Intussuscepção intestinal: métodos diagnósticos e intervenção

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Acta Scientiae Veterinariae, 2012. 40(Supl 1): s1-s60.
ISSN 1679-9216 (Online)
Intussuscepção intestinal: métodos diagnósticos e intervenção cirúrgica
Rosinara da Silva Costa1 & João Eduardo Wallau Schossler1
RESUMO
Introdução: A intussuscepção é um tipo de obstrução intestinal definida como a invaginação de um segmento intestinal
no interior do lúmen de um segmento adjacente, devido ao aumento excessivo do peristaltismo. O mesentério e a irrigação
sanguínea ao segmento invaginado estão incluídos na invaginação e a obstrução venosa pode progredir até a oclusão arterial
e necrose. Todas as porções de intestino podem ser acometidas. Entretanto, observa-se maior incidência no segmento íleo-cólico. Não existe predisposição sexual ou racial descritas, porém, parece haver maior acometimento de animais jovens,
provavelmente relacionado à grande incidência de gastroenterites infecciosas, nesta faixa etária. O objetivo do presente
trabalho é descrever um caso de intussuscepção intestinal, os recursos diagnósticos e intervenção cirúrgica.
Caso: Um canino da raça Cimarrom, fêmea, cinco meses de idade, foi atendido no Hospital Veterinário Universitário
da Universidade Federal de Santa Maria, apresentando distensão abdominal. Ao exame clínico, o animal apresentou
mucosas hiperêmicas, desidratação, temperatura retal de 39,0°C, frêquencia cardíaca de 120 batimentos por min e alças
intestinais distendidas na palpação abdominal. Após o exame clínico e coleta de sangue para exames hematológicos, foi
realizada a ultrassonografia, onde foram observadas alças intestinais sobrepostas no abdômen cranial esquerdo, próximas
ao baço, sugerindo intussuscepção. A paciente foi encaminhada para o bloco cirúrgico para realização de uma laparotomia
exploratória. A intussuscepção foi localizada no segmento íleo-cólico. Foi avaliada a viabilidade do segmento envolvido
através de critérios como coloração, pulsação arterial e peristaltismo intestinal. O segmento foi considerado inviável, pois
se apresentava congesto, sem pulsação arterial e motilidade, foi então realizada a ressecção e anastomose intestinal.
Discussão: A intussuscepção é reconhecida como a causa mais comum de obstrução intestinal em pequenos animais. No
presente caso o animal relatado, apresentava-se severamente debilitado, o que é comum em casos de intussuscepção. O
diagnóstico foi baseado na anamnese, no exame físico, nos exames hematológicos e na ultrassonografia abdominal, onde
foi possível observar alças intestinais sobrepostas na região do abdômen cranial esquerdo, próximas ao baço. A ultrassonografia é considerada o método de eleição para essa avaliação. A intussuscepção apresenta a característica de anéis
concêntricos, quando vista no plano transversal e multilinear quando vista no plano longitudinal. A forma de apresentação
possivelmente era aguda, pois o hemograma da paciente em estudo não apresentou alterações nos valores das proteinas
plasmáticas. Enteropatias com perda de proteína em cães diarréicos jovens sugere cronicidade. No presente caso os sinais
clínicos observados e os achados ultrassonográficos da paciente em questão, ofereceram subsídios para o diagnóstico de
intussuscepção, que foi confirmado na cirurgia. Por se tratar de um animal jovem o aumento do peristaltismo é a causa
mais provável de intussuscepção devido a grande ocorrência de gastroenterites nesta faixa etária. O tratamento cirúrgico
empregado foi baseado no comprometimento da camada serosa, e na alteração da coloração e textura do tecido que se
apresentava friável. A escolha da técnica de enteroanastomose mostrou-se adequada, uma vez que não foram diagnosticadas complicações relacionadas ao procedimento cirúrgico e não ocorreram recidivas. O diagnostico precoce, associado
à correção cirúrgica foi fundamental para o sucesso do tratamento. Quando corretamente identificada e tratada, a intussuscepção apresenta bom prognóstico.
Descritores: ultrassonografia, enteroanastomose, canino.
1
Hospital Veterinário Universitário (HVU), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. CORRESPONDÊNCIA: R. S. Costa
[[email protected]].
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