artigo – sonia – teoria e desenvolvimento da aprendizagem

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TEORIA DA APRENDIZAGEM – UM BREVE PANORAMA : As mediações com
professores de Venda Nova do Imigrante
Sonia Maria de Oliveira Ferreira
Este artigo tem como objetivo apresentar as principais correntes teóricas que
abarcam o desenvolvimento humano, focando na teoria da aprendizagem, na
Educação Infantil e Séries Iniciais.
Para podermos ter um panorama das teorias, focamos inicialmente no
Behaviorismo, que provém da palavra behavoir, que tem como significado
“comportamento”. São os estudos do comportamento humano, realizados por
vários teóricos, tendo John Watson e Bhurrus
Frederick Skinner como os
principais.
Segundo Ferrari (Nova Escola online), Skinner foi considerado o “cientista do
comportamento e do aprendizado”, reitera que “para o behaviorista norteamericano, a educação deve ser planejada passo a passo, de modo a obter os
resultados desejados na modelagem do aluno”.(griffo nosso).
Essa teoria traz como premissa o comportamento que é entendido como “um
conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos”.
O homem
molda-se a partir do ambiente em que vive.
O desenvolvimento da sua teoria traz como conceito-chave o “condicionamento
operante” que baseado em suas palavras “o ambiente é modificado e produz
conseqüências que agem de novo sobre ele, alterando a probabilidade de
ocorrência futura semelhante.” (Ferrari, p. 2).
Como citado anteriormente, a modelagem é a reforço, que se baseia no
conceito-chave de Skinner, que é entendido como “um mecanismo de
aprendizagem de um novo comportamento”(Ferrari, p.2).
O estímulo ou
reforço pode ser positivo ou negativo:
O positivo se dá depois de um ato realizado, em a recompensa, como o
esforço que o ratinho faz dentro de uma caixa, andando dentro de uma roda,
que à medida que anda, uma alavanca lança alimento, que é a recompensa do
esforço realizado.
O negativo, é a ação que evita que algo indesejado aconteça, como por
exemplo, uma mãe que deseja que o filho pequeno não chegue perto de um
fogão, enquanto o forno está quente, coloca a mão da criança rapidamente na
porta do forno, para que sinta o calor, e uma leve “dorzinha”, assim todas as
vezes que se aproximar do fogão, lembrará da dor e não chegará muito perto,
nem ao menos colocará a mão.
Defende que “todo o comportamento é determinado pelo ambiente, embora a
relação do indivíduo com o meio seja de interação, e não passiva.”(Ferrari, p.
3).
A
terapia
behaviorista,
por
exemplo,
usava
costumeiramente
alguns
instrumentos para condicionar comportamentos humanos, como choques
elétricos e substâncias químicas. Um exemplo é o filme “Laranja Mecânica”,
que traz cenas chocantes de um jovem rapaz lider de uma gangue (imagens 1
e 2) que rouba, estupra e mata as vítimas. A polícia o amarra sobre uma
cadeira, e nela recebe estímulos elétricos, num determinado momento, tem
seus olhos abertos por um aparelho, que não consegue fechá-los de jeito
algum, dentre outras atitudes. Isso nos leva ao entendimento que esses
estímulos elétricos sobre o rapaz, segundo o behaviorismo, mudaria o
comportamento dele após essa “tortura” (imagens 3 e 4). Aceita participar de
experimentos que tem como objetivo desenfrear os impulsos de destruição do
ser humano, que era o seu caso, assumindo assim uma redução na pena, e
deixando-o impotente diante às experiências e violência que essas o acomete.
O filme foi adaptado de um livro homônimo, em 1972, dirigido por Stanley
Kubrick, distribuído pela Warner Bros.
