus em cultura de células foi relatado por dois grupos independentes, Parkman e colaboradores e Weller & Neva, sendo dada a partida para o desenvolvimento da vacina (PARKMAN et al, 1962; WELLER & NEVA, 1962), que veio tarde frente à epidemia na Europa, em 1963, e a dos Estados Unidos, em 19641965 (WEBSTER, 1998). O impacto global das propriedades teratogênicas da infecção pela rubéola foi demonstrado entre 1962 e 1965, seguindo uma epidemia mundial desta doença. Nos Estados Unidos, pelo menos 20.000 crianças sofreram danos permanentes como resultado da infecção intra-útero. Este número seria maior, se não fosse a realização de uma grande quantidade de abortos terapêuticos. As conseqüências da epidemia levaram 5 à necessidade de desenvolver uma vacina capaz de prevenir a doença (SEVER et al, 1965; WOLLF, 1973; CUTTS et al, 1997; RILEY, 2002). PARKMAN et al, em 1966, desenvolveram a primeira vacina de vírus atenuados, depois de passar o vírus 77 vezes, em células de rim de macacos africanos (HPV-77), sendo licenciada para uso nos Estados Unidos, em 1969, a vacina HPV77DE-5. Posteriormente, outras vacinas de vírus vivos atenuados tornaram-se disponíveis e, uma delas, RA27/3 é a mais utilizada em países desenvolvidos. A vacina teve um grande impacto na epidemiologia da rubéola e da SRC (ROBERTSON et al, 1997; LEE & BOWDEN, 2000) 1.2.2 Epidemiologia. A rubéola tem distribuição mundial. O pico de incidência ocorre durante a primavera, em países de clima temperado, ainda que apareçam casos durante todo o ano. Na era pré-vacinação, as epidemias ocorriam a cada seis a nove anos nos Estados Unidos, entre três a cinco anos na Europa e no Brasil em intervalos de seis a sete anos (CUTTS et al, 1997; LEE & BOWDEN, 2000). O homem é o único reservatório, e a sua manutenção requer a presença de população susceptível. A virose acomete pessoas de todas as idades, principalmente escolares, adolescentes e adultos jovens. Os surtos de rubéola ocorrem em escolas, prisões, e em outros ambientes fechados (CDC, 2001). No Brasil, a incidência de rubéola notificada foi de um e meio caso para cada 100.000 habitantes em 1992, de 20,6/100.000 em 1997 e, entre 1999 e 2000, 9,0/100.000. Registros, de 1997 para 2000, mostram uma mudança da incidência da rubéola por faixa etária. Entre 1997 e 1998 a maior incidência ocorreu em crianças 6 abaixo de um ano, seguida pelas crianças entre um a nove anos de idade, estando em terceiro lugar, crianças com idade entre dez a 14 anos. Já em 1999-2000 predominou casos no grupo compreendido entre 15 a 29 anos, com a possibilidade de ocorrência da embriopatia rubeólica (WHO, 2002). Esta mudança na transmissão do vírus para adultos jovens susceptíveis está relacionada com a gradual introdução da vacina MMR (do inglês para Measles, Mumps e Rubella, que quer dizer sarampo, parotidite e rubéola) no Brasil, e a cobertura vacinal de 95%, atingida no grupo de um a 11 anos, na maioria dos estados entre 1992 e 2000 (PAHO, 2002; WHO, 2002). O objetivo primário da imunização contra a rubéola é a prevenção da infecção durante a gestação, que pode causar no feto em desenvolvimento a SRC (HEALTH CANADA, 2002). Nos Estados Unidos a vacinação é realizada em todas as crianças em idade pré-escolar enquanto que na Austrália e em muitos países europeus uma política de vacinação seletiva, concentra a vacina em meninas de dez a 15 anos e, em mulheres susceptíveis. Ambas as estratégias resultaram na diminuição no número de casos de rubéola e da SRC. Porém, na estratégia européia a infecção torna-se prevalente nos homens, permitindo a circulação do vírus em indivíduos susceptíveis (LEE & BOWDEN, 2000). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 1999, 105 (49,0%) dos países e territórios membros da OMS incluíam a vacina da rubéola em seus programas de vacinação, sendo 2,0% dos países na região africana, 20,0% dos países no sudeste da Ásia, 50,0% na região mediterrânea, 54,0% no oeste do Pacífico, 68,0% da Europa e 79,0% na região das Américas, entre eles o Brasil (WHO, 2000). Uma revisão conduzida pela Organização Mundial de Saúde em 1997, identificou mais de 100 estudos publicados de soroprevalência da rubéola nos países em desenvolvimento. Neles a proporção de mulheres em idade fértil susceptíveis a rubéola 7 variou de 4,0% na China a 70,0% em Trinidad e Tobago (CUTTS & VYNNYCKY, 1999). Nos Estados Unidos, a taxa de casos notificados de SRC é de 0,01 a 0,08 por 10.000 nascidos vivos. Dados de Israel, Jamaica, México, Panamá, Singapura e Trinidade e Tobago, revelam uma incidência de SRC entre seis a 22 por 10.000 nascidos vivos (CUTTS et al, 1997; ZIMMERMAN & REEF 2001). O governo dos Estados Unidos instituiu um programa de vacinação com o objetivo de eliminar a rubéola, e a SRC até o ano de 2010. Entre 1990 e 1998, cem casos confirmados de SRC foram notificados no Registro Nacional de SRC, todavia entre 1998 e em 1999 registraram-se apenas seis casos por ano (ZIMMERMAN & REEF, 2001; LEE & BOWDEN, 2000). Devido ao sucesso deste programa de vacinação, a rubéola e a SRC afeta agora predominantemente estrangeiros residentes nos Estados Unidos, especialmente latinos. Entre 1985 e 1999, 48,0% dos casos registrados de SRC nos Estados Unidos nasceram de mulheres de origem latina, mesmo sendo estas foram responsáveis por somente 15,0% dos nascimentos anuais. Os seis casos confirmados de SRC, em 1999, eram filhos de mulheres latinas, sendo o México, o país de origem mais freqüente (ZIMMERMAN & REEF, 2001). Em 2000, na XV Reunião de Enfermidades Preveníveis por Vacinação do Cone Sul e Brasil, promovida pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS), concluiu-se que nestes países a rubéola e a SRC é um problema de saúde pública, e que são limitados os casos investigados da SRC (OPS, 2000). No Chile, que foi o primeiro país latinoamericano depois de Cuba a implantar um programa nacional de vacinação, foi implementado uma política de prevenir e controlar rapidamente a SRC através de campanha de vacinação maciça em todas as mulheres de dez a 29 anos em 1999 8 (WHO,2000). No Uruguai a vacina foi introduzida desde 1982 até 19 anos e no Paraguai não se administra a vacina em crianças de um ano de idade (OPS, 2000). No Brasil, alguns estudos sobre a soroprevalência de anticorpos contra a rubéola, realizados no fim dos anos 1980, orientaram a definição e implementação de estratégias de vacinação. SANTOS (1989), em estudo realizado nas cidades de Niterói, Recife, Goiânia, Porto Alegre e Belém, examinando 7.537 amostras de soro da população geral de mulheres de dez a 21 anos de idade, encontrou uma soroprevalência (presença de IgG) em todas as idades de 68,5%. No grupo de dez a 12 anos a prevalência de anticorpos da rubéola foi de 59,9% e no grupo de 19 a 21 anos de 80,7% (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b). Em outro estudo realizado na grande São Paulo em 1992, por SOUZA, incluindo 1.400 crianças não imunizadas com idade entre dois a 14 anos, associado ao exame de 329 soros obtidos de cordão umbilical de recém-nascidos, cujas mães tinham entre 15 e 34 anos, a prevalência de anticorpos da rubéola variou de 27,8% a 55,9% de dois a seis anos; 76,2 a 80,0% entre os dez e 14 anos. Enquanto nas amostras de cordão umbilical de mães entre 15 e 19 anos, a prevalência de anticorpos da rubéola encontrada foi de 77,5%, e nas entre 20 a 34 anos de 90,3% a 95,6% (SOUZA et al, 1994). Com estes dados, demonstrou-se o aumento significativo da prevalência da rubéola a partir de seis anos de idade e que um grande número de mulheres eram infectadas em idade fértil. Baseado nestes estudos, a vacina tríplice viral (contra rubéola, sarampo e parotidite) foi introduzida gradualmente no esquema básico de vacinação preconizado pelo Programa Nacional de Imunização do Brasil (PNI), a partir de 1993, no grupo compreendido entre doze meses a dez anos de idade (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b). 9 Em junho de 2000, junto à campanha nacional de seguimento do sarampo, Pernambuco implantou a dupla viral (sarampo e rubéola), para a faixa etária de um a 11 anos, sendo implantada a tríplice viral em janeiro de 2001 (BOLETIM DA SECRETARIA DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, 2001). Baseado em análise epidemiológica de rubéola e SRC, o Brasil desenvolveu um plano de duas fases, utilizando a vacina MR (sarampo/rubéola) para acelerar a prevenção da SRC. A primeira fase envolveu 13 estados durante o mês de novembro de 2001, visando atingir 15 milhões de mulheres em idade fértil na faixa etária de 12 a 39 anos. Os estados foram: Acre, Amazonas, Alagoas, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, Espírito Santo, São Paulo e Sergipe (WHO, 2002). Resultados preliminares indicam que a campanha atingiu 93,0% de cobertura vacinal para estes 15 milhões de mulheres em idade fértil. Mulheres que estavam grávidas na época da campanha foram orientadas para receberem a vacina imediatamente após o parto (WHO, 2002). Algumas mulheres vacinadas que descobriram a gravidez posteriormente foram acompanhadas pelo Ministério da Saúde. Não há caso de embriopatia descrito até o momento seguindo a vacinação inadvertida de rubéola durante a gestação. O risco teórico máximo de SRC associado a vacina não chega a 1,0%, inferior ao risco de malformações importantes em todas as gestações que é de 2,0 a 3,0%, deste modo não se recomenda o aborto para estas mulheres (ROBERTSON et al, 1997; BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). No Brasil o aborto só é permitido por lei em caso de estupro ou de risco de vida para a mãe. No estado de Pernambuco, foram vacinadas inadvertidamente 831 mulheres que engravidaram ou estavam grávidas na época da vacinação. Através de busca ativa no domicílio, a Secretaria Estadual de Saúde realizou estudo sorológico em todas que 10 puderam ser localizadas. As 94 mulheres com IgM e IgG positivos foram acompanhadas e quando do nascimento das crianças, foi realizado estudo sorológico em todas, sendo encontrado em quatro crianças anticorpos da classe IgM para rubéola e em uma títulos ascendentes de IgG. Estas cinco crianças foram avaliadas por infectologista, cardiologista e fonoaudiólogo não sendo detectado malformações compatíveis com a SRC (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, COMUNICAÇÃO PESSOAL, 2002). A segunda fase visou atingir 12 milhões de mulheres em idade fértil em onze estados (Amapá, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Tocantins) e foi realizada entre 15 de junho a 5 de julho de 2002 (WHO, 2002). 1.2.3 Patogênese O risco absoluto de infecção fetal varia de acordo com a idade gestacional em que ocorreu a infecção materna. A infecção materna durante as oito primeiras semanas após o último período menstrual, resulta em infecção em quase todos os fetos, com a possibilidade do desenvolvimento de malformações praticamente em todos (LEE & BOWDEN, 2000). Em um estudo prospectivo de mulheres gestantes com rubéola confirmada, a infecção fetal indicada por IgM positiva logo após o nascimento, ou IgG persistentemente alta após o primeiro ano de vida, foi encontrada em 81,0% das crianças expostas até 12 semanas de gestação, 54,0% entre 13 a 14 semanas, 25,0% entre 23 a 26 semanas, 35,0% entre 27 e 30 semanas, em 60,0% entre 31 a 36 semanas e em 100,0% nas expostas acima de 36 semanas (MILLER et al, 1982). 11 Em outro estudo realizado no México, em gestações complicadas por rubéola acompanhadas entre 1990 e 1997, a taxa de infecção das crianças foi de 70,9% quando expostas até 12 semanas, 33,0% quando a exposição ocorreu entre 13 e 24 semanas e 25,0% entre 25 e 38 semanas (FIGUEROA-DAMIÁN et al, 1999). As razões para esta variação da transferência placentária são desconhecidas. É possível que alterações na estrutura da placenta possam levar a uma resistência aumentada no segundo semestre e que o afinamento do trofoblasto no último semestre permita a passagem do vírus no final da gestação. Porém, neste período, como a organogênese já está completa, e o sistema imunológico do feto mais desenvolvido, a infecção não se traduz em doença (WEBSTER, 1998). Em uma série de 269 crianças, MILLER et at (1982), constataram que, quando a infecção materna ocorreu nas dez primeiras semanas da gestação, 90,0% das crianças infectadas desenvolveram a SRC, entre 11 e 12 semanas 33,0%, entre 15 e 16 semanas 24,0% e acima de 16 semanas não foi observado caso de SRC, ainda que SOUTH & SEVER (1985), encontraram 8,0% de malformações congênitas em crianças infectadas na 17ª semana. A infecção quando ocorre no quinto mês ou mais de gestação, em geral, não causa malformação, apesar de ter sido descrita estenose periférica de artérias pulmonares em infecção com 24 semanas de gestação e surdez com até 28 semanas, além de retardo no desenvolvimento associado a infecção adquirida no terceiro trimestre ( MILLER et al, 1982; SOUTH & SEVER, 1985). A maioria dos casos de SRC, é causada por infecção primária, ainda que, existam poucos casos relatados na literatura secundários à reinfecção materna, em geral, após um episódio subclínico (LEE & BOWDEN,2000; VANDER STRATEN & TYNING, 2002). 12 Antes do desenvolvimento da resposta do sistema imunológico materno, o vírus se espalha na circulação, e pode afetar a placenta, onde causa necrose do endotélio vascular, que emboliza subseqüentemente infectando o feto. Uma vez infectado, o feto depende da transferência placentária de anticorpos da classe IgG maternos para a sua defesa que começa na primeira metade da gestação e aumenta progressivamente até o fim da gravidez, quando a quantidade de IgG no cordão é superior aos níveis encontrados na mãe. Assim, no primeiro trimestre o feto é mais vulnerável ao efeito teratogênico do vírus ocorrendo a maioria dos casos de SRC após a infecção neste período (WEBSTER, 1998). A infecção pode persistir por meses ou anos na criança com a SRC, que pode permanecer eliminando o vírus por um ano ou mais, e assim transmiti-lo para outros hospedeiros susceptíveis (REEF et al, 1999a; CDC, 2001; VANDER STRATEN & TYRING, 2002). Os mecanismos da teratogênicidade incluem: (1) destruição celular direta, causando alteração na formação ou função dos tecidos em formação; (2) obliteração de vasos sangüíneos e consequentemente dano hipóxico; (3) alterações cromossômicas; (4) danos imunopatológicos aos tecidos e (5) formação de imunocomplexos circulantes com deposição em certos tecidos (VANDER STRATEN & TYRING, 2002). O resultado da infecção pode ser óbito fetal (aborto ou natimorto), retardo no crescimento intrauterino, anormalidades oculares (catarata, glaucoma e retinopatia), deficiência auditiva neurosensorial, anormalidades cardiovasculares (persistência do canal arterial, estenose supravalvar ou valvar pulmonar, estenose aórtica, comunicação interventricular, tetralogia de Fallot, miocardite neonatal, estenoses de artérias cerebrais ou de artérias renais), alterações renais (malformação do sistema pielocalicial, rins policísticos, hidronefrose, agenesia renal), alterações ósseas, alterações neurológicas 13 (microcefalia, meningoencefalite, calcificações intracranianas, convulsão, retardo mental, panencefalite, distúrbios comportamentais), alterações na tireóide, baixo peso ao nascimento, diabetes mellitus, micrognatia, fissura lábio-palatal, hepatomegalia, hepatite, icterícia, púrpura e trombocitopenia. Essas alterações podem surgir tardiamente, às vezes anos após o nascimento (GIVENS et al, 1993; CUTTS et al, 1997; REEF et al, 1999a; REEF et al, 2000; CDC, 2001; HINMAN et al, 2002; VANDER STRATEN & TYRING, 2002, ZAMBONATO et al, 2002). Na série descrita por GIVENS et al; (1993) ocorreu comprometimento de múltiplos órgãos em 88 % dos casos. As manifestações da SRC podem ser agrupadas em três categorias: transitórias, que desaparecem em poucos meses como hepatite e icterícia; permanentes, tais como anomalias cardíacas, surdez e catarata; e do desenvolvimento, que aparecem tardiamente, como alterações do comportamento e disfunções endócrinas. Diabetes mellitus insulino-dependente pode ocorrer como uma seqüela tardia, com uma incidência 50 vezes maior do que a esperada na população geral (WEBSTER, 1998; VANDER STRATEN & TYRING, 2002). 