concepções docentes sobre o uso das tecnologias na educação

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CONCEPÇÕES DOCENTES SOBRE O USO DAS TECNOLOGIAS NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Everton Bedin1 - UFRGS
Artur Medeiros de Queiroz2 - UFRN
Ana Alice Pasin3 - UFRGS
Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar resultados de uma pesquisa desenvolvida com
professores da rede pública de ensino, especificamente, refletir sobre a forma e a maneira que
professores das Ciências da Natureza, em pleno século tecnológico, inserem em suas
metodologias de ensino materiais e ferramentas tecnológicas em prol da formação sócio
tecnológica do sujeito, a fim de qualificar e maximizar os processos de ensino e aprendizagem
de forma cooperativa, formativa e emancipatória. A pesquisa desenhou-se de feitio
etnográfico de cunho qualitativo no viés de uma escola estadual no norte do estado do Rio
Grande do Sul. A aquisição dos dados ocorreu por meio de questionário semiestruturado,
sendo os dados analisados de forma quali-quantitativa. Após a averiguação dos dados, foi
possível compreender que os professores que compõem a área das Ciências da Natureza
entendem a inserção das tecnologias nas metodologias de ensino como mecanismo de
proliferação de informação e ressignificação de conhecimento, afinal a inserção destas
proporciona uma aprendizagem diferente ao educando, favorecendo a troca de saberes e
experiências em meio à dialogicidade e a criticidade. Portanto, entende-se a importância e a
urgência da inserção das TICs no contexto escolar, buscando melhorias e aprimoramentos
desde a formação inicial dos professores até sua formação continuada. Todavia, esta inserção
não se trata em utilizar as tecnologias a qualquer custo, mas sim de acompanhar consciente e
deliberadamente uma mudança de civilização a qual questione profundamente as formas
institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas educacionais tradicionais e, sobretudo,
os papéis do professor e do estudante.
Palavras-chave: Tecnologia da Informação e Comunicação. Docentes. Metodologia de
Ensino.
1
Doutor em Educação em Ciências: química da Vida e Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) – Brasil. Professor de química. E-mail: [email protected].
2
Graduado em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Brasil. E-mail:
[email protected].
3
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação em Ciências- Química da Vida e Saúde (UFRGS) –
Brasil. E-mail: [email protected].
ISSN 2176-1396
12703
Introdução
Os debates que emergiram sobre Educação Digital, por meio da Educação a Distância,
vieram à tona na Europa, em meados do século XIX, quando esta era realizada por
correspondências escritas a mão. Com o passar dos anos, as instituições de ensino superior,
após o século XX, começaram a oferecer o Ensino a Distância (EaD), sendo a primeira
geração a formação de técnicos.
Em 1980, outro marco importantíssimo que surgiu na EaD foi a Tele-Educação, mas
foi em 1990 que as Instituições de Ensino Superior do Brasil disponibilizaram Educação a
Distância. Quatro anos mais tarde, a disponibilidade da Internet nas universidades foi total,
com o auxílio das Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC. Em 1995, em
decorrências das TICs, criou-se a Secretaria de Educação a Distância (SEED) e, somente em
1996, adentrou-se com a regulamentação da EaD na Lei de Diretrizes e Bases – LDB.
Com a inserção da EaD na LDB, a procura por formação inicial ou continuada nesta
modalidade cresceu favoravelmente; pesquisas apontam um aumento de 500% a partir do ano
de 2000. Esse aumento pela procura demonstra a qualificação dos processos de ensino e
aprendizagem que ocorrem por meio das tecnologias; logo, cabe questionar sobre a forma e a
maneira em que professores da rede pública de ensino, em pleno século tecnológico, acoplam
em suas metodologias de ensino materiais e ferramentas tecnológicas em prol da formação
sócio-interacionaista do sujeito?