Imagem 1 – Laranja Mecânica – O líder da gangue1
Imagem 2 – Laranja Mecânica – o líder da gangue2
Imagem 3 – Laranja Mecânica –
o líder impotente diante aos experimentos3
1
Disponível em http://www.cranik.com/laranjamecanica.html
http://metamorfosegeral.blogspot.com.br/2012/02/filme-laranja-mecanica-dublado-rmvb_20.html
3
http://psi-pensamentos.blogspot.com.br/2011/04/relatorio-filme-laranja-mecanica.html
2
Imagem 4 – experiências – olhos abertos, por mais de 24 horas.
A punição.4
Apesar de toda a experiência ter causado no sujeito uma mudança
momentânea, os estímulos utilizados foram relacionados ao seu cotidiano.
Assim, pensava-se que voltaria a sociedade mudado ou moldado. Porém, por
ter causado sofrimento em várias pessoas, passa a ser tratado de forma rude
por algumas de suas vítimas, e esse relação com o novo ambiente que o
recebe inospitamente, faz retornar todos os seus instintos iniciais.
Sendo assim, mesmo que Skinner considerasse que fosse de suma
importância respeitar as diferenças individuais de cada aluno, orientados por
um mesmo professor, Ferrari (Nova Escola)discorre que os estudos
behavioristas baseiam-se na previsão das
“reações
aos
estímulos
e
reforços”. E ainda que “seus objetivos educacionais buscam resultados
definidos antecipadamente, para que seja possível, diante de uma criança ou
adolescente, projetar a modelagem de um adulto”. Seria realmente importante
no processo educacional modelar os alunos para que sejam adultos melhores,
ou capazes de compreender o mundo que o cerca? Creio que na atualidade,
os estudos apontam que cada ser humano tem suas subjetividades, e cada um
a seu modo tem um processo de desenvolvimento diferenciado, que ao ser
mediado seja pelo ambiente ou por objetos, relaciona-se com o mundo ao seu
modo e através das interações.
4
http://blogdacinefilia.blogspot.com.br/2012/01/critica-laranja-mecanica.html
Skinner
baseou
seus
estudos
no
comportamento
respondente
ou
comportamento reflexo, que segundo Bock, Furtado e Teixeira (2009), “é o que
chamamos de não voluntário”(griffo dos autores) assim como, “inclui as
respostas que são eliciadas (ou produzidas) por estímulos antecedentes do
ambiente. Como citado sobre o filme Laranja Mecânica, onde o olho do jovem
fica preso a uma máquina, e com o reflexo da luz as pupilas contraíam-se, ou o
suor que escorre no rosto quando o sujeito se encontra dentro de um ambiente
quente e fechado ou até mesmo a brisa gelada batendo sobre o corpo,
provando arrepios no corpo, são esses reflexos que agem sobre o humano,
que levaram Skinner a pesquisar mais, e começar o estudo do comportamento
operante.
Assim sendo, Demonstrou que
poderia modelar o comportamento animal
através desses estímulos.
Outros estímulos foram estudados por ele como o da Punição, exemplificando
numa sala de aula, quando um aluno é repreendido e encaminhado para a
coordenação, para que fique de castigo. Lopes descreve que “[...]a punição é o
uso
intencional
de
estímulos
aversivos,
visando
inibir
determinados
comportamentos. Mas ela tem um preço alto, pois compromete a relação entre
punidor e punido, por isso deve ser evitada como método educativo”.
Outra corrente teórica do desenvolvimento da aprendizagem traz como teórico
David Ausubel que tem como conceitos básicos a cognição e a
aprendizagem.
Para explicar o termo Cognição, Bock, Furtado e Teixeira esclarecem a partir
dos estudos de Ausubel, que diz que este conceito é o “processo através do
qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no
mundo, estabelece relações de significação[...] atribuindo significados à
realidade em que se encontra” (2009, p. 134). Na minha pesquisa de mestrado,
para que as crianças pudessem compreender e conhecer a cidade em que
vivem, as levei para um passeio/visita pela cidade para que trouxessem
elementos da história imaginária de palácio (dos contos de fadas), e as
imagens da cidade, incluindo nessas o palácio Anchieta, para que pudessem
interpretar a contextualização histórica, armazenassem as informações que as
imagens as proporcionaram, e depois essas fossem utilizadas num outro
momento de discussão como devolutiva. Esse processo pode ser entendido
com cognição. Que segundo os autores, “o cognitivismo está [...] preocupado
com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e utlização
das informações, no plano da cognição” (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2009,
p. 134)
Quanto ao conceito de Aprendizagem, Bock, Furtado e Teixeira discorrem que
é o “processo de organização das informações e de interpretação do material à
estrutura cognitiva”, trocando em miúdos, é o que os cognitivistas chamam de
aprendizagem. Para eles ela divide-se em duas – a aprendizagem mecânica
e a aprendizagem significativa.