1.2.4 Manifestações clínicas 1.2.4.1 Surdez neurosensorial A perda auditiva é o defeito isolado mais freqüente em crianças com SRC estando presente em 60,0 a 75,0% dos portadores da SRC, podendo ser progressiva após o nascimento (RILEY, 2002). Costuma ser bilateral e de grau profundo na maioria das vezes (ROIZEN, 1999). Em geral, resulta de infecção nas 16 primeiras semanas da 14 gestação. Ela é causada por dano direto do vírus ao epitélio do ducto ciliar e/ou à estria vascular, causando dano secundário a endolinfa e a estrutura do ducto coclear (REEF et al, 2000). Em uma análise de dez estudos prospectivos, com a finalidade de determinar a freqüência média de ocorrência dos diversos defeitos congênitos na SRC, os autores encontraram comprometimento auditivo em 60% dos casos (REEF et al, 2000). No Brasil, três por cento dos casos de surdez em crianças com idade inferior a 15 anos foi atribuído a SRC em um estudo (SALERNO et al, 1985) e 5,8% em outro, realizado por ZAMBONATO et al (2002). Nesse estudo retrospectivo, em que foram analisados prontuários de 1726 deficientes auditivos, atendidos entre 1997 e 1999 em centro de referência, encontraram 101 (5,8%) casos em que a deficiência auditiva foi ocasionada pela rubéola na gestação. A Academia Americana de Pediatria, o Joint Committee on Infant Hearing, e no Brasil, o Comitê Brasileiro Sobre Perdas Auditivas, advogam a realização de avaliação auditiva precoce, de preferência no período neonatal, em todas as crianças. Também advogam que estas crianças estejam engajadas em serviços especializados antes dos seis meses de idade. A recomendação é que esta avaliação faça parte da rotina de cuidados do bebe antes da alta da maternidade com a ressalva de que se deve levar em conta as diferenças e possibilidades de cada local e as necessidades de programas individuais (COMITÊ BRASILEIRO SOBRE PERDAS AUDITIVAS NA INFÂNCIA, 2002; JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING, 2000). A audição é um dos meios de contato do indivíduo com o mundo, desempenhando papel fundamental da sua integração com a sociedade. A preocupação com o diagnóstico precoce da deficiência auditiva tem sido uma constante, já que vários 15 estudos mostram que esta perda afeta não só a linguagem como o desenvolvimento global da criança (UCHOA et al, 2003). A falha na detecção da perda auditiva na infância pode resultar em deficiência na aquisição da fala e da linguagem, pobre desempenho escolar, desajuste social e a dificuldades emocionais. A identificação precoce da perda auditiva através da triagem neonatal e de testes objetivos para detecção de surdez em todas as crianças pode prevenir ou reduzir estas alterações (CUNNINGHAM & COX, 2003). Porém numa revisão de grandes bancos de dados entre eles o Medline em busca de artigos relevantes entre 1994 – 2001, sobre triagem de deficiência auditiva na criança e o efeito desta sobre a linguagem, os autores concluíram que estes testes podem aumentar a identificação de recém-nascidos com deficiência auditiva, porém a sua eficácia em melhorar a linguagem permanece incerta (THOMPSON et al, 2001) 1.2.4.2 Manifestações oculares As malformações oculares são encontradas em 60,0 a 78,0% dos pacientes com SRC, sendo as mais comuns: catarata, retinopatia pigmentar, estrabismo, glaucoma e microftalmia (GIVENS et al, 1993; REEF et al, 2000; CDC, 2001). É mais provável que a catarata ocorra quando a infecção materna acontece entre a segunda e a 11a semana da gestação, coincidindo com o período de máximo suprimento de sangue para o cristalino (WOLLF, 1972). O exame do cristalino de fetos no primeiro trimestre com catarata secundária à SRC, revela a presença de núcleos picnóticos, vacúolos citoplasmáticos e corpúsculos de inclusão (LEE e BOWDEN, 2000). Ocorre ainda retardo no desenvolvimento do cristalino que resulta na formação de catarata, em geral na forma de catarata nuclear, porém podendo ser total. O vírus 16 vivo persiste por anos na lente, devendo ser minimizada a exposição de material cortical durante a retirada do mesmo com o intuito de diminuir a resposta inflamatória que se segue à cirurgia (LEE & BOWDEN, 2000; METS, 2001). A córnea pode ser edematosa devido a endoteliopatia secundária a presença do vírus no humor aquoso ou ao glaucoma (METS, 2001). Pode haver hipodesenvolvimento da íris e do corpo ciliar, caso a infecção tenha ocorrido no primeiro trimestre da gravidez, devido ao fato dessas estruturas se desenvolverem entre a 7a e 8a semana de gestação (WOLFF, 1972; METS, 2001). Na retina pode ocorrer uma despigmentação do epitélio pigmentar não inflamatória, levando a uma aparência de sal e pimenta característica da SRC (METS, 2001). A retinopatia pigmentar ocorre em 5,0 a 35,0% dos casos (REEF et al, 2000; HINMAN et al, 2002). O glaucoma, relatado em 10,0% das crianças com SRC, pode ser decorrente do desenvolvimento anormal do ângulo de maneira semelhante ao glaucoma congênito ou secundário a iridociclite crônica ou ao fechamento do ângulo devido a catarata (METS, 2001). A microftalmia e/ou microcórnea é descrita em 10,0% dos pacientes e em geral está associada a catarata. Acredita-se que sejam secundárias ao retardo no crescimento dos tecidos causado pelo vírus (METS, 2001). Em um estudo com 20 anos de seguimento no departamento de oftalmologia da Mayo Clínica, GIVENS et al, 1993 encontraram 78,0% de lesões oculares. Nesse grupo de 125 pacientes, a retinopatia pigmentar foi o defeito mais comumente encontrado (60,0%), em geral nos dois olhos, seguido de catarata (27,0%), bilateral em 60,0% dos casos. Glaucoma foi observado em 9,0% dos pacientes. Não tendo sido encontrado 17 neste estudo associação significante entre a retinopatia pigmentar e outros defeitos oculares, inclusive com o grau de acuidade visual. Em outras séries a catarata é o defeito ocular mais comum, ocorrendo em 16,0 a 85,0% dos pacientes portadores de SRC, sendo na maioria das vezes bilateral (O′ NEILL, 1998; SALORZANO-SANTOS et al, 2001; HINMAN et al, 2002). A importância da catarata deriva do fato de ser a principal causa de cegueira reversível no mundo, sendo responsável por cerca de 10,0% da cegueira em crianças (VAVVAS et al, 2002). Em um estudo prospectivo sobre alterações oculares em 328 crianças com SRC, WOLFF (1973), detectou uma incidência de catarata em 16,0% das crianças, retinopatia rubeólica em 24,0%, e estrabismo em 18,0%. A maioria das cataratas foi identificada no período de 12 a 43 dias de vida sendo bilateral em 81,0% dos casos. Nas crianças com retinopatia, esta era bilateral em 83,0 % e, mais de 60,0% destas não apresentavam catarata ou glaucoma. Existe uma associação freqüente entre doença ocular e surdez. GIVENS et al (1993), encontraram esta associação em 53,0% dos casos, havendo também associação entre cardiopatia e doença ocular. Nos pacientes com lesões oftálmicas, a microftalmia foi encontrada em 82,0% e o glaucoma em 29,0% dos pacientes estudados por O′ NEILL et al em 1998, havendo uma associação entre o glaucoma, catarata e microftalmia nesses pacientes. 1.2.4.3 Defeitos cardiovasculares Defeitos cardíacos congênitos são achados freqüentes em portadores da SRC, representando a principal causa de morte neste grupo de pacientes, dessa forma destacase a importância do diagnóstico precoce (REEF et al, 2000). A freqüência de 18 cardiopatia congênita referida na literatura varia de 67,0%, em um hospital pediátrico no México (SALORZANO-SANTOS et al, 2001), a 45,0% no Brasil (GRANZOTTI et al, 1996). Em serviço de oftalmologia na Inglaterra GIVENS et al (1993) encontrou 58,0% de cardiopatia nos pacientes portadores da SRC. Em uma revisão da literatura de estudos prospectivos de casos de SRC foi encontrada uma incidência de 40,0 a 50,0% de defeitos cardíacos (REEF et al, 2000) O defeito cardíaco mais encontrado é a persistência do canal arterial (PCA), em 20,0% dos casos e estenose de artérias pulmonares periféricas em 10,0 a 20,0%, ambos ocorrendo com mais freqüência em portadores de SRC do que em cardiopatia congênita não rubeólica. Outras anomalias cardíacas incluem estenose valvar pulmonar e aórtica, displasia polivalvar, estenose de artérias periféricas e anormalidades miocárdicas (REEF et al, 2000). Há relatos de ocorrência de comunicação interatrial e interventricular e anomalia de Ebstein (GRANZOTTI et al, 1996). Há uma ausência relativa de defeitos cardíacos mais complexos tais como defeito do septo atrioventricular, anomalias conotruncais, isomerismo e coração univentricular. A freqüência de cardiopatia na SRC é suficientemente alta para justificar uma avaliação cardiológica em todos os pacientes suspeitos de serem portadores desta síndrome (REEF et al, 2000). 1.2.4.4 Alterações do sistema nervoso central e do desenvolvimento. O dano cerebral ocorre após infecção fetal nas primeiras 16 semanas da gestação, levando a graus variados de retardo mental. São raras as alterações estruturais grosseiras. Em geral, se evidenciam lesões isquêmicas e às vezes microcefalia, sendo esta relatada em cerca de 25,0% dos casos em uma série. A microcefalia poderia ser 19 explicada pela reduzida proliferação celular secundária ao acometimento do neuroepitélio pelo vírus (WEBSTER, 1998; LEE & BOWDEN, 2000). Hiperecogenicidade linear da gânglia basal é achado freqüente porém não específico de SRC. A persistência do vírus no líquido cerebroespinhal pode estar associada a meningoencefalite e vasculite pós-natal. A encefalite pode persistir por anos causando dano cumulativo (WEBSTER, 1998). Um número de estudos in vitro tem mostrado que as células infectadas pelo vírus da rubéola crescem e se dividem mais lentamente do que as células normais (WEBSTER, 1998). Este fato pode justificar o baixo peso ao nascimento encontrado em algumas crianças com SRC (GIVENS et al, 1993; REEF et al, 2000). Os defeitos neurológicos podem aparecer meses ou anos após o nascimento devido a persistência da replicação viral causando dano neural contínuo. Tem sido descrita panencefalite progressiva em portadores de SRC (WEBSTER, 1998; VANDER STRATEN & TYRING, 2002). 1.2.5 Critérios diagnósticos de SRC A definição de caso de SRC adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, MIINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b), é a empregada pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1999) com bases nos critérios aprovados pelo Council of State and Territorial Epidemiologists (CSTE) dos Estados Unidos, em 1996 (CDC, 1997) e revisados em junho de 1999 (REEF et al, 1999b; CDC, 2001). 1.2.5.1 Caso suspeito: todo recém-nascido cuja mãe foi caso suspeito, confirmado de rubéola ou contato de caso confirmado de rubéola durante a gestação ou 20 toda criança até 12 meses de idade que apresente sinais clínicos compatíveis com infecção congênita pelo vírus da rubéola, independente da história materna. 1.2.5.2 Caso confirmado: quando na presença de malformações congênitas e, pelo menos, uma das seguintes condições: presença de anticorpos IgM específicos; títulos de anticorpos da classe IgG mantidos persistentemente elevados ou acima do esperado pela transferência passiva de anticorpos maternos em crianças menores de doze meses (acima de 1/64); isolamento do vírus ou detecção pelo PCR (Reação da Cadeia de Polimerase). 1.2.5.3 Caso compatível: a) Quando os resultados laboratoriais são insuficientes para confirmar o diagnóstico e o recém-nascido ou a criança apresentar duas das seguintes complicações do grupo I ou uma complicação do grupo I associada a uma do grupo II. GRUPO I (maiores): catarata / glaucoma congênito (interpretar como uma só malformação); cardiopatia congênita; retinopatia pigmentar; surdez. GRUPO II (menores): radiotransparência óssea nas metáfises (osteopatia de ossos longos); hepatoesplenomegalia; icterícia; microcefalia; retardo mental; retardo do desenvolvimento; meningoencefalite; púrpura trombocitopênica. b) Quando os resultados laboratoriais são insuficientes para confirmação do diagnóstico e a criança apresenta pelo menos uma das complicações relacionadas acima, associada à história de infecção materna durante a gestação, comprovada por laboratório ou por vínculo epidemiológico. 21 1.2.5.4 Caso de infecção congênita: quando há evidência laboratorial de infecção congênita pelo vírus da rubéola e não se observam na criança alterações clínicas A definição de caso adotada no Reino Unido difere em um único ponto desta definição. Para eles a confirmação laboratorial ou suspeita clínica de rubéola materna durante a gestação é uma alternativa aceitável para a confirmação laboratorial na criança (REEF et al, 2000). 1.2.5.1 Valor preditivo da corrente definição de caso de SRC O valor preditivo positivo (VPP) de defeitos específicos para detecção de SRC foi estimado por REEF et al, (2000) com base em dois bancos de dados de alta hospitalar nos Estados Unidos que capturam defeitos associados com SRC. Um deles coleta informações de alta de um milhão de recém-nascidos por ano e o outro registra defeitos estruturais em crianças de zero a seis anos de idade na região metropolitana de Atlanta englobando 40.000 nascidos vivos ou óbitos fetais por ano. O valor preditivo positivo para defeitos únicos, como por exemplo catarata ou surdez, foi < 12% nos dois bancos de dados, para baixo peso ao nascer (< 2500 gramas) foi < 1% enquanto para dois defeitos, como por exemplo catarata e cardiopatia, foi de 63% no banco de dados de Atlanta. Assim o valor preditivo positivo foi melhor quando da combinação de dois ou mais defeitos. Como a combinação destes específicos defeitos é incomum, a investigação dessas crianças para SRC pode ser uma estratégia custo-efetiva (REEF et al, 2000). 22 É recomendação do Ministério da Saúde do Brasil a realização, na maternidade, de exame sorológico para pesquisa de IgG e IgM em todo recém-nascido com malformação congênita (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001b). 1.2.6 Análise econômica da SRC Estima-se que ocorreram 110.000 casos de SRC nos países em desenvolvimento no ano de 1996, sem levar em conta as perdas fetais devido a infecção congênita pela rubéola (CUTTS & VYNNYCKY, 1999). Sabe-se que a SRC está associada a grande morbidade, mortalidade e com custos elevados. Os custos diretos correspondem à atenção médica e aos serviços hospitalares necessários na fase aguda, a atenção à longo prazo e à assistência institucional e de educação especial. Estes custos relacionados ao tratamento para toda a vida de um caso de SRC foram estimados em 50.000 dólares em Barbados (KAMMU & CHASE, 1998) e 63.990 dólares na Guiana (KANDOLA, 1998), sem levar em consideração o sofrimento humano. Todavia a implementação da estratégia para interromper a transmissão da rubéola e para prevenir a ocorrência de SRC é estimada em 7% do custo total da atenção e reabilitação dos casos de SRC e a razão benefício custo desta estratégia é de 13,3:1 para todos os países de língua inglesa do Caribe (IRONS, 1998) e de 38,8:1 na Guiana (KANDOLA, 1998). O custo efetividade das campanhas de vacinação, em adição a imunização de rotina das crianças com um ano de idade, foi estimado em 2.900 dólares por caso de SRC prevenido (IRONS, 1998, IRONS et al, 2000). Baseado nesses estudos de custo benefício e no impacto da estratégia de controle acelerado da rubéola na rápida redução da morbidade da SRC nos países de língua inglesa do Caribe (IRONS et al, 2000), no Chile e em Costa Rica, associado a 23 disponibilidade de uma vacina eficaz e barata e ao apoio dos países membros da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), foi estabelecida a meta de eliminação da rubéola e da SRC nas Américas até o ano de 2010 pela OPAS (OPAS,2003). 