eleição Médicos gaúchos vão eleger seus representantes no CFM (pág. 4) Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul | ano XlI | nº 87 | Junho 2014 UM ANO DEPOIS Programa Mais Médicos não diminui drama nas emergências nem reduz filas por consultas conquista Planos de saúde obrigados a reajustar remuneração médica anualmente (pág. 20) notas Cremers lançará aplicativo para médicos Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul Avenida Princesa Isabel, 921 • CEP 90620-001 • Porto Alegre/RS Fone: (51) 3219.7544 • Fax: (51) 3217.1968 [email protected] • www.cremers.org.br Composição da Diretoria Presidente: Fernando Weber Matos Vice-presidente: Rogério Wolf de Aguiar 1º Secretário: Isaias Levy 2º Secretário: Cláudio Balduíno Souto Franzen Tesoureiro: Ismael Maguilnik Corregedor: Régis de Freitas Porto Corregedor Adjunto: Joaquim José Xavier Coordenador da Fiscalização: Antônio Celso Koehler Ayub Coordenador da Ouvidoria: Ércio Amaro de Oliveira Filho Coordenador das Câmaras Técnicas: Jefferson Pedro Piva Coordenador de Patrimônio: Iseu Milman Conselheiros Antônio Celso Koehler Ayub • Arthur da Motta Lima Netto • Céo Paranhos de Lima • Cláudio Balduíno Souto Franzen • Douglas Pedroso • Ércio Amaro de Oliveira Filho • Euclides Viríssimo Santos Pires • Fernando Weber da Silva Matos • Isaias Levy • Iseu Milman • Ismael Maguilnik • Jefferson Pedro Piva • Joaquim José Xavier • Maria Lúcia da Rocha Oppermann • Mário Antônio Fedrizzi • Mauro Antônio Czepielewski • Newton Monteiro de Barros • Régis de Freitas Porto • Rogério Wolf de Aguiar • Sílvio Pereira Coelho • Tomaz Barbosa Isolan • Airton Stein • Asdrubal Falavigna • Clotilde Druck Garcia • Diego Millan Menegotto • Dirceu Francisco de Araújo Rodrigues • Farid Butros Iunah Nader • Isabel Helena F. Halmenschlager • Jair Rodrigues Escobar • João Alberto Larangeira • Jorge Luiz Fregapani • Léris Salete Bonfanti Haeffner • Luiz Carlos Bodanese • Luiz Alexandre Alegretti Borges • Ney Arthur Vilamil de Castro Azambuja • Paulo Amaral • Paulo Henrique Poti Homrich • Philadelpho M. Gouveia Filho • Raul Pruinelli • Ricardo Oliva Willhelm • Sandra Helen Chiari Cabral • Tânia Regina da Fontoura Mota O Cremers está elaborando um aplicativo (app) para smartphones e tablets com o objetivo de estreitar a comunicação entre médicos e entidade. O programa envia notificações importantes sobre a área médica, podendo ser personalizado e adaptado ao perfil do usuário. Com o aplicativo, o Cremers abre um canal direto para informar sobre eventos, resoluções, notícias e outros informes regionais e do CFM. Para acessar, basta o médico estar inscrito no Conselho e ter uma conta na Área do Médico do Portal Cremers, além de possuir dispositivos móveis Android ou iOS conectados à Internet. Um guia de instalação e acesso será disponibilizado assim que o aplicativo for finalizado e estiver disponível para download. Conselho Editorial Fernando Weber Matos • Rogério Wolf de Aguiar • Ismael Maguilnik • Isaias Levy • Cláudio Balduíno Souto Franzen A revista Cremers é uma publicação bimestral da Stampa Comunicação Corporativa para o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul Av. Getúlio Vargas, 1157 conj. 1211 • Porto Alegre/RS CEP 90150-005 • Fone: (51) 3023-4866 • (51) 8184-8199 www.stampacom.com.br • [email protected] REDAÇÃO W/COMM Comunicação (www.wcomm.jor.br), Viviane Schwäger e Ingrid Oliveira da Rosa Jornalista Responsável: Ilgo Wink • Mat. 2556 Revisão: Eliane Casassola Fotografias: W/COMM Comunicação, Carlos Humberto/STF, Banco de Imagens da Câmara dos Deputados, Clovis Prates/HC, Márcio Arruda/CFM, Evelise Gessiane Camara DESIGN Direção de arte: Thiago Pinheiro • Editoração: Matheus Cougo Tratamento de imagens: Luciane Alvim IMPRESSÃO Tiragem: 30.000 exemplares Correspondência Envie seus comentários sobre o conteúdo editorial da Revista Cremers, sugestões, críticas ou novas pautas. Se deseja publicar artigos, eventos e notícias de interesse da categoria, também, a Revista do Conselho de Medicina do RS está aberta à participação da classe médica. Contatos com Assessoria de Imprensa: [email protected] 2 | Revista Cremers | Junho - 2014 Semana Científica no Hospital de Clínicas O Estado da Arte. Este é o tema da 34ª Semana Científica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que irá ocorrer entre os dias 1 e 5 de setembro. As inscrições estão abertas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3359.8090 ou pelo e-mail [email protected]. Entre as atrações da programação estão conferências sobre temas como a Cirurgia Robótica, com a participação do professor da Universidade de Washington (EUA), Richard Satava; a Genética do Câncer, com o professor do Hospital de Câncer de Barretos (SP) Rui Manoel Reis; Transplantes de Órgãos, com presença do professor da Universidade de São Paulo José Osmar Medina Pestana, além de mesas-redondas e cursos, entre outras atividades. editorial Quem sabe faz a hora, não espera acontecer Há um ano, os médicos brasileiros foram surpreendidos por um pronunciamento em rede nacional de TV feito pela presidente da República, que, acuada por ruidosas manifestações populares que sacudiam o País clamando principalmente por mais saúde, anunciou a importação de milhares de médicos cubanos para supostamente resolver o problema de atendimento à população. Foi a única medida concreta anunciada pelo governo como resposta aos manifestantes e à Nação, como se os médicos fossem responsáveis pelas mazelas da saúde. Sabe-se que o governo federal havia algum tempo trabalhava essa ideia, que tem forte cunho ideológico. Dias depois, surgia a medida provisória que instituía o programa Mais Médicos, que custa aos cofres públicos em torno de 1 bilhão de reais. Grande parte desses recursos que saem do bolso dos contribuintes, inclusive de nós, médicos, engorda os cofres do regime cubano. O Cremers, o CFM e demais Conselhos de Medicina, que há anos defendem a criação de um plano de carreira para médicos do Sistema Único de Saúde, o que viabilizaria a fixação dos profissionais nos lugares mais afastados, protestaram e resistiram, inclusive com ações judiciais, mas o programa se manteve inabalável, envolto por ampla publicidade. Hoje, o Mais Médicos, como se previa desde seu lançamento pirotécnico, é usado pelo governo para conquistar votos. Divulgam-se números grandiloquentes, mas as filas para consultas com especialistas continuam crescendo e as emergências dos hospitais seguem superlotadas. Pelo País afora, sucedem-se erros cometidos pelos intercambistas, pairando dúvidas sobre sua real formação. Como se sabe, o Ministério da Saúde tomou para si a responsabilidade de conferir a formação desses profissionais. Felizmente, uma parte dos políticos desde o primeiro momento coloca restrições ao programa, apoiando a proposta de criação de plano de carreira no SUS para os profissionais da saúde, a exemplo do que existe no Poder Judiciário. Um importante candidato à presidência já antecipou que vai avançar nessa proposta, além de projetar mudanças significativas no Mais Médicos. Alguns senadores e deputados também defendem a causa dos médicos formados aqui ou diplomados no exterior, mas com diploma revalidado conforme determina a legislação. Por ocasião da aprovação da Lei do Ato Médico, uma conquista histórica da categoria atenuada arranhada pelos vetos da presidente,foi decisiva a atuação de algumas lideranças políticas, sem contar, é claro, a força da união dos médicos e de suas entidades de classe. Da mesma forma em relação à outra grande vitória, aprovação da Lei que estabelece reajustes anuais obrigatórios aos médicos de operadoras de saúde. Como se percebe, os médicos brasileiros não estão sós. Há quem reconheça a importância dos médicos para a sociedade. Mesmo aqueles que nos agridem e tentam denegrir a imagem dos médicos acabam recorrendo a um atendimento médico, normalmente nos melhores e mais caros hospitais. Eles passam ao largo dos hospitais do SUS que eles tanto enaltecem, mas que tratam à míngua, remunerando mal pelos serviços prestados e desqualificando o atendimento à população mais carente. Depois de um ano, podemos distinguir ainda com maior clareza os políticos que nos apoiaram desde o primeiro momento, e visualizar sem dificuldade os que nos abandonaram e se posicionaram contra as nossas causas, sem contar aqueles que atacaram gratuitamente toda uma categoria profissional em sua nobre luta em defesa da medicina e da qualidade no atendimento de saúde. Está se aproximando a hora de dar uma resposta. Como cantava Geraldo Vandré, ‘... quem sabe faz a hora, não espera acontecer’. Dr. Fernando Weber Matos Presidente do Cremers Junho - 2014 | Revista Cremers | 3 participação Eleições CFM Rio Grande do Sul tem chapa homologada para o pleito de agosto. Votação será exclusivamente via Correios. Resolução do Conselho Federal de Medicina prevê multa para quem não participar do processo eleitoral. Para votar é preciso estar em dia com sua anuidade. Comissão eleitoral do Cremers reunida para ajustar os últimos detalhes da eleição O prazo para as inscrições de chapas concorrentes à eleição de conselheiros federais – efetivo e suplente – do CFM se encerrou no dia 24 de junho às 18h30min. A chapa inscrita e homologada dentro do prazo legal foi a "Ética, Experiência e Seriedade", de número 1. A eleição para os representantes dos estados no CFM acontece em agosto, e todos os médicos registrados nos CRMs devem participar. A votação, obrigatória para os médicos em pleno gozo de seus direito políticos e profissionais, será por correspondência. As cédulas para votação serão enviadas a todos os médicos inscritos no Cremers. Os votos deverão ser postados com a antecedência necessária a fim de que sejam recebidos na Agência dos Correios e Telégrafos de Porto Alegre da Av. Siqueira Campos, 637 até às 18h do dia 25 de agosto de 2014, impreterivelmente, para que sejam considerados válidos. 4 | Revista Cremers | Junho - 2014 Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3219-7544 – Ramal 247, com Rosana, secretária da Comissão Regional Eleitoral. A Comissão é composta pelos médicos Airton Malinsky (Presidente), Eda Maria Ruzicki (Secretária da Comissão Regional) e Geraldo Vargas Barreto Vianna (Secretário da Comissão Regional). Chapa 1: "Ética, Experiência e Seriedade" A Comissão Eleitoral homologou a inscrição da chapa "Ética, Experiência e Seriedade", sob o nº 01, tendo como candidatos aos cargos de conselheiros efetivo e suplente Cláudio Balduíno Souto Franzen (Conselheiro Efetivo Federal) e Antonio Celso K. Ayub (Conselheiro Suplente Federal). tecnologia Fiscalização: novo sistema é colocado em prática Comissão de Fiscalização do Cremers começa a utilizar o novo sistema Nos dias 15 e 16 de julho, representantes do Conselho Federal de Medicina vieram ao Cremers para realizar um treinamento de fiscalização. Os representantes do CFM, Eurípedes de Souza, Maristela Barreto e Ricardo Santos, visitaram diversas unidades de saúde juntamente com a Fiscalização do Cremers, composta pelo seu coordenador Antonio Celso Ayub, e os médicos fiscais Mário Henrique Osanai e Alexandre Prestes, para orientar e pôr em prática o novo sistema informatizado de fiscalização, que está sendo implantado em todo o país. De acordo com as regras que dão suporte ao novo sistema, com a aplicação das Resoluções do CFM 2056 e 2062/2013, a análise das inspeções realizadas é feita por meio de um aplicativo, que envia ao CFM relatórios e estatísticas sobre a real situação dos estabelecimentos de saúde. Os elementos que compõem o kit de fiscalização são: tablet, medidor a laser, máquina fotográfica e impressora portátil. Com a utilização do aplicativo, o relatório de fiscalização pode ser concluído no ato da inspeção, o que torna mais prático todo o processo. De acordo com o 3º vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes Cavalcante, coordenador do departamento de Fiscalização (Defis) do CFM, são inúmeras as vantagens do novo sistema: “Por exemplo, a elaboração do relatório de fiscalização, que normalmente é um procedimento demorado, será concluída no ato da fiscalização, inclusive com fotos ilustrativas do trabalho. O material será enviado ao CFM na hora”. Reunião entre representantes do CFM e do Cremers Junho - 2014 | Revista Cremers | 5 saúde pública Estado recua e mantém cirurgias em pequenos hospitais A Secretaria Estadual da Saúde do RS não resistiu à forte pressão e decidiu revisar a resolução que eliminaria a realização de partos e cirurgias