Aprendizagem mecânica
Nessa abordagem, os cognitivistas entendem, segundo Bock, Furtado e
Teixeira (2009) que se refere à aprendizagem ou aquisição de novas
informações, que não fazem muito sentido ou associa-se à conceitos já
existentes na estrutura cognitiva. Podemos citar como exemplo um cantor do
programa ídolos, que canta em inglês e nada sabe do que está falando,
apenas decorou a letra e a melodia, mecanicamente, sem ter significação ou
aprendizado da língua.
Aprendizagem significativa
Para Bock, Furtado e Teixeira, nessa abordagem explicitam que é processada
a partir do momento em que “um novo conteúdo (ideias ou informações) se
relaciona com conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva,
sendo assim assimilado por ela. Esses conceitos disponíveis são os pontos de
ancoragem para a aprendizagem (2009, p. 135)”.
Pontos de ancoragem, são os pontos formados e incorporados à estrutura
cognitiva das informações/idéias, que segundo Bock, Furtado e Teixeira “são
relevantes para a aquisição de novos conhecimentos e com a organização
deles de modo que progressivamente se generalizem, formando conceitos”.
Um bom exemplo é o estudo da matemática, em que o estudo da geometria
pode levar o sujeito que seguirá a carreira de arquiteto, por exemplo, projetar a
partir do conhecimento da geometria, que foi uma base conceitual que permitiu
ampliar os conhecimentos matemáticos com conteúdo posteriores, até chegar
à formação de arquiteto, com o conhecimento acumulado e assim, poder
projetar o objeto arquitetônico.
Em Jerome Seymour Bruner, a teoria de ensino parte das concepções que
vimos anteriormente, pautadas em Ausubel. Psicólogo Novaiorquino, que
trouxe uma perspectiva sobre o processo de aprendizagem, concebendo-o
como “captar as relações entre os fatos, adquirindo novas informações,
transformando-as e transferindo-as para novas situações” (Bock, Furtado e
Teixeira, 2009, p. 136), formulando a partir daí uma “teoria do ensino”.
O entendimento de Bock, Furtado e Teixeira (2009) é que para Bruner, o
ensino tem como premissa a organização da matéria a ser dada de maneira
eficaz e de forma que tenha sentido e significação para o aluno ou aprendiz. E
assim, o professor deve estar preocupado não somente com a extensão da
matéria, mas com sua estrutura.
Para ele os profissionais da educação devem “estruturar o conteúdo de ensino.
Sugere que o método da descoberta, “como método básico educacional”.
Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2009), Bruner acreditava que o aluno ou
aprendiz tem condições de seguir o caminho das descobertas científicas,
investigar, questionar, experimentar e a partir dessa relação, descobrir coisas
novas.
Outro ponto para ele no ensino é que deve ser pautado na compreensão. Essa
compreensão diz respeito às “relações entre fatos e ideias, “única forma de
garantir
a
transferência
do
conteúdo
aprendido
para
novas
situações”(Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 136, griffo nosso). Essa
compreensão perpassa também pelo erro. Quando um aluno erra, para ele, o
professor deve percorrer novamente o caminho do raciocínio do aluno até
chegar no momento do erro, e assim poder novamente conduzi-lo ao racicíonio
correto. Nesse caso, o erro passa também a ser instrutivo, pois a pessoa pode
revê-lo e ressignificá-lo.