24 1.3 Justificativa LAWN et al (2000) referindo-se a situação em Gana, na África, sobre a ocorrência de SRC afirmou: “Trata-se da cegueira que não é vista, da surdez que não é ouvida e da incapacidade e morte que não são registradas”.O conhecimento da rubéola como um problema de saúde pública no Brasil só foi possível com a implantação do plano de erradicação do sarampo em 1992. Entretanto, apesar de estudos nacionais sobre prevalência de anticorpos da rubéola revelando susceptibilidade em torno de 20% das mulheres em idade fértil, só em 2001 a cobertura vacinal se estendeu para a faixa etária de até 39 anos. Desde 1996, a rubéola e a SRC são doenças de notificação compulsória, porém a subnotificação de ambas é alta. Com a ocorrência de um surto de rubéola no Brasil entre 1998 e 2000, inclusive no estado de Pernambuco, (WHO, 2002; LANZIERE et al, 2003), era de se esperar no mínimo, 79 casos novos de SRC no ano de 2000 (estimandose incidência de 0,5/1.000 dos 158.810 nascidos vivos). Porém em Pernambuco, até 1999, nenhum caso foi notificado. Em 2000, sete casos de SRC foram notificados; em 2001, 11; em 2002, 27 casos; e em 2003, 12 casos (SECRETARIA DE SAÚDE DE PERNAMBUCO, COMUNICAÇÃO PESSOAL, 2003). Não existe publicado até o momento um estudo sobre o perfil clínico das crianças com SRC no Brasil. As publicações existentes abordam características especiais como deficiência auditiva (SALERNO, 1985; CECATTO et al, 2003); ocorrência de cardiopatia congênita (GRANZOTTI et al, 1996) ou prevalência de SRC (LANZIERE et al, 2003; AVELINO et al, 2004). Baseado nesses dados, propõe-se um estudo observacional, descritivo com o intuito de determinar o perfil das crianças portadoras de SRC atendidas em dois serviços de referência no Recife. 25 OBJETIVOS 2.1 GERAL: determinar o perfil clínico dos casos compatíveis e confirmados de síndrome da rubéola congênita, em usuários do Sistema Único de Saúde atendidos no período de março de 2002 a setembro de 2003. 2.2 ESPECÍFICOS: 2.2.1 Avaliar algumas características biológicas (idade, gênero, peso ao nascimento, índices nutricionais) e sociais (necessidade de escola especial, se recebe auxílio doença do governo) da criança. 2.2.2 Avaliar algumas características maternas e da assistência pré e peri-natal através de: número de consultas pré-natais, tipo de parto, idade gestacional da criança ao nascer, idade na gestação referida da infecção materna rubéolica, confirmação sorológica de infecção materna, se foi informada dos riscos e se a criança acometida é o primeiro filho. 2.2.3 Determinar o tempo decorrido entre o nascimento e o diagnóstico da doença. 2.2.4 Verificar as principais manifestações clínicas dos casos compatíveis e confirmados de síndrome da rubéola congênita, a gravidade do acometimento, necessidade de cirurgia e a associação entre a anomalias. 26 3. MÉTODO 3.1. Local do estudo O estudo foi desenvolvido em duas instituições não governamentais, filantrópicas, situadas na região metropolitana de Recife, estado de Pernambuco, que têm como princípio a assistência médica, o ensino e a pesquisa com o intuito de captar o maior número de casos possíveis de síndrome da rubéola congênita. Uma delas foi a Fundação Altino Ventura (FAV), reconhecida de utilidade pública, que presta serviços oftalmológicos de caráter social à população de baixa renda de Pernambuco e de outros estados do Nordeste, através do Sistema Único de Saúde. É centro de referência no estado para o tratamento oftalmológico de alta complexidade e da síndrome da rubéola congênita. Realiza projetos de prevenção da cegueira e reabilitação visual nas diversas comunidades de baixa renda localizadas no grande Recife e no interior pernambucano, tendo sido responsável por cerca de 30,0% de todas as consultas em oftalmologia realizadas em Pernambuco nos anos de 2001 e 2002, na faixa etária de zero a 21 anos. A instituição oferece ainda Curso de Residência Médica, Especialização e fellow em Oftalmologia, credenciados pelo Ministério da Educação e pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A outra, foi o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP), onde foi realizada a avaliação auditiva. É centro de referência do Ministério da Saúde, voltada para a assistência integral à saúde da mulher e da criança. Considerada centro de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) de Pernambuco para doenças de alta complexidade, o IMIP atende, rotineiramente crianças dos municípios de todo o estado e estados vizinhos, perfazendo em média 50.000 consultas mês. Foi responsável em 2001 por 9,0% de todo atendimento materno-infantil realizado no estado de 27 Pernambuco. Oferece Residência Médica em Pediatria, Tocoginecologia, Anestesiologia e Enfermagem, além de Mestrado em Saúde Materno-Infantil. 3.2 Desenho do estudo Para atender ao objetivo de traçar o perfil dos pacientes com SRC das duas instituições, realizou-se um estudo descritivo, tipo série de casos envolvendo duas etapas: uma retrospectiva consistiu na revisão dos prontuários médicos dos casos que preenchiam os critérios diagnósticos de SRC e que já eram acompanhados nas instituições e no registro do laboratório público do estado (LACEN) em busca do resultado sorológico e outra etapa prospectiva abrangendo todas as crianças, inclusive as recém admitidas nas instituições envolvendo uma equipe multidisciplinar onde foram realizadas avaliações clínicas, cardiológicas, audiológicas, oftalmológica e em casos especiais neurológicas. Não foram realizados estudos sorológicos prospectivos nas crianças com idade superior a 12 meses pelo fato das crianças serem vacinadas para rubéola aos 12 meses no Brasil. 3.3 População do estudo A população do estudo foi constituída por crianças portadoras de SRC, atendidas na FAV, e no IMIP. Esse estudo abrangeu crianças usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) do estado de Pernambuco. 28 3.4 Período da coleta de dados Os dados foram coletados no período de março de 2002 a setembro de 2003. 3.5 Seleção de sujeitos 3.5.1. Critérios de inclusão e de definição de SRC Foram incluídos os casos confirmados e compatíveis de SRC de acordo com as definições de caso empregadas pelo Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001) e pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1999). Considerou-se caso confirmado: Toda criança que apresentasse malformações congênitas sugestivas de SRC e confirmação laboratorial de infecção pela rubéola, através de presença de anticorpos IgM específicos ou títulos de anticorpos da classe IgG, mantidos persistentemente elevados, ou acima do esperado pela transferência passiva de anticorpos maternos (superior a 1/64), em exame realizado abaixo de 12 meses de idade. E caso compatível: a) Quando os resultados laboratoriais foram insuficientes para confirmar o diagnóstico e a criança apresentava duas das seguintes complicações do grupo I ou uma complicação do grupo I associada a uma do grupo II. GRUPO I (Complicações Maiores): catarata / glaucoma congênito (interpretar como uma só malformação); cardiopatia congênita; retinopatia pigmentar; surdez GRUPO II (Menores): radiotransparência óssea nas metáfises (osteopatia de ossos longos); hepatoesplenomegalia; icterícia; microcefalia;retardo mental; retardo do desenvolvimento; meningoencefalite; púrpura trombocitopênica. b) Quando os resultados laboratoriais foram insuficientes para confirmação do 29 diagnóstico, e a criança apresentava pelo menos uma das complicações relacionadas acima, associada à história de infecção materna comprovada por laboratório ou por vínculo epidemiológico. Considerou-se vínculo epidemiológico quando a gestante teve contato com caso confirmado de rubéola por laboratório e que apresentou sintomas da doença num período máximo de 23 dias após este contato. No presente estudo, considerou-se, também como caso compatível, as crianças sem confirmação laboratorial que apresentassem pelo menos uma das complicações do grupo I, e a mãe tivesse história sugestiva de rubéola durante a gravidez confirmada ou não por laboratório. 3.5.2. Critério de exclusão Com o intuito de aumentar a especificidade da série, foram excluídos os casos suspeitos de SRC: crianças que apresentavam uma única manifestação consistente com SRC sem confirmação sorológica nela ou na mãe ou ainda sem história sugestiva de rubéola na gestação. Crianças cujos pais ou responsáveis não se comprometeram a realizar todas as etapas da pesquisa. 30 3.6 Variáveis de análise e definição de termos Variável Definição e categorização dos termos Crianças portadoras de SRC Casos confirmados ou compatíveis de SRC. Peso atual Medido em gramas pela própria pesquisadora. Comprimento Medido em centímetros pela própria pesquisadora. Peso ao nascimento Referido pela genitora ou detalhado no cartão da criança. Medido em gramas. Baixo peso ao nascer Peso ao nascer <2.500g. Idade Medida em meses. Gênero Masculino e feminino Recém-nascido pré-termo Idade gestacional abaixo de 37 semanas Estado nutricional Realizada através dos índices peso/altura, peso/idade e altura/idade do National Center for Health Estatistics (NCHS). Definido nanismo nutricional por índice altura/idade <-2 DP da mediana do padrão de referência do NCHS/OMS, baixo peso quando o índice peso/idade estiver < -2 DP e emagrecimento quando o índice peso/altura < -2 DP do padrão de referência do NCHS/OMS. Medida em anos completos. Corresponde a Idade materna idade materna na época do parto. Consultas pré-natais Número de consultas realizadas durante todo o decurso da gravidez. Gestações prévias Refere-se ao número de gestações anteriores ao nascimento da criança. Variável numérica. 31 Tipo de parto Tipo de parto referente ao nascimento da criança pesquisada. Categorizado em: normal ou cesárea. História materna sugestiva de rubéola Refere-se a relato de febre, exantema, durante a gestação( febre, artralgia ou artralgia artrite, exantema e linfadenopatia) ou artrite, linfadenopatia associados ou não a contato com caso de rubéola durante a gestação. Categorizado em: sim ou não. Caso positivo agrupado por categorias de acordo com o período da gestação: I , II e III trimestre. Freqüência escolar da criança Correspondente se a criança freqüenta escola. Categorizada em sim ou não e se freqüenta classe especial ou regular. Recebimento de auxílio doença do Definido como benefício oferecido pelo governo governo em virtude da criança apresentar deficiência física ou mental. Categorizado em sim ou não. Idade do diagnóstico Corresponde ao tempo decorrido entre o nascimento e o reconhecimento das diversas patologias. Divididos em seis categorias: ao nascimento; no primeiro mês de vida; entre 1 e 6 meses; >6 meses e <1 ano, entre 1 e 3 anos e >3 anos. Presença de perda auditiva Refere-se à presença de perda auditiva diagnosticada na criança através de exame clínico ou audiológico. Categorizada em sim ou não. Gravidade da perda auditiva Refere-se ao grau da perda auditiva diagnosticada através de exames audiológicos. Classificada em nenhuma, leve, moderada, grave e profunda de acordo com o limiar auditivo. 32 Presença de lesões oculares Refere-se a presença de lesões oculares detectadas através de exame clínico e oftalmológico conforme a Classificação Internacional das Doenças, CID 10, anomalia estrutural Capítulo 7. Presença de cardiopatia Definida como cardíaca documentada ao ecocardiograma. Classificada de acordo com a Classificação Internacional Capítulo das 9. Doenças. Doenças do CID 10, Aparelho Circulatório. Retardo no desenvolvimento Presença de RDNPM baseado em escala de Neuropsicomotor (RDNPM) desenvolvimento de Brunet e de Arnould Gesell. Categorizada em sim ou não. Retardo mental De acordo com a Associação Americana de Retardo Mental ASSOCIATION (AMERICAN ON MENTAL RETARDATION, 1992). Categorizada em sim ou não. Classificado de acordo com o DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria (1995) em leve, moderado e profundo. Autismo De acordo com o DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiatria (1995). Categorizada em sim ou não. 33 3.7 Procedimentos, técnicas e exames 3.7.1 Instrumento de coleta Utilizou-se um formulário padronizado sobre dados dos pacientes elaborados a partir das variáveis estudadas (ANEXO I). As informações das variáveis categóricas foram pré-codificadas e as das variáveis contínuas foram expressas em seu próprio valor numérico e transformadas em categóricas apenas no momento da análise dos resultados construindo-se distribuições de freqüências adequadas. 3.7.2. Procedimento para coleta de dados A pesquisadora realizou entrevista com a genitora ou a pessoa responsável abrangendo dados sócio-demográficos, educacionais, gestacionais, características das crianças (sexo, idade prematuridade, peso ao nascimento, peso atual e estatura) e do crescimento e desenvolvimento, em seguida foram realizadas as avaliações clínicas geral e especializada. Após a avaliação pelos especialistas de cada área, o formulário padrão foi preenchido pela médica responsável pela pesquisa. Após o preenchimento dos formulários, estes foram revisados rigorosamente, um a um, pela pesquisadora, visando detectar falhas ou omissões. Foi então elaborado um banco de dados com a utilização do software EPI-INFO versão 6.04d. 34 3.7.3. Fluxograma de procedimentos 3.7.3.1 Diagnóstico laboratorial Procedeu-se a revisão dos prontuários, quando disponíveis, das crianças com o intuito de buscar informações sobre confirmação sorológica de infecção rubeólica, através da identificação de anticorpos da classe IgM específicos para rubéola na mãe ou na criança, ou de títulos de IgG mantidos elevados em pelo menos duas amostras com intervalo de três meses entre elas e, realizadas antes de um ano de idade, devido a vacinação pela rubéola ter instituída de rotina nesta idade no calendário normal de vacinação do Brasil, por ocasião da pesquisa. Foram revistos os registros da rede de laboratórios de saúde pública de referência de Pernambuco (LACEN) objetivando identificar a presença de registro de sorologias dessas crianças e/ou de suas mães. A técnica para a detecção de anticorpos para dosagem de IgM ou IgG empregada foi o ensaio imunoenzimático (ELISA) que tem sensibilidade e especificidade entre 85 a 100% (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001) 3.7.3.2 Avaliação audiológica As crianças foram encaminhadas ao serviço especializado em audiologia do IMIP, onde crianças foram submetidas a anamnese, avaliação otoscópica e avaliação auditiva utilizando-se os métodos específicos para cada idade. Os testes audiológicas que foram utilizados para esclarecimento de limiar auditivo foram: audiometria comportamental em campo livre (até cinco anos), audiometria comportamental tonal e 35 vocal (a partir de cinco anos) e, para complementar o diagnóstico, principalmente em algumas crianças que não conseguiram realizar os outros testes citados acima, realizouse avaliações objetivas ABR (Auditory Braistem Response) e Emissão otoacústica. Nas crianças que não realizaram avaliação objetiva da audição através de exame audiológico, foram consideradas surdas pela clínica de acordo com os seguintes critérios: ausência de resposta a estímulos sonoros como batida de palmas, de porta, a voz, buzina, explosão de bombas de são João; presença de linguagem inadequada para a idade e ausência de reflexo cócleo-palpebral (piscar de olhos) em reação ao som. Todas as crianças que, após o diagnóstico, apresentaram perda auditiva foram encaminhadas para receber o AASI (aparelho de amplificação sonora individual), através da parceria do IMIP com a Secretária de Saúde do Estado de Pernambuco. 3.7.3.2.1 Definição dos testes Audiometria Comportamental em Campo Livre (peep-show): é uma técnica em que a criança tem que associar estímulos sonoros aos estímulos visuais para obter as respostas desejadas. Audiometria Comportamental Tonal e Vocal: é um teste capaz de identificar os limiares auditivos, isto é, estabelecer o mínimo de intensidade sonora necessária para provocar a sensação auditiva e compara estes valores com o padrão de normalidade, usando como referência o tom puro. A logoaudiometria (vocal) é uma técnica na qual irá pesquisar o grau de recepção e reconhecimento do indivíduo para a linguagem oral (ASHA sigla em inglês American Speech-Language-Hearing Association - 1977). ABR: audiometria do tronco encefálico é o registro de ondas eletrofisiológicas geradas em resposta a um som apresentado e captadas por eletrodos de superfície 36 colocados na cabeça (UCHÔA et al, 2003). É um exame objetivo da audição que avalia a integridade da via auditiva, não tendo como objetivo substituir procedimentos audiológicos, mas sim complementá-los no diagnóstico de problemas auditivos que, muitas vezes, são impossíveis de serem avaliados (HALL, 2000). Na maioria das vezes exige sedação. Em neonatos pode ocorrer resultado falso positivos, pois a imaturidade cerebral pode invalidar as respostas, sendo recomendado então na seqüência a realização de emissões otoacústicas (UCHÔA et al, 2003). Emissão Otoacústica: é o registro da energia sonora gerada pelas células ciliadas da cóclea (orelha interna) em resposta a sons captados por um microfone miniaturizado colocado no conduto auditivo externo da criança (HALL, 2000). Tais emissões constituem um índice muito sensível da integridade do mecanismo auditivo, uma vez que a resposta desaparece quando existe anormalidade funcional na orelha interna. O teste é objetivo, rápido, não necessita de sedação e dispensa a colaboração da criança (UCHÔA et al, 2003). A analise da perda auditiva quanto ao grau baseou-se na classificação de DAVIS & SILVERMANN, 1970 de acordo com a média de perda auditiva, que considera normal a média de perda de 0-25 Db; leve entre 26 e 40 Db; moderada de 41 a 70 Db; grave entre 71 e 90 Db e profunda de 91 Db em diante. 