PREVALÊNCIA DA ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA E DAS PRINCIPAIS DISFUNÇÕES NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL DO HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DURANTE O SEGUNDO SEMESTRE DE 20021 Susana de Sousa Izidório2 Kellen Meneghel3 RESUMO A presente pesquisa tem seu foco voltado ao interesse da atuação fisioterapêutica em ambiente hospitalar específico na unidade de terapia intensiva neonatal. O objetivo maior está em evidenciar a atuação dos profissionais de fisioterapia na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal do Hospital Nossa Senhora Conceição (HNSC) na cidade de Tubarão – SC. Para elucidar o delineamento metodológico foi definido um campo amplo de investigações avaliativas, utilizando um modelo específico de análise para adquirir informações sobre as intervenções e recursos utilizados na UTI neonatal. Os dados obtidos mostram que a unidade de terapia intensiva do Hospital Nossa Senhora da Conceição caracteriza-se por um aumento expressivo de disfunções e complicações, sendo que cerca de 52,89% das internações foram por disfunções perinatais. Em relação as práticas assistências desenvolvidas pela atuação fisioterapêutica nas Unidades neonatais, encontramos uma variação significativa nos atendimentos. No setor, cerca de 79,33% não receberam atendimento fisioterapêutico, sendo que destes 43,8% poderiam ter recebido o tratamento. Palavras – chave: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Fisioterapia. ABSTRACT The actual research is focused on the interest of the physiotherapic performance in the hospital environment specifically in the neonatal intensive care unit. The greater objective is to analyze the performance of the physiotherapy professional in the neonatal intensive care unit of the Nossa Senhora da Conceição Hospital in the city of Tubarão-SC. That will be used in a statistic manner to evaluate the need of having a physiotherapist acting more effectively in the neonatal I.C.U. To elucidate the methodological definement, its was determined a wide field of evaluation investigations, using a specific analyses model to acquire information about the intervention and resources used in the neonatal I.C.U. In the sector, around 79,33% did not receive physiotherapic attendance, in which 43,8% of these could have received the treatment. Keywords: neonatal intensive care unit, physiotherapy. 1 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Fisioterapia, como requisito básico à obtenção do título de bacharel em Fisioterapia. 2 Acadêmica do 8ºsemestre de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL ³Orientadora Professora Especialista 1. INTRODUÇÂO O seguimento da criança e do recém nascido de risco é uma especialidade hoje estabelecida na maioria dos países desenvolvidos. No Brasil as iniciativas para o trabalho nas unidades de terapia intensiva (UTI) neonatais iniciou-se pela década de 80. No primeiro momento, após a criação das UTI neonatais, a preocupação maior era a de melhorar a sobrevida dos recém nascidos e crianças sem aumentar o número de complicações. Partindo deste preceito, pode-se afirmar que a neonatologia assim como a fisioterapia é uma especialidade de atuação recente que vem progredindo através do esforço de neonatologistas, pediatras, fisioterapeutas, enfermeiros, fonoaudiólogos dentre outros profissionais que tem como proposta um atendimento diferenciado para a criança de alto risco. O estudo realizado tem como objetivo analisar a importância da intervenção do fisioterapeuta na UTI neonatal, com a atuação integral do fisioterapeuta nesta unidade. A pesquisa caracteriza-se por ser documental descritiva, foi realizada através dos prontuários, sendo que estes foram utilizados apenas durante o segundo semestre de 2002. Os pacientes em UTI neonatal apresentam geralmente altas porcentagens de complicações, apresentando certas particularidades no sistema respiratório, ou seja, o sistema respiratório tem uma maior suscetibilidade de apresentar ou adquirir complicações, quando se trata de pacientes em cuidados de terapia intensiva. O paciente na UTI pode tornar-se instável pela própria doença de base ou em função do tratamento que é imposto, como, a utilização de medicações ou ainda a ventilação mecânica. Esses fatores contribuem para que, as crianças internadas nos centros de terapia intensiva fiquem