Conforme Bock, Furtado e Teixeira (apud Bruner, 2009, p.136)
“qualquer
assunto pode ser ensinado com eficiência, de alguma forma intelectualmente
honesta, a qualquer criança, em qualquer estágio de desenvolvimento”. E essa
aplicação ou ensinamento deve seguir os termos da “visualização” que as
crianças têm das coisas, para tanto, o professor deve dialogar com uma
linguagem acessível à elas e “se seus conhecimentos anteriores lhe
possibilitarem a compreensão de um novo conteúdo”(2009, p.136). O professor
atua com uma prática, nesse caso, como um tadutor da
“linguagem
da
ciência para a linguagem da criança”. Ele sugere que o professor se atenha
também da teoria de Piaget, que define estágios de desenvolvimento da
criança,
em
que
as
“possibilidades
e
limites
estejam
claramente
definidos”(2009, p. 136).
Em Bruner, a motivação também é um ponto fundamental para o aprendizado.
As condições motivadoras podem ser o fracasso ou o sucesso do professor em
ensinar algo. Segundo Bock, Furtado e Texeira (2009), “o estudo da motivação
considera três variáveis”: Uma delas é o ambiente, portanto a motivação
“mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação estabelecida entre
o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação”.
Em Bruner, a motivação também é um ponto fundamental para o aprendizado.
As condições motivadoras podem ser o fracasso ou o sucesso do professor em
ensinar algo.
Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2009), “o estudo da
motivação considera três variáveis”: Uma delas é o ambiente, portanto a
motivação “mobiliza o organismo para a ação, a partir de uma relação
estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação”. A
motivação sugere que o aluno tenha vontade, seja instigado a buscar o
conhecimento.
Um exemplo de motivação, podemos apontar o filme Escritores da Liberdade,
que apresenta o papel do professor diante de uma turma, em que a
característica dela de alunos distribuídos em gangues, que aos poucos vão se
descobrindo e redescobrindo, como seres sociais, participantes de um mesmo
espaço.
Por sua vez, Jean Piaget, também adepto do cognitivismo, desenvolveu a
teoria dividindo períodos do desenvolvimento humano. É um dos principais
teóricos dessa corrente teórica. Para ele nos períodos que categorizam a idade
e suas funções, em cada um deles o indivíduo consegue fazer o melhor em
sua faixa etária. Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2009,p. 119), “todos
passam por todas as fases ou períodos, nessa sequência, porém o início e
término de cada uma delas dependem das características biológicas do
indivíduo e de fatores educacionais, sociais”. Os autores apontam que ele
refere-se a essa divisão não como uma forma rígida, mas como referência.
O primeiro período intitulado por ele é Sensório-motor, que vai de 0 a 2 anos
de idade. Esse período compreende do recém-nascido ao lactente – Para ele,
o recém nascido tem sua vida mental reduzida ao “exercício dos aparelhos
reflexos, de fundo hereditário, como a sucção. Esses reflexos melhoram com o
treino” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 120). Cita que à medida que os dias
vão se passando, o bebê melhora ainda mais a sucção. Exemplificando,
quando depois de 20 dias de nascimento, mama melhor que no primeiro dia de
vida, e assim sucessivamente.
Os autores apontam que Piaget discorre que por volta dos 5 meses, já
“coordena movimentos das mãos e olhos para pegar objetos, aumentando a
capacidade de adquirir hábitos novos” (2009, p. 120). Ao final dessa fase,
associa os movimentos aos objetos, utilizando a inteligência prática ou
sensório-motora. Um bom exemplo é o aprender a andar, tornando capaz de
explorar ainda mais o ambiente; ou quando vê um copo de água (por volta de
1 ano),mesmo vazio, continua apontado para ele, por saber que através dele
pode beber água. Nesse caso, a água, objeto que não está no seu campo
visual, continua a pedi-lo por saber que ele existe e que o copo tem essa
finalidade.