em pequenos hospitais, prejudicando o atendimento principalmente nos municípios com menos de dez mil habitantes. Logo que a polêmica medida do governo gaúcho foi divulgada, dia 21 de maio, o presidente do Cremers, Fernando Weber Matos, manifestou sua contrariedade com a decisão que atingiria 88 instituições filantrópicas: – Quando não se deixa pequenos hospitais crescerem, quando não se dá condições econômicas para fazer procedimentos de pequena e média complexidade, acaba-se destruindo as instituições e afastando os médicos dos pequenos municípios, o que contraria a política de interiorização dos médicos. A partir daí, o Cremers utilizou de forma intensa seus espaços no rádio Dr. Fernando Weber Matos para atacar a resolução, combatida fortemente também pela Federação das Associações de Municípios (Famurs) e outras entidades. Recursos X cirurgias Em troca de receber recursos do Estado, esses hospitais – estabelecimentos com até 50 leitos ou que realizam menos de 20 partos por mês, a maioria localizada em pequenas cidades –, seriam obrigados a fechar as portas para grávidas e pacientes à espera de cirurgias. A decisão poderia afetar mais de 800 mil pessoas, que teriam de recorrer a municípios maiores para receber atendimento cirúrgico. No dia 27 de maio, a Secretaria da Saúde do Estado anunciou a formação de um grupo de trabalho composto por seis entidades para definir as alterações que serão feitas na resolução. A ideia inicial é uma regra específica para pequenos hospitais que tenham interesse em manter partos e cirurgias. É o caso, segundo revelou o jornal Zero Hora em sua edição de 28 de maio, do hospital Santa Isabel, de Progresso, no Vale do Taquari, que atende outros quatro municípios. O hospital havia aderido à proposta da secretaria e precisaria fechar o bloco cirúrgico, reformado em 2010, sendo obrigado a deixar de atender as grávidas. Com o recuo do governo, o hospital deve se tornar referência na região. TCU revela que municípios deixaram de aplicar R$ 89 milhões em saúde Um relatório do Tribunal de Contas da União revelou que R$ 89 milhões, que deveriam ter sido aplicados em ações para saúde, ficaram parados em contas de 52 prefeituras gaúchas. Um dos tópicos do relatório mostra que R$ 9,4 milhões deixaram de ser aplicados no programa contra DST / Aids. A verba federal deveria ter sido destinada a programas de impacto direto à 6 | Revista Cremers | Junho - 2014 população, como os R$ 3 milhões não usados em postos para Saúde da Família; R$ 14 milhões para pagamento, entre outros itens, de consultas e pequenas cirurgias; R$ 22 milhões para compra de medicamentos de farmácia básica ou R$ 5,8 milhões parados do Samu, entre outras ações. Os dados referem-se ao saldo das contas municipais até o fim de 2012. Emergências superlotadas apesar do Mais Médicos Superlotação nas emergências é comum em todo o país Em seminário sobre o programa Mais Médicos realizado no dia 1 de julho em Porto Alegre, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, declarou que a superlotação das emergências diminuiu. Ele atribuiu esse “desafogamento das emergências no Estado” ao Mais Médicos, pois “o programa reforçou o atendimento nas unidades básicas de saúde”. Como exemplo, Chioro citou o Hospital Conceição, cuja média de pacientes variava entre 150 e 180 por dia e naquele dia estava em entre 70 a 100 pessoas. Contudo, as pessoas que necessitam de atendimento médico pelo SUS em Porto Alegre e Região Metropolitana se deparam com outra realidade: há superlotação em todos os hospitais da capital. Isso significa que o trabalho dos mais de mil intercambistas lotados no Estado não reflete na situação das emergências, que permanece igual a de anos anteriores. O Cremers recebeu diversos avisos sobre fechamentos temporários de emergências devido à superlotação. O Hospital Ernesto Dornelles, por exemplo, comunicou ao Conselho o fechamento de sua emergência no dia 7 de maio. A ala só foi reaberta no dia 24 de junho, após adequar sua capacidade. No dia 7 de julho, uma semana após a precipitada manifestação do ministro, mais complicações e espera no atendimento. Na emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) havia 142 pessoas internadas em um local com 49 vagas. Na ala pediátrica, 12 crianças estavam alojadas, onde em condições ideais caberiam nove. A administração teve que solicitar que os pacientes procurassem outros hospitais ou, em casos menos graves, os postos de saúde. No mesmo dia, a emergência do Hospital Centenário, em São Leopoldo, foi fechada temporariamente após o número de pacientes atingir quase quatro vezes a capacidade. Eram 62 internos para apenas 16 vagas. A assessoria de imprensa do hospital declarou que macas e camas disponíveis em outros setores foram utilizadas para acomodar provisoriamente os pacientes. A grande incidência de doenças respiratórias, típicas do período de inverno, seria um dos motivos que levaram à superlotação. As pessoas que precisaram de atendimento médico na cidade tiveram que buscar assistência em hospitais de outros municípios, como Sapucaia e Novo Hamburgo. Junho - 2014 | Revista Cremers | 7 saúde pública Angustiante espera por consulta com especialistas Mesmo com mais de mil intercambistas vindos ao Estado pelo programa Mais Médicos, os problemas de atendimento seguem inalterados, aos menos para quem pretende consultar com especialistas. Em Porto Alegre, uma consulta pelo SUS pode demorar dois anos ou até mais, dependendo da especialidade. É o que mostra reportagem publicada no jornal Zero Hora no dia 20 de junho. De janeiro a março, segundo último levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES), houve um aumento de 2,3% na demanda de pacientes do Interior para atendimento em hospitais da capital. No início do ano, havia 172 mil pessoas na fila de espera. Três meses depois, o número superava os 176 mil. A demora para atendimento em Porto Alegre atinge dois anos, sobretudo em especialidades como ortopedia, proctologia e reumatologia. Segundo o jornal, a dona de casa Eliane de Souza Pinto, 50 anos, de Campo Bom, no Vale do Sinos, esperou por 25 meses até conseguir, em maio deste ano, uma consulta com ortopedista em Porto Alegre — referência para o município na especialidade. O aumento na demanda e a redução da oferta estão entre as explicações para a longa fila. A SES afirma que desde a informatização do sistema, em 2011, e conse- quente cruzamento de dados, 4 mil consultas foram disponibilizadas a mais em hospitais de Porto Alegre – onde 55% dos atendimentos são para residentes. A secretaria admite, porém, desconhecer a demanda reprimida que busca atendimento em outros centros de referência no Estado, já que só faz a regulação dos atendimentos oferecidos a não residentes da Capital. Nas demais cidades é responsabilidade de cada município gerenciar a sua demanda local, inclusive, com preenchimento das agendas via sistema do Complexo Regulador Estadual. De acordo com um levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a pedido do Ministério da Saúde, a explicação para as longas filas está justamente na regulação fragmentada, pois cada uma das 19 Coordenadorias Regionais de Saúde têm regras próprias. A ausência ou a deficiência do atendimento ambulatorial da rede básica (consulta com clínico geral ou mesmo com algumas especialidades) também é problemático. Para a entidade, a estruturação dos hospitais regionais, conforme o perfil epidemiológico de cada região, seria uma das maneiras para sanar o problema da longa fila de espera. Veja quatro razões pelas quais a fila é tão longa Regulação fragmentada Poucos ortopedistas O Estado é divido em 19 Coordenadorias de Saúde e cada uma tem autonomia. Segundo o TCU, esse é um gargalo que deve ser unificado já que as listas de espera de cada uma estão sujeitas a alterações aleatórias. A longa espera por ortopedista é explicada em parte pela quantidade reduzida de médicos com essa especialidade no Estado. Em todo o RS há 816 especialistas na área; Saúde Básica deficiente Redução de leitos A deficiência no atendimento da saúde básica e a falta de médicos especialistas nos municípios contribuem para a superlotação dos hospitais e para as filas de espera, de acordo com o TCU. Em duas décadas o Rio Grande do Sul reduziu em 33,9% os leitos hospitalares pelo SUS. Em 1993 o Estado tinha 35.061 leitos contra 23.487 em 2013. Na Capital o percentual de redução é maior, chegando a 35,7%. Ano passado eram 5.590 leitos ante 8.698, em 1993. 8 | Revista Cremers | Junho - 2014 Conselhos querem fortalecer estruturas de fiscalização do SUS Os Conselhos de Medicina cobraram do Ministério da Saúde o fortalecimento das estruturas de fiscalização, controle e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS) e medidas urgentes que evitem a incompetência administrativa, os abusos e a corrupção na saúde pública. Em nota de esclarecimento à sociedade, emitida no dia 30 de maio, o CFM criticou a omissão do Estado em oferecer à população acesso à assistência médica com qualidade. Informou ainda que, com o apoio dos Conselhos Regionais, serão realizadas novas fiscalizações em caráter de urgência nas unidades citadas nas reportagens. Diz a nota: “Os relatórios de vistoria com a descrição de todas as fragilidades encontradas em termos de infraestrutura e recursos humanos sejam encaminhados – em âmbito local – aos gestores do SUS e aos representantes dos Poder Legislativo, do Poder Judiciário, dos Tribunais de Contas, do Ministério Público e de outros instâncias de fiscalização e controle, bem como ao Ministério da Saúde; Os CRMs – em articulação com outras entidades locais – proponham aos gestores do SUS a adoção de medidas emergências para resolver os problemas detectados, garantindo aos pacientes um melhor atendimento e aos profissionais condições de atuar adequadamente nas unidades. Cobrança ao ministério da saúde Por outro lado, na esfera federal, o CFM solicita ao Ministério da Saúde a apresentação urgente de propostas que contemplem os seguintes pontos: • Um plano detalhado e de longo prazo para melhoria efetiva da infraestrutura de toda a rede hospitalar que integra o SUS, com ênfase nos setores de urgência e emergência; • A criação de uma carreira de Estado para os médicos e outros profissionais da saúde, como forma de estimular sua adesão e permanência na rede pública; • A reposição das perdas acumuladas dentro da Tabela SUS (em consultas e procedimentos), cuja defasagem tem contribuído para a redução da cobertura assistencial oferecida pela rede pública; • O aumento imediato e significativo da oferta de leitos de internação e de UTI para atender a demanda crescente de internações e cirurgias de média e alta complexidade; • A promoção de campanhas de esclarecimento à sociedade sobre os fluxos corretos de atendimento no âmbito do SUS, com consequente reforço e aperfeiçoamento da respectiva estrutura para absorver a demanda reprimida; e • O fortalecimento das estruturas de fiscalização, controle e avaliação – em todas as esferas de gestão do SUS – com a garantia de apoio para agirem com autonomia, rapidez e transparência no acompanhamento de ações, projetos e programas do SUS, evitando-se a incompetência administrativa, os abusos e a corrupção. Finalmente, o CFM e os CRMs pedem à Câmara Federal a aprovação do Projeto de Lei 174/2011. O texto estabelece que ocupantes de cargos do Poder Executivo (presidente, governador ou prefeito, por exemplo) poderão ser cobrados e penalizados pelo descumprimento de compromissos e promessas feitos à população. Junho - 2014 | Revista Cremers | 9 atuação Diferença de classe em debate Cremers defendeu sua proposta em audiência pública no Supremo Tribunal Federal Evento reuniu representantes de vários órgãos da saúde O segundo-secretário do Cremers e Conselheiro Federal representante do RS, Claudio Balduíno Souto Franzen, defendeu no Supremo Tribunal Federal (STF) a possibilidade de melhoria no tipo de acomodação do paciente e a contratação de profissional de sua preferência mediante o pagamento de complemento, a chamada “diferença de classe”. O tema foi discutido em audiência pública realizada no dia 26 de maio, em Brasília. A discussão contou com representantes de outras entidades da saúde. O objetivo do debate foi oferecer aos ministros subsídios para julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 581488, interposto pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) contra decisão da Justiça Federal da 4ª Região desfavorável à pretensão de restabelecer a prática, proibida desde 1991. Franzen apresentou argumentos em defesa do direito de os pacientes do SUS internados em hospitais filantrópicos ou particulares conveniados com o sistema obterem internação em condições melhores pelo SUS, mediante pagamento de um valor a mais, prática conhecida como “diferença de classe”. 