37 3.7.3.3 Avaliação oftalmológica A rotina oftalmológica realizada em todos os pacientes constou de (VENTURA 2001): • Anamnese com ênfase na caracterização do tipo de patologia ocular e tratamento oftalmológico prévio. • Obtenção de dados morfológicos (medidas cantais e de fenda palpebral, distância interpupilar, epicanto) e funcionais (sinal de Bell, lagoftalmia e ptose). • Aferição da acuidade visual separadamente em cada olho, através do Teste do Olhar Preferencial com os Cartões de Acuidade de Teller em menores de três anos, LOG MAR em portadores de visão subnormal ou pouco cooperativos, e tabelas de Snellen, nos maiores que quatro anos ou de acordo com o nível de escolaridade. • Motilidade extrínseca ocular do paciente (avaliada quando possível) • Biomicroscopia do segmento anterior utilizando-se a lâmpada de fenda (modelo SL3E da Topcon), de acordo com a cooperação de cada paciente. Em casos de aumento da escavação papilar, realizou-se a tonometria com o tonômetro de Perkins. • Retinoscopia realizada com retinoscópio manual (Neitz), após 30 a 40 minutos da cicloplegia, através da instilação no fundo de saco de uma gota de cloridrato de proximetacaína a 0,5% (Alcon), seguida de tropicamida a 1% (Alcon), e ciclopentolato a 1% (Allergan-Frumtost). • Oftalmoscopia indireta com oftalmoscópio binocular indireto (Keeler). Constando da avaliação morfológica retiniana do nervo óptico e da coróide. Em casos de alterações de quaisquer dessas estruturas, realizou-se a retinografia com sistema Imaginet RC 50 IA (Topcon) 38 3.7.3.4 Avaliação cardiológica De acordo com o encaminhamento dos pacientes dos ambulatórios do IMIP e da FAV, após a leitura e aceitação do termo de consentimento pelos pais ou responsáveis, as crianças que preencheram os critérios de SRC, foram avaliadas no ambulatório de cardiologia da Fundação Altino Ventura através de uma entrevista, anamnese e exame físico cuidadoso além da realização dos seguintes exames: • Pesagem em balança eletrônica e medição da altura. • Eletrocardiograma com 12 derivações. O aparelho empregado foi o modelo ECG 6 marca ECAFIX. • Ecocardiograma bidimensional com mapeamento de fluxo a cores. Realizado no aparelho de ecocardiograma modelo Sistem Five Software Versão 1.8 da GE Vingmed Ultrasound, pela pesquisadora. 3.7.3.5 Avaliação de crescimento e desenvolvimento A avaliação do retardo no desenvolvimento neuropsicomotor foi realizada pela própria pesquisadora aplicando uma escala de desenvolvimento de Brunet e de Arnold Gesell para crianças de zero a dez anos. Esta escala se baseia em avaliação do desenvolvimento motor, intelectual e social esperado para cada faixa etária (ANEXO II). Nas crianças com deficiência auditiva, a avaliação do desenvolvimento social ficou prejudicada, devido às vezes, a falta da linguagem falada ou escrita, já que muitas destas crianças freqüentavam escolas especiais ou simplesmente não freqüentavam escolas. Nestes casos, foi realizada uma avaliação qualitativa do comportamento da 39 criança, verificando se colaboravam com o exame, se estabelecia comunicação com a mãe ou a pesquisadora através de gestos, se interagia com o meio, como era o comportamento habitual da criança. As alterações neurológicas foram avaliadas pela pesquisadora através de anamnese, exame físico geral e avaliação comportamental, revisão de prontuário quando existente. Nos casos em que a pesquisadora julgou necessária, a criança foi encaminhada para avaliação neurológica por especialista, e no caso especial de suspeita de autismo, foram avaliadas por psiquiatra infantil. Considerou-se retardo mental com base na definição da Associação Americana de retardo mental (AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION, 1992). Para a classificação da gravidade do retardo mental utilizaram-se critérios adaptados da classificação da Associação Americana de Psiquiatria (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 1994). Considerou-se retardo mental: • Leve: quando se detectou atraso mínimo nas áreas motoras e sensoriais; retardo leve na área escolar; estavam sendo educados dentro de certos limites; havia possibilidade de adquirir habilidades de leitura e escrita funcionais e com orientação adequada poderiam trabalhar e alcançar vida independente. O desenvolvimento observado correspondia a ¾ do esperado em uma pessoa normal. • Moderado: quando se detectou atraso mais evidente que o leve em áreas motoras e sensoriais; retardo mais acentuado na área escolar, com dificuldade de aprendizado, dificilmente passando do segundo ano primário; eram capazes de aprender a cuidar de se mesmo; requeriam supervisão contínua e respaldo econômico para o resto da vida. O desenvolvimento observado correspondia desde ¾ a ½ do esperado em 40 uma pessoa normal. • Profundo: quando se detectou graves dificuldades motoras, sensoriais e dificuldades de comunicação; dependiam de terceiros para se alimentar e para higiene pessoal, requeriam cuidado especial e supervisão constante durante toda a vida. 3.8 Acompanhamento dos sujeitos Como as avaliações não foram realizadas simultaneamente, a pesquisadora agendou vários retornos para a criança após a consulta inicial. Quando detectada falha na realização de alguma etapa da avaliação do paciente, essa foi corrigida com novo agendamento para a avaliação especializada. No decorrer do estudo, quando detectada a necessidade de correção cirúrgica de defeito cardíaco, de tratamento de alterações oculares ou auditivas, a pesquisadora fez o encaminhamento adequado a cada caso. 3.9 Análise dos dados A análise dos dados foi realizada utilizando-se o programa estatístico EPI-INFO 6.04d de domínio público. Inicialmente, foram construídas tabelas de distribuição de freqüência das características biológicas, sociais, clínicas e laboratoriais dos pacientes com SRC, calculando-se as medidas de tendência central e de dispersão das variáveis quantitativas (numéricas). A associação entre as características biológicas e as clínicas das crianças com SRC foi avaliada utilizando-se os testes qui-quadrado (Pearson) e, quando necessário, o teste exato de Fisher. Foi adotado um nível de significância de 5% para rejeição da 41 hipótese nula. 3.10 Aspectos éticos Esta Pesquisa atendeu os preceitos da Declaração de Helsinque emendada em Hong-Kong em 1989, bem como as normas da Resolução 196 de 1996 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Conselho de Ética Médica da FAV e do Conselho de Ética em Pesquisa do IMIP (ANEXO III) As crianças com retardo mental e/ou perda auditiva importante foram orientadas a fim de solicitarem o auxilio doença, garantido pelo governo. 3.11. Consentimento livre e esclarecido Todos os pacientes somente foram incluídos após darem o consentimento informado obtido por escrito do responsável direto pela criança, após receberem as informações prestadas pela entrevistadora a respeito do objetivo e técnica da pesquisa. (ANEXO IV). 42 4. RESULTADOS A distribuição de freqüência dos casos de SRC por ano de nascimento está no gráfico 1. Gráfico 1. A distribuição de freqüência dos casos de SRC de acordo com o ano de nascimento em crianças usuárias do SUS em Pernambuco atendidos em 2002/2003 38 3 11 6 11 11 33 44 11 11 44 6 6 33 6 1 4 4 11 1987 1989 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 4.1 Classificação dos casos De um total de 84 crianças incluídas no estudo, 21 (25,0%) eram casos confirmados e 63 (75,0%) foram casos compatíveis de síndrome da rubéola congênita (Tabela1). Dos casos confirmados, em 18 (86,0%) a confirmação foi realizada através da detecção de anticorpos da classe IgM para rubéola no primeiro ano de vida e em 3 (14,0%) por IgG persistentemente alta. 43 A distribuição de freqüência dos casos confirmados de SRC de acordo com o número de manifestações clínicas encontradas em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003 está apresentada na Tabela 1. Tabela 1. Distribuição de freqüência de casos confirmados de SRC de acordo com o número de manifestações encontradas em crianças usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. Caso confirmado n % Uma manifestação 2 9,6 Duas manifestações Três manifestações 4 19,0 6 28,6 Quatro manifestações ≥ 5 manifestações 5 23,8 4 19,0 Total 21 100,0 Em relação aos 63 casos compatíveis, 41 (65,0%) foram incluídas na pesquisa por apresentarem duas ou mais manifestações do grupo I, seis (28,6%) por apresentarem uma manifestação do grupo I associada a uma manifestação do grupo II e 16 (25,4% ) por apresentarem uma manifestação do grupo I ou II associada a infecção materna confirmada por sorologia ou vínculo epidemiológico. A única criança da pesquisa com apenas uma manifestação do grupo II - microcefalia a infecção materna havia sido confirmada por sorologia. 44 A distribuição de freqüência das manifestações clínicas dos casos compatíveis de SRC de acordo com critérios clínicos e sorologia materna está apresentada na Tabela 2. Tabela 2. Distribuição de freqüência das manifestações clínicas dos casos compatíveis de SRC em crianças usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003, de acordo com critérios clínicos e sorologia materna. Caso compatível Sorologia da mãe Total Sim Não N Uma manifestação do G I 7 7* 14 Uma manifestação do G II 1 0 1 Uma manifestação do G I e uma do G II Duas manifestações do GI 1 0 1 2 13 15 Três manifestações 2 12 14 Quatro manifestações 4 6 10 ≥ 5 manifestações 2 6 8 TOTAL 19 44 63 * História de infecção materna comprovada por vínculo epidemiológico. Quando se comparou o número de manifestações clínicas nas crianças com casos confirmados de SRC com o encontrado nos casos compatíveis, não houve diferença significante na distribuição por número de manifestações entre os dois grupos: presença de uma manifestação (Teste exato de Fisher: p=0,13); duas manifestações (Teste exato de Fisher: p=0,76); três manifestações (Teste exato de Fisher: p=0,76); quatro manifestações (Teste exato de Fisher: p=0,50) e cinco ou mais manifestações (Teste exato de Fisher: p=0,34). 45 4.2 Características biológicas das crianças A idade das crianças, por ocasião da admissão na pesquisa, variou de quatro meses a 15 anos, com média de 51,4 meses, mediana de 36 meses e desvio padrão de 36,4 meses. A maior parte das crianças do estudo tinha menos de quatro anos (62,0%) e apenas uma (1,2%) tinha menos de um ano. O peso ao nascer variou de 1.150 a 3.900 gramas, com média de 2.620g, mediana de 2.600g e desvio padrão de 623g. Observou-se que 34 (40,5%) crianças tinham baixo peso ao nascer (< 2500g). A distribuição de freqüência das características biológicas das crianças com SRC usuárias dos SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003 estão apresentadas nas Tabelas 3, 4 e 5. Tabela 3. Distribuição de freqüência de características biológicas em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. n % CARACTERÍSTICA BIOLÓGICA Idade < 2 anos 5 6,0 47 56,0 ≥ 2 a < 4 anos 21 25,0 ≥ 4 a < 8 anos 11 13,0 ≥ 8 anos Total 84 100,0 Gênero Masculino 39 46,4 Feminino 45 53,6 Total 84 100,0 Peso ao nascimento 34* 40,5 < 2.500 g 50 59,5 ≥ 2.500 g Total 84 100,0 * 15(44%) pré-termos 46 Com relação ao estado nutricional, o baixo peso, definido pelo índice peso/idade, foi encontrado em 21,4% das crianças, sendo de grau moderado em 14,3% e grave em 7,1%. Por sua vez, o déficit no crescimento linear ou nanismo nutricional, definido pelo índice altura/idade, de grau moderado a grave, foi encontrado em 8,4% das crianças. Emagrecimento, definido pelo índice peso/altura, de grau moderado foi encontrado em 9,5 % das crianças e grave em 11,9 %. Tabela 4. Distribuição de freqüência dos índices do estado nutricional expresso em escores de desvio padrão em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. n % Índice de estado % acumulado nutricional Índice peso/idade < -3 DP 6 7,1 7,1 ≥ -3 DP a < -2DP 12 14,3 21,4 ≥ - 2 DP 66 78,6 100,0 Total 84 100, < -3 DP 10 11,9 11,9 ≥ -3 DP a < -2DP 8 9,5 21,4 ≥ - 2 DP 66 78,6 100,0 Total 84 100,0 Índice altura/idade < -3 DP 1 1,2 1,2 ≥ -3 DP a < -2DP 6 7,2 8,4 ≥ - 2 DP 77 91,6 100,0 Total 84 100,0 Índice peso/altura 47 Tabela 5. Distribuição de freqüência do estado nutricional expresso em escores de desvio padrão, associado ao número de manifestações clínicas em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. N < - 2DP (peso/idade) N° de manifestações ≥ - 2 DP clínicas 01 manifestação 18 3 (16,7%) 15 (83,3%) 02 manifestações 19 3 (15,8%) 16(84,2%) 03 manifestações 19 5 (26,3%) 14 (73,7%) 04 manifestações 16 0 (0,0%) 16 (100,0%) 05 manifestações 12 7 (58,3%) Total 84 18 5 (41,7%) 66 X2 de tendência=2,6; p=0,107 4.3 Características sociais Com idade igual ou superior à que se inicia o ensino público no Brasil (seis ou mais anos) encontrou-se 21 (25,0%) crianças, dessas 17 (81,0%) freqüentavam regularmente a escola, sendo 11 (52,4%) em classe/escola especial. Das 84 crianças envolvidas no estudo, 25 (29,8%) recebiam auxílio monetário do governo, na forma de auxílio doença. 4.4 Características maternas e da assistência pré e peri-natal Considerando as consultas no pré-natal, quatro (4,8%) mulheres não realizaram pré-natal e 80 (95,2%) realizaram pelo menos uma consulta. Dessas 38 (45,2%) realizaram mais de seis consultas, com média de 6,2, mediana de 6,0 e desvio padrão de 2,2. A paridade média foi de 2,2 ± 1,4 filhos. Observou-se uma freqüência de prematuridade em 18 (21,4%) casos, sendo que em 50 (59,5%) casos, a criança acometida era o primeiro filho. 48 A escolaridade materna variou de zero a 17 anos com média de 7,1, mediana de 7,0 e desvio padrão de 3, 4 anos de estudo, enquanto que a idade materna por ocasião do parto variou de 14 a 40 anos com média de 22,2, mediana de 21 e desvio padrão de 5,3 anos. Distribuição de freqüência das características gestacionais maternas e assistência pré e peri-natal das crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003 estão apresentadas nas Tabelas 6 e 7. Tabela 6. Distribuição de freqüência das características gestacionais materna e assistência pré e peri-natal das crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. Características gestacionais e n % assistência pré e peri-natal Consultas no pré-natal Nenhuma 4 4,8 ≥1a 6 42 50,0 >6 38 45,2 Total 84 100,0 Normal 64 76,2 Cesária 20 23,8 Total 84 100,0 Pré-termo 18 21,4 Á termo 66 78,6 Total 84 100,0 Sim 50 59,5 Não 34 40,5 Total 84 100,0 Tipo de parto Idade gestacional Primeiro filho 49 História materna sugestiva de rubéola foi referida em 74 (88%) casos, sendo que em dez a mãe não referiu ter apresentado sinais e sintomas característicos de infecção rubeólica. Em 25 (29,8%) casos a infecção materna foi confirmada laboratorialmente.e em 32 (38,0%) a mãe foi alertada dos riscos pelo obstetra. O período de maior freqüência de ocorrência da infecção rubeólica foi o primeiro trimestre da gestação, em 56 (75,7%) casos, sendo que, em apenas um caso essa ocorreu no terceiro semestre. Essa criança apresentava surdez e estenose de artéria pulmonar. 