Este questionamento, apesar de não ir ao encontro da EaD, é necessário e pertinente,
uma vez que, para Rezende (2002, p. 02), “o uso das novas tecnologias pode contribuir para
novas práticas pedagógicas desde que seja baseado em novas concepções de conhecimento
[...].” Além disso, Bedin e Del Pino (2014b) reforçam que a utilização das TICs para
incrementar as relações entre educadores e educandos, contribuindo para aquisição de
conhecimento, possibilidade de autoexpressão e troca de saberes, deve proporcionar
mudanças nos paradigmas atuais da educação; modificando-os para um processo muito mais
dinâmico de mutações curricular e social.
Assim, entende-se que é extremamente importante investigar e refletir sobre os
mecanismos metodológicos tecnológicos, quando existem, no berço da educação básica, pois
é a partir desta educação que se desenvolvem jovens que, de certa forma, mudarão e moldarão
a sociedade atual. Portanto, este trabalho tem relevância e importância explicitas, uma vez que
a inclusão digital pode ser instrumento efetivo para ampliar o letramento dos indivíduos,
12704
estimular a autoestima com respeito aos diversos aspectos culturais relativos às técnicas,
tempo, espaço, razão e emoção, onde cada indivíduo ensina e aprende no seu tempo.
Desenho da pesquisa
A pesquisa, aqui proposta, desenhou-se de forma etnográfica no viés de uma escola da
rede pública de ensino no norte do estado do Rio Grande do Sul. Esta pesquisa trouxe, no
estudo de caso, a materialização das metodologias de ensino para a era digital dos professores
que compõem o quadro das Ciências da Natureza, em um viés de estudo qualitativo.
Para André (1995, p. 28), quando se tem “uma adaptação da etnografia à educação”,
ocorrem “estudos do tipo etnográfico e não etnografia no seu sentido escrito”. No estudo de
caso etnográfico, o pesquisador disponibiliza de grandes vantagens, pois possibilita uma visão
ampla e profunda de um determinado “caso cultural” – meio de estudo.
A tentativa de descrição de cultura ou de determinados aspectos dela designa-se por
etnografia. [...]é o recurso ou conceito de cultura, independentemente de sua
definição específica, como principal instrumento organizativo e conceptual de
interpretação de dados que caracteriza a etnografia (BODGAN; BIKLEN, 1994, p.
57-59).
Sendo assim, entende-se que a etnografia vem à tona como uma tentativa de descrever
uma certa cultura, especificamente, neste caso, a cultura do uso das TICs em sala de aula. A
aquisição dos dados desta pesquisa foi efetuada por meio de questionário qualitativo préestruturado, procurando levar em consideração toda a complexidade do tema. Este tipo de
questionário, de acordo com André (1995, p. 20), é uma “forma de compreensão de senso
comum; significados variados atribuídos pelos participantes às suas experiências e vivências”.
Assim, entende-se que este artigo sintetiza algumas das reflexões feitas sobre esta
investigação, apontando para alguns desdobramentos necessários ao debate sobre as
metodologias de ensino na era digital, fortalecendo esta necessidade, vinculada aos saberes
docentes na formação inicial de professores. Da mesma forma, enfatiza-se que a interpretação
dos dados, assim como a análise e a reflexão sobre os mesmos, são frutos de atividades
realizadas pelo pesquisador, isto é, quaisquer outras pessoas, ao interpretarem os mesmos
dados, podem derivar em colocações e análises diferentes.
12705
Vozes em formação continuada: a concepção docente sobre o uso das TICs
Posteriormente a coleta dos questionários respondidos pelos sujeitos da pesquisa,
realizou-se as interpretações das concepções anexadas nos mesmos. As questões abordavam
vários aspectos a respeito da Metodologia Docente frente ao uso das tecnologias, e cada
professor corroborou de acordo com sua vivência, cultura, aprendizado e saber adquiridos ao
longo da vida e no percurso acadêmico: formação inicial.