10 | Revista Cremers | Junho - 2014 Dr. Cláudio Franzen representou o Cremers no STF SUS remunera mal os serviços O diretor do Cremers disse que o Rio Grande do Sul tem uma situação peculiar no atendimento médico, feito em sua maior parte não em hospitais públicos, mas em Santas Casas e demais entidades filantrópicas, além de hospitais privados. Entretanto, segundo ele, o que o SUS paga pelo serviço dos hospitais mencionados é muito inferior ao custo real da assistência prestada. Em consequência disso, ocorre no RS e em todo o Brasil o fechamento de hospitais e uma queda gradativa do número de leitos à disposição dos pacientes do SUS. Desativação de leitos SUS O conselheiro citou dados do Tribunal de Contas da União divulgados no dia 25 de maio pela TV Globo, segundo os quais foram desativados 123 mil leitos em todo o país, de 2010 até este ano. Diante disso, ele sustentou que admitir o pagamento adicional pela acomodação poderia permitir uma melhora das condições dos hospitais conveniados com o SUS. Fisioterapeutas não podem atuar em áreas do profissional de medicina O SUS real não é o SUS idealizado Segundo Cláudio Franzen, essa situação precária do SUS não decorre da falta de médicos, nem da falta propriamente de recursos financeiros à disposição do Ministério da Saúde. Assim é que, segundo ele, dos R$ 9,4 bilhões que o Ministério da Saúde dispunha para investir no SUS, no ano passado, ele repassou apenas R$ 3,9 bilhões, ou seja, 40% do total disponível. O representante do Cremers disse não discordar, em tese, da política do Ministério da Saúde de priorizar o atendimento ambulatorial pelo SUS. Entretanto, segundo ele, a situação real do Brasil é outra. “As doenças continuarão existindo, e a necessidade de internação e cirurgias, também”, afirmou. E, com o sistema vigente, conforme observou, o paciente leva, por vezes, dois a três meses para ser atendido em ambulatório e, depois, dois a três anos para obter uma intervenção cirúrgica ou uma consulta pelo SUS. “O SUS real não é o SUS idealizado”, afirmou. “O acesso universal à saúde é direito do cidadão. Não pode ser cerceado por medidas administrativas. A rede (de hospitais filantrópicos e particulares) não pode ser sucateada para defender teses ideológicas desprovidas de comprovação prática”, concluiu. Elementos colhidos na audiência serão levados à PGR Julgamento do Recurso – Após a audiência, o ministro relator Dias Toffoli informou que ainda não há previsão de data para julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 581488. Ele ressaltou, no entanto, que o próximo passo na tramitação do processo será a reunião dos elementos colhidos na audiência e o encaminhamento dos autos à Procuradoria Geral da República (PGR), para emissão de parecer após os debates. O ministro disse que iniciará a análise do processo tão logo o receba da PGR, para posteriormente levá-lo a Plenário. Informou, também, que os dados colhidos serão encaminhados aos gabinetes de todos os ministros da Corte para auxiliá-los na análise do processo. A 7ª Turma do TRF da 1ª Região determinou o prosseguimento de ação civil pública movida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) contra o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) a fim de ver declarada a ilegalidade dos incisos VI, XX, XXI, XXIX e XXXVIII do artigo 3º, e inciso VIII do artigo 5º da Resolução Coffito 403/2011. Essa norma permite aos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais realizar e interpretar exames complementares para o diagnóstico de doenças, bem como participar de perícias médicas nas áreas cível, trabalhista, previdenciária e criminal. Em primeira instância, o magistrado que analisou o caso entendeu que “inexiste interesse de agir”. Inconformado, o CFM recorreu ao TRF da 1ª Região ao fundamento de que o ato normativo em questão “viola o princípio da legalidade e invade a área de atuação do profissional da medicina”. O CFM entende que existe uma violação aos princípios do contraditório e do devido processo legal, pois não houve sequer contestação. A Turma concordou com os argumentos apresentados. “A área da fisioterapia não se confunde com a área médica, pois cuida da reabilitação ou a conservação da capacidade física ou mental do paciente, mediante o emprego de métodos e técnicas fisioterápicas ou terapêuticas. É juridicamente possível, portanto, a tese no sentido de que o profissional da fisioterapia não pode efetuar o diagnóstico de doenças, determinar exames médicos, estabelecer o nexo causal de doenças funcionais ou atuar como médico-perito”, destaca a decisão. Nesse sentido, de acordo com o entendimento da 7ª Turma, “afigura-se possível a alegada ilegalidade dos incisos VI, XX e XXIX da Resolução Coffito 403/2011, que preveem a atuação do fisioterapeuta do trabalho nas atividades citadas”. Com tais fundamentos, o Colegiado deu provimento à apelação movida pelo CFM e determinou o regular processamento da ação civil pública. Junho - 2014 | Revista Cremers | 11 Poder Judiciário Solicitação de medicamentos A utilização do poder judiciário para agilizar à obtenção de medicamentos especiais ou insumos fora das listas do SUS e de convênios tem se tornado uma rotina em nossos meio. O Rio Grande do Sul é o segundo estado em número de discussões judicias visando à obtenção de medicamentos/insumos. Essa demanda é resultado da progressiva complexidade da medicina atual e, especialmente, do baixo investimento em saúde e da tentativa de restrição de gastos por parte de gestores de saúde pública ou privada. Vários questionamentos têm sido encaminhados ao Cremers discutindo os aspectos éticos e deontológicos dessa prática, dentre os quais se destacam: Existe respaldo ético para o médico assistente envolverse nesse processo? O Código de Ética Médica têm diversas normas e artigos que recomendam que o médico desenvolva todos seus esforços na prática da melhor medicina visando o benefício do paciente. A não obediência a tais artigos pode, inclusive, ser considerada como infração ética. O envolvimento do médico assistente nesse processo encontra amparo no: Capítulo I, incisos: II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente. VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho. XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento do diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente. 12 | Revista Cremers | Junho - 2014 XIX - O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido, pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de confiança e executados com diligência, competência e prudência. Capítulo II, inciso: II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente. O artigo 32 do Código de Ética Médica veda “ao médico deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente”, reafirmando o respaldo ético para que o médico, seguindo sua autonomia profissional, sugira a melhor forma de tratamento para seu paciente. Portanto, na medida em que o médico assistente identifica e prescreve para seu cliente medicamentos ou insumos fora das listas oferecidas pelo SUS/convênios ele está amparado pelo código de ética médica. No caso de o médico assistente recusar envolvimento nesse processo, poderia caracterizar alguma infração ética? (Por exemplo, recusar-se a fornecer relatório para embasar o pedido judicial). O médico ao indicar determinado tratamento que não está disponível nas listas de medicamentos/insumos de convênios ou do SUS, sabe que poderá ser solicitado pelo paciente a redigir relatório detalhado explicando as cau- através de ordem Judicial sas dessa solicitação. Ao recusar-se de confeccionar esse relatório/atestado a pedido de seu paciente, poderia configurar, em tese, infração ao artigo 24 (é vedado ao médico deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo), assim como possíveis infrações aos artigos 88 e 91. No caso dessa recusa resultar em algum dano ao paciente poderia caracterizar infração ao Art. 1º (Causar dano ao paciente, por omissão, caracterizável como negligência). Ao elaborar o relatório por solicitação expressa do paciente para embasar o pedido judicial, esse deve/ pode ser preenchido em um modelo já pré-configurado pelo judiciário? Para substanciar e facilitar a decisão do judiciário o médico assistente deve fornecer a maior quantidade de informações possíveis sobre o caso. Ao elaborar seu relatório/laudo o médico pode redigir de forma livre ou utilizar laudos pré-configurados, desde que contemplem todas as informações necessárias para o convencimento do judiciário. O médico assistente pode apenas indicar o nome genérico (sal do produto) ou pode fazer menção ao nome comercial? O médico, preferentemente, deve indicar o medicamento na sua denominação genérica. Entretanto, havendo apenas uma apresentação comercial do produto, sem similar genérico, poderá então indicar o medicamento/insumo por seu nome comercial. Havendo produtos similares com discretas variações de seus componentes e tendo o médico optado por uma formulação específica, o mesmo deverá justificar ao juiz a razão de tal opção (segurança, eficácia, efeitos adversos do similar, entre outros). Sempre que possível deverá constar no laudo o tempo previsto de utilização da medicação/insumo não padronizado com os objetivos a serem alcançados e os determinantes que definirão a suspensão ou manutenção de tal tratamento especial. Deve-se ressaltar que ao recomendar medicamentos/ insumos sem a devida indicação, comprovação científica Números no RS R$ 316 milhões gastos com médicos pelo Estado neste ano R$ 192 milhões foram via judicial R$ 36% é o crescimento das despesas do governo com medicamentos em dois anos 113 mil processos tramitam no Estado ou justificativa poderia configurar infração ao artigo 14 do Código de Ética Médica (Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no país) e/ou “Art. 35. Exagerar a gravidade do diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no número de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos”. Poderia ainda, caracterizar-se com infração ao Art. 80 (Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade). Ao elaborar o relatório para embasamento da ação judicial, não estaria o médico quebrando o compromisso do sigilo? A relação médico paciente é protegida pelo dever de sigilo por parte do médico, de acordo com o Art. 73 (é vedado ao médico revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente). No caso em questão é óbvio que o paciente para obter o beneficio da liberação do insumo/ medicamento deve autorizar o médico a prestar todas informações necessárias no relatório enviado ao judiciário. Por isso, recomendamos ao médico assistente que tenha uma solicitação formal de seu paciente para a confecção do laudo/relatório visando informar e subsidiar o judiciário para o fornecimento de medicamentos/insumos fora das listas do SUS e convênios. Junho - 2014 | Revista Cremers | 13 orientação Prontuários médicos: eletrônico ou em papel? A questão dos prontuários eletrônicos gera muitas dúvidas aos médicos, que nem sempre sabem como proceder com as fichas escritas à mão ou com os documentos no computador. O coordenador da Ouvidoria e responsável pelo setor de informática do Cremers, Ércio Amaro de Oliveira Filho, esclarece qual é a maneira correta de arquivar os prontuários médicos. O que devem fazer os médicos que anotam as fichas à mão? Devemos pensar nos prontuários médicos como uma prova judicial. Se ele é manuscrito, é porque é feito na hora e na frente do paciente. O prontuário passa a ser um documento que pode ser submetido à perícia grafológica, sendo, então, totalmente válido. O parecer do Cremers 27/2009 esclarece por quanto tempo esse documento deve ser arquivado. O médico deve guardar o prontuário por 5 anos após a última consulta, caso o paciente seja maior de idade; se for menor de idade ou interditado, deve permanecer arquivado 5 anos após atingir a maioridade. O mesmo vale para falecimentos: guardar por 5 anos após a morte. No caso dos médicos que preenchem as fichas no Word, elas valem como prontuário eletrônico? Não valem. As fichas no Word equivalem às fichas escritas à mão e devem seguir as mesmas regras. É como se o médico estivesse usando uma máquina de escrever; ao invés de escrever tudo de próprio punho, o texto é digitado. Portanto um arquivo de Word não é um prontuário eletrônico. A cada consulta, o médico deve imprimir o documento e assinar na frente do paciente. A assinatura será a única prova de que foi aquele médico quem fez o prontuário e a impressão do arquivo impede que ele seja alterado posteriormente. Além disso, o documento de Word pode ter a sua data facilmente alterada, salvando uma mudança no arquivo ou alterando a data na bios do computador. Por isso ele não é o mesmo que um prontuário eletrônico. 