Feijão no Cultivo Orgânico

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FEIJÃO ORGÂNICO
Potencial no Sistema Orgânico
Quatro experimentos conduzidos em duas fazendas no Distrito Federal em 2002 e
2003 mostraram que o feijão orgânico tem produtividade comparável ao feijão
plantando no sistema convencional. Foram avaliadas dez variedades da Embrapa nos
regimes feijão irrigado e feijão das águas. Esta é a primeira vez que experimentos com
feijão orgânico são conduzidos no Distrito Federal.
Os experimentos foram conduzidos pelo pesquisador da Embrapa Cerrados Wellington
Pereira de Carvalho. Entre as dez variedades estudadas, as que obtiveram melhor
produtividade foram os feijões pretos. A BRS Valente obteve 2,032 t/ha no sistema
irrigado e 1,836t/ha nas águas; a BR Diamante Negro, 2,149 t/ha no irrigado