50 Tabela 7. Distribuição de freqüência das variáveis, história sugestiva de rubéola durante a gravidez, infecção confirmada na gravidez, se foi informada dos riscos durante a gestação e período referido da infecção materna das crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003 Variáveis n % História de rubéola materna Sim 74 88,0 Não 10 12,0 Total 84 100,0 Sim 25 29,8 Não 59 70,2 Total 84 100,0 Trimestre referido de infecção materna 1° 56 75,7 2° 17 23,0 3° 1 1,3 Total 74 100,0 Sim 32 38,0 Não 52 62,0 Total 84 100,0 Infecção materna confirmada Se foi informada dos riscos 4.5 Tempo decorrido para o diagnóstico da SRC. O tempo médio decorrido entre o nascimento e o diagnóstico das complicações da SRC foi de 238,6 dias, mediano de 90 dias e desvio padrão de 329 dias, sendo o tempo mínimo de um dia e máximo de cinco anos. O diagnóstico das complicações da SRC foi feito ao nascimento em 22 (26,2%) das crianças; no primeiro mês de vida em 51 38 (45,2); nos primeiros seis meses em 49 (58,3%) e, no primeiro ano de vida em 69 (82,0%) das crianças. Quando se analisou o grupo de crianças cujas complicações foram detectadas no primeiro dia de vida, verificou-se a presença de cardiopatia congênita em 21 (95,4%) das 22 crianças, surdez em 20 (91%) e catarata em 16 (72,7%). Esse grupo apresentava em média quatro complicações da SRC, com confirmação laboratorial realizada em 12(54,5%) crianças. 4.6 Anomalias encontradas Das manifestações do grupo I, nas 84 crianças avaliadas, observou-se surdez em 73 (86,9%), cardiopatia em 46 (54,8%), catarata em 41 (48,8%), retinopatia pigmentar em 21 (25%) e glaucoma congênito em duas (2,4%). As manifestações do grupo II encontradas nessas crianças foram: retardo mental em 34 (40,5%), microcefalia em 11 (13,0%), icterícia em oito (9,5%) e hepatoesplenomegalia em duas (2,4%). A distribuição de freqüência em ordem decrescente das manifestações do grupo I, encontradas nas crianças com SRC crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003 está apresentada nas Tabelas 8 e 9. 52 Tabela 8. Distribuição de freqüência das variáveis do grupo I em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. n % Variável do Grupo I Surdez Sim Não Total Cardiopatia Sim Não Total Catarata Sim Não Total Retinoparia Sim Não Total Glaucoma Sim Não Total 73 13 84 86,9 15,5 100,0 46 38 84 54,8 45,2 100,0 41 43 84 48,8 51,2 100,0 21 63 84 25,0 75,0 100,0 2 82 84 2,4 97,6 100,0 53 Tabela 9. Distribuição de freqüência das variáveis do grupo II em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco atendidas em 2002/2003. n % Variável do Grupo II Retardo mental Sim Não Total Microcefalia Sim Não Total Icterícia neonatal Sim Não Total Hepatoesplenomegalia Sim Não Total 34 50 84 40,5 59,5 100,0 11 73 84 13,0 87,0 100,0 8 76 84 9,5 90,5 100,0 2 82 84 2,4 97,6 100,0 4.6.1 Anomalias auditivas e defeitos associados Das 73 crianças surdas, oito não compareceram para realizar exames de investigação audiológica. O tempo médio para detecção da surdez foi de 242 dias. Das 65 (89,0%) crianças surdas que realizaram testes audiológicos, 61 realizaram audiometria comportamental em campo livre, 17 audiometria comportamental tonal e vocal, 33 realizaram ABR (Auditory Braistem Response) e duas emissão otoacústica. Nas crianças avaliadas por testes audiológicos, a gravidade da perda auditiva foi considerada leve em uma (1,5%), grave em três (4,6%), e profunda em 61 (93,9%). Das 73 crianças surdas 13 (18%) já faziam uso de aparelho de ampliação sonora individual(AASI). 54 A surdez foi o defeito isolado mais freqüente, tendo sido constatada em 12 das 18 crianças (67,0%) que apresentavam apenas uma complicação de SRC. A distribuição da freqüência de perda auditiva e defeitos associados em crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003 estão apresentados na Tabela 10. Tabela 10. Distribuição de freqüência da perda auditiva e defeitos associados em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. n % Surdez Sim 73 87,0 Não 11 13,0 Total 84 100,0 Cardiopatia 41 48,8 (41/84) Anomalia ocular 41 48,8 (41/84) Retardo mental 32 38,0 (32/84) Retardo mental,cardiopatia e lesão ocular 19 22,6 (19/84) Defeitos associados 4.6.2 Anomalias oculares Anomalias oculares foram encontradas em 57 (68,0%) casos. Catarata congênita foi a lesão ocular mais freqüente, seguida de retinopatia rubeólica em 21 (25,0%), microftalmia em 18 (21,5%) e estrabismo em 15 (17,8%) pacientes. Os dois pacientes que apresentavam glaucoma tinham catarata. 55 A distribuição das freqüências das anomalias oculares em crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003 estão apresentados na Tabela 11. Tabela 11. Distribuição de freqüência das alterações oftálmicas em crianças portadoras de SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. Diagnóstico n % Catarata 41 48,8 Retinopatia pigmentar 21 25,0 Microftalmia 18 21,5 Estrabismo 15 17,8 Nistagmo 3 3,6 Glaucoma 2 2,4 Miopia 2 2,4 Das 41 (48,8%) crianças portadoras de catarata congênita desse estudo, a catarata foi bilateral em 30 (73,0%), 36 crianças (88,0%) já haviam sido operadas ou o foram durante a realização do estudo. A idade em que foi realizada a cirurgia, variou de um a 180 meses com média de 17,4 meses, mediana de 11,5 e desvio padrão de 5,2 meses. Foi encontrada visão subnormal em 22 (54,0%) dos 41 pacientes portadores de catarata congênita. Houve uma associação estatisticamente significante entre catarata e microftalmia (Teste exato de Fisher: p<0,0001; Tabela 12); entre catarata e estrabismo (Teste exato de Fisher: p=0,003; Tabela 12); e entre catarata e cardiopatia (Teste exato de Fisher: p=0,0174; Tabela 12) Houve também associação estatisticamente significante entre lesão ocular e cardiopatia (Teste exato de Fisher: p=0,01; Tabela 13); e entre retardo mental e lesão ocular (Teste qui – quadrado: p = 0,009; Tabela 13). 56 Tabela 12. Distribuição das crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003, de acordo com a ocorrência ou não de catarata e a associação desta com microftalmia e estrabismo e cardiopatia. Catarata Sim Não Total Anomalia Microftalmia Sim 17 (94,4%) 1 (5,6%) 18 (100,0%) Não 24 (36,4%) 42 (63,6%) 66 (100,0%) Estrabismo Sim 12 (85,7%) 2 (14,3%) 14 (100,0%) Não 29 (41,4%) 41 (58,6%) 70 (100,0%) Cardiopatia Sim 28 (60,9%) 18 (39,1%) 46 (100,0%) Não 13 (34,2%) 25 (65,8%) 38 (100,0%) Tabela 13. Distribuição das crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003, de acordo com a ocorrência ou não de lesão ocular e de cardiopatia e retardo mental.. Lesão ocular Cardiopatia Sim Não Total Sim 37 (80,4%) 9 (19,6%) 46 (100,0%) Não 20 (52,6%) 18 (47,4%) 38 (100,0%) Total 57(67,9%) 27 (32,1%) 84 (100,0%) Sim 29 (85,3%) 5 (14,7%) 34 (100,0%) Não 28 (56,0%) 22 (44,0%) 50 (100,0%) 57 (67,9%) 27(32,1%) 84 (100,0%) Retardo mental Total 4.6.3 Anomalias cardíacas O ECG foi normal em 62 (75,0%) crianças, apesar de 46 (54,8%) destas apresentarem cardiopatia. As alterações eletrocardiográficas encontradas foram: distúrbio de condução no ramo direito em nove (10,7 %), sobrecarga ventricular direita 57 em sete (8,3%), sobrecarga ventricular esquerda em três (3,6%) e, em um (1,2%), hemibloqueio anterosuperior esquerdo. O exame físico associado ao eletrocardiograma não foi suficiente para detecção de todas as cardiopatias congênitas, devido a presença de alguns canais arteriais silenciosos, só detectáveis ao ecocardiograma. O ecocardiograma foi realizado em 81 crianças, sendo considerado anormal em 49(60,5%) crianças. Destas, 46 apresentavam cardiopatia congênita e três prolapso da valva mitral. Encontrou-se mais de um defeito cardíaco em 26 (56,5%) crianças. A persistência do canal arterial (PCA) foi a lesão cardíaca mais freqüente, estando presente em 42 (52,0%) das crianças. Como defeito isolado foi encontrado em 19 pacientes (23,4%) e, em associação com outros defeitos em outras 23 (76,6%). Em 24 crianças (57,2%) portadoras de PCA houve necessidade de operação devido a repercussão clínica. A estenose valvar pulmonar, (EPV), foi encontrada em 15 pacientes(18,5%), e em associação com estenose de artérias pulmonares em 18 pacientes (22,2%), sendo o segundo defeito mais encontrado. Essa anomalia esteve associada a persistência do canal arterial em 16(89,0%) dos 18 casos. O gradiente detectado ao ecocardiograma bidimensional com mapeamento de fluxo a cores variou de 13 a 79 mmHg, com média de 35,6 e DP de 17,7 mmHg. Uma criança deste grupo havia sido submetida a cirurgia cardíaca corretiva. A comunicação interatrial (CIA) encontrada nesta série, foi o ostium secundum do tipo forame oval pérvio. Em geral estava associada a outros defeitos cardíacos. A comunicação interventricular foi muscular em todos os casos, ocorrendo fechamento espontâneo do defeito em cinco pacientes. Ela estava associada ao PCA em cinco pacientes e, em um, ao forame oval pérvio. 58 Estenose aórtica associada à persistência do canal arterial foi encontrada em um paciente que foi submetido ao fechamento percutâneo do canal através de prótese de Amplatzer. A criança da estenose subaórtica apresentava PCA e estenose de artéria pulmonar. A cardiopatia causou repercussão clínica em 28 crianças, destas, 25 (89,3%), necessitaram de cirurgia. Esta freqüência representa 54,3% das 46 crianças com cardiopatia. A idade destas crianças, por ocasião da cirurgia, variou de um a 84 meses, com média de 18 meses (desvio padrão de 19 meses). O PCA foi a causa da indicação cirúrgica em 24 das 25 crianças operadas. Encontrou-se cardiopatia e surdez em 41 (48,8%) crianças, cardiopatia e lesão ocular em 37 (44,0%) e cardiopatia e retardo mental em 21(25,0%). A distribuição de freqüência de cardiopatias congênitas encontradas nas 81 crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003, estão na Tabela 14. Tabela 14. Distribuição de freqüência dos defeitos cardíacos congênitos encontrados em crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. n Defeito cardíaco * %** PCA 42 51,9 EPV e/ou estenose de artérias pulmonares 18 22,2 CIA tipo forame oval pérvio 11 13,6 CIV 6 7,4 ESAO 1 1,2 EAO 1 1,2 Displasia mitral e aórtica 1 1,2 IM e IT discreta 1 1,2 *PCA – Persistência do canal arterial; EPV= estenose valvar pulmonar; CIA= comunicação interatrial; CIV= comunicação interventricular; ESAO=estenose subaórtica; EAO= estenose aórtica; IM= insuficiência mitral; IT= insuficiência tricúspide. ** Base da percentagem: 81 59 4.6.4 Anomalias neuropsicomotoras Foi encontrada alteração do desenvolvimento neuropsicomotor em 51 (60,7%) crianças. A avaliação do desenvolvimento da linguagem nos casos avaliados está comprometida devido a presença de perda auditiva em 87% (73/84) das crianças. Todas as crianças surdas desta série apresentaram retardo na fala. A distribuição da freqüência das anomalias neuropsicomotoras em crianças usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003, esta na Tabela 15. Verificou-se a ocorrência de retardo mental em 34 dos 36 pacientes com retardo no desenvolvimento motor nesta série, sendo de grau leve em 17/34 (50,0%), moderado em 9 (26,5%) e profundo em 8 (23,5%). Dos 11 portadores de microcefalia do estudo, oito eram portadores de retardo mental. Tabela 15. Distribuição de freqüência de anomalias neuropsicomotoras encontrados em crianças com SRC usuárias do SUS em Pernambuco, atendidas em 2002/2003. Anomalias neuropsicomotoras n %* Retardo no desenvolvimento motor 36 42,8 Retardo mental 34 40,5 Distúrbio de comportamento 20 23,8 Movimentos repetitivos 11 13,0 Microcefalia 11 13,0 Autoflagelação 7 8,3 Síndrome convulsiva 6 7,1 Autismo 2 2,4 *Base: 84 60 4. 9 Malformações associadas Foram encontradas sete (8,3%) crianças portadoras de hérnia umbilical ou inguinal e cinco (6%) portadoras de distopia testicular. 61 5. DISCUSSÃO A infecção pelo vírus da rubéola constitui um problema de saúde pública mundial pela elevada possibilidade de ocorrência de SRC, quando a infecção materna ocorre no primeiro trimestre da gestação. Não obstante a redução no número de casos de SRC em países industrializados, a SRC persiste ainda como problema de saúde pública nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos (FIQUEROA-DAMIAN et al, 1999), apesar de ser uma doença prevenível através de imunização das mulheres em idade fértil (PLOTKIN & MORTIMER, 1994). Num país de dimensão continental como o Brasil, com variações geográficas importantes, e problemas de saúde pública tão grandes quanto o seu tamanho, talvez o espectro da SRC adquira uma dimensão muito pequena. Porém, quando se avalia em caráter individual a tragédia que é a criança multiseqüelada da SRC e quando se analisam os custos do tratamento para toda vida, necessidade de escola especial, cirurgia para correção de defeitos cardíacos, remoção de catarata, além dos custos indiretos, como a perda da possibilidade de trabalhar e ganhar dinheiro atribuídos a cegueira, surdez, convulsões, retardo mental e a morte prematura, então se conclui que o benefício da vacinação antirubeólica, excede o custo em níveis comparáveis ao uso da vacina da hepatite B em países em desenvolvimento (HINMAN et al, 2002). Os resultados do presente estudo revelam um número de casos compatíveis e confirmados de SRC (84 casos) superior ao número de casos notificados pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco entre 1997 e 2003 (57 casos) (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Sendo também superior aos 64 casos confirmados (estando incluídos 11 óbitos fetais) encontrados por AVELINO (2004) no período de cinco anos em maternidade pública de Goiana (Goiás), aos 31 casos descritos por 62 CECATTO et al (2003) em análise das principais etiologias de deficiência auditiva em escola especial em São Caetano do Sul e aos 20 casos da série de GRANZOTTI et al (1996) que avaliaram a ocorrência de cardiopatia congênita na SRC em hospital pediátrico. Das séries brasileiras apenas Zambonato et al (2002), em estudo retrospectivo das características audiológicas de crianças com SRC analisaram um número de pacientes superior (101) ao descrito nesta série (84), porém vale a pena ressaltar que naquele estudo foram incluídos também os casos suspeitos de SRC. No Brasil, após surto de rubéola entre os anos de 1998 a 2000, ocorreu uma aceleração do controle da doença e a prevenção da SRC através de campanha de vacinação em massa de mulheres em idade fértil em 2001 e 2002, além da vacinação de rotina no grupo de um a 11 anos de idade (WHO, 2002, LANZIERE et al, 2003). Quando se correlacionou neste estudo os casos de SRC com a data de nascimento, verificou-se claramente uma prevalência de crianças nascidas entre 1998 e 2000, em concordância com o surto de rubéola descrito em Pernambuco neste período. Corroborando com os achados do presente estudo, o Ministério da Saúde do Brasil considera elevada a subnotificação dos casos de SRC e acredita que os casos notificados não representam a real incidência da doença (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Todavia, mesmo nos países mais ricos, como por exemplo os Estados Unidos, estimou-se que os casos notificados de SRC representavam em 1989, menos de 25,0% do total, apesar do estabelecimento, na maioria dos países industrializados, de uma política de vigilância de casos de anomalias congênitas por meio de registros nacionais e/ou de programas de seguimento de malformações congênitas (COCHI et al, 1989). Achado semelhante foi encontrado no Reino Unido por RAHI et al (2001) quando compararam a proporção de casos de catarata congênita notificados no registro nacional 63 de anomalias congênitas durante o ano de 1995, com os casos identificados através de vigilância ativa, verificando que apenas 10% dos casos identificados de catarata congênita haviam sido notificados. Uma percentagem significante de casos de SRC no Brasil permanece sem registro na estatística oficial por uma série de razões: (1) a rubéola pode causar pouco ou nenhum sintoma e a gestante pode não procurar assistência médica; (2) no Brasil a realização de sorologia para rubéola em mulheres gestantes não é realizada como rotina na assistência pré-natal do sistema público de saúde; (3) nos casos de rubéola notificados é subregistrado o estado gestacional (LANZIERE et al, 2003); (4) a perda de seguimento das mulheres que tiveram rubéola na gestação e das crianças com suspeita de SRC; (5) devido a seqüela poder ser subclínica e permanecer