14 | Revista Cremers | Junho - 2014 O que fazer com uma receita digitada no computador? O que se faz com a receita é o mesmo que deve ser feito no prontuário. O médico imprime e assina colocando o número do CRM. E no caso dos prontuários eletrônicos, por quanto tempo ele deve ser guardado? Os prontuários eletrônicos têm tempo indefinido. É para sempre. Não ocupa espaço como o de papel e pode ser mantido no computador sem problemas. Porém, um computador pode ter problemas e fazer o usuário perder os arquivos. Por isso é indispensável um sistema eficiente de back-up dos dados. Como saber qual programa é adequado? A Resolução do CFM 1821/2007 é a que aprova as normas técnicas para a digitalização e uso dos sistemas informatizados para a guarda e manuseio dos documentos dos prontuários dos pacientes. A relação de programas certificados para uso em nível hospitalar de internação, hospitalar ambulatorial e consultório, pode ser acessada no site do CFM, www.portalmedico.org, e no da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), www.sbis.org.br. Se um médico decide utilizar a partir de hoje um desses programas, ainda tem que guardar os prontuários feitos à mão? Sim. O que foi feito antes deve ser arquivado de acordo com as regras de tempo necessário. O que for feito de hoje em diante no programa, vai se enquadrar nas normas de prontuário digital. Dr. Ércio Amaro de Oliveira Filho Relação médico-paciente pode gerar sindicância Existe a possibilidade de transformar as fichas de papel em prontuário digital? Sim. Existem programas que incorporam um documento escaneado. O arquivo digitalizado fica como um documento no prontuário digital do paciente. Alguns programas não aceitam, então, mesmo que o prontuário seja digitado no programa, o papel original deve ser guardado em função da data e para poder servir de prova legal. Que conselho o sr. daria para os médicos mais velhos, que não estão familiarizados com as tecnologias, ou para quem tem grande número de fichas em papel? Avaliem se vale a pena mudar para o digital. Eu não mudei, por exemplo, porque temos cerca de 20 mil fichas na nossa clínica, então daria muito trabalho mudar de sistema. E para os mais novos na profissão? Para quem tem um volume pequeno de prontuários em papel eu aconselho que eles entrem no site da SBIS e se restrinjam a programas certificados pela entidade. É comum um prontuário ser usado como prova judicial? Sim, não é raro um paciente colocar o médico na Justiça. A única arma de defesa sólida do médico é o prontuário, por isso deve ter todo o suporte legal. O prontuário e o cuidado de armazenamento são feitos para o médico não se incomodar e não para incomodar o médico. Relação médico-paciente tem sido uma das principais causas de denúncias registradas no Cremers. A constatação é do corregedor da entidade, Régis de Freitas Porto, que trabalha com o corregedor adjunto Joaquim José Xavier e a equipe de servidores da Secretaria de Assuntos Técnicos. De acordo com o corregedor, essas denúncias ao serem protocoladas no Cremers geram sindicância. “É um problema que o médico poderia evitar mantendo uma relação mais afetiva com o seu paciente. Sabemos que muitas vezes isso não acontece porque o médico está sobrecarregado e sofrendo com más condições de trabalho, mas é importante buscar sempre ter uma boa relação médicopaciente“, orienta Régis Porto. No ano passado, foram instauradas 483 sindicância, sendo que apenas uma pequena parte vira Processo Ético-Profissional. Neste primeiro semestre, já foram abertas 290 sindicâncias. Dr. Régis de Freitas Porto Junho - 2014 | Revista Cremers | 15 UM ANO DEPOIS Aprovação da Lei do Ato Médico completa um ano O último 18 de junho marcou um ano da conquista histórica dos médicos e da medicina brasileira: a Lei do Ato Médico. O Plenário do Senado aprovou o projeto que regulamenta a atividade médica, restringindo à categoria atos como o diagnóstico de doenças e a prescrição de tratamentos. O presidente do Cremers, Fernando Matos, comenta que se o processo todo terminasse naquele momento, sem a necessidade de passar pela avaliação da presidência da República, seria uma grande vitória dos médicos e da Medicina brasileira. “Todos os anseios da classe médica estavam sendo atendidos nessa sessão histórica. De qualquer forma, é uma conquista importante. Como se sabe, a Medicina é a última das 14 profissões da saúde a ser regulamentada”. Conselheiros federais e regionais de medicina, além de médicos e estudantes, acompanharam toda a movimentação que terminou por volta de meia noite. Desde o início da tarde, um grupo já estava no Senado para sensibilizar os parlamentares em favor da proposta. A vitória foi comemorada no plenário, logo após o encerramento da votação. 16 | Revista Cremers | Junho - 2014 Histórico de lutas A primeira proposta sobre o tema, PLS 25/2002, foi apresentada pelo então senador Geraldo Althoff (PFL-SC). Em seguida, o senador Benício Sampaio (PFL-PI) apresentou o PL 268, que também tratava de regulamentação. A convergência do tema permitiu que as duas propostas fossem apensadas e tramitassem juntas. O projeto já saiu do Senado, em 2006, na forma de substitutivo da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), relatora na CAS, baseado no PL 268. Enviado à Câmara, foi modificado novamente e voltou ao Senado como novo substitutivo (PLS268/2002), em outubro de 2009. Esse foi o texto que serviu de base ao aprovado nesta terça, da Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS). Lei não interfere nas demais profissões No plenário, os senadores Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e Lúcia Vânia defenderam a proposta ressaltando a sua importância para a saúde pública e para os profissionais da área. O senador Antônio Carlos Valadares, relator da matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), destacou que, das 14 profissões da área da saúde, apenas a profissão de médico ainda não era regulamentada. Lúcia Vânia, relatora do substitutivo na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), observou que o Ato Médico não vai interferir em nenhuma das atribuições de outras profissões da saúde. Parlamentares divididos em relação aos vetos da presidência ao PL do Ato Médico “Infelizmente, como a votação foi secreta, muitos não honraram o compromisso assumido conosco. Com isso, os vetos foram mantidos, causando grande distorção na Lei, que não saiu exatamente como desejava a classe médica” Dr. Fernando Weber Matos Aprovado no Senado depois de onze anos de tramitação e intensa negociação, o projeto de Lei do Ato Médico não passou incólume pela presidência da República, sofrendo alterações. Na votação que terminou na madrugada de 21 de agosto de 2013, os vetos da presidente Dilma Rousseff à Lei do Ato Médico foram mantidos, apesar do forte trabalho dos Conselhos de Medicina. O presidente do Cremers, Fernando Matos, lembra que naquele dia integrou um grupo de lideranças médicas que percorreu a Câmara e o Senado para convencer os parlamentares a manter a proposta original. “Infelizmente, como a votação foi secreta, muitos não honraram o compromisso assumido conosco. Com isso, os vetos foram mantidos, causando grande distorção na Lei, que não saiu exatamente como desejava a classe médica”. Mesmo sendo votação secreta, muitos parlamentares da bancada gaúcha abriram seus votos a favor dos médicos, ratificando o que haviam manifestado em reuniões com a comitiva médica. A senadora Ana Amélia Lemos, do PP, ocupou a tribuna para abrir seu voto em favor da aprovação do projeto sem os vetos colocados pela presidência, destacando o trabalho exaustivo da Câmara e do Senado e cobrando cumprimento de acordos feitos com a base governista. Outro que se posicionou contrário aos vetos foi o deputado Onix Lorenzoni (DEM), que, em pronunciamento, defendeu com veemência a derrubada dos vetos, destacando que o governo parece determinado a dividir as profissões que deveriam estar unidas para cobrar mais investimentos na saúde. O presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado federal Darcísio Perondi (PMDB), afirmou que a decisão de vetar a lei do Ato Médico é uma ofensa ao Congresso Nacional e aos médicos que cuidam da saúde das pessoas. “São 11 anos de negociações, muitas audiências e reuniões para chegar a um consenso, e agora a presidente veta,” reclamou. Em audiência pública com a bancada gaúcha realizada em Porto Alegre, os deputados federais Osmar Terra (PMDB) e Alexandre Roso (PSB) defenderam a derrubada dos vetos. Durante a sessão plenária, os petistas Fernando Marroni e Dionísio Marcon se pronunciaram na tribuna pela manutenção dos vetos. O deputado federal Giovani Cherini (PDT) fez um discurso forte contra os médicos e aproveitou a oportunidade para parabenizar a presidente Dilma Rousseff e o Ministro Alexandre Padilha pela coragem de enfrentar o corporativismo médico no Brasil. “O Ato Médico não pode atingir tantas profissões: de enfermeiro, biomédico, psicólogo, farmacêutico. Não se faz saúde só com a medicina”, declarou. O Deputado Federal Ivan Valente (PSOL/SP) afirmou que a bancada do PSOL votaria pela manutenção dos vetos presidenciais. “A manutenção dos vetos significará a vitória da saúde de forma ampla, com benefícios a várias categorias de profissionais e, principalmente, com benefícios para a população”. Junho - 2014 | Revista Cremers | 17 UM ANO DEPOIS Mais Médicos: crise na saúde permanece Médicos e estudantes de medicina participaram ativamente das manifestações contra o Programa Mais Médicos do Governo Federal Lançado no dia 8 de julho de 2013 por meio da Medida Provisória 621, o Programa Mais Médicos completou um ano. O objetivo era ampliar o atendimento a usuários do Sistema Único de Saúde com o aumento do número de profissionais. Além disso, foi essa a maneira que o governo federal, acuado pelas fortes manifestações populares nas ruas das grandes cidades no mês de junho, encontrou para amenizar a situação. O fato é que desde o início o programa, definido por muitas lideranças como eleitoreiro, coleciona elogios por parte do governo e críticas, sobretudo, por parte de entidades médicas, cobrando a revalidação dos diplomas dos formados no exterior. As entidades destacam, ainda, que a remuneração oferecida aos intercambistas é superior a ofertada aos médicos brasileiros em concursos públicos, sem a vantagem de auxílio moradia, alimentação e transporte. Os números do ministério indicam que o programa contratou 14,4 mil profissionais (11,4 mil deles cubanos) distribuídos em 3,7 mil municípios e em 34 distritos indígenas. Cerca de 75% dos médicos estão em regiões 18 | Revista Cremers | Junho - 2014 de grande vulnerabilidade social, como o semiárido nordestino, a periferia de grandes centros e regiões com população quilombola. Como se não bastasse, o programa prevê a criação de 11,5 mil vagas de graduação em medicina e de 12,4 mil vagas de residência médica. Cremers encaminhou denúncias de irregularidades aos órgãos competentes As entidades médicas sempre se posicionaram contra o Mais Médicos, especialmente porque os profissionais do exterior que chegam não cumprem o que determina a legislação, ou seja, não fazem a revalidação do diploma. Notas de repúdio foram publicadas na imprensa de todo o País. O Cremers sempre esteve na linha de frente no enfrentamento com o governo, inclusive com medidas judiciais buscando acima de tudo preservar a qualidade da assistência médica no Estado. O presidente do Cremers, Fernando Matos, lembra que existem médicos suficientes no Brasil para prestar esse atendimento nos locais mais distantes: – São quase 400 mil médicos em atuação. No Rio Grande do Sul são em torno 30 mil. Quer dizer, não faltam médicos. Falta é uma política séria de saúde, com a criação de um plano de cargos e salários para os médicos do SUS, o que permitiria uma distribuição adequada e segura dos médicos. De acordo com Matos, o Cremers hoje não tem