As diferenças também passam pelo aspecto afetivo, das emoções primárias,
como o medo, para a escolha de objetos, como brinquedos preferidos e
pessoas. Aproximadamente ao dois anos, passa de uma “atitude passiva para
uma relação ao meio ambiente e pessoas de seu mundo para uma atitude ativa
e participativa” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 121).
2- Período pré-operatório (2 a 7 anos) –
Nesse período, segundo Piaget, o que há de mais importante é “o
aparecimento da linguagem”, que modifica “os aspectos intelectual, afetivo e
social da criança. A relação social dos indivíduos através da linguagem
proporciona uma interação e comunicação maior entre os seres humanos,
portanto a palavra exterioriza o que está internalizado. Bock, Furtado e Teixeira
(2009, p.121) assinalam que nesse momento “a criança já antecipa o que vai
fazer”. Assim, o desenvolvimento do pensamento vai acelerando, e através
dos jogos simbólicos (a partir da sua visão pessoal, imaginação) segundo os
autores, “transforma o real em função dos seus desejos e fantasias. Uma
criança pode brincar dentro de uma caixa de papelão e representar com se
estivesse dentro de um carro. Pode desenhar e pintar rodas, colocar um
volante, e representar o real através da fantasia e do brinquedo.
A criança nessa fase tende a repetir as palavras, está criando seu vocabulário,
a partir da imitação. Bock, Furtado e Teixeira falam que é importante ter em
mente que “grande parte do repertório verbal da criança é usada de forma
imitativa, em que ela domine o significado das palavras” (2009, p. 122). Há
nessa fase a dificuldade de desenvolver trabalhos em grupo, pois não
consegue se colocar no ponto de vista do outro.
Nesse período a coordenação motora vai se ajustando, inicialmente começam
a fazer traços desordenados, depois bolinhas, até dominarem o objeto,
pegando-os com a ponta dos dedos, segurando um lápis corretamente e
conseguindo fazer os movimentos que chegarão à escrita.
3- Período das operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
Nessa fase, a criança inicia sua construção lógica, estabelece relações,
interage e opina, permitindo “a coordenação de pontos de vista diferentes”
(Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 122).
Os autores discorrem que “esses pontos de vista podem referir-se a pessoas
diferentes ou à própria criança, que vê um objeto ou situação com aspectos
diferentes e até conflitantes”.
Consegue trabalhar em grupo, cooperando com os outros, tendo também
autonomia de suas ações. Surge uma nova capacidade mental, denominada
operações, em que consegue realizar uma ação física ou mental dirigida para
um fim ou um objetivo. Um exemplo é a montagem de um quebra-cabeça, que
muitas vezes colocamos uma peça parecida mas que não é a correta. Já
consegue assimilar o erro, percebê-lo e voltar ao ponto de partida corrigindo-o.
Bock, Furtado e Teixeira descrevem o nível do pensamento em Piaget nesta
fase:
-
Estabelecem corretamente as relações causa e efeito e de meio e fim
-sequencia de ideias ou eventos;
-
Trabalha com ideias sob dois pontos de vista, simultanaeamente;
-
-forma o conceito de número
Aparece também a vontade enquanto qualidade superior, “que atua quando há
conflitos de tendências e intenções” (bem sabemos como professores e pais
como as crianças atualmente entram num embate, devido às diversas
informações que chegam à elas).
O senso de honestidade, justiça e companheirismo aparecem nessa fase.
Entendem que se algo como esquecer de avisar os pais que foi para a casa de
um amigo X tivesse sido feito sem intenção, somente por esquecimento não
avisou, deixando os pais cheios de preocupação, por isso, entendem que não
devem ser punidos ou chamados a atenção, pois não houve intencionalidade
do ato, somente o esquecimento. Ou se quebra um objeto de valor inestimável
(de memória/histórica), sem querer, entende que não houve a intenção de
quebrar, apenas foi um descuido no esbarrar o objeto, portanto acredita que
não deve ser punida por isso. Dentre outras.