susceptíveis a adquirir infecções ou outras complicações. A fisioterapia está cada vez mais atuante em unidades de terapia intensiva, sendo realizada por meio de diversificadas técnicas. Por ser uma terapia criteriosa, deve ser cuidadosamente aplicada, para que se obtenha um resultado satisfatório, desta forma, justificando a elaboração deste estudo. A pesquisa verificou a prevalência de disfunções nos prontuários dos pacientes internados na UTI neonatal, podendo ou não ser seguido de complicações, a partir desses dados estatísticos, obteve-se informações que poderão ser empregadas como fonte de pesquisa em outros trabalhos, além de auxiliar o HNSC no controle das doenças mais incidentes no setor, enfatizando também um campo amplo e evidente de trabalho para atuação do fisioterapeuta na unidade de terapia intensiva neonatal. 2. METODOLOGIA A pesquisa caracteriza-se como sendo descritiva documental. Segundo Rúdio (1993) o delineamento descritivo consiste em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los, interpretando a realidade, sem nela interferir para modificá-la. A característica da pesquisa documental é a fonte de coleta de dados que está restrita a documentos escritos ou não, constituindo o que se denomina fontes primárias (LAKATOS; MARCONI, 1991). A população abrangida constituiu-se por crianças internadas na unidade de terapia intensiva neonatal no período do segundo semestre do ano de 2002 no Hospital Nossa Senhora da Conceição do município de Tubarão – SC. A amostra foi composta por 121 prontuários referentes a neonatos e crianças que foram submetidos à terapia intensiva neonatal e que evoluíram ou não com complicações durante o período de internação. A amostra poderia ter sido maior, sendo que não foram encontrados durante a coleta de dados no SAME, nove prontuários. Foram critérios de exclusão as crianças internadas por procedimentos cirúrgicos que não evoluíram com complicações e permaneceram apenas um dia em unidade de terapia intensiva, sendo que estas somaram um total quatorze, segundo os prontuários pesquisados. Para verificar as informações foi utilizado uma ficha de coleta de dados para registro das variáveis estudadas. Na ficha de coleta de dados foram discriminados para fonte de pesquisa nos prontuário, o código do paciente para identificação e para facilitar a procura dos mesmos no SAME, a idade, sexo, motivo da internação e possíveis complicações. Para evidenciar alguns procedimentos na UTI neonatal foram especificados; a utilização de drogas vasoativas, a utilização de surfactante, os métodos utilizados ou associados à oxigenoterapia como: cateter de O2, funil de O2, campânula de O2, CPAP e ventilação pulmonar mecânica. Em relação a fisioterapia, foi investigado quanto a sua abordagem na UTI neonatal, verificando a atuação da fisioterapia bem como a utilização da especialidade empregada, os dados foram coletados através de ficha de coleta de dados pela própria pesquisadora. As variáveis analisadas : • Sexo; • Idade; • Motivo de internação na UTI Neonatal; • Complicações durante o período de internação; • Utilização de surfactante e oxigenoterapia; • Os pacientes que receberam ou não tratamento fisioterapêutico; • Os pacientes que receberam tratamento de acordo com a especialidade; • Os recursos utilizados durante o tratamento; • Os pacientes que com indicação ou não para tratamento fisioterapêutico; • Óbitos entre a população analisada. Solicitou-se à diretoria do HNSC autorização para realizar a pesquisa junto ao SAME, seguindo a rotina estabelecida pela instituição para a utilização dos prontuários. Os dados coletados nos prontuários foram dispostos para a verificação, comparação e estudo. O resultado foi obtido pela prevalência dos dados , sendo que foram apontados os motivos de internação e complicações durante o tempo de internação no setor UTI neonatal. Fez-se necessário também a obtenção dos procedimentos utilizados pela equipe durante o período de internação da criança. Além de verificar a participação da fisioterapia durante o período de internação. È de grande importância ressaltar que o sistema de arquivos médicos e estatísticos (SAME) no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) precisa de remodelações para que assim, os prontuários sejam utilizados de maneira mais correta e eficiente, obtendo-se um menor tempo de procura dos mesmos durante à pesquisa e para uma