condições de avaliar o trabalho dos intercambistas nesse período, embora sejam frequentes denúncias e comunicados de problemas no atendimento: “Quem pode fazer essa avaliação são tutores e preceptores contratados pelo Ministério da Saúde. O Cremers investiga as queixas de mau desempenho que recebe. Já investigamos inúmeros casos e comunicamos ao Ministério da Saúde, ao Ministério Público e à coordenação do Programa Mais Médicos, mas não obtivemos nenhum retorno sobre as providências que teriam sido tomadas”. Outro problema do programa é que muitas prefeituras em todo o país demitiram profissionais médicos, com qualidade de formação reconhecida e contrato em vigor para substituí-los por intercambistas de formação “São quase 400 mil médicos em atuação no País. No RS, são em torno de 30 mil. Quer dizer, não faltam médicos. Falta é uma política séria de saúde, com a criação de um plano de cargos e salários para os médicos do SUS, o que permitiria uma distribuição adequada e segura dos médicos” Dr. Fernando Weber Matos duvidosa. No RS, o Cremers reagiu a isso e reverteu casos de demissões que estavam em andamento. Os conselhos de Medicina se manifestaram inúmeras vezes sobre o assunto, criticando o programa, inclusive pelo seu custo elevado que favorece o governo cubano, destinatário de grande parte dos recursos. De acordo com o Cremers, o programa não é a melhor resposta para a saúde no Brasil via SUS. Ele promove um atendimento primário, mas segue o atendimento secundário e terciário ruins. Os pacientes se acumulam em corredores, no chão, em macas, sem o tratamento devido. Lei do Mais Médicos sancionada com veto à emenda de criação de carreira médica no SUS A Medida Provisória 621/13, que autoriza a contratação de médicos estrangeiros para atuação na atenção básica de Saúde e também muda parâmetros da formação em Medicina no Brasil, foi transformada em Lei Federal 12.871 e sancionada pela presidente Dilma Rousseff, no dia 22 de outubro de 2013. A criação de uma carreira específica para médicos não estava prevista no texto original da medida provisória e foi incluída por meio de emenda do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Em dezembro do mesmo ano, a emenda foi vetada pelos deputados no Congresso Nacional. O único trecho que foi mantido pela maioria dos deputados (204 a favor e 113 contra) diz respeito à criação de uma carreira médica específica após os três anos de atuação no programa do governo. Esse trecho foi vetado pela presidente Dilma Rousseff. Os deputados do Rio Grande do Sul que concordaram com o veto de Dilma, ou seja, votaram contra a criação de uma carreira de estado para o médico foram: Afonso Hamm (PP), Bohn Gass (PT), Eliseu Padilha (PMDB), Fernando Marroni (PT), Giovani Cherini (PDT), Henrique Fontana (PT), Jose Stédile (PSB), Marco Maia (PT), Marcon (PT), Paulo Pimenta (PT), Renato Molling (PP), Ronaldo Nogueira (PTB), Ronaldo Zulke (PT) e Vilson Covatti (PP). No texto original da MP, a medida valeria apenas para os intercambistas – estrangeiros e brasileiros formados no exterior – que quisessem prorrogar a permanência no programa, mas atenderia, em parte, uma das mais importantes reivindicações da categoria médica e bandeira de luta dos Conselhos de Medicina, que é a criação da Carreira de Estado para médicos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). Junho - 2014 | Revista Cremers | 19 remuneração Sancionada lei que garante reajustes Como prova de que é possível obter avanços e conquistas com união e persistência, os médicos e suas entidades representativas conseguiram uma importante vitória no dia 25 de junho, quando foi publicada no Diário Oficial da União a Lei que obriga os planos de saúde a garantir reajustes anuais aos profissionais que prestam serviços às operadoras. A Lei 13.003/2014 assegura a conquista de uma das reivindicações mais antigas da categoria e, a partir de dezembro, trará mudanças profundas no setor. Uma das exigências da nova lei é a existência de contratos escritos entre as operadoras de planos de saúde e os profissionais de saúde, com previsão de índice e periodicidade anuais para reajuste dos valores dos serviços prestados. Além de prever a fixação de índices de reajuste e a periodicidade de sua aplicação para os honorários médicos, a lei obriga os planos de saúde a substituírem o profissional descredenciado por outro equivalente e determina que o consumidor seja avisado da mudança com 30 dias de antecedência. O primeiro-secretário do Cremers e membro da Comsu, Isaias Levy, considera que essa Lei é uma grande conquista dos médicos: - Foram dez anos de muita luta. Unidos, médicos e suas entidades de classe mostraram que são fortes. Uma luta intensificada nos momentos derradeiros da votação, quando conseguimos impedir uma manobra do governo para postergar a votação. O importante é que esse regramento está aprovado. Até o momento, não existia no arcabouço geral da legislação nenhum instrumentos que garantisse aos profissionais que prestam serviço às operadoras o índice anual de seus honorários. “Isso tornava o médico fragilizado dentro do poder econômico. Nossas conquistas até agora só têm sido alcançadas com mobilização da categoria”, explicou o coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), Aloísio Tibiriçá. O que muda na relação com as operadoras "Foram dez anos de muita luta. Unidos, médicos e suas entidades de classe mostraram que são fortes." Dr. Isaias Levy 20 | Revista Cremers | Junho - 2014 A periodicidade do reajuste deverá ser anual e realizada no prazo improrrogável de 90 dias, contados do início de cada ano. Caso não haja negociação entre as partes, o índice de reajuste será definido pela ANS. O contrato deve estabelecer claramente as condições de execução, expressas em cláusulas que definam direitos, obrigações e responsabilidades. Deverão incluir também, obrigatoriamente, o seu objeto e natureza, com descrição de todos os serviços contratados. Os planos serão obrigados a preencher as vagas abertas pelos médicos que se descredenciarem, o que será um ganho para os pacientes. As condições de prestação de serviços serão reguladas por contrato escrito, estipulado entre a operadora do plano e o prestador de serviço. A regra vale para médicos e demais prestadores de serviço em prática liberal privada, além de estabelecimentos de saúde. para médicos de planos de saúde Manobra política tentou emperrar a tramitação A aprovação da proposta veio na esteira do protesto nacional que teve início em 7 de abril deste ano e que tinha o PL 6.469/10 como uma prioridade. “Após a aprovação do texto do projeto CCJ da Câmara, 72 deputados assinaram um requerimento que pretendia emperrar o projeto e impediu o envio imediato à sanção presidencial, submetendo-o à aprovação prévia do Plenário da Casa. Médicos de todo o país atenderam ao chamado das lideranças nacionais e reagiram prontamente à manobra que tentou barrar o projeto – supostamente influenciada pelas operadoras de planos com o apoio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, esclareceu o diretor de comunicação do CFM, Desiré Callegari. Além da articulação das entidades médicas nacionais e regionais, um grupo orientado pela CAP e pela Comsu percorreu os corredores do Congresso Nacional e conseguiu sensibilizar parte destes parlamentares para que assinassem um novo documento pedindo a derrubada do recurso. Mobilização médica foi fundamental para a sanção A aprovação no Congresso Nacional e sanção presidencial só foram possíveis graças à mobilização de médicos e lideranças de todo o país e com a articulação política das entidades nacionais. Apresentado originalmente em 2004 (PLS 276/04) pela senadora Lúcia Vânia (PSDB/ GO), o texto passou por diversos debates e modificações até receber um de seus pontos principais: o estabelecimento de critérios para a adequada contratualização na relação entre operadoras e profissionais da saúde que atuam na área da saúde suplementar. Após quase seis anos em tramitação no Senado, foi aprovado em fevereiro de 2010 pela Comissão de Assuntos Sociais. Reunião da Comissão debate índices da GEAP Dr. Iseu Milman representando o Cremers na reunião da Comissão de Honorários com dirigente da GEAP A Comissão Estadual de Honorários Médicos do RS (CEHM-RS) teve reunida no dia 9 de julho, na sede do Cremers, para tratar dos índices da instituição de autogestão de planos de saúde GEAP. No encontro, estavam presentes o conselheiro do Cremers, Iseu Milman, o diretor do Simers, Jorge Eltz, a supervisora da Amrigs, Maria da Graça Schneider, a assessora do Simers, Cristiana Menezes Leão, e o gerente regional da GEAP, Luiz Ronaldo Huber. Huber apresentou a GEAP como uma operadora de autogestão que possui 28 mil beneficiários no Rio Grande do Sul, com a livre escolha na parte assistencial, e 2.300 mil prestadores entre pessoa física e jurídica. Foi discutido o valor da consulta, que passou de R$ 60 para R$ 70/R$ 80. O reajuste é feito anualmente, conforme contrato. O índice de reajuste é conforme o que o prestador demanda. Ao término do encontro, Jorge Eltz afirmou que as reivindicações da Comissão são: CBHPM vigente plena sem deflator, consulta de R$ 80 e reajuste anual dos contratos com base no índice autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar para os Planos de Saúde. A GEAP possui um novo estatuto desde o final de 2013, mas a prioridade estabelecida ainda é melhorar a assistência médica. Porém, a instituição pode manter o atendimento a outros convênios estaduais e municipais. Junho - 2014 | Revista Cremers | 21 artigo A resistência dos Conselhos de Medicina A defesa do exercício da profissão de forma ética e da oferta de assistência com qualidade para a população constitui o âmago das atividades do sistema formado pelos Conselhos Federal e Regionais (CFM e CRMs). Com este objetivo, essas instituições estão se desdobrando para apontar os equívocos nas áreas da saúde no Brasil. Diante da seriedade desse trabalho, engana-se quem acusa os conselhos de medicina de serem estruturas em sintonia com o Governo ou cooptadas pela base aliada ao Palácio do Planalto para apoiar este ou aquele projeto. Como a legislação determina, o CFM e os CRMs são autarquias de caráter especial que mantêm uma saudável independência com respeito à condução das políticas públicas na área da saúde. É por isso que os Conselhos de Medicina assumiram publicamente uma posição dura e crítica contra os abusos cometidos no âmbito do mal-intencionado Programa Mais Médicos. Saliente-se que em todos os momentos, as entidades têm se manifestado em prol do interesse coletivo. No caso específico, houve esforço redobrado para que a proposta do deputado federal Rogério Carvalho (PT/SE) não fosse adiante. Injetada na MP que criou o Mais Médicos, a emenda do parlamentar queria a criação de um Fórum de Regulação das atividades na área da saúde, o que traria danos irreversíveis para a Medicina. Se tivesse ido adiante, a medida teria dado ao Ministério da Saúde superpoderes para dizer o que os médicos poderiam e não poderiam fazer. Ou seja, permitia-se a montagem de uma agência de regulação das profissões da área da saúde, com possibilidade de transferir competências e atribuições dos médicos para outras categorias. Felizmente, a articulação dos Conselhos de Medicina não permitiu que esse absurdo vingasse. Cabe ainda esclarecer que o CFM não concordou em registrar os intercambistas do Mais Médicos. A proposta de registrar no Ministério da Saúde foi do deputado Luiz 22 | Revista Cremers | Junho - 2014 Henrique Mandetta (DEM-MS). Os Conselhos não ajudaram nesta formulação, mas reconhecem que, sem querer, sua aprovação veio ao encontro de intenção anterior dos CRMs expressa na Justiça. Em diferentes ações, as entidades pediam o direito de não registrar intercambistas. Afinal, eles não revalidaram seus diplomas e, portanto, não são legalmente médicos no Brasil. O tempo não mudou a posição do CFM e dos CRMs, que continuam a enxergar no Mais Médicos uma iniciativa eivada de vícios que a tornam um exemplo de como se manipula uma necessidade real e legitima para justificar um programa de tons eleitoreiro e midiático. Contudo, as atividades dos Conselhos de Medicina não se limitam a essa crítica. As entidades mais do que nunca exercem com critério e legitimidade seu papel de agente de controle social ao denunciar os abusos e o descaso do governo com a saúde. Essa atuação confirma o que os conselhos já apontam há tempos na imprensa: a saúde pública vai mal das pernas, com