Os grupos começam a surgir e o agrupamento, entre meninas (somente entre
elas e o de meninos (somente entre eles). Na escola, elas brincam juntas, e os
meninos por vezes, jogam bola ou praticam algum esporte. No início da fase a
opinião dos adultos era de suma importância, mas no finalzinho da fase,
começam os enfrentamentos com eles. Atualmente, podemos dizer que esses
enfrentamentos estão chegando cada vez mais cedo.
4- Período das operações formais (11 ou 12 anos em diante)
Esse período é a passagem do pensamento concreto para o pensamento
formal. Para Bock, Furtado e Teixeira (2009, p. 123), Piaget entende que “o
adolescente realiza as operações no plano das ideias, sem necessitar de
manipulação ou referências concretas [...] é capaz de lidar com conceitos como
liberdade, justiça[...]”
A sensação de que estão crescidinhos, já os tornam capazes de tirar suas
próprias conclusões de puras hipóteses. Há um processo de interiorização, e
torna-se, a grosso modo, antissocial. Assim acontecem os conflitos, “afasta da
família, não aceita conselhos dos adultos,”(2009, p. 124).
Mas, o seu alvo é refletir sobre a sociedade, analisando como possibilidades
de reformá-la e transformá-la. Vive conflitos internos, pois não quer depender
do adulto, mas ainda depende dele, há a preocupação de ser aceito pelos
grupos sociais (amigos e familiares). Os amigos tornam-se referências, seja na
forma da linguagem, das roupas e de comportamento.
Conforme as fases citadas, Piaget entende que o ser humano é dotado de
estruturas biológicas, que herda uma funções intelectuais, maneiras que
interagir com o ambiente, e isso proporciona construir um conjunto de
significados. Essas interações, permitirão organizar os significados das
estruturas cognitivas, ao longo da vida. E essas perpassam pelos diferentes
estágios de desenvolvimento. Cada um deles permite estruturas cognitivas
diferentes.
Desse modo – a organização – é entendida como o mecanismo “que permite
ao ser humano ter condutas eficientes para atender suas necessidades, [...] à
demanda de adaptação” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 139).
Já a adaptação, envolve a assimilação e a acomodação em uma relação
indissociável – nesse caso “é o mecanismo que permite ao homem não só
transformar os elementos assimilados, tornando-os parte da estrutura do
organismo, como possibilitar o ajuste e a acomodação desse organismo aos
elementos incorporados” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 139).
Podemos citar a inteligência como uma adaptação, que incorpora a experiência
adquirida, e modifica ou acomoda essas informações nas estruturas mentais
incorporando novos elementos.
Sócio-interacionismo
Lev Seminovich Vygotsty, nasceu em Orsha, na Bielo-Rússia, em 1896, e
faleceu em 1934. Mesmo tendo falecido tão jovem, deixou um legado de textos
e estudos, que se seguem até os dias de hoje, contribuindo muito para as
pesquisas em educação. Alguns teóricos descrevem que ele não deixou uma
teoria totalmente pronta, porém produziu muito, experimentou e observou o
desenvolvimento humano a partir das mediações estabelecidas pelas
interações sociais, pelo objeto e pela linguagem.
Marques e Oliveira descrevem que
Vygotsky tornou-se o principal expoente da abordagem psicológica
histórico-cultural, que concebe o sujeito socialmente inserido num
meio historicamente construído. Enquanto veiculador da cultura, o
meio se constitui em fonte de conhecimento. Vygotsky empenhou-se
na busca do entendimento sobre os mecanismos pelos quais a
cultura torna-se parte integrante da natureza de cada ser humano.
(2005, p. 5)
Em relação ao desenvolvimento infantil é visto por ele a partir de três aspectos:
o Instrumental, o cultural e o histórico.
O instrumental – natureza mediadora das funções psicológicas complexas.
Além de respondermos aos estímulos a que estamos expostos no ambiente,
também alteramos e o utilizamos como ferramenta para nosso comportamento.
Um bom exemplo são os bilhetinhos que deixamos agarrados na geladeira
para lembrar de coisas a fazer, como tomar remédio em tal hora.