não detectada nos primeiros anos de vida como é o caso da surdez (ST JOHN & BENJAMIN, 2000); (6) a falta da realização de avaliação auditiva em todos os casos suspeitos de SRC. Essa pode ser a maior fonte de subnotificação já que a deficiência auditiva é o defeito isolado mais freqüente na SRC (WHO, 1999; REEF et al, 2000). Após um surto de rubéola entre a comunidade Amish, na Pennsylvania, no seguimento de dez crianças que foram IgM positivo ao nascimento, em cinco (50%) que foram consideradas normais ao nascimento, constatou-se deficiência auditiva com um ano de idade (MELLINGER et al, 1995). Segundo duas estimativas da incidência da SRC, no Brasil, realizadas por CUTTS & VYNNYCKY (1999), uma de 33/100.000 nascidos vivos e outra de 127/100.000, com bases em estudos soro-epidemiológicos realizados em São Paulo e em Salvador respectivamente, em período anterior a campanha de vacinação em massa das mulheres no Brasil e aplicando-se a seguinte fórmula: incidência de SRC = (população total x taxa de natalidade) x no de novos casos anuais/100.000 nascimentos, 64 (GOLDEN et al, 2002) sendo a população total do Brasil e de Pernambuco no ano de 2000 de 169.799.170 de 7.918.344 habitantes respectivamente, e a taxa de natalidade de 20,04/1.000, estima-se a ocorrência no Brasil de 1.123 casos de SRC em 2002 e em Pernambuco de 52 casos empregando-se a menor incidência, e de 4.321 casos naquele ano no Brasil e 202 para Pernambuco empregando-se a maior taxa. 5.1 Classificação dos casos de SRC O diagnóstico de SRC foi confirmado por teste laboratorial realizado antes do primeiro ano de vida em 21 (25%) das crianças. Considerando que a maioria das crianças desta série eram maiores de dois anos (94%) e que a vacina da rubéola é administrada no Brasil com um ano de idade pelo calendário oficial do Ministério da Saúde, os resultados de um estudo sorológico tardio, além da idade factível para a confirmação através da detecção de IgM (abaixo de um ano de idade) (WHO, 1999), não seriam de valia para a confirmação de SRC na presente série . Assim, a maioria das crianças envolvidas neste estudo foi de casos compatíveis com SRC. Apesar dessas crianças terem sido tratadas em instituições de referência, a confirmação sorológica no primeiro ano de vida por vezes não foi possível talvez porque a SRC tenha sido suspeitada tardiamente ao longo da vida. LAWN et al (2000) também referem que a confirmação laboratorial da SRC é difícil em locais aonde a procura por assistência médica ocorre tardiamente. No Brasil, em 1999, foram notificados 107 casos suspeitos de SRC, desses, seis foram confirmados laboratorialmente, baseados na detecção de anticorpo específico para a rubéola do tipo IgM, cinco foram casos compatíveis pela clínica e dois infecção congênita pela rubéola (WHO, 2000). 65 Outras séries descritas também revelam um baixo número de casos confirmados de SRC, como a de BLITCHTEIN-WINICKI et al, 2002, em seis colégios para crianças surdas ou cegas, no Peru, no período de 1998 a 2000, que de 105 crianças com suspeita clínica de SRC encontraram apenas dois (1,9%) casos confirmados, 22 (21%) compatíveis. Da mesma forma, LAWN et al, 2000, relataram seis (33,3%) casos confirmados, seis compatíveis e seis suspeitos em recém nascidos, em Gana, na África no período de um ano. Do mesmo modo nas séries brasileiras, AVELINO (2004) foi a única na qual só foram incluidos os casos confirmados, em estudo que teve como objetivo determinar a incidência de SRC entre os produtos da concepção em uma maternidade de Goiás. Nas outras séries compostas por estudos retrospectivos, foram incluídos indistintamente casos confirmados, compatíveis e suspeitos (ZAMBONATO et al, 2002; CECATTO et al, 2003). Em 1999 especialistas em SRC do Centers for Diseases Control and Prevention em seminário sobre a eliminação da rubéola congênita nos Estados Unidos, sugeriram com o intuito de aumentar a confirmação de casos de SRC a realização de testes sorológicos em crianças com qualquer defeito congênito associado a SRC, como por exemplo: surdez, catarata, canal arterial patente (REEF et al, 2000). Esta orientação é adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil que recomenda a pesquisa de IgG e IgM para rubéola em todo recém-nascido com malformação congênita nas maternidades (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). Nas 63 crianças desse estudo consideradas casos compatíveis de SRC, verificaram-se que 32 (50,8%) eram portadoras de três ou mais manifestações clínicas de SRC. Esse achado pode representar um viés de seleção com a inclusão no estudo de casos mais graves com a intenção de evitar-se dúvidas diagnósticas, uma vez que o 66 valor preditivo positivo (PPV) de defeitos específicos para a detecção de casos de SRC é maior quando da presença de dois ou mais defeitos (63%) (REEF et al, 2000). No presente estudo não foi encontrada diferença significante no número de manifestações clínicas detectadas entre os casos confirmados e compatíveis de SRC. Resultados semelhantes foram descritos em um estudo sobre características audiológicas relacionadas ao período gestacional de aquisição da SRC (ZAMBONATO et al, 2002). REEF et al (2000), em estudo para verificar a proporção de defeitos únicos versus múltiplos em casos confirmados de SRC do Registro Nacional de SRC americano, encontraram que 13% das crianças apresentavam apenas um defeito, 24,0% dois e 63,0% tinham três ou mais defeitos. Esses autores sugerem que o achado pode refletir uma tendência do sistema de vigilância em relatar os casos mais graves de SRC. 5.3 Características biológicas das crianças Dentre as características biológicas, ressalta-se o fato de que a maioria das crianças com SRC desse estudo (47) nasceram entre 1998 e 2000, época em que houve um surto de rubéola no Brasil (LANZIERE et al, 2003). No total de casos estudados o gênero feminino foi o predominante 45 (53,6%), semelhante ao estudo de SALORZANO-SANTOS et al (2000), entretanto outros estudos encontraram maior freqüência do gênero masculino (GIVENS et al, 1993; ST JOHN & BENJAMIN, 2000) Em relação ao estado nutricional, foi observada uma prevalência maior de baixo peso ao nascer (<2500 gramas) (34/84, 40,5%), entre as crianças portadoras de SRC, quando comparadas com crianças de baixo peso nascidas no Brasil, no período estudado (7,7%) (BRASIL, MINISTÉIO DA SAÚDE, 2002). De maneira semelhante ZIMMERMAN & REEF (2001) em estudo realizado em hospital americano que atende 67 predominantemente latinos, encontraram uma média de peso ao nascimento em crianças casos confirmados e compatíveis de SRC inferior à média do grupo inteiro analisado. A proporção de baixo peso encontrada, pode traduzir retardo no crescimento intrauterino descrito em crianças com SRC e que pode ser explicada pela reduzida ou lentificada divisão celular das células infectadas ou por alteração na função placentária (WEBSTER,1998; SEVER et al, 1965). Esses dados são similares aos encontrados por outros autores (GIVENS et al, 1993; WEBSTER,1998; FIQUEROA-DAMIAN, 1999; REEF et al, 2000). Crianças com baixo peso ao nascer apresentam risco de mortalidade significantemente superior a crianças nascidas com peso ≥ 2500g e duração de gestação maior ou igual a 37 semanas, sendo o baixo peso ao nascer é um dos fatores mais importantes na determinação da mortalidade neonatal (KILSZTAJN et al, 2002). Desnutrição aguda ou emagrecimento é uma seqüela adicional das crianças portadoras de SRC, sendo significantemente mais freqüente do que as crianças avaliadas por RISSIN, em 1997, para o Brasil, em trabalho utilizando o banco de dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição, estudando 7.511 crianças menores de cinco anos. Naquele estudo foi observado que 3% das crianças investigadas apresentavam desnutrição moderada e grave. Esses dados ainda são superiores aos encontrados pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição para o estado de Pernambuco em 1998, que foi de 1,8% (INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO et al, 1998). Baixo peso, avaliado pelo índice peso/idade de grau moderado a grave foi encontrado em 19 (22,6%) crianças desta série e em apenas 102 (4,9%) das crianças como um todo no estado de Pernambuco (INSTITUTO NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO et al, 1998). A prevalência de baixo peso encontrada 68 neste estudo é significantemente superior à encontrada para Pernambuco. Encontrou-se nesta pesquisa um déficit de crescimento linear ou nanismo nutricional avaliado pelo índice altura/idade de grau moderado e grave em 8,3% das crianças, semelhante ao encontrado pela II Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição para o estado de Pernambuco que foi de 12,1%. Era de se esperar que a SRC estivesse associada a um déficit no crescimento linear superior ao encontrado na população infantil na mesma faixa etária, observação não confirmada na presente série. O fato de ter-se encontrado um percentual alto de baixo peso e desnutrição aguda, pode ser explicado por serem crianças vulneráveis à intercorrências clínicas devido a presença de cardiopatia e de outras anomalias e às múltiplas internações para correção de defeitos como cardiopatia ou catarata, porém na presente pesquisa nós não conseguimos demonstrar a relação entre estado nutricional e o número de manifestações clínicas apresentadas. . 5.2 Características sociais e educacionais das crianças Observou-se que a maioria das crianças com idade acima de seis anos atendiam regularmente a escola, porém 11 (52,4%) estavam em classes/escolas especiais. A necessidade de freqüentar escola especial na maioria das crianças dessa série, coincide com os achados de estudos realizados em escolas de ensino especial para surdos, como o de BRINKS et al (2001) onde a rubéola congênita foi a causa das lesões em 21,0% dos deficientes auditivos com patologias oculares, e o relatado por CECATTO et al (2003), em escola para surdos no Brasil, onde a rubéola congênita foi a causa identificável mais comum, encontrada em 23,6% das crianças No Peru, em seis escolas para surdos e/ou cegos entre 1998 e 2000, os casos prováveis e confirmados de SRC 69 representaram 6,6% de todas as crianças recebendo educação especial (BLITCHTEINWINICKI et al, 2003) Assistência econômica do governo, na forma de um salário mínimo mensal, foi encontrada em 30,0% das crianças, sendo esta, muitas vezes, utilizada no sustento da família (segundo relato das genitoras). Sabe-se que o custo da assistência por toda a vida de um caso de SRC em países de língua latina varia de 50.000 a 63.990 dólares (KAMMU & CHASE, 1998; KANDOLA, 1998; HINMAN et al, 2002). Apesar de na literatura pesquisada até a presente data, não se ter uma estimativa desses custos no Brasil, é provável que nessa série, o custo seja inferior aos valores já referidos, uma vez que muitas dessas crianças não dispunham de serviços como fonoterapia, fisioterapia ou até mesmo de classes especiais em suas cidades. Na verdade, no Brasil, ainda não se dispõe de dados de abrangência nacional sobre a problemática de saúde dos deficientes. Entre 1993 e 1996, foram realizados estudos de prevalência de incapacidades em nove cidades brasileiras não estando Recife entre elas. As taxas variaram entre 2,8 a 9,6%, com maior freqüência de doenças do sistema nervoso central e órgãos dos sentidos, seguindo-se transtornos mentais, doenças do sistema osteomuscular, do tecido conjuntivo e do aparelho circulatório. Demonstrouse ainda que a incapacidade está associada, em geral, a precárias condições de renda, de escolaridade, de moradia e acesso a serviço de saúde (ORGANIZACÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 1998). Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, as principais causas de deficiências são os transtornos congênitos e perinatais, decorrentes da falta de assistência ou assistência inadequada às mulheres na fase reprodutiva, doenças transmissíveis e crônicas não transmissíveis; perturbações psiquiátricas, abuso de álcool ou drogas entre outras (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003) 70 5.3 Características da gestação e assistência pré-natal Embora a média de consultas de pré-natal das mães das crianças estudadas esteja dentro do número mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde, e superior ao encontrado para o estado de Pernambuco para esta época, (BRASIL, MS, 2002), o fato de apenas um terço delas terem confirmação sorológica para a infecção rubeólica, e um terço ter sido alertada dos riscos de SRC, pode denotar, nas formas em que a infecção rubeólica não foi subclínica, a perda da oportunidade do diagnóstico durante a gestação. Por outro lado, por ser Recife uma região endêmica de dengue e a apresentação clínica das duas entidades serem parecidas, muitas vezes, nesta série a rubéola foi confundida com dengue segundo as genitoras. Deve-se lembrar que o diagnóstico diferencial de exantema maculopapular e febre, considerados sintomas inespecíficos e comuns à uma série de infecções virais, inclui dengue, parvovírus B19, herpesvírus 6, coxsackie, entero e adenoviroses além do estreptococos do grupo A e que a confirmação de infecção por rubéola não é possível sem teste laboratorial (WHO, 1999). A mortalidade neonatal, as prevalências de baixo peso ao nascer e de prematuridade têm sido relacionadas no Brasil à carência de procedimentos rotineiros e básicos na assistência à gestante. Nesta série foi observada uma taxa de prematuridade maior do que à encontrada no Brasil, que varia de cinco a 15,0% (SPALLICI, et al, 2000). KILSZTAJN, et al (2002), encontraram no estado de São Paulo, em 2000, 9,0% de baixo peso ao nascer e 7,0% de prematuridade, sendo essa freqüência significantemente inferior à encontrada no presente estudo. É possível que o insulto que representou a infecção pela rubéola intra-útero possa explicar este achado, já que entre 71 as intercorrências materno fetais estão significantemente relacionados a prematuridade (SPALLICI et al, 2000). SEVER, et al (1965), no relato da epidemia de rubéola nos Estados Unidos, em 1964, e seu efeito sobre 6.000 gestações, encontrou uma freqüência de prematuridade significantemente maior em crianças, cujas mães foram expostas a rubéola no 1º trimestre de gestação quando comparadas com controles. Na maioria das crianças dessa série (75,7%), a infecção materna referida ocorreu no primeiro trimestre da gestação, com apenas um caso de infecção no terceiro trimestre em concordância com os relatos de outras séries. Este caso em especial, com confirmação laboratorial, apresentava surdez associada a persistência do canal arterial e estenose de artéria pulmonar. A ocorrência de estenose periférica de artérias pulmonares como complicação da SRC é descrita em infecção materna com até 24 semanas e surdez em infecção com até 28 semanas de gestação (MILLER et al, 1982, SOUTH & SEVER,1985). Em relação ao tipo de parto, a freqüência observada de operação cesariana de 22,8 % neste estudo, é inferior aos 33,87% de Pernambuco, em 2000 (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Quanto a média da idade materna por ocasião do parto destas crianças, e o fato de a criança afetada ser o primeiro filho na maioria dos casos, foi semelhante a descrita numa revisão de crianças com SRC nascidas na Califórnia de 1990 a 1999 (REEF et al, 2000). O número médio de filhos foi de 2,2, ligeiramente inferior a taxa de fecundidade no Brasil que foi de 2,52 filhos por mulher, em 1995 (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). O conhecimento destas características maternas pode ajudar na implementação de intervenções para prevenir novos casos de SRC no Brasil. Por exemplo: a realização 72 de cursos de reciclagem para prifissional da área de saúde que presta assistência a gestante com ênfase na notificação dos casos suspeitos de rubéola para que sejam realizadas a investigação, confirmação sorológica e vacinação das pessoas que tiveram contato com casos de rubéola; reforço na política de vacinação rotineira pós-parto e das mulheres em idade fértil para que se atinja altas coberturas vacinais. Nos casos detectados de rubéola na gestação, a melhor condução dos mesmos com comprovação laboratorial na gestante e na criança após o nascimento, além da orientação adequada da mãe em relação ao risco de SRC, que é de 90,0% de malformações para infecção materna nas primeiras dez semanas, 33,0% entre 11 e 12 semanas, acima de 16 semanas zero a 8,0% (MILLER et al,1982; SOUTH & SEVER,1985). 