recursos escassos, má gestão do que está disponível e falta de controle e transparência. Esta situação tem contribuído para o sucateamento do SUS e para a brutalização da assistência, lançando médicos e pacientes no rol de vítimas da incompetência e da falta de compromisso. Assim, este trabalho e a resistência demonstrada pelas entidades em diferentes momentos reiteram o compromisso do CFM e dos CRMs com a categoria médica, com a profissão e com a sociedade. Juntos e em parceria com outros órgãos de fiscalização e controle eles estarão permanentemente atentos para evitar que vida de milhões de pacientes seja colocada em risco e para defender a dignidade de nossos colegas e de nossa profissão. Dr. Claudio Balduíno Souto Franzen Conselheiro Federal e 2º Secretário do Cremers integração Confemel: situação dos médicos na América Latina Reunidos em San José, na Costa Rica, de 13 a 15 de maio, os representantes das organizações médicas da América Latina, Caribe e Península Ibérica, reunidos em maio no Foro Ibero-americano de Entidades Médicas, analisaram temas relevantes para a prática médica e a saúde pública a partir da perspectiva dos profissionais médicos. O segundo secretário do Cremers e conselheiro federal pelo RS, Cláudio Balduíno Souto Franzen, participou do encontro. “A situação em toda a América Latina é semelhante. Vimos queixas de financiamento insuficiente para a saúde, intromissão na autonomia médica por parte de governos e infiltração de profissionais cubanos no atendimento”, avaliou. Foram abordados aspectos vinculados à política de medicamentos, recursos humanos em saúde, proteção social dos profissionais médicos, judicialização da medicina e aspectos éticos da prática profissional. Entre outras deliberações, o grupo exige participação nas decisões dos governos sobre recursos humanos em saúde e incentiva a participação de médicos nas políticas de medicamentos. Também determina que as entidades participantes trabalhem na proteção de médicos e pacientes diante da crescente judicialização da saúde, e defende a aplicação das leis que regulamentam o trabalho de médicos estrangeiros. Declaração de Peru Durante a sessão ordinária foi lançado um manifesto de apoio aos médicos peruanos: Considerando: • A situação sanitária da população peruana e da classe médica em particular como consequência das mudanças no sistema de saúde impulsionadas pelo governo do Peru; • A convicção dos médicos peruanos de que essas mudanças levarão a uma paulatina privatização do sistema de saúde, resultando em deterioração da qualidade do atendimento; • Que não é viável uma reforma do sistema de saúde sem a participação e consenso de atores diretamente comprometidos, em especial o corpo médico; • A atitude pouco contemplativa do governo para com os coletivos médicos e suas reivindicações; • O Foro Iberoamericano de Entidades médicas declara seu apoio irrestrito à Federação Médica integrante da Confemel e Fiem. Junho - 2014 | Revista Cremers | 23 ensino médico Cursos de medicina Novas diretrizes com estágio obrigatório no SUS entram em vigor As novas diretrizes nacionais dos currículos dos cursos de medicina entraram em vigor no dia 23 de junho com a publicação da Resolução 3/2014 no Diário Oficial da União. As escolas de medicina terão até dezembro de 2018 para implementar as mudanças. Entre as principais mudanças está o estágio obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS), na atenção básica e no serviço de urgência e emergência. Pela resolução, o internato deve ter a duração mínima de dois anos, com 30% da carga horária cumprida no SUS. Além disso, os estudantes serão avaliados pelo governo a cada dois anos. A avaliação será obrigatória e o resultado será contado como parte do processo de classificação para os exames dos programas de residência médica. A prova será elaborada pelo Instituto Nacional de Presidente Dilma volta a prometer mais cursos de Medicina Embora o Brasil já conte com excessivo número de faculdades de medicina – o Brasil só perde para a Índia, que tem 381 escolas médicas para uma população de 1,2 bilhão – a presidente Dilma Rousseff continua prometendo a abertura de mais unidades pelo País. Ao inaugurar um hospital em Saquarema (RJ), dia 30 de junho, a presidente da República defendeu a necessidade de mais cursos de medicina, em especial em locais distantes dos grandes centros. – Temos que formar médicos no Brasil. Temos a meta de criar faculdades de medicina pelo interior deste país. Não faltam médicos nos grandes centros urbanos, nas áreas nobres. Nas periferias, faltam. Não faltam médicos em todo o litoral de nosso país. No interior, faltam. Faltam médicos em todos os estados, mesmo nos ricos, como São Paulo. Faltam médicos nas regiões indígenas, nas populações quilombolas, nas periferias das médias e pequenas cidades –, disse a presidente, convencida de que os médicos formados nesses locais mais afastados por lá permanecerão. 24 | Revista Cremers | Junho - 2014 Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável por avaliações como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O Inep tem dois anos para começar a aplicar a avaliação. As diretrizes curriculares para cursos de medicina vigentes até agora eram de 2001. A reformulação estava prevista desde o lançamento do Programa Mais Médicos. Pela nova resolução, o curso de graduação de medicina continuará com seis anos de duração. Durante a discussão do programa cogitou-se a ampliação para oito anos. A expectativa é que 11.447 vagas em cursos de medicina sejam abertas até 2017 – 3.615 em universidades federais e 7.832 em instituições particulares. Na residência, deverão ser ofertadas 12.372 novas vagas no mesmo período. Folha critica excesso de escolas médicas O editorial da Folha de S. Paulo de 15 de julho destacou os problemas do ensino médico do país. Com base em dados oficiais e do Conselho Federal de Medicina (CFM), o jornal critica a abertura indiscriminada de escolas médicas como solução para interiorizar profissionais e reforça o entendimento das entidades médicas de que somente com condições de trabalho é possível garantir atendimento. “Não basta, aliás, fazer intervenções na academia. Oferecer condições adequadas de trabalho é uma forma de incentivar médicos a buscar trabalho em zonas afastadas dos grandes centros. Sem que contem com o atrativo dos resultados imediatos, contudo, é improvável que o governo se dedique a essas tarefas. Nesse ritmo, o país até poderá formar mais médicos, mas poucas pessoas desejarão se tratar com a maioria deles”. Confira o editorial na íntegra: www.cremers.org.br Julgamento simulado na Medicina da UFRGS Evento foi conduzido pelo conselheiro Mauro Antônio Czepielewski e contou com a participação do presidente Fernando Weber Matos, do tesoureiro Ismael Maguilnik e do corregedor Régis de Freitas Porto Promover o contato com a ética médica não somente na teoria, mas também na prática: este foi o objetivo do Julgamento Simulado promovido pelo Conselho Regional de Medicina (Cremers) aos acadêmicos de Medicina da UFRGS, no dia 25 de abril. Cerca de 60 estudantes participaram da atividade, que trouxe um caso real, mas sem identificação e com adaptações, para debate. Participaram da simulação o presidente do Cremers, Fernando Weber Matos, o tesoureiro Ismael Maguilnik, o corregedor Régis de Freitas Porto e o conselheiro Mauro Antônio Czepielewski. Os alunos presentes foram os julgadores. No caso simulado, uma cirurgia acabou em lesão de via biliar, que não foi diagnosticada no pós-operatório e o paciente teria procurado outro profissional. Após muito debate entre os acadêmicos, estes decidiram suspender o médico acusado de suas atividades por 30 dias. Para Ismael Maguilnik, o julgamento foi um sucesso entre os alunos. “A ideia partiu deles, que queriam ir além da teoria, e tivemos uma participação expressiva. Penso que o resultado foi muito positivo para todos”, avaliou. O presidente do Cremers, Fernando Weber Matos, também mostrou-se satisfeito com a receptividade dos alunos. Matos adiantou que pretende dar continuidade a esses encontros nas cidades que possuem faculdade de medicina. Os próximos debates já estão agendados para o dia 31 de outubro, em Rio Grande, pela manhã, e em Pelotas, à tarde. Alunos da Famed/UFRGS acompanharam com atenção o julgamento simulado Junho - 2014 | Revista Cremers | 25 painel Humanização do parto O Ministério da Saúde publicou, no dia 28 de maio, uma portaria que garante auxílio financeiro aos hospitais que cumprirem uma lista de práticas relacionadas ao parto humanizado, como oferecer um ambiente acolhedor à gestante e garantir o acesso livre, 24h por dia, dos pais ao recém-nascido. Esses são alguns dos novos pré-requisitos para que um estabelecimento receba a classificação de Hospital Amigo da Criança e, com isso, um acréscimo no repasse pelos partos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Maria Lúcia Rocha Oppermann, integrante da Ouvidoria do Cremers e Chefe do Centro Obstétrico do Hospital de Clínicas, os procedimentos para melhorar o bem-estar das gestantes são vistos com bons olhos, mas há ressalvas: – As práticas que humanizam o parto são excelentes, mas é importante ressaltar que elas devem ser feitas Dra. Maria Lúcia Rocha Oppermann dentro de um hospital, onde é possível agir rapidamente quando houver algum tipo de complicação com a mulher ou com a criança. Cada minuto é decisivo para a vida e a saúde do recém-nascido. Entre as práticas oferecidas pelo Clínicas estão chuveiros, massagens e bolas de pilates para dar mais conforto e auxiliar na rotação do bebê no momento do parto. O mesmo ocorre com o Presidente Vargas e o Hospital Conceição. Teste de Acuidade Visual é obrigatório para estudantes de Pelotas A Câmara de Vereadores de Pelotas/RS aprovou uma Lei Municipal que torna obrigatória a aplicação do Teste de Acuidade Visual "Escala de Snellen" – optótipos em E, em todos os préescolares e escolares que tenham entre cinco e 14 anos. O professor e médico homeopata Roni Quevedo, da Universidade Católica de Pelotas (UCP), é o autor da proposta aprovada pelos vereadores. Originalmente coordenador do Programa de Prevenção e Controle ao Tabagismo da UCP, Quevedo, que trabalha com um projeto de prevenção visual para filhos de professores e funcionários da UCPel, quis ir mais longe. "Estava meio 'inquieto' e pensei em tornar este projeto mais abrangente", contou ele. A deficiência visual acomete, em média, quatro de cada 100 crianças em idade 26 | Revista Cremers | Junho - 2014 escolar; 2% são estrábicas e esta é a principal causa de ambliopia (imprecisão da visão sem lesões orgânicas detectáveis dos olhos). Parecer favorável do Cremers O Conselho verificou, em parecer, que o projeto tem um cunho social relevante e que por meio desse teste é possível prevenir que deficientes visuais sejam encaminhados posteriormente aos oftalmologistas. No mesmo parecer, o conselheiro do Cremers, Dr. Joaquim José Xavier, comunicou: “Parabenizo o Dr. Roni, pois executa este projeto na íntegra, para prevenir a saúde visual da população infantil da cidade de Pelotas, evitando deficientes visuais ou cegueiras definitivas, pois sabemos que o tratamento precoce previne futuros deficientes visuais”. Dr. Joaquim José Xavier Dr. Roni Quevedo Importação de medicamentos Médicos recebem orientação sobre como solicitar à Anvisa autorização para importar medicamentos em caráter excepcional Já estão disponíveis as orientações gerais de como solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização de importação de medicamentos controlados sem registro no país. De acordo com a legislação nacional, é possível a importação de produtos sem registro no país para uso pessoal. Para isso é fundamental que o pedido esteja apoiado por uma prescrição e laudo médico que indiquem a necessidade e benefício do medicamento para o paciente. Isto é necessário porque medicamentos sem registro no país não possuem dados de eficácia e segurança registrados na Anvisa. As substâncias de controle especial no Brasil, listadas no Anexo I da Portaria 344/98, cuja última atualização está na norma da Anvisa RDC 06/2014, tem propriedade psicotrópicas, entorpecentes, teratogênicas e em alguns casos são controladas internacionalmente. As orientações e formulários estão no portal da Anvisa, na página do Cidadão, item “Importação para Pessoa Física”. Morre médico gaúcho referência mundial no combate à pólio O médico epidemiologista Ciro de Quadros, um dos cientistas pioneiros na