O cultural – relaciona-se com o meio social estruturado, em que são
organizadas tarefas “que a criança em crescimento enfrenta e os tipos de
instrumentos, tanto mentais como físicos” [...] que ela tem “para dominar as
tarefas” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 125). O mais importante
instrumento criado pelo homem, segundo Vygotsky é a linguagem, que serve
de interação e mediação entre os indivíduos.
O aspecto histórico – como a cultura está envolta da história, o aspecto
cultural funde-se com o histórico. Para que o homem pudesse desenvolver, os
instrumentos criados ao longo do tempo estão ligados tanto pela cultura quanto
pela história. Portanto, para ele, “a história da sociedade e o desenvolvimento
humano caminham juntos[...]”(Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 126)
Diante disso, estudou o desenvolvimento infantil.
Vygotsky entende que desde que nascem as crianças estão interagindo com o
mundo, e com os adultos, e essas interações são incorporadas nas suas
relações e sua cultura.
Quando ainda pequenas, as respostas são “dominadas por processos naturais,
especialmente aqueles proporcionados por herança biológica” (Bock, Furtado e
Teixeira, 2009, p. 126). Nesse momento, os adultos mediam os processos
psicológicos mais complexos, que vão tomando forma.
“Os processos interpsíquicos, que são partilhados entre pessoas,só podem
funcionar durante a interação das crianças com os adultos”(2005, p. 126). E à
medida que crescem, esses processos são executados intrapisquicamente, ou
seja, dentro delas mesmas.
Sobre o desenvolvimento da fala, inicialmente, em relação ao comportamento
foi levando em conta os aspectos motores e verbais, e estes se misturam. A
criança para se comunicar, parte das expressões, que se segue pelas
indicações do corpo, como apontar para um objeto, por exemplo um brinquedo
que queira pegar, ou a porta para sair, utilizando então os gestos como auxiliar
da fala, mediadas pelo outro. Aos poucos, essas distinções para com os outros
são mediadas através da fala. E esta “vai deixando de ser um meio para dirigir
o comportamento dos outros e vai adquirindo a função de autodireção” (Bock,
Furtado e Teixeira, 2009, p. 127).A criança então fala e age pó si só, e a fala e
a ação podem ser desenvolvidas independentes uma da outra. A criança pode
desenvolver a ação primeiro, depois a fala ou vice-versa.
Com isso, Vygotsky aponta que o desenvolvimento tem como alicerce as
interações. O gesto de apontar o objeto (o objeto do desejo dela), constrói
uma relação social com o adulto. Nesse caso, a interpretação do adulto é que a
criança deseja aquilo, e por conseguinte, o pega e entrega para ela. Para Bock,
Furtado e Teixeira, os movimentos feitos pela criança, tanto de apontar o
objeto ou de demonstrar que queria pegá-lo, mas não alcança, afetam o adulto,
e não o objeto. Essa desenvolvimento da criança, tendo a mediação do outro
(o adulto, diretamente, e o objeto, indiretamente).
Vygotsky
não
acreditava
que
o
desenvolvimento
“predeterminado ou seu afloramento, vinculado
humano
estivesse
apenas a uma questão do
tempo” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 141).
Seus estudos tem como
premissa as origens sociais das capacidades humanas. Abaixo, alguns pontos
das suas concepções apontadas por Bock, Furtado e Teixeira (2009, 141):
[...] 1- os fenômenos devem ser estudados em movimento
e compreendidos como em permanente transformação;2a história dos fenômenos é caracterizada por mudanças
qualitativas e quantitativas. Assim o fenômeno psicológico
transforma-se no decorrer da história da humanidade, e
processos elementares tornam-se complexos; 3- as
mudanças na “natureza do homem” são produzidas por
mudanças na vida material e na sociedade; 4- o sistema
de signos (a linguagem, a escrita, o sistema de números)
é pensado como um sistema de instrumentos, os quais
foram criados pela sociedade ao longo de sua história.