5.4 Tempo decorrido para o diagnóstico Um achado de relevância no presente estudo foi que, apesar da elevada prevalência de anomalias, muitas delas detectáveis através do primeiro exame no berçário, como a catarata congênita, presente em 48,8% das crianças, ou a cardiopatia (54,8%), o tempo médio (oito meses) e mediana (três meses) decorridos até o reconhecimento clínico foram longos com prejuízo para o tratamento destas. Verificouse também que nas 22 crianças com anomalias identificadas ao nascimento, 95,4% (21) apresentava cardiopatia, 91,0% (20) surdez e 72,7% (16) catarata, com uma média de quatro complicações compatíveis com SRC por criança. Em estudo nacional de detecção de catarata congênita no Reino Unido, RAHI & DESATEUX, em 1999, encontraram uma idade média de dez semanas para a primeira avaliação por oftalmologista, contra os oito meses verificados neste estudo, para detecção da doença por médico, independente da especialidade. Porém, mesmo naquele 73 país, em 29,0% dos casos, a doença só foi detectada após o primeiro ano de vida, apesar da recomendação do governo para avaliação ocular em todas as crianças ao nascimento e com seis a oito semanas de vida. De maneira semelhante na Austrália, em dois centros de referência para catarata pediátrica, a mesma foi diagnosticada durante o primeiro ano de vida somente em 50% das crianças (WIRTH et al, 2002). O prognóstico visual das crianças portadoras de catarata está associado à precocidade do diagnóstico e terapia instituída. A perda da visão que pode ocorrer quando o tratamento é instituído tardiamente, é secundária à ambliopia causada pela falta de estímulo já que a presença de catarata impede a formação de imagens na retina e a sua transmissão para o córtex cerebral Nos casos com indicação cirúrgica, trabalhos experimentais e clínicos sugerem que a mesma deve ser realizada dentro dos três primeiros meses de vida (RAHI & DESATEUX, 1999), de preferência em torno das seis primeiras semanas de vida, o que contribui substancialmente para o melhor prognóstico visual (VENTURA, 2003). Este é o motivo da recomendação da realização de triagem visual de rotina no berçário, antes da alta hospitalar. Uma vez identificados, esses pacientes devem ser acompanhados e tratados por uma equipe multidisciplinar, visando a estimulação das funções visuais básicas, a prevenção e o tratamento das possíveis complicações oculares (VENTURA, 2003). O tempo médio para a suspeita clínica de surdez foi de 242 dias no presente estudo. Achado semelhante foi relatado por CECATTO, et al, (2003) avaliando a idade da suspeita de deficiência auditiva em crianças estudantes de escola especial para surdos no estado de São Paulo. Estes autores observaram dois picos de reconhecimento da doença: de oito a dez meses e de 12 a 24 meses, com a confirmação diagnóstica entre 12 a 30 meses. 74 Não é rotina nas maternidades públicas do estado de Pernambuco a realização de triagem auditiva neonatal, apesar da recomendação do Comitê Brasileiro sobre perdas na infância de que esta seja realizada ainda na maternidade (COMITÊ BRASILEIRO SOBRE PERDAS AUDITIVAS NA INFÂNCIA, 2002). Nos paises desenvolvidos a triagem auditiva universal em crianças tem sido defendida como medida custo-efetiva, porém estes métodos têm pouca aplicação em países em desenvolvimento, sendo o custo do equipamento um dos fatores limitantes (o equipamento para realização da Audiometria do Tronco Encefálico custa entre 11.000 a 23.000 dólares) (WHO, 2000). 5.5 Achados clínicos 5. 5. 1 Surdez Surdez neurosensorial foi a manifestação clínica mais comum nesta série, coincidindo com os resultados de artigos onde foram avaliadas as manifestações clínicas de SRC (WEBSTER, 1998, ROIZEN, 1999, REEF et al, 2000, CECATTO, 2003). Outro aspecto que merece destaque no presente estudo é a presença de retardo ou ausência de linguagem verbal em todos os pacientes com deficiência auditiva dessa série. Isto pode ser explicado pelo fato de que a audição normal é essencial para o desenvolvimento da linguagem oral, nos seis primeiros meses de vida. Segundo o Comitê Brasileiro sobre perdas auditivas (2002), é necessário identificar estas crianças antes de seis meses de idade e iniciar a intervenção o mais precoce possível, de preferência até o sexto mês de vida. Uma possível explicação para o retardo na aquisição e desenvolvimento da linguagem, nestes casos, reside na detecção tardia da surdez verificada nesta série, além do pequeno número de pacientes que fazia 75 uso de aparelho de ampliação sonora individual (AASI) por ocasião da avaliação. Em contraste com este achado, observa-se que em escola especial para surdos, em São Caetano do Sul, todas as crianças usavam prótese auditiva (CECATTO et al, 2003). A deficiência auditiva na infância constitui um grave problema que afeta a capacidade de aprendizado e comunicação, excluindo muitas vezes a criança do convívio social. Um número significante de perdas auditivas classificadas como desconhecidas, na verdade, são casos de origem genética ou de infecções subclínicas por vírus, como por exemplo a rubéola, sendo esta considerada a principal causa prénatal de perda auditiva no Brasil (CECATTO et al, 2003). A identificação da causa é importante para o planejamento da reabilitação, para a investigação clínica de anomalias associadas e para o prognóstico, uma vez que a surdez causada pela rubéola pode ser progressiva após o nascimento (WEBSTER, 1998; ROIZEN, 1999; REEF, 2000) A associação freqüente com outras anomalias, particularmente com cardiopatia, lesão ocular e retardo mental, encontrada nesta série e descrita em outras séries (GIVENS et al, 1993; GRANZOTTI et al, 1996; BRINKS et al, 2001) justifica a investigação de surdez em todas as crianças com suspeita clínica de SRC . 5.5.2 Anomalias oculares Entre as crianças com alterações oculares no presente estudo, a freqüência de catarata congênita (41/57 – 71,9%) é similar a de algumas séries relatadas por oftalmologistas e pediatras em crianças com SRC (O’ NEILL, 1998; SALORZANOSANTOS et al, 2001; BLITCHTEIN-WINICKI et al, 2002). Contudo, é significantemente superior a de outras séries, igualmente descritas por oftalmologistas 76 (35,1%) (GIVENS et al, 1993). Uma possível explicação para a diferença de prevalência de catarata quando se compara com a série descrita por GIVENS et al, reside no fato daquele estudo ser retrospectivo e compreender um período longo, entre 1950 e 1982, podendo esta doença ter sido sub-diagnosticada. A importância destes números deve-se ao fato de que a catarata é a principal causa de cegueira reversível no mundo. Na criança, 10,0% de toda cegueira é atribuída a catarata congênita, sabendo-se que uma proporção significante de crianças com catarata congênita mesmo operadas terão problemas na área escolar (VAVVAS et al, 2002; VENTURA, 2002). No Brasil, esta doença figura entre as causas mais freqüentes de deficiência visual na infância, variando entre 5,5 a 12,0% (VENTURA, 2002). Deve-se lembrar que dentre as causas previníveis de catarata congênita estão as doenças infecciosas pré-natais, dentre elas a rubéola. No Brasil, a rubéola e a toxoplasmose são a primeira e a segunda causa infecciosa mais freqüente de catarata congênita demonstrando falhas na saúde pública do país (VENTURA,2002). Então, quando pensase em prevenção da cegueira na criança deve-se ter em mente a erradicação da rubéola e a conseqüente SRC. O tratamento cirúrgico da catarata congênita não é igual ao obtido na cirurgia da catarata senil, implicando em maior dificuldade intra e pós-operatória, principalmente quando está associada à microftalmia. Entre os fatores que afetam o resultado visual estão a idade em que é realizada a cirurgia, as complicações no pós-operatório, nistagmo e anomalias oculares e/ou sistêmicas (VENTURA, 2002). A idade média em que foi realizada a cirurgia, na presente série, foi de 17,4 meses, muito acima do recomendado atualmente, o que explica a relação significante entre catarata e baixa visão nesta série (de 22 pacientes com baixa visão 20 eram portadores de catarata). 77 O freqüente acometimento bilateral da catarata (73,0%), encontrado no presente estudo, é semelhante ao de outras séries (WOLFF, 1973; GIVENS et al, 1993, O’NEILL, 1998). A catarata esteve significantemente associada a microftalmia, a estrabismo e a cardiopatia. A retinopatia pigmentar tem sido descrita, por alguns autores, como o defeito ocular mais comum em crianças portadoras de SRC (WOLFF, 1973; GIVENS et al, 1993; O”NEILL, 1998), contudo, esse achado não se verificou no presente estudo, onde esta condição situou-se como a segunda patologia ocular em ordem de freqüência. Como o reconhecimento da doença é maior quando se está atendo a ela e a avaliação do fundo de olho é prejudicada na presença de catarata, é provável, que nesta série a presença de retinopatia pigmentar esteja subestimada. As freqüências de microftalmia, estrabismo e glaucoma, na presente série, foram similares às descritas em outra série de SRC onde foram analisadas as alterações oculares (GIVENS et al, 1993). Estes autores sugerem que o olho com mais células atacadas pela rubéola, pode apresentar múltiplos defeitos simultâneos (GIVENS et al,1993). Assim, quando se procurou avaliar a associação entre a presença de lesão ocular com surdez, com cardiopatia e com retardo mental, se observou associação significante, nesta série de pacientes. 78 5.5.3 Anomalias cardíacas No presente estudo, observou-se uma freqüência de anomalias cardíacas similar às encontradas por outros autores (GIVENS et al, 1993; GRANZOTTI et al, 1996; REEF et al, 2000; SALORZANO – SANTOS et al, 2001). Face ao fato da grande maioria das crianças portadoras de SRC apresentar cardiopatia do tipo acianótica, com pouca repercussão clínica inicial, faz com que não apenas as mães não procurem o médico, assim como não sejam encaminhadas pelo pediatra. O reconhecimento clínico geralmente é feito na avaliação pré-operatória para correção de outras anomalias, como por exemplo para operação de catarata. O exame físico, por sua vez, pode sugerir certas doenças como estenose pulmonar, pela presença de sopro sistólico em foco pulmonar ou de estenose pulmonar periférica, quando da ausculta de sopro contínuo difuso, principalmente no dorso. Porém, o exame não detecta cardiopatias que causam pouca ou nenhuma repercussão, como o canal arterial silencioso e o forame oval pérvio. Assim o ecocardiograma com mapeamento de fluxo à cores deve ser realizado em todos os pacientes com suspeita de SRC. A avaliação cardiológica realizada através do eletrocardiograma se mostra pouco sensível para detectar as anomalias cardíacas deste grupo de pacientes, haja vista a elevada freqüência de crianças com eletrocardiograma normal e com cardiopatia congênita. PCA foi a lesão cardíaca mais comumente encontrada, acometendo a metade das crianças neste estudo, muito acima da incidência na população geral que é de cinco a 10,0%. Sendo a principal causa de indicação cirúrgica dentre as cardiopatias e responsável por 24 das 25 operações cardíacas realizadas. Das 24 cirurgias para 79 correção de PCA, em cinco a cirurgia foi realizada durante o período do presente estudo. A estenose pulmonar valvar ou de artérias pulmonares foi o segundo defeito mais comum, acometendo 18 (22,2%) das crianças avaliadas pelo ecocardiograma, com localização e gravidade variada. Chama a atenção a associação de defeitos cardíacos, presente na maioria das crianças avaliadas, principalmente entre a persistência do canal arterial e estenose de artérias pulmonares em 88,9% dos casos, fato observado por outros autores (ATIK et al, 1996). As outras doenças encontradas em menor freqüência neste estudo, como CIA tipo forame oval pérvio, CIV, estenose subaórtica em membrana associada a estenose de artérias pulmonares e estenose aórtica, são malformações cardíacas menos freqüentes na SRC (ATIK et al, 1996). No Brasil, em uma série de 20 crianças com SRC, encontrouse cardiopatia em nove (45,0%), sendo PCA em três, CIV em duas e CIA, Estenose pulmonar supravalvar e anomalia de Ebstein um de cada (GRANZOTTI et al, 1996). O fechamento espontâneo da comunicação interventricular muscular observado em cinco dos seis casos de CIV é semelhante a taxa de fechamento espontâneo de CIV em outras séries (KIRKLIN, 1993). Uma limitação deste estudo é a não avaliação das lesões distais da árvore arterial pulmonar, já que o ecocardiograma avalia a porção proximal das artérias pulmonares, porém as lesões intraparenquimatosas só podem ser analisadas por estudo hemodinâmico e/ou angioressonância. Estas lesões são difíceis de tratar devido ao difícil acesso e apresentam possibilidades terapêuticas limitadas (GRANZOTTI et al, 1996). A associação freqüente com afecções oculares, auditivas e retardo no desenvolvimento reforça a necessidade de uma visão holística da criança com SRC, e 80 não a avaliação por partes como coração, olhos e cérebro. A explicação para a associação de lesão ocular e cardiopatia relaciona-se com o período da embriogênese em que ocorreu o insulto (GRANZOTTI et al, 1996). 81 5.5.4 Anomalias neuropsicomotoras A presença de anomalias neuropsicomotoras em 51(60,7%) das crianças desta série em semelhança com as descritas por outros autores é elevada (GIVENS et al, 1993; BLITCHTEIN-WINICKI et al, 2002, SALORZANO-SANTOS et al, 2001). Encontrou-se um espectro variado desta doença, desde formas sutis de apresentação como a hiperatividade ou dificuldade no aprendizado, passando por estereotipias, epilepsia, chegando a formas graves de retardo mental, com autoagressão e até mesmo autismo. Os portadores destas anomalias requerem cuidado e atenção constante para toda a vida, em geral, apresentando associação com outros defeitos, como lesões oculares, surdez e cardiopatia. Ainda que a maioria de casos de retardo mental seja de origem desconhecida, nos últimos anos foram postos em prática estratégias importantes para a prevenção de retardo mental, como por exemplo, a instituição da vacinação para hemófilos influenza tipo B, para sarampo e para rubéola. A atenção e o cuidado durante o período pré-natal tem ajudado também na redução de defeitos do tubo neural (CALDERÓN-GONZALES & CALDERON-SEPÚLVEDA, 2003). O encontro de retardo mental em 40,5 % das crianças desta série é de extrema relevância quando se sabe que a expectativa de vida em casos de retardo mental profundo é menor que a população geral (CALDERÓNGONZALES & CALDERON-SEPÚLVEDA, 2003). A proporção de casos de retardo mental e síndrome convulsiva desta série é semelhante a encontrada por outros estudos (GIVENS et al, 1993). Já a freqüência de microcefalia e retardo motor é diferente quando comparada com esta mesma série. A explicação para este achado pode residir no fato daquele estudo ser retrospectivo com 20 anos de seguimento e esta série ser um estudo pontual sem seguimento tardio em 82 crianças com idade média de 51 meses. Ora, na maioria das vezes, as alterações neurológicas encontradas na SRC não são perceptíveis ao nascimento ou durante os primeiros anos de vida, com os sinais da doença aparecendo de forma tardia, entre eles retardo escolar, síndrome hipercinética, déficit de atenção, alterações na coordenação motora e autismo (PÉREZ et al, 1996; VANDER STRATEN & TYRING, 2002) O autismo é uma desordem complexa do desenvolvimento que é definida por meio de alterações comportamentais. Os comportamentos que caracterizam a desordem incluem: déficit qualitativo na interação social, na comunicação e padrões de comportamento repetitivos e estereotipados (HALSEY & HYMAN, 2001). Autismo cada vez mais tem sido relacionado à deficiência mental, uma vez que 70,0 a 80,0% dos autistas o são (ASSUMPÇÃO JUNIOR & KUCZYNSKI, 2002). Não é de se admirar o encontro de dois casos de autismo nesta série, numa prevalência superior (23,8 por 10.000) a relatada em uma revisão de 23 estudos epidemiológicos de autismo realizados entre 1989 e 1998 , que é de 7,2 por 10.000 (HALSEY & HYNAM, 2001). Quem primeiro descreveu autismo relacionado com rubéola congênita foi Van Kreuland, em 1964 (PEREZ et al, 1996). Desde então, diversos autores têm confirmado esta relação, sendo descrita em muitos casos associação com deficiência visual ou auditiva (HALSEY & HYNAM, 2001). Nesta série, as duas crianças autistas, com 2 anos e meio e 11 anos de idade, são portadoras de deficiência visual e auditiva. Os movimentos repetitivos e estereotipados em que a criança se auto-estimula para visibilização de clarões luminosos, são comportamentos vistos em crianças com deficiência visual, muitas vezes causando lesão de córnea e reabsorção da gordura orbitária periocular. Este comportamento foi observado em 13% das crianças desta série. 