A partir da coleta de dados, pode-se sintetizar o que se passava na área das Ciências da
Natureza à luz das ferramentas e metodologias tecnológicas; aquém, identificam-se os sujeitos
da pesquisa e a realidade de cada um. Em seguida, tem-se uma breve discussão de suas
concepções e uma reflexão crítica sobre suas metodologias de ensino na era digital frente a
pesquisadores da área, tais como: Bedin; Barwaldt (2014), Kenski (2003), Lévy (2005) e
Bedin; Del Pino (2014a,b,c).
Dos três professores entrevistados, dois são do gênero feminino (B e F) e um do
gênero masculino (Q). Destes, dois possuem faixa etária entre vinte e três e vinte e sete anos
(B e Q); um com idade acima de trinta e três anos (F). Os três professores, contratados pelo
governo do estado do Rio Grande do Sul, pertencem a 7ª Coordenadoria Regional de
Educação e atuam na sua respectiva área de formação inicial.
Destaca-se, também, que o questionário disponibilizado aos professores e,
simultaneamente, respondido individualmente, apresentava questões objetivas e discursivas,
isto é, algumas questões denotavam uma parcela de interesse do pesquisador, pois traziam na
raiz o que deveria ser apontado pelos entrevistados, enquanto que outras apresentam, com
rigorosidade, as ideias e concepções de cada sujeito entrevistado, uma vez que eram abertas e
sem restrições.
Quando questionados em relação à formação docente à luz das metodologias de ensino
para a era digital seja ela inicial ou continuada, apenas o professor Q respondeu que realizou
uma pós-graduação referente a tal área, enfatizando que durante a formação inicial não obteve
informações sobre determinada temática, reforçando que a especialização realizada foi em
metodologia EaD.
Nesta perspectiva, a professora F relatou que o assunto na graduação foi tratado
brevemente e sem objetividade, demonstrando pouco domínio nas questões que tangem o uso
das tecnologias. A professora B entende as tecnologias como ferramentas importantes, pois
“possibilitam a criação de um percurso que liga o aluno ao conhecimento, favorecendo o
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desenvolvimento de nossos métodos e práticas de ensino-aprendizagem”, entretanto, também
não teve subsídios teóricos ou epistemológicos em relação ao uso das TICs na graduação.
Assim, entende-se que uma das soluções para o impasse que a educação sofre sobre a
formação docente inicial pautada ao uso das tecnologias, está na possibilidade de educadores
também participarem das equipes produtoras dessas novas tecnologias educativas. Para isso,
de acordo com Kenski (2003, p. 49), “é preciso que os cursos de formação de professores se
preocupem em lhes garantir essas novas competências.” O autor, ainda, reforça que é
necessário que “ao lado do saber científico e do saber pedagógico, sejam oferecidas ao
professor as condições para ser agente, produtor, operador e crítico dessas novas educações
mediadas pelas tecnologias eletrônicas de comunicação e informação” (KENSKI, 2003, p.
50).
Deste modo, corrobora-se com a ideia da professora B, quando reflete que as
tecnologias de ensino e a modelagem das metodologias para a era digital são impossíveis de
ser ignoradas ou simplesmente negadas no que diz respeito a importância no cotidiano
escolar, onde a docência é uma profissão entre tantas outras que tem por especificidade/objeto
de trabalho o "conhecimento"; logo, passa a ser quase incoerente falar em trabalhar, produzir
e construir o conhecimento, ignorando o avanço tecnológico que o mesmo produz.
As tecnologias estão ao encontro das necessidades e interesses dos estudantes, uma
vez que não só a escola, mas a sociedade em si, perpassa por transformações muito rápidas no
que tange os avanços tecnológicos. Por isto, se faz jus a utilização de tais ferramentas na sala
de aula, pois além de motivar o estudante, o professor atualiza-se da mesma dentro de sua
área de atuação. Corroborando, Bedin e Del Pino (2014a) esboçam que, também, as TICs
proporcionam aos estudantes uma forma mais íntegra e rápida na busca pelas diversas
informações, uma maneira tecnológica de qualificar o processo ensino-aprendizagem,
possuindo uma importância social de utilização, de partilha e de conectividade entre os
jovens; logo, uma maneira inovadora de relacionar o conhecimento científico ao
conhecimento sociocultural do estudante.