Esse sistema muda a forma social e o nível de
desenvolvimento cultural da humanidade. A internalização
desses signos provoca mudanças no homem. Seguindo a
tradição marxista, Vygotsky considera que as mudanças
que ocorrem em cada um de nós têm sua raiz na
sociedade e na cultura.
Para ele a aprendizagem está sempre envolta das relações estabelecidas entre
pessoas. E o indivíduo para se relacionar com o mundo está sempre mediada
pelo outro. Nosso aprendizado não acontece, segundo ele, se não tivermos o
outro, “aquele que nos fornece significados que permitem pensam o mundo a
nossa volta” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009, p. 141.
O desenvolvimento interno se dá conforme as influências externas. O contato
com a cultura, com as relações sociais são meios que permitem a
aprendizagem. Bock, Furtado e Teixeira (2009, p.141) afirmam que para
Vygotsky o outro é alguém fundamental, para estabelecer as relações da
aprendizagem, “pois é que nos orienta no processo de apropriação da cultura”.
E o desenvolvimento se dá de fora para dentro. E é no processo ensinoaprendizagem “que ocorre a apropriação da cultura, a objetivação do homem e
o consequente desenvolvimento do indivíduo e a tansformação permanente do
mundo” (p.141)
Portanto a criança, muito antes de ir à escola, traz consigo um aprendizado
prévio, estabelecido nas relações sociais familiares, exposta desde o primeiro
dia de vida, com a presença do outro como mediador entre ela e a cultura.
Ela aprende a gesticular, a nomear, é informada sobre o mundo, as imagens,
as coisas, a cultura,e seu comportamento vai sendo moldado conforme suas
necessidades as possibilidades que aparecem.
Quando chegam na idade dos “porquês”, é o adulto que será o mediador
desses questionamentos, e segundo Vygotsky, o outro torna-se o grande
“intérprete” do mundo.
A escola, para ele , é um lugar privilegiado, pois é lá que a criança terá contato
com a cultura de forma “sistemática, intencional e planejada”.
Para ele, se o aprendizado for organizado de forma adequada, pode resultar
num desenvolvimento mental, “colocando em movimento processos que seriam
impossíveis de acontecer” (2009, p. 141), como a aprendizagem proporcionar o
desenvolvimento, diferenciando de outras correntes teóricas que indica que o
ser humano vai se desenvolvendo e construindo o aprendizado.
Bock, Furtado e Teixeira (2009, p.142), descrevem que Vygotsky construiu o
conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal – ZDP, que refere-se às
potencialidades da criança, “que
podem ser desenvolvidas a partir de um
ensino sistemático”. Esta zona é “a distância entre o nível de desenvolvimento
real, que se costuma determinar através da solução independente de
problemas da criança”. E o Nível de Desenvolvimento Potencial – NPD, as
soluções dos problemas serão sempre mediados sob orientação de um adulto
ou dos companheiros (colegas).
Vygotsky
entende
que
A
aprendizagem
se
dá
por
um
processo
“essencialmente social”, a partir das interações com os adultos e com os
colegas. Aqueles que já trazem um aprendizado prévio podem contribuir para o
aprendizado do outro, através das interações ou relações estabelecidas. Os
mecanismos para a aprendizagem, segundo ele, são acionados externamente,
pois o homem está “imerso em um contexto cultural”. Para tanto, a partir
desses conhecimento prévios que cada traz das vivências pessoais, da cultura,
pode contribuir para o desenvolvimento do indivíduo, que para ele, a escola é
“um lugar privilegiado para essa estimulação” (Bock, Furtado e Teixeira, 2009,
p. 143).
Sendo assim, Vygotsky, pensa na escola como lugar de mediação, onde
professores, colegas, e sujeitos que perpassam pelo ensino tornam-se
mediadores do processo
de
aprendizagem,
e
desse
modo,
vai
se
desenvolvendo. Nesse sentido a escola torna-se um lugar importante que
proporciona a construção humana.
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