erradicação da varíola, poliomielite e do sarampo morreu em sua casa, em Washington, nos Estados Unidos, país onde vivia há 30 anos. Ciro de Quadros tinha 74 anos. Natural de Rio Pardo (RS), o pesquisador recebeu em 2011 o prêmio Fundação BBVA Fronteiras do Conhecimento, na categoria de Cooperação ao Desenvolvimento, por seus sucessos na luta contra estas doenças infecciosas, "uma das principais conquistas da medicina". Quadros formou-se na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) em 1966, e começou sua trajetória na saúde pública na Amazônia, onde se propôs conseguir 100% de taxa de vacinação entre a população, segundo assinalou a Fundação BBVA em comunicado. O médico trabalhou com saúde comunitária em regiões pobres do Brasil e participou da criação do primeiro Centro Nacional de Epidemiologia. Convidado pela OMS, ele assumiu a chefia do programa de erradicação da varíola na Etiópia, onde atuou entre 1971 e 1976. Em 1977, passou a trabalhar na Opas, nos EUA, e dirigiu a Divisão de Vacinas e Imunização. Dr. Ciro de Quadros Junho - 2014 | Revista Cremers | 27 fiscalização Cremers vistoriou estrutura de saúde do estádio Beira-Rio A exemplo do que fizeram os demais conselhos regionais dos Estados que sediaram jogos da Copa do Mundo, o Cremers fiscalizou os locais destinados ao atendimento de saúde de torcedores durante as partidas em Porto Alegre. O presidente da Comissão de Fiscalização do Cremers, Antonio Celso Ayub e os médicos fiscais Mário Henrique Osanai e Alexandre Porto Prestes estiveram no estádio Beira-Rio, dia 3 de junho, para avaliar as estruturas colocadas à disposição. Foram verificados os locais destinados ao atendimento, equipamentos, materiais, ambulâncias e composição das equipes de saúde. Ação nacional Na maioria das arenas, as visitas pelo país foram agendadas para acontecer até 10 de junho, a pedido dos organizadores. Durante o mês de maio, os CRMs entraram em contato com os comitês locais da FIFA. Em alguns casos, os responsáveis pela fiscalização foram aos estádios, mas, impedidos de vistoriar os postos ainda inacabados, foram obrigados a programar novas datas para visitas. Os fiscais verificaram o cumprimento das regras previstas na Resolução do CFM 2012/2013, que exige a montagem de infraestrutura mínima para atendimento de espectadores e atletas, inclusive em casos de urgência. lações para ação vistoriou insta Comissão de fiscaliz do Mundo e nos jogos da Copa atendimento de saúd Entre as exigências está a previsão de ambulâncias de Suporte Avançado (USA), com conhecimento prévio da rota de fuga e hospital de destino. Essa norma é válida não só para a Copa do Mundo, mas para todos os eventos de massa, inclusive espetáculos e festivais de músicas. Hospital apresentou seu plano de ação para a Copa Em reunião realizada no dia 9 de junho, a diretoria do Cremers recebeu uma comitiva do Hospital Mãe de Deus, que apresentou o seu plano de ação referente à saúde na Copa do Mundo. O encontro contou com a presença de Cláudio Seferin, diretor-geral do Hospital Mãe de Deus, Antônio Rogério Crespo, responsável pelo setor de emergência do hospital, Eduardo Elsade, coordenador da Câmara Técnica Estadual de Saúde para a Copa 2014, Fábio Krebes, coordenador dos 28 | Revista Cremers | Junho - 2014 Serviços Médicos do Comitê Organizador Local da FIFA, e Luiz Felipe Santos Gonçalves, diretor de Práticas Médicas do Mãe de Deus. A instituição recebeu o convite para ser o Hospital Referência da Copa no início do ano. Pensando no Mundial, realizou reformas e ampliações na sua área de emergência e pronto-atendimento. Um novo modelo de acolhimento terá a separação física entre atendimentos de alta e média e os de baixa complexidade. Fiscalização com novas regras A Resolução CFM 2.056/13, que redefine as regras para fiscalização do exercício da medicina em território nacional, passou a vigorar em maio Consultórios Em caso de não cumprimento das orientações, o CRM poderá chegar a propor a interdição ética do estabelecimento e apresentar denúncias aos órgãos competentes, como Ministério Público e Tribunais de Contas. Nesses casos, o médico fica proibido de trabalhar no local até que sejam providenciadas as devidas condições de trabalho. Medidas desse porte são tomadas quando se percebe que os atendimentos nesses locais podem expor o paciente e os profissionais a situações de risco. Outro ponto importante da Resolução 2.056/13 é que, ao alterar substancialmente o trabalho nos CRMs em suas atividades de fiscalização de serviços médico-assistenciais, ela uniformiza essa prática em todos os estados. Para poder colocar essa nova metodologia em prática, os 27 CRMs receberam kits que cumprem as determinações do Manual de Vistoria e Fiscalização. No pacote, estão tablets, máquinas fotográficas, medidores a laser (para averiguar o tamanho dos ambientes), scanners digitais e impressoras portáteis. Também estão inclusos softwares para permitir que os formulários de visitas sejam preenchidos e enviados pela internet para os Departamentos de Fiscalização em alguns cliques. Com a mudança, as vistorias passam a cumprir um check list padrão, gerando o envio de relatórios ao CFM, a parametrização e a análise estatística tanto regional quanto nacional. Consultórios médicos serão divididos em grupos – A Resolução 2.056/13 fixa nova sistemática para as vistorias e traz um modelo para o preenchimento de prontuários e para a elaboração das anamneses (entrevistas dos médicos com os pacientes). O Manual de Vistoria e Fiscalização da Medicina no Brasil estabelece a infraestrutura mínima a ser exigida dos consultórios e ambulatórios médicos, de acordo com sua atividade fim e/ou especialidade. Os consultórios e ambulatórios foram divididos em quatro grupos, que vão desde os que oferecem serviços mais simples, sem anestesia local e sedação, até àqueles que realizam procedimentos invasivos, com riscos de anafilaxias (reações alérgicas sistêmicas) ou paradas cardiorrespiratórias. “Até a edição desta resolução, cada conselho estabelecia regras no vácuo deixado por uma normativa nacional, sendo que os grandes conselhos apresentavam estratégias mais eficientes nesse controle que os menores. Agora está tudo parametrizado, o que facilitará a averiguação”, constata o diretor de fiscalização do Cremers, Antônio Celso Ayub, participante do grupo de trabalho responsável pela elaboração da Resolução 2.056/12. Dados do exame Revalida 2014 O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida) recebeu, neste ano, 2.152 inscrições. Os países com maior número de inscritos foram Brasil (1.111), Bolívia (523), Colômbia (124), Peru (120) e Argentina (66). Quanto à origem do diploma, a Bolívia lidera, com 1.144 inscritos de diferentes nacionalidades. Em seguida, Cuba (291) e Paraguai (157). O Revalida de 2014 compreende duas etapas. A primeira, já realizada, é formada pela avaliação escrita (objetiva e discursiva); e a segunda fase envolve avaliação de habilidades clínicas e vai ocorrer nos dias 27 e 28 de setembro. Sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), o exame foi criado pelo governo federal para simplificar o processo de reconhecimento de diplomas de Medicina que são emitidos por instituições estrangeiras. Junho - 2014 | Revista Cremers | 29 delegacias seccionais Cremers participa de seminário do Detran sobre acidentes de trânsito Dr. Rogério Aguiar, vice-presidente e coordenador das Delegacias estimula a integração com outros órgãos públicos Delegado do Cremers, Dr. Gilberto Neumann Cano, relatou experiências com traumas resultantes de acidentes O Seminário Regional de Trânsito, que ocorreu dia 22 de maio em Santa Cruz do Sul, contou com a presença de representantes do Cremers. Participaram do evento o delegado seccional do município, Gilberto Neumann Cano, assim como o suplente seccional, Romeu Bertóia Neto. Os médicos foram acompanhados pelo Dr. Milton Pokorny, que possui larga experiência no exterior. O objetivo dos seminários regionais organizados pelo governo do RS é reduzir o número de acidentes nas rodovias gaúchas. No evento, foi abordada a questão do “Impacto dos acidentes de trânsito na sociedade atual”. O Dr. Cano iniciou a exposição, fazendo uma breve apresentação e explanando sobre a importância da conscientização sobre os perigos do trânsito, além de relatar experiências como médico pediatra (traumas infantis ocasionados por acidentes) e na área de medicina do tráfego. Na sequência, Dr. Bertóia apresentou números impactantes sobre os acidentes de trânsito e os seus custos para a sociedade. Romeu Bertóia falou também sobre o tempo de recuperação de um paciente, o círculo que se forma em torno dele e dos traumas e lesões permanentes que impossibilitam ao acidentado o retorno ao trabalho. Por fim, o Dr. Pokorny relatou suas vivências no exterior e a diferença cultural, legal e penal que há nos países onde atuou como médico. O Seminário também contou com a participação de Bonifácio de Bróbrio (assessor do Gabinete do ViceGovernador do RS) atuando como intermediador, que ressaltou a parceria com o Cremers e agradeceu a presença da comitiva de médicos que representou o Conselho. Recomendação do CFM estimula médicos na busca por crianças desaparecidas O CFM aprovou a Recomendação 4/2014, que alerta profissionais médicos e instituições de tratamento médico, clínico, ambulatorial ou hospitalar, que ao atender uma criança, fique atento a procedimentos que auxiliam na busca por crianças desaparecidas. “São aspectos de saúde e dignidade humana que inseridos no âmbito das responsabilidades do profissional médico. Em 30 | Revista Cremers | Junho - 2014 algum momento essas crianças devem passar em uma consulta e o médico pode ser a chave para o resgate”, explica o 1º vice-presidente e membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, Carlos Vital Corrêa Lima. O material sobre o assunto está disponível no endereço www.criancasdesaparecidas.org e em três idiomas: português, espanhol e inglês. câmaras técnicas III Fórum de Auditoria em Saúde Dr. Jefferson Piva, coordenador geral das Câmaras Técnicas Nos dias 28 e 29 de agosto, o Cremers realiza o III Fórum de Auditoria em Saúde, organizado pela Câmara Técnica da especialidade. O evento contará com abertura do presidente Fernando Weber Matos e do primeiro secretário Isaias Levy, e será coordenado pelo conselheiro Jefferson Piva, coordenador geral das Câmaras Técnicas, e pelo presidente da CT de Auditoria em Saúde, César Trinta Weber. A programação abrange temas como a importância da auditoria como ferra- menta de gestão e sua contribuição para a qualidade da assistência, as novas tecnologias em procedimentos cardiovasculares e a formação do médico auditor. O Fórum acontece no auditório do Cremers (Rua Bernardo Pires, 415) com vagas limitadas. Inscrições e mais detalhes sobre a programação: www.cremers.org.br agenda 21, 22 E 23 Agosto 09 A 11 Outubro 24, 25 E 26 Setembro 24 A 27 Julho 24 A 26 Julho 16 A 19 Setembro II Congresso Brasileiro de Direito Médico » Local: Universidade de Caxias do Sul – UCS, em Caxias do Sul/RS » Informações: www.cursosanadem.org.br 1º Curso Intensivo de Perícia Médica de Porto Alegre » Local: Palácio da Justiça, em Porto Alegre/RS » Informações: www.cursosanadem.org.br XVIII Congresso Brasileiro de Nutrologia » Local: Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo/SP » Informações: www.abran.org.br/congresso 19º Congresso Multidisciplinar em Diabetes » Local: UNIP – Universidade Paulista, em São Paulo/SP » Informações: www.anad.org.br/congresso/19_Congresso_Site XIII Congresso Catarinense de Cardiologia » Local: Majestic Palace Hotel, em Florianópolis/SC » Informações: www.catarinensecardiologia2014.com.br III Seminário Internacional de Informação para a Saúde » Local: Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza/CE » Informações: www.sinforgeds.com/index.php/sinforgeds/sinforgeds2014/index Junho - 2014 | Revista Cremers | 31 academia de medicina Acadêmicos reelegem diretoria da entidade Composição da diretoria Em reunião realizada no dia 31 de maio, o presidente José J. Camargo e seus companheiros de diretoria foram reconduzidos para seguir no comando da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina no período 2014/2015. Camargo anunciou medidas que serão implementadas em breve, como a criação de um espaço para discussão de temas polêmicos. Presidente: José J. Camargo 1° Vice-Presidente: Fernando Antônio Lucchese 2ª Vice-Presidente: Maria Helena Itaqui Lopes 1ª Secretária: Sirlei dos