Presentemente, com a facilidade consumista da sociedade, torna-se fácil ter um
computador em casa e acesso à internet, mas, muitas vezes, os próprios estudantes estão
passos a frente de seus professores seja pela curiosidade virtual ou pelas facilidades que os
mesmos possuem em trabalhar com as tecnologias, o que, por deveras, pode ser uma
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resistência para o professor em trabalhar com as metodologias de ensino na era digital no
ambiente de aprendizagem.
Dentre os fatos, torna-se importante que o professor acabe levando em consideração
que não adianta utilizar os meios tecnológicos para auxiliar os processos de ensino e
aprendizagem se não mudar suas metodologias de ensino e continuar "abraçado" ao
tradicionalismo. Por isso, além de usufruir destes meios, é necessário que o professor faça
formações e atualize-se constantemente para poder acompanhar os avanços como um todo e
as especificidades de seus estudantes.
Sendo assim, na perspectiva de Lima (2001), o computador configura-se como
potencializador para exceder as limitações clássicas do modelo preconizado pela Teoria da
Informação, baseada na tríade linear emissor-mensagem-receptor. Essa potencialidade rompe
com as características centrais dos modelos tradicionais de comunicação de massa, onde a
unidirecionalidade e a massificação são os protagonistas. Todavia, há de se destacar que o
computador, enquanto tecnologia, é apenas mais uma ferramenta didática; ensino tecnológico
não pode ser normatizado apenas ao seu uso.
Desta forma, deixa-se de fracionar a educação quanto à concepção de que a mesma se
encontra baseada em emissões de conhecimentos de uma parte sobre outra, a qual as absorve
de maneira monótona, apática e sem criticidade sobre o assunto explanado. Em outras
palavras, devem-se utilizar as tecnologias como materiais didáticos de apoio ao docente, pois
estas promovem uma qualificação nos trabalhos docentes e na construção do saber discente,
com resultados promissores e visíveis, capacitando o estudante para o mundo do trabalho,
viabilizando a ciência, a tecnologia e a cultura, uma vez que o torna crítico, autônomo e livre
(BEDIN; DEL PINO, 2014c).
As novas tecnologias oportunizam diferentes concepções sobre a educação,
contribuindo de forma ativa na construção da aprendizagem e nas práticas social e
educacional de diversas formas. Diferentes intervenções e abordagens construtivistas podem
ser alcançadas a partir das tecnologias na educação. Referente a essa ideia, questionou-se os
professores quanto à importância das metodologias educacionais visarem a utilização das
novas tecnologias digitais.
Em suma, os professores corroboram com a ideia de que há a necessidade de uma
formação mais concentrada na raiz das tecnologias para o desenvolvimento dos processos de
ensino e aprendizagem. Assim, tornam-se necessários cursos profissionalizantes, não
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especificamente uma pós-graduação, mas um processo que transmita, pelo trabalho e
perseverança, ao professor competências e habilidades com as novas ferramentas de ensino.
Neste contexto de Educação, o que por deveras credibiliza-se a utilização das novas
ferramentas, é cogente que a escola, onde se divergem estas concepções, possibilite desde o
interior (espaço, professores, etc) até o exterior (flexibilidade e acessibilidade) esses
acontecimentos.
A escola precisa ressignificar suas funções políticas, sociais e pedagógicas,
adequando seus espaços físicos, melhorando as condições de trabalho de todos os
que nela atuam, estimulando neles a motivação, a atualização dos conhecimentos a
capacidade crítica e reflexiva, enfim, aprimorando suas ações para garantir a
aprendizagem e a participação de todos, em busca de aprender as necessidades de
qualquer aprendiz, sem discriminação (CARVALHO, 2004, p. 68).