melhor fidedignidade dos dados encontrados, a amostra poderia ter sido maior, sendo que não foram encontrados durante a coleta de dados no SAME, nove prontuários. Além disto deve-se salientar que a rotina de atuação do fisioterapeuta no HNSC difere-se á dos acadêmicos, os atendimentos não são registrados nos prontuários sob a forma de evolução, é apenas realizado a assinatura na folha do senso para o controle dos atendimentos realizados pela fisioterapia. Fica claro então que, o atendimento e as abordagens fisioterapêuticas, se foram realizados pelos fisioterapeutas na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal, não foram registrados na pesquisa. Seria de grande valia se as informação do tratamento fisioterapêutico realizados pelos fisioterapeutas do hospital fossem realmente descritas sob a forma de evolução nos prontuários, assim obteria-se mais fidedignidade da atuação desta especialidade em ambiente hospitalar, sendo um material utilizado para a formulação de novas pesquisas. 3. DISCUSSÃO Os resultados obtidos no estudo, acompanhados de sua discussões, dizem respeito aos neonatos e crianças e suas características devido a internação na unidade de terapia intensiva. Foram descritos os gráficos de maior relevância em relação ao objetivo da pesquisa. 47,9% Prematuridade 50 Outros 45 40 30,5% Insuficiência Respiratória Aguda Incidência 35 30 Pneumonia NN 25 20 15 6,9% 10 SAM 4,9% Icterícia NN 5 0 1 Motivo da internação Gráfico 1 – Distribuição dos paciente por disfunções ( Motivo de Internação) Fonte: Prontuários da UTI neonatal HNSC No gráfico 1 porcentagem de 30,5% apesar de bem evidente refere-se à um conjunto de disfunções com menores incidências no setor da UTI neonatal do HNSC. Cerca de 47,9% dos pacientes foram internados por prematuridade no HNSC. Segundo Lippi e outros (2002), a etiopatogenia da prematuridade é complexa, envolvendo tanto fatores maternos quanto fetais, placentários, iatrogênicos e ainda a antecipação deliberada do parto. “Segundo Lockwood, separados ou combinados, os seguintes fatores podem levar ao parto prematuro; infecções maternas, hemorragia tecidual e distensão uterina patológica. O valor de 30,5% fica reservado à um conjunto de disfunções com menores incidências e que não serão descritas. A doença da membrana hialina chega aos 6,9% dos pacientes internados. Para Shepherd (1998), a doença da membrana hialina é uma das causas mais freqüentes de sintomatologia respiratória e de óbito em recém nascidos prematuros. Com 4,9% dos casos ficam a pneumonia, síndrome de aspiração do mecônio e icterícia neonatal. Shepherd (1998), afirma que a pneumonia é uma doença fatal no lactente de poucos meses de idade. Segundo Guinsburg (1993), cerca de 10 –20% das gestações apresentam líquido amniótico tingido com mecônio, sendo que 1% à 2% dos recém-nascidos vivos irão apresentar aspiração deste material. A passagem do mecônico para o líquido aminiótico ocorre entre 7 a 20% de todos os nascimentos (Desmond et. al; Gregory et. al, apud GUINSBERG 1993). A pesquisa destaca um valor a baixo da estatística para SAM, o que revela um boa vantagem para UTI neonatal do HNSC. Incidência 46,3% 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Complicações Respiratórias Complicações Cardíacas Complicações Infecciosas 16,7% 12,2% 11,7% 5,5% 3,9% 3,7% Complicações Gastrointestinais Complicações Neurológicas Outros Complicações Hematológicas 1 Complicações Gráfico 2– Distribuição dos pacientes por complicação (Divisão em sistemas) Fonte: Prontuários da UTI neonatal HNSC O dados demostram uma maior incidência de complicações respiratórias revelando o valor de 46,3%,destacando-se entre essas complicações a doença da membrana hialina. As complicações cardíacas atingem cerca de 16,7% dos pacientes, evidenciando as cardiopatias congênitas, observamos 12,2% de complicações infecciosas evidenciando a sepse neonatal. As complicações gastrointestinais atingiram 11,73% dos casos. Com 5,5% dos casos estão as complicações neurológicas, com 3,9% estão outras complicações de baixa incidência e 3,7% dos pacientes obtiveram complicações hematológicas. De acordo com Avena (1996), das complicações respiratórias e infecciosas mais comuns a pneumonia destaca-se como primeira nas unidades de terapia intensiva, sendo que é a segunda infecção mais comum dentre todas as infecções, representando um total de 18% das infecções hospitalares e 31% das infecções nas unidades de terapia intensiva dos Estados Unidos da América, corroborando com o encontrado nesta pesquisa. 