83 5.5.5 Manifestações transitórias A prevalência de icterícia e hepatoesplenomegalia varia amplamente nos diversos estudos na dependência da idade das crianças analisadas, já que são manifestações transitórias, presentes ao nascimento e que desaparecem depois de algumas semanas de vida. Assim REEF et al (2002) em 11 estudos prospectivos com confirmação sorológica de SRC encontraram 19,0% de hepatoesplenomegalia e SALORZANO-SANTOS et al (2001) em 42 crianças menores de 18 meses encontrou hepatomegalia em 52% e icterícia em 43,0%. Neste estudo encontrou-se hepatoesplenomegalia em 2,3% e icterícia em 9,5% das crianças. Esta baixa prevalência, quando comparada aos outros estudos já citados, pode ser explicada pela idade das crianças dessa série onde a criança mais nova tinha quatro meses de idade. Como icterícia e hepatomegalia são manifestações transitórias da SRC, não estavam presentes por ocasião da avaliação, possivelmente foram subregistradas. Também, apesar da informação da presença ou não destas anomalias ter sido confirmada em prontuário médico sempre que possível, em algumas ocasiões, este dado foi obtido junto a genitora, sendo passível da ocorrência de um viés de recordação. 5.5.6 Malformações associadas Outras anomalias como hérnia umbilical ou inguinal e distopia testicular descritas como raras em crianças com SRC (SALORZANO-SANTOS et al, 2001), foram encontradas nesta série. 84 5.5.7 Limitações do estudo Deve-se ressaltar que os resultados do presente estudo, por tratar-se de uma série de casos, não são extrapoláveis para a população geral, uma vez que não se trata de um ensaio probabilístico, o tamanho da amostra é pequeno e a seleção dos sujeitos pode ter afetado os resultados. Vejamos, por exemplo, o número de surdos ou de crianças com catarata. É possível que a prevalência destas variáveis tenha sido superestimada, pelo fato do estudo ter sido realizado em instituições de referência para estas doenças (viés de seleção). As crianças que fizeram parte deste estudo foram as sobreviventes com SRC, não tendo sido incluídas os abortos, óbitos fetais, natimortos e mortes prematuras. Avelino et al ( ) avaliando incidência de rubéola congênita em maternidade de Goiana no período de 1983 a 1988, encontrou 64 casos de SRC, equivalendo a 12,4% do total de casos analisados, com mortalidade fetal de 17,2% e neonatal de 7,8% sendo a rubéola responsável pela morte de 25% das crianças infectadas. Não obstante, a definição de caso utilizado estar baseada nos critérios para definição de SRC, segundo o CDC e adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil, no presente estudo não foram considerados os casos suspeitos com a finalidade de aumentar a especificidade da pesquisa. Outra limitação é a dificuldade de se recuperar uma informação que possa ser essencial na avaliação destas crianças como por exemplo, a presença de icterícia ao nascimento, ou o exantema sugestivo de rubéola na gestação (viés de recordação). Pode ter havido também viés de recordação no que se refere às variáveis peso ao nascimento, história materna sugestiva de rubéola, idade da infecção materna, idade do reconhecimento da doença entre outras. Entretanto uma importante parte da literatura médica sobre SRC, consiste em relatos de casos ou séries de casos, dentre eles a série 85 pioneira de GREEG em 1941, seguida por muitos outras como as de WOLLF, 1972; GIVENS et al, 1993; LAWN et al, 2000; BLITCHTEIN-WINICKI et al, 2002; LANZIERE et al, 2003, revelando claramente que a rubéola e a SRC permanecem como grande problema de saúde pública cujo impacto social e econômico justificam a adoção de medidas de controle e prevenção. Apesar das limitações de uma série de casos, de acordo com a revisão bibliográfica efetuada, destacamos que o presente estudo representa uma das maiores séries de casos de SRC já descrita no Brasil, demonstrando a subnotificação de casos no estado de Pernambuco e o retardo no diagnóstico e tratamento com prejuízo na reabilitação destas crianças, e revelando a inadequada assistência prestada a pacientes portadores de múltiplas deficiências, com os poucos serviços especializados públicos sobrecarregados. Na verdade, os 84 casos dessa série representam “a ponta do iceberg” de um grupo maior de crianças que não são reconhecidas por: (1) apresentarem manifestações clínicas menos graves; (2) condições estruturais tais como: baixo nível sócio econômico, desinformação, dificuldade de acesso a serviço especializado. Essas crianças reafirmam a condição da rubéola como problema de saúde pública nesse país num período anterior a campanha de vacinação em massa das mulheres em idade fértil. Todavia, espera-se que com a política de controle acelerado da rubéola e a prevenção da SRC adotada no Brasil consigamos cumprir a resolução da Organização Panamericana de Saúde que é a eliminação da rubéola e da SRC até o ano de 2010 86 6. COMENTÁRIOS Em relação ao perfil clínico das crianças portadoras de síndrome da rubéola congênita em crianças usuários do Sistema Único de Saúde de Pernambuco em 2002 e 2003, podem-se tecer os seguintes comentários: O presente estudo reafirma a condição de problema de saúde pública da rubéola no Brasil revelando um número de casos superior aos notificados pela secretaria estadual de de saúde de Pernambuco. A confirmação laboratorial dos casos é baixa, sendo a maioria de casos composta por casos compatíveis de SRC, entretanto não se verificou diferença significante entre as manifestações clínicas dos casos confirmados e compatíveis. Das características sociais ressalta-se que a maioria das crianças em idade escolar freqüenta escola especial e que o auxilio monetário do governo alcança apenas um terço das crianças. O tempo médio de reconhecimento da doença foi longo com prejuízo para o tratamento das crianças, tendo sido encontrado retardo ou ausência de linguagem verbal em todas as crianças surdas com apenas 18% fazendo uso de aparelho de amplificação sonoro. Destaca a multiplicidade e a gravidade dos defeitos encontrados na SRC de forma semelhante aos descritos em outras séries, ocorrendo a infecção rubeólica materna na maioria dos casos no primeiro trimestre da gestação. Dentre as manifestações clínicas destaca-se o achado de baixo peso em 40,5% dos casos; surdez como lesão mais freqüente (87,0%); seguida de lesão ocular (68,0%); manifestações neurológicas (60,7%) e de cardiopatia (55,0%). 87 7. RECOMENDAÇÕES Que toda suspeita de rubéola durante a gestação seja notificada para que possa ser confirmada e a gestante corretamente orientada e acompanhada. Que todos os casos suspeitos de SRC sejam notificados, investigados e se confirmados corretamente tratados. A SRC deve ser investigada em crianças com anomalias congênitas oculares, cardíacas, neurológicas e deficiência auditiva. Que os órgãos competentes e os profissionais envolvidos com a SRC garantam todas as etapas da reabilitação desses pacientes inclusive a assistência econômica na forma de auxílio doença. 88 ANEXO I SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA FORMULÁRIO No. NOME:________________________________________________________________ ENDEREÇO:___________________________________________________________ - CEP- NOME DA MÃE :_______________________________________________________ CEL: TELEFONE : CASO CONFIRMADO: S N CASO CONFIRMADO POR; IgM POSITIVO : S N IgG PERSISTENTE ALTO : S N ISOLAMENTO DO VÍRUS : S N CASO COMPATÍVEL COM DIAG DE RUBÉOLA POR APRESENTAR: DUAS COMPLICAÇÕES DO GI OU UMA DO GI E UMA DO GII GRUPO I CATARATA GRUPO II OU GLAUCOMA SURDEZ CARD. CONG. ICTERÍCIA RETINOPATIA PIGMENTAR HEPATOESPLENOMEGAL MICROCEFALIA S=SIM RETARDO MENTAL N=NÃO MENINGOENCEFALITE PURPURA TROMBOCITOPÊNICA 89 IDADE EM MESES: PESO AO NASCIMENTO EM G SEXO : 1=M 2=F PESO ATUAL EM G: ALTURA EM CM: MORADIA: 1= – URBANO 2= - RURAL ESCOLARIDADE MATERNA: EM ANOS ESCOLARIDADE DA CRIANÇA EM ANOS: ESCOLA ESPECIAL: S N IDADE MATERNA NA GESTAÇÃO: EM ANOS QUANTO FOI A RENDA FAMILIAR EM REAIS NO MÊS PASSADO? NÚMERO DE PESSOAS QUE MORAM NA CASA RENDA PER CAPITA EM REAIS . Nº DE FILHOS: A CRIANÇA ACOMETIDA COM SRC É O 1º FILHO? S TIPO DE PARTO N 1=NORMAL, 2=CESÁRIA IDADE GESTACIONAL: FEZ PRÉ-NATAL? S 1= PRE-TERMO , 2=TERMO N Nº DE CONSULTAS PRÉ NATAL: RUBÉOLA NA GESTAÇÃO: S EM QUE TRIMESTRE: N 1 - 2 - 3 FOI INFORMADA DOS RISCOS: S N TEM EXAME DE SANGUE POSITIVO PARA RUBÉOLA( SOROLOGIA: S N IDADE EM QUE FOI FEITO O DIAGNÓSTICO EM MESES: 90 SOROLOGIA POSITIVA DA CRIANÇA S ECG: NORMAL: S RS S N N SE NÃO DISCRIMINAR ARRITMIA SINUSAL S N ARRITMIA VENTRICULAR: S SVE ; S N N ECO : NORMAL :S ; SVD; S N N N CARDIOPATIA :S N REPERCUSSÃO ;S N TIPO DE CARDIOPATIA CIA ; TIPO FO EPV: S N OS S N TAMANHO EM MM GRADIENTE SISTÓLICO MÁX. EM mmHg PCA; S N TAMANHO EM MM EAO :S N GRADIENTE SIST MÁX EM MMHG OUTRAS; S N . DISCRIMINAR N CIRURGIA CARDÍACA: S EM QUE IDADE: SURDEZ; S N COMPROVADA POR : CAMPO LIVRE S AUDIOMETRIA TONAL S ABR S N N N EMISSÕES S N CLASSIFICAÇÕES 1= 2= 3= 4= N – NORMAL L – LEVE G – GRAVE M – MODERADA 91 USA APARELHO AUDITIVO: S LESÃO OFTÁLMICA: S CATARATA: S N N N N GLAUCOMA: S RETINOPATIA PIGMENTAR: S MICROFTALMIA: S N N N VISÃO SUBNORMAL: S CIRURGIA DE CATARATA: S N EM QUE IDADE: SENTOU COM QUE IDADE: EM MESES ANDA: S N ANDOU COM QUE IDADE: FALA S N FALOU COM QUE IDADE: RETARDO NA FALA: S N COMPORTAMENTO NORMAL: S N N COMPORTAMENTO AGRESSIVO: S SE TEM MAIS DE CINCO ANOS, VESTE-SE SOZINHO: S SE ALIMENTA SOZINHO: S N RECEBE BENEFÍCIO DO INSS: S N AVALIAÇÃO DO NEUROLOGISTA : S N ELE ACHOU SUA CRIANÇA NORMAL? S N OBSERVA COMPORTAMENTO DE AUTOFLAGELAÇÃO? : S OBSERVA MOVIMENTOS REPETITIVOS? : S AUTISMO : S N N N N 92 ANEXO II FICHA DE ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO (ADAPTADA DA ESCALA DE DESENVOLVIMENTO DE BRUNET E DE ARNOLD GESSELL) 1 Mês 2 Meses 4 Meses 6 Meses 9 Meses 12 Meses 18 Meses 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos MARCOS DE DESENVOLVIMENTO (RESPOSTA ESPERADA) • Abre e fecha os braços em resposta a estimulação (Reflexo de Moro). • Postura: barriga para cima, pernas e braços fletidos. • Olha para a pessoa que observa. • Colocada de bruços, levanta a cabeça momentaneamente. • Sorri espontaneamente. • Fixa e acompanha objetos em seu campo visual. • Colocada de bruços, levanta e sustenta a cabeça, apoiando-se no antebraço. • Alcança e pega objetos pequenos. • Emite sons, vocaliza. • Levantada pelos braços, ajuda com o corpo. • Segura e transfere objetos de uma mão para outra. • Vira a cabeça na direção de uma voz ou objeto sonoro. • Senta-se em apoio. • Arrasta-se ou engatinha. • Responde diferentemente a pessoas familiares e estranhas. • Anda com apoio. • Faz gestos com a mão e cabeça (de tchau, de não, bate palmas, etc...). • Emprega pelo menos uma palavra com sentido. • Anda sozinha, raramente cai. • Combina pelo menos duas palavras. • Tira meias e sapatos. • Corre e/ou sobe degraus baixos. • Em companhia de outras crianças, brinca isoladamente. • Diz seu próprio nome. • Fica sobre um pé momentaneamente. • Usa frases. • Veste-se com auxílio. • Pula sobre um pé só. • Brinca com outras crianças. • Reconhece mais de duas cores. • Pula alternadamente com um e outro pé. • Veste-se sozinha. • Pede ajuda quando necessário. • Sabe fazer duas colunas iguais com fichas. • Reconhece sua mão direita e esquerda. • Conta até dez. • Distingue manhã e noite. 93 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos • Gosta de fazer pequenas coleções. • Aumenta seu interesse por dinheiro. • Conhece o nome das diferentes moedas. • Aumenta seu interesse por pessoas e lugares distantes. • Gosta de obter, possuir e trocar objetos. • Quer ter um lugar para guardar suas coisas. • Sabe quanto dinheiro tem. • Planeja o que vai comprar. • Interessa-se por aparelhos mecânicos, elétricos, animais. • Adora fazer coisas. • Gosta de música, cinema, TV, livros e estórias em quadrinhos e videogames dominam seus interesses. • Gosta de patinar, pintar, jogar. • Tem desejos materiais. • Programa o que quer fazer nas férias. • Começa a pensar no futuro profissional. 94 ANEXO III 95 ANEXO IV TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PERFIL DAS CRIANÇAS PORTADORAS DA SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA EM USUÁRIOS DO SISTEMA ÚNICO DE SAUDE EM 2002/2003 Estas informações estão sendo fornecidas para solicitar a participação voluntária do seu (sua) filho neste estudo, que procura entender como evolui as crianças que nascem com malformações secundárias a infecção materna por rubéola durante a gravidez. As crianças serão avaliadas por uma equipe profissional formada por oftalmologistas, cardiologista e fonoaudiologa, sendo realizados alguns exames complementares de diagnóstico. Em nenhum momento a criança ou os pais ou responsáveis legais serão publicamente identificados.Não haverá despesa pessoal para o participante em qualquer fase do estudo, assim como não haverá compensação financeira relacionada a sua participação. Seu desejo em participar pode ser retirado a qualquer momento do estudo sem eventuais perdas para a criança.Se eventuais dúvidas surgirem favor entrar em contato comigo via telefônica. Cons: 34214344 r 1202 ou pelo Correio: Av. Boa Viagem 4138/201. Boa Viagem. Recife. Pernambuco. CEP 51020-001 Atenciosamente, Dra. LÚCIA M. VIEIRA DE OLIVEIRA SALERNO CRM 13503 Instituto Materno Infantil de Pernambuco 96 DECLARAÇÃO Declaramos para os devidos fins que a Dra. Lúcia Maria Vieira de Oliveira Salerno está autorizada a realizar a pesquisa “Perfil das Crianças Portadoras da Síndrome da Rubéola Congênita atendidas na Fundação Altino Ventura no ano de 2002 e 2003 ”, utilizando as instalações e todos os recursos necessários para o desenvolvimento deste trabalho. Recife, 14 de agosto de 2002. Dra. Liana O. Ventura Coordenadora do Curso de Residência Médica e Especialização em Oftalmologia da Fundação Altino Ventura Rua da Soledade, 170 – Boa Vista – Recife / PE – CEP.: 50070-040 – Fone : (0**81) 421.4338 (Busca Automática) – CNPJ: 10.667.814/0001-38 97 DECLARAÇÃO Declaramos para os devidos fins que a Dra. Lúcia Maria Vieira de Oliveira Salerno está autorizada a realizar a pesquisa “Perfil das Crianças Portadoras da Síndrome da Rubéola Congênita atendidas na Fundação Altino Ventura no ano de 2002”, utilizando as instalações e todos os recursos necessários para o desenvolvimento deste trabalho, no Instituto Materno Infantil de Pernambuco. Recife, 14 de agosto de 2002. Dr. Ruben Maggi Diretor Clínico do IMIP 98 DECLARAÇÃO Eu, Lúcia Maria Vieira de Oliveira Salerno e os responsáveis pela Fundação Altino Ventura e Instituto Materno Infantil de Pernambuco, durante a realização da pesquisa “Perfil das Crianças Portadoras da Síndrome da Rubéola Congênita atendidas na Fundação Altino Ventura no ano de 2002”, nos comprometemos a cumprir os termos da Resolução 196 (10/10/1997), do Conselho Nacional de Saúde (Inf. Epidem. Do SUS – Brasil, Ano V, Nº 2, 1996). Recife, 14 de agosto de 2002. _________________________ Dra. Lúcia M. V. O. Salerno Pesquisadora Responsável ________________________ Dr. Ruben Maggi Diretor Clínico do IMIP ________________________ Dra. Liana O. Ventura Coordenadora do Curso de Residência Médica e Especialização em Oftalmologia da Fundação Altino Ventura 99 8. REFERÊNCIAS* 1. AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Rubella. In: AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. 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