Mudar a escola referente à utilização das tecnologias informatizantes no ensino é
preciso, pois estas possibilitam aos profissionais da educação uma amplitude exponencial para
desenvolver qualquer tipo de assunto/conteúdo/conhecimento a ser trabalhado em sala de aula
de uma forma prazerosa que, evidentemente, supera o livro didático. Para tanto, é necessário
pensar em um novo instrumento didático de trabalhar com TICs, e, concomitantemente a este,
um novo modelo metodológico adequado, inserido em cada contexto escolar específico
(turma, disciplina, conteúdo).
Todavia, segundo Lévy (2005), não se trata aqui de utilizar as tecnologias a qualquer
custo, mas sim de acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de civilização a
qual questione profundamente as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos
sistemas educacionais tradicionais e, sobretudo, os papéis do professor e do estudante neste
contexto. Desta maneira, torna-se plausível a concepção de que se precisa reconstruir a escola
para se trabalhar com novas metodologias, novos recursos tecnológicos ou tipos de formação
acadêmica coerentes com a realidade concreta em que se vive nas instituições.
O papel das instituições de ensino no contexto das TICs está à mercê de uma realidade
dramática, pois todos os professores compreendem a ideia de que é necessária uma mudança
nas metodologias de ensino, mas que esta depende do apoio da escola, da força de vontade do
profissional da educação e das políticas públicas. Em seguida, além da apresentação do
gráfico 1, traz-se uma abordagem sobre as opiniões dos professores das Ciências da Natureza
a respeito da parcela de responsabilidade que cada parte envolvida na educação tem quanto à
inserção das ferramentas digitais nas metodologias de ensino.
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Enfatiza-se que a questão foi de forma objetiva, onde se questionou a responsabilidade
de algumas partes envolvidas educacionalmente para o uso das TICs em sala de aula; logo,
atualização metodológica de ensino. As opções disponibilizadas no questionário foram:
Currículo Adaptado/Flexível, Políticas Públicas, Sala de aula Equipada e Formação Docente.
Observe o gráfico 1 na sequência.
Gráfico 1: Apontamento docente sobre as iguarias para o uso das TICs.
Fonte: Os Autores, 2015.
Analisando-se o gráfico acima, pode-se entender que os professores compreendem que
para que as metodologias docentes busquem um ensino qualificado na era digital, usufruindo
das TICs, primeiramente a Formação Docente não pode deixar a desejar à realidade; se faz
necessária uma formação sólida, com cursos preparatórios ao professor, onde o mesmo possa
trabalhar e desfrutar de suas competências e habilidades com o novo. A reação dos
professores no que diz respeito às TICs são, muitas vezes, ímpares.
Alguns olham-nas com desconfiança, procurando adiar o máximo possível o
momento do encontro indesejado. Outros usam-nas na sua vida diária, mas não
sabem muito bem como as integrar na sua prática profissional. Outros, ainda,
procuram usá-las nas suas aulas sem, contudo, alterar as suas práticas. Uma minoria
entusiasta desbrava caminho, explorando incessantemente novos produtos e ideias,
porém, defronta-se com muitas dificuldades como também perplexidades (PONTE,
2000, p. 2).
Em segunda opção a cerca de se trabalhar com as metodologias de ensino na era
digital, os professores concordam que é preciso Salas de Aula Equipadas, uma vez que frente
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às tecnologias é preciso ser um profissional comprometido e aberto às inovações, além do
mais, é necessário ter as tecnologias para se trabalhar com as mesmas; logo, todo o arcabouço
de material didático tecnológico pode, de certa forma, mudar a metodologia docente para um
viés tecnológico.
As TICs veem ao encontro da necessidade das escolas em se tornarem mais modernas
e, consequentemente, mais interessantes aos seus estudantes, pois estas auxiliam na formação
do sujeito em meio ao entretenimento e a proliferação de informações. Com o uso das
tecnologias pode-se desenvolver atividades de pesquisa com uma "biblioteca virtual", troca de
saberes nas redes sociais, construção do conhecimento de forma digital, enfim precisa-se
planejar a aprendizagem, onde as produções saiam do comodismo, transpassem os textos online até chegar às apresentações com slides e vídeos. Para tanto, o Currículo deve ser
adaptado e flexível às exigências dos estudantes, assim como as salas de aulas e a escola em
um todo.