Santos Costa 2ª Secretária: Beatriz Bohrer do Amaral Tesoureiro: Bruno Wayhs Orador: Gilberto Schwartsmann Palestra sobre a Política Brasileira J. Camargo Presidente José rnando com os vices Fe e a Maria Antônio Lucchese pes Helena Itaqui Lo Luiz Felipe Pondé O convidado especial da reunião, que é realizada sempre no último sábado de cada mês no Cremers, foi o filósofo e colunista da Folha de São Paulo, Luiz Felipe Pondé, que abordou o tema “O inferno político e moral no Brasil hoje”. Conhecido por ser um cronista polêmico, ele disse que o debate político no País está tão atrasado que ainda se fala em revolução socialista e, se alguém não anunciar que é de esquerda, quer dizer que ele apoia a tortura. Para o colunista, a grande vítima da ditadura foi a direita liberal, que segue satanizada, enquanto a esquerda assumiu, segundo Pondé, um conveniente papel de eterna vítima. Palestra sobre segurança na Medicina Realizada no dia 28, a reunião da Academia de Medicina do mês de junho contou com uma interessante palestra do carioca Alfredo Guarischi, cirurgião oncológico, que falou sobre “Segurança em medicina: o que aprendemos com a aviação e o Batalhão de Operações Policiais Especiais – Bope”. O palestrante disse ser importante estudar os erros, pois “errar é inerente à condição humana e todos erram. Porém em cargos como de juízes e 32 | Revista Cremers | Junho - 2014 profissionais da saúde é algo mais complexo. No judiciário sempre cabe recurso; na saúde, o recurso pode chegar tarde ou nunca. Saúde não tem preço, apenas custo.” Alfredo Guarischi disse que está trabalhando numa metodologia aplicada na aviação para a área da saúde. “Todo acidente tem um precedente, esta é a máxima fundamental. O estudo de casos com vistas à prevenção é o que estamos fazendo”, revelou. Dr. Alfredo Guarischi conselho federal Autoprescrição e utilização de carimbo Posicionamento sobre o uso de canabinoides Consulta encaminhada ao CFM por farmacêutica do Ministério da Saúde coloca duas questões: se o médico pode prescrever para ele mesmo; e se é possível aceitar prescrição sem carimbo, aceitando a carteira profissional do médico. O Conselho Federal de Medicina divulgou nota no início de junho alertando a população para que não se confunda o uso de “canabinoides” (isolados, titulados e pesquisados para fins medicinais) com o produto in natura para uso fumado ou ingerido, o qual não apresenta valores científicos ou terapêuticos. O Parecer 01/14, do CFM, estabelece, em síntese, que a “a utilização de carimbo de médico em prescrição é opcional, pois não há obrigatoriedade legal ou ética. O que se exige é a assinatura com identificação clara do profissional e o seu respectivo CRM. Não há proibição expressa para eventuais autoprescrições de médicos, exceto no caso de entorpecentes e psicotrópicos. O parecer destaca: o Decreto Lei 20.931/32 estabelece, em seu art. 21, sanção ao médico: ao profissional que prescrever ou administrar entorpecentes para alimentação da toxicomania será cassada pelo diretor geral do Departamento Nacional de Saúde Pública, no Distrito Federal, e nos Estados pelo respectivo diretor dos serviços sanitários, a faculdade de receitar essa medicação, pelo prazo de um a cinco anos, devendo ser o fato comunicado às autoridades policiais para a instauração do competente inquérito e processo criminal. Na conclusão, o parecer diz: “Aceitar a carteira de identidade médica como forma de confirmar a legitimidade na identificação do médico é louvável e cumpre o papel fiscalizador orientado na norma da Anvisa. O uso obrigatório do carimbo assinalado na Portaria 344/98 só se dá no § 2º do art. 40 para recebimento do talonário para prescrição de medicamentos e substâncias das listas A1 e A2 (entorpecentes) e A3 (psicotrópicos). Dr. Cláudio Balduíno Souto Franzen (Conselheiro do CFM) A entidade ressaltou que defende pesquisa com quaisquer substâncias ou procedimentos para combater doenças, desde que regidos pelas regras definidas pelo sistema CEP/CONEP e aplicados em centros acadêmicos de pesquisa. Na nota, o CFM alerta ainda que o atual debate no parlamento sobre a descriminalização/legalização das “cannabis indica e sativa” para consumo “recreativo” desvia a atenção do povo brasileiro do debate sobre temas cruciais como a insegurança, a falta de investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Confira tópicos do documento: Ao CFM, conforme previsto na Lei 12.871/2013, cabe o reconhecimento científico de substâncias e procedimentos para utilização na prática médica; O atual debate no parlamento sobre a descriminalização/ legalização das “cannabis indica e sativa” para consumo “recreativo” desvia a atenção do povo brasileiro do debate sobre temas cruciais como a insegurança, a falta de investimentos em saúde, educação e infraestrutura; Conclusão Por todo exposto, se manifesta contrário à liberação para uso recreativo de quaisquer substâncias que ofereçam riscos a saúde pública e gerar despesas futuras para nosso combalido sistema de saúde e securitário. Dr. Antônio Celso Ayub (Conselheiro Suplente do CFM) Junho - 2014 | Revista Cremers | 33 obituário Homenagem póstuma Em sessão ordinária realizada dia 1° de julho, o Corpo de Conselheiros do Cremers prestou homenagem a médicos recentemente falecidos, destacando seus grandes serviços à medicina. • Dr. Antônio Augusto Roesch da Silva, nascido em 12/06/1931, natural de Rio Grande. Formado pela UFRGS, em 1995. Falecido aos 82 anos, em 7/12/2013. • Dr. José Luiz Puhl – nascido em 30/01/1947, natural de São Marcos. Formado pela UFPEL, em 1972. Falecido em 27/05/2014, aos 67 anos. • Dr. Valmir Sartori, nascido em 15/05/1952, natural de Antônio Prado. Formado pela Universidade Federal de Rio Grande. Falecido em 17/08/2013, aos 61 anos. • Dra. Alba Maria Trois Pinto – nascida em 26/05/1952, natural de Pelotas. Formada pela UFPEL, em 1978. Falecida em 19/05/2014, aos 61 anos. • Dr. Hamilton Jair Estanislau, nascido em 12/11/1949, natural de Tenente Portela. Formado pela UFPEL, em 1975. Falecido aos 63 anos, dia 11/05/2013. • Dra. Verginia Branca Mendes Santa Maria – nascida em 20/02/1951, natural de Porto Alegre. Formada pela PUCRS, em 1976. Falecida em 07/05/2014, aos 63 anos. • Dr. Gastão Egydio Schirmer – nascido em 28/06/1929, natural de Montenegro. Formado pela UFRGS, em 1953. Falecido em 11/06/2014, aos 84 anos. • Dr. Itanir Roberto Daronco – nascido em 20/05/1966, natural de Catuipe. Formado pela UFPEL, em 1994. Falecido em 15/03/2014, aos 47 anos. • Dr. Renato Luiz Amaral – nascido em 06/06/1930, natural de São Mateus do Sul. Formado pela UFRGS, em 1953. Falecido em 09/06/2014, aos 84 anos. Falecimento de ex-conselheiro O Conselho Regional de Medicina do RS externa pesar pelo falecimento do Dr. Ayrton Adolfo Caron, ocorrido dia 10 de julho. Conselheiro desta autarquia entre os anos de 1988 e 1993, era natural de Bento Gonçalves, onde nasceu em 8 de abril de 1940. Especialista em Ortopedia e Traumatologia, formou-se pela UFRGS em 1963. Especialização em Urgências e Emergências 34 | Revista Cremers | Junho - 2014 Falecimento de ex-vice-presidente O Cremers manifesta pesar pelo falecimento – ocorrido dia 11/06 – do Dr. Gastão Egydio Schirmer, Conselheiro, vice-presidente e secretário desta autarquia nos anos de 1968 a 1988. Especialista em Medicina Legal e Cardiologia, o Dr. Gastão, que estava com 84 anos, era reconhecido no meio médico do RS. Foi um dos fundadores do antigo Pronto Socorro Particular. A Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo (FM/UPF) está com inscrições abertas para a Especialização em Urgências e Emergências. O curso visa a capacitar médicos para atuar de forma efetiva nas situações de urgência e emergência mais prevalentes abrangendo diferentes áreas da medicina, tais como endocrinologia, neurologia, pediatria, reumatologia e outras. Inscrições podem ser feitas até 6 de agosto no site www.upf.br/pos. Mais informações sobre disciplinas, corpo docente e período de seleção e matrículas podem ser obtidas no site da pós-graduação da UPF, pelo telefone (54) 3316-8553 e pelo e-mail [email protected]. academia Sessão de autógrafos Na Feira do Livro de 2013, mais precisamente dia 6 de novembro, realizou-se uma Sessão de Autógrafos do 4º Tomo da Academia SulRio-grandense de Medicina que, além de uma homenagem à Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, publicou a biografia de 25 acadêmicos. Um dos biografados foi o Dr. Arnaldo José da Costa Filho, que autografou exemplares da obra para inúmeros amigos. Delegacias do Cremers Seccional Delegado Fone Endereço | e-mail Alegrete Dr. Luiz Carlos Diniz Barradas (55) 3422.4179 R. Vasco Alves, 431/402 | CEP 97542-600 | [email protected] Bagé Dr. Cesar Alfeu Iamin de Mello (53) 3242.8060 R. General Neto, 161/204 | CEP 96400-380 | [email protected] Bento Gonçalves Dr. José Vitor Zir (54) 3454.5095 R. José Mário Mônaco, 349/701 | CEP 95700-000 | [email protected] Cachoeira do Sul Dra. Leisa Maria Behr Gaspary (51) 3723.3233 R. Senador Pinheiro Machado, 1020/104 | CEP 96506-610 | [email protected] Camaquã Dr. Tiago Bonilha de Souza (51) 3671.0751 R. Luiza Maraninche, 1700 | CEP 96180-00 | [email protected] Carazinho Dr. Airton Luis Fiebig (54) 3330.1049 Sem Sede - [email protected] Caxias do Sul Dr. Luciano Bauer Grohs (54) 3221.4072 R. Bento Gonçalves, 1759/702 | CEP 95020-412 | [email protected] Cruz Alta Dr. João Carlos Stona Heberle (55) 3324.2800 R. Venâncio Aires, 614/45 e 46 | CEP 98005-020 | [email protected] Erechim Dr. Paulo Cesar Rodrigues Martins (54) 3321.0568 Av. 15 de Novembro, 78/305 | CEP 99700-000 | [email protected] Ijuí Dra. Marilia Raymundo Thome da Cruz (55) 3332.6130 R. Siqueira Couto, 93/406 | CEP 98700-000 | [email protected] Lajeado Dr. Fernando Jose Sartori Bertoglio (51) 3714.1148 R. Fialho de Vargas, 323/304 | CEP 95900-000 | [email protected] Novo Hamburgo Dr. Luciano Alberto Strelow (51) 3581.1924 R. Joaquim Pedro Soares, 500/55 e 56 | CEP 93510-320 | [email protected] Osório Dr. Luis Fernando Ilha de Souza (51) 3601.1277 Av. Jorge Dariva, 1153/45 | CEP 95520-000 | [email protected] Palmeira das Missões Dr. Joaquim Pozzobon Souza (55) 3742.3969 Sem Sede - [email protected] Passo Fundo Dr. Henrique Luiz Oliani (54) 3311.8799 R. Teixeira Soares, 885/505 | CEP 99010-010 | [email protected] Pelotas Dr. Victor Hugo Pereira Coelho (53) 3227.1363 R. Barão de Santa Tecla, 515/602 | CEP 96010-140 | [email protected] Rio Grande Dr. Job José Teixeira Gomes (53) 3232.9855 R. Zalony, 160/403 | CEP 96200-070 | [email protected] Santa Cruz do Sul Dr. Gilberto Neumann Cano (51) 3715.9402 R. Fernando Abott, 270/204 | CEP 96825-150 | [email protected] Santa Maria Dr. Floriano Soeiro de Souza Neto (55) 3221.5284 Av. Pres. Vargas, 2135/503 | CEP 97015-513 | [email protected] Santa Rosa Dr. Carlos Alberto Benedetti (55) 3512.8297 R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | [email protected] Santana do Livramento Dr. Tiago Silveira de Araujo Lopes (55) 3242.2434 R. 13 de Maio, 410/501 e 502 | CEP 97573-500 | [email protected] Santo Ângelo Dr. Rafael Rodrigues da Fontoura (55) 3313.4303 R. Três de Outubro, 256/202 | CEP 98801-610 | [email protected] São Borja Dr. Ary Poerscke (55) 3431.5086 R. Riachuelo, 1010/43 | CEP 97670-000 | [email protected] São Gabriel Dr. Ricardo Lannes Coirolo (55) 3232.6555 Sem Sede - [email protected] São Jerônimo Dr. Roberto Schuster (51) 3651.1135 Sem Sede - [email protected] São Leopoldo Dra. Solange Maria Seidl Gomes (51) 3566.2486 R. Primeiro de Março, 113/708 | CEP 93010-210 | [email protected] Três Passos Dr. Lauro Erni Borth (55) 3522.2548 Sem Sede - [email protected] Uruguaiana Dr. Jorge Augusto Hecker Kappel (55) 3412.5325 R. Treze de Maio, 1691/204 | CEP 97501-538 | [email protected] Junho - 2014 | Revista Cremers | 35 Médicos contratados X intercambistas Substituição de médicos contratados por intercambistas é proibida por Lei. Demissões foram revertidas após rápida e efetiva ação do Cremers. Vamos juntos impedir que surjam novos casos que afrontem a legislação. Denuncie! w w w.cremers.org.br uso exclusivo dos correios MUDOU-SE DESCONHECIDO RECUSADO FALECIDO AUSENTE IMPRESSO – Fechado. Pode ser aberto pela ECT Endereço para devolução: CREMERS NÃO PROCURADO END. INSUFICIENTE CEP NÃO EXISTE O N° INDICADO INFORMAÇÃO ESCRITA PELO PORTEIRO OU SÍNDICO Avenida Princesa Isabel, 921 - Porto Alegre - RS - 90620-001 reintegrado ao serviço postal em _____/_____/_____ _____/_____/_____ _________________________________ responsável