79,4% Incidência 80 60 40 20,6% 20 0 1 Receberam Fisioterapia Não receberam Gráfico 3 – Distribuição dos pacientes por tratamento fisioterapêutico Fonte: Prontuários da UTI neonatal HNSC Observando o gráfico acima, pode-se evidenciar a pequena porcentagem de tratamentos fisioterapêuticos executados na unidade de terapia intensiva do HNSC. Cerca de 20,6% receberam tratamento contrastando com a grande maioria cerca de 79,4%, dos pacientes que não receberam tratamento. Para Traci e Ponci (1996), a fisioterapia respiratória está cada vez mais integrada nos serviços de terapia intensiva neonatal, pois é uma forma especial de atendimento, o que contradiz com o encontrado neste estudo. Dominguez e Komiyama (1998), ressaltam que a atuação da fisioterapia em neonatologia é recente, mas que está cada vez mais atuante, sendo que o incentivo à pesquisa deve ser ressaltado, pois existe uma extensa área a ser explorada. A fisioterapia atua direta e indiretamente dentro de todas as disfunções básicas apresentadas em neonatologia, suas contra-indicações são mínimas e apresentam certas particularidades. Não é necessário ressaltar que a fisioterapia tem conseguido, por méritos próprios, além dos avanços técnicos e científicos, a aceitação de diversos profissionais conscientes das necessidades dos seus pacientes. Os dados encontrados nos faz repensar e ressaltar que a pequena porcentagem de atendimentos deve-se supostamente a pequena integração dos fisioterapeutas na unidade intensiva neonatal. 46% 4% 4%4% 4% 4% 4% 4% 18% ICC Meningococemia Infecção neonatal SAM Pneumonia 8% ECN GEA Síndrome do desconforto respiratório taquipnéiaTransitória Prematuridade Gráfico 4 - Distribuição dos pacientes por disfunções x tratamento fisioterapêutico Fonte: Prontuários da UTI neonatal HNSC No gráfico 4 estão descritos os tratamentos fisioterapêuticos realizados em relação a disfunção base do paciente, como podemos visualizar, a prematuridade obteve a maior porcentagem de tratamentos cerca de 46%. A pneumonia ficou com uma porcentagem de 18% e com 8% a taquipnéia transitória. Outras disfunções (ICC, meningococemia, infecção neonatal, SAM, ECN, GEA e síndrome do desconforto respiratório) elucidaram 4% dos casos. Para Janoski (1990), a fisioterapia atua dentro de todas as patologias básicas apresentadas. Nas patologias sazonais, clínicas ou endêmicas, a fisioterapia preocupa-se com a prevenção de complicações pulmonares muito freqüentes e que muitas vezes podem levar a lesões pulmonares irreversíveis ou até mesmo ao óbito. 100% Incidência 100 80 60 40 8% 20 0 Respiratória Motora Área de atuação Gráfico 5 - Distribuição dos pacientes por área de atuação da fisioterapia Fonte: Prontuários da UTI neonatal HNSC Dos 25 pacientes que receberam fisioterapia respiratória (100%), destes apenas 2 (8%) receberam fisioterapia motora. O gráfico acima mostra de maneira generalizada que na UTI neonatal a área de atuação do fisioterapeuta fica mais restrita ao sistema respiratório. A fisioterapia respiratória é considerada de grande auxílio preventivo e curativo de diversas disfunções pulmonares. Foi um grande avanço na fisioterapia a noção de que secreções pulmonares não são necessariamente o único fator a contribuir para uma disfunção pulmonar e, por isso , a prática da fisioterapia neste segundo século deve ser direcionada para otimizar o transporte de oxigênio nas suas várias etapas e não apenas enfocando a remoção de secreções (COPPO; RIBEIRO, 1996). Os autores acima afirmam, que a fisioterapia respiratória oferece aos pacientes auxílio preventivo e curativo em diversas doenças pulmonares não somente na remoção das secreções, mas também para a melhora do padrão muscular ventilatório do pacientes, ou seja melhora da mecânica respiratória. Apesar da fisioterapia respiratória ter indicação e ser empregada nos tratamentos, a fisioterapia motora, igualmente importante, apresentou um déficit em relação a respiratória. Excluindo os pacientes com contra-indicação para fisioterapia, os pacientes que receberam fisioterapia respiratória poderiam ter recebido fisioterapia motora, pois eram habilitados. A fisioterapia motora também tem sua aplicação comprovada. Os manuseios terapêuticos, as mudanças de decúbito, as mobilizações, o