A formação continuada deriva da ideia de que é preciso o professor estar preparado
para atuar e continuar se aperfeiçoando no mundo educacional, principalmente, levando-se em
conta a pauta atual a respeito das TICs, afinal “o objeto da formação continuada é a melhoria
do ensino, não apenas a do profissional” (ROMANOWSKI, 2007, p. 130). Assim, entendemse os reais motivos dos professores apontarem as Políticas Públicas como a última parcela
para a utilização das TICs em sala de aula, uma vez que acreditam que tudo pode mudar a
partir da formação, do desejo e da responsabilidade docente.
Perguntou-se aos professores se eles acreditam na importância de trabalhar os
conteúdos científicos entrelaçados as metodologias tecnológicas de ensino, neste mesmo
vértice, questionou-se sobre as concepções que os mesmos carregam em prol do trabalho com
as TICs para o desenvolvimento qualificado dos processos de ensino e aprendizagem. Abaixo
se elencam, embasadas teoricamente, algumas passagens explicitadas por estes professores,
em consonâncias as suas colocações.
Todos os professores concordam que é necessário trabalhar com as TICs nos processos
de ensino e aprendizagem, pois, de acordo com o professor Q, esta é a era dos estudantes, os
mesmos nascem e se desenvolvem com o mundo tecnológico e é dever do profissional da
educação se atualizar e buscar novos conhecimentos para atender a nova demanda. Neste
desenho, a professora B reflete que “é preciso que o educador esteja aberto para novos
12711
conceitos e novas formas de ensinar, sempre atualizado e atento ao mundo deste novo
estudante” (QUESTIONÁRIOS, 2015).
Em virtude destes fatos, percebe-se que as tecnologias se fazem necessárias em todas
as áreas, principalmente a do saber. Os educadores devem se modernizar constantemente
acerca das mudanças e novas concepções de educação, para que consigam, então, adequar
seus métodos à aprendizagem e necessidade do estudante. Mas, é importante que a
metodologia de trabalho do professor esteja articulada com as tecnologias tanto de informação
quanto de comunicação. Afinal, o percentual de educandos que possuem acesso a estas
tecnologias é cada vez maior e, por isso, os profissionais da educação não podem perder a
oportunidade de aproximar estas tecnologias ao âmbito escolar, tomando-as importantes
ferramentas para uma prática pedagógica mais significativa na qual os educandos possam
construir seus conhecimentos de forma cooperativa, interativa e reflexiva.
De acordo com a professora B:
[...]os avanços da tecnologia e da Internet trouxeram impactos inimagináveis para a
sociedade […]acarretando em novos desafios e modelos de ensinar, uma vez que
[…]afetam o comportamento humano e, consequentemente, todos os aspectos que
envolvem o desenvolvimento de uma sociedade, principalmente a educação”
(QUESTIONÁRIOS, 2015).
As novas tecnologias amparam os processos de ensino e aprendizagem, pois
proporcionam ao aluno maior inserção dos conhecimentos científicos com o mundo
globalizado, linguagem predominantemente virtual. Por isso, analisa-se a possibilidade de
novas aprendizagens para potencializar a utilização dos recursos digitais para um ensino de
qualidade, pois trabalhar com as ferramentas digitais na metodologia de ensino, para o
professor Q, “é contextualizar a realidade do estudante de modo construtivo com os
conhecimentos científicos” (QUESTIONÁRIOS, 2015).
Nesta perspectiva de formação inicial ou continuada ao uso das TICs em sala de aula,
a fim de qualificar e potencializar os processos de ensino e aprendizagem, Bedin e Del Pino
(2014b) avigoram que esta formação deve assegurar competências e habilidades aos
professores para que consigam, de algum modo, conectar as tecnologias aos objetivos da
aprendizagem, afinal o conteúdo e a contextualização dos saberes científicos devem sempre
estar em primeiro lugar
Para finalizar, observou-se unanimidade nas opiniões dos professores no que se refere
à importância da inserção das TICs na metodologia de ensino para a era digital, onde estas são
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fundamentais e cada vez mais importantes em todos os níveis de ensino, da educação infantil
até o ensino superior, corroborando com as reais intenções das mesmas, que é indispensável
para se trabalhar qualquer assunto.
Sendo assim, ressalta-se novamente a importância e urgência de se entender mais
sobre as TICs, buscando melhorias e aprimoramentos desde a formação inicial dos
professores até sua formação continuada, apoiadas em políticas públicas, pois, de acordo com
Bedin e Carminatti (2010, p. 5), “o saber não se constrói como um todo somente na formação
inicial, mas se edifica ao longo dos diálogos vividos em todos os âmbitos”, uma vez que as
novas tecnologias da informação, quando utilizadas com criatividade e responsabilidade,
competências e habilidades, podem tornar a prática pedagógica mais atraente, possibilitando
aos estudantes tornarem-se agentes do próprio aprendizado, utilizando-se de pesquisas,
vídeos, textos e outros recursos que tais ferramentas disponibilizam.
Em consonância, Bedin e Del Pino (2014c, p. 6) corroboram que “é cabível a questão
do professor estar sempre buscando um melhoramento nas suas práticas pedagógicas,
realizando conexão entre o uso das tecnologias e o objetivo central de sua aula”, coexistindo a
união da realização das atividades, o uso crítico e comprometido com as TICs e a
internalização do conhecimento por parte dos estudantes.
Conclusões
A metodologia de ensino para a era digital é um inédito horizonte acoplado às TICs,
onde se encontra, efetivamente, os pilares de uma educação eficiente e humanista;
apresentando-se contribuições e reflexões a cerca do uso das Tecnologias de Informação e
Comunicação à educação; onde se amplia a visão sobre os conteúdos pedagógicos a serem
utilizados concomitantemente de forma a compreender uma educação mais justa, eficiente e
humana.
É pertinente o processo de que muito se fala sobre o tema, o qual deve ser cada vez
mais contextualizado e trabalhado; uma arte em que todos possam conhecê-lo e comentá-lo,
mas falta embasamento e aprofundamento para discorrer sobre o assunto e, por consequência,
serem tomadas as primeiras atitudes em relação às TICs na aprendizagem. Também é preciso
perceber que trabalhar com tais ferramentas exige, acima de tudo, tempo e disponibilidade
para aceitar erros e acertos, haja vista que não basta apenas jogá-las dentro da sala de aula; é
necessário ter preparo tanto na parte de recursos humanos quanto na de recursos físicos, para
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que a educação tecnológica traga mais benefícios do que malefícios, melhorando, de fato, a
realidade na qual a escola e os seus sujeitos estão inseridos.
Equivale-se a importância de que os cursos de graduação abordem com mais
veemência este assunto, para que, assim, os futuros docentes estejam preparados para lidar
com tais situações modernistas, pois estas serão cada vez mais comuns e cobradas com grande
justificação e necessidade, afinal Masetto (2004) explica que nos próprios cursos de ensino
superior, o uso de tecnologia; processo de aprendizagem dinâmica para motivar o estudante,
não é comum, o que faz com que o novo professor, ao ministrar suas aulas, praticamente
transpõe o modo de fazê-lo e, até mesmo, o próprio comportamento de alguns de seus
modelos de faculdade, dando aula expositiva e, esporadicamente, sugerindo algum trabalho
em grupo com minimizada orientação.
Quanto aos docentes, sujeitos deste trabalho, recém-formados ou não, espera-se que
busquem cada vez mais conhecer o assunto e torná-lo essência em suas formações
continuadas, para que acompanhem a tendência digital da sociedade e, principalmente, da
escola. As políticas públicas veem de encontro a estas ideias, fornecendo, mesmo que como
pano de fundo, suportes digitais para as escolas e cursos de capacitação ou de especialização
nas grandes universidades públicas do Brasil.
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