posicionamento terapêutico entre outros recursos que trazem benefícios ao neonato e a criança, além de enfatizar o trabalho fisioterapêutico dentro da unidade de terapia intensiva neonatal. Considerando que o recém nascido normal apresentará uma série de reflexos e padrões posturais que estarão evidentes ou não, conforme o transcorrer de seu desenvolvimento e pelos vários estímulos que recebem do meio. É importante a observação destes para distinguir dos casos patológicos, sendo o fisioterapeuta o principal genitor para detectar tais anormalidades no neonato ou criança. A criança privada de manuseios, pode eventualmente após a alta apresentar alterações no seu desenvolvimento motor ou piora do padrão motor se já possui alguma disfunção instalada, por isso a importância de enfatizar a intervenção precoce da fisioterapia motora. 23 25 Posicionamento terapêutico 25 20 Aspiração Incidência 20 15 TEMP 15 10 10 Posicionamento no leito 7 Manuseio para Reequílio Torácico Abdominal Vibrocompressão 5 0 1 Recursos Gráfico 6 – Distribuição dos pacientes por recursos utilizados Fonte: Prontuários da UTI neonatal HNSC Dos 25 pacientes atendidos pela fisioterapia respiratória cerca de 7 pacientes foram submetidos ao posicionamento terapêutico, 10 pacientes foram aspirados durante a atuação fisioterapêutica, em 15 paciente foi realizado TEMP, em 20 pacientes foram realizados como conduta o posicionamento no leito, em 23 paciente foi realizado manuseios para o reequilibro torácico abdominal e como conduta realizaram vibrocompressão em 25 pacientes. Pode se observar que os pacientes receberam mais de um tipo de tratamento. Uma observação pode ser feita em relação ao posicionamento terapêutico aplicado na UTI neonatal. Os pacientes internados na unidade de terapia intensiva, muitas vezes requerem cuidados extremos. A posição de trendelemburg no posicionamento terapêutico seria extremamente agressiva para estes pacientes, sendo uma terapia contra indicada na unidade intensiva neonatal. A aplicação da manobra deve ser descrita como uma adaptação das posições do posicionamento terapêutico, as posições devem ter sido utilizadas de maneira em que o paciente não fosse prejudicado, ou seja, nas posições de 180° e Fowler 45°. 43,9% 50 35,5% 40 30 Incidência 20 10 0 Pacientes sem indicação Pacientes com indicação Fisioterapia Fonte: Prontuários da UTI neonatal HNSC Gráfico 7 – Distribuição dos pacientes por indicação x fisioterapia De acordo com o gráfico 3, dos 121 pacientes internados neste período cerca de 79,4% não receberam fisioterapia. Dos 79,4% pacientes que não receberam tratamento, 43,9% apresentavam indicação para receber fisioterapia, enquanto 35,5% não eram considerados aptos à receber. Dos 43,9% dos pacientes que poderiam receber fisioterapia, não receberam por falta de prescrição médica e de profissionais fisioterapeutas no setor. Desses 35,5%, que foram excluídos do tratamento fisioterapêutico, estão os pacientes instáveis hemodinâmicamente, com sepse e Sangramento (CVID), dentro desse grupo a complicação mais freqüente foi a sepse. O pneumotórax quando não associado à sepse não foi considerado critério de exclusão para a fisioterapia, já que após o 1º dia com o sistema de drenagem no tórax, a fisioterapia é indicada. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A população de egresso na unidade de terapia intensiva tem características especiais, em função dos problemas apresentados durante o período neonatal. Geralmente são recém nascidos que permanecem internados por longos períodos e apresentam uma variedade de problemas conseqüentes principalmente pela imaturidade ou em decorrência de doenças relacionadas com o período neonatal ou ainda com problemas nos cuidados intensivos durante a internação do paciente, levando a inúmeras complicações. Na pesquisa salientou-se as disfunções mais freqüentes no HNSC que ocasionalmente foram comparadas à literatura e demostraram uma estatística dentro da realidade. A pesquisa identificou as disfunções mais freqüentes no HNSC evidenciando um alto índice de internações por motivos perinatais, sendo que a maioria das internações levaram à complicações por problemas no sistema respiratório, obtendo a prematuridade como disfunção base para estas complicações e estabelecendo incidência bastante significativa na unidade de terapia intensiva neonatal. O intuito maior deste estudo foi a verificação da abordagem fisioterapêutica neste setor, o que mostrou-nos uma limitada atuação revelando uma porcentagem baixa de atendimentos. Foi possível observar que a quantidade de disfunções e complicações foram alarmantes. Contudo, a atuação fisioterapêutica poderia ter sido mais efetiva. A pesquisa identificou uma desproporção no atendimento fisioterapêutico em relação as disfunções encontradas, podemos ainda relacionar que dos pacientes que obtiveram disfunções seguidas de complicações muitos tinham indicação para a fisioterapia. A fisioterapia respiratória obteve maior repercussão de atendimentos, todos os pacientes receberam fisioterapia respiratória, enquanto, uma pequena porcentagem obteve atendimento de fisioterapia motora. A fisioterapia quando criteriosa e cuidadosamente aplicada, contribui para o sucesso das disfunções pulmonares que acometem o período neonatal. A fisioterapia motora é muito necessária em uma unidade intensiva neonatal e sempre que sua indicação é positiva deve-se utilizá-la, é um recurso que traz muitos benefícios ao paciente, devendo ser bem salientada e aplicada. Portanto, a abordagem fisioterapêutica traz repercussões benéficas no período de internação hospitalar e precisa ser melhor efetivada na maioria dos hospitais de ordem pública, incluindo o Hospital Nossa Senhora da Conceição, para melhor qualidade no atendimento pela equipe multidisciplinar na unidade de terapia intensiva neonatal. 5. REFERENCIAS AVENA, Marta J. Infecção respiratória na ventilação pulmonar mecânica. In: FERREIRA, Antônio Carlos P. TROSTER, Eduardo J. Atualização em terapia intensiva pediátrica. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. COPPO, Maria Regina C. Assistência fisioterápica/ respiratória: Técnicas atuais versus técnicas convencionais. In: FERREIRA, Antônio Carlos P. TROSTER, Eduardo J. Atualização em terapia intensiva pediátrica. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. DOMINGUEZ, Sueli S; KOMIYAMA, Symone. Cuidados fisioterápicos ao recém-Nascido em ventilação mecânica. In: KAPELMAN, B; GUINSBURG, R. Distúrbios respiratórios no período neonatal. Belo Horizonte: Atheneu, 1998. FELTRIM, Maria Ignêz Z; PARREIRA, Verônia F. Fisioterapia respiratória. Consenso de Lyon. São Paulo, 2001, p. 9 – 47. HASSANO, Alice Y. S; BORGNETH, Lívia R.L; MUELLER, Monika W.I. Considerações sobre o desenvolvimento normal no primeiro ano de vida. In : FERREIRA, Antônio Carlos P. LAKATOS, Eva Maria. MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. LOPES, José Maria. A. Apnéia neonatal. Jornal de pediatria.. Rio de Janeiro, 2001, v.77. p. 97 – 103. LOPES, Sonia Maria B; LOPES, José Maria de A. Follow up do recém-nascido de alto risco. São Paulo: MEDSI, 1999. MACDONALD, Julie; BURNS, Yvonne R. Fisioterapia e crescimento na infância. São Paulo: Santos, 1999. MARGOTTO, Paulo R. Récem-nascido pré -termo e limite de viabilidade, Brasília, abril, 2001. Disponível em: <http:// [email protected]>. Acesso em: 30 set. 2002. MARGOTTO, Paulo R. Surfactante pulmonar. In: FERREIRA, Antônio Carlos P. TROSTER, Eduardo J. Atualização em terapia intensiva pediátrica. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. MARGOTTO, Paulo R; PIMENTEL, Márcia. Ventilação mecânica e injúria pulmonar Alan Jobe (EUA). 3º simpósio internacional de neonatologia. Rio de Janeiro, 2002. SEGRE, Conceição Aparecida M. Taquipnéia Transitória. In : ______ Perineonatologia : fundamentos e prática. São Paulo: Sarvier, 2002. SHEPHERD, Roberta B. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. São Paulo: Santos, 1998. TECKIN, Jean S. Fisioterapia Pediátrica. 3. ed. São Paulo: Artmed, 2002. TOZE, Elizabete B; MARUJO, Flavia O. Fisioterapia respiratória. In: CARVALHO, Werther B et al. Ventilação pulmonar mecânica em pediatria. São Paulo: Atheneu, 1993. TRACI, Cintia Maria. M, PONCE, Giedre R. Abordagem fisioterápica em UTI neonatal. Fisioterapia em movimento. Curitiba: Universidade Champagnat, 1996, v.9. p.35 –41. TROSTER, Eduardo J. Atualização em terapia intensiva pediátrica. Rio de Janeiro: Interlivros, 1996. RATLIFFE, Katherine T. Fisioterapia na clínica pediátrica – guia para equipes de fisioterapeutas. São Paulo: Santos, 2000. RIBEIRO, E. Considerações sobre posicionamento corporal durante a fisioterapia respiratória. Revista de fisioterapia. Santa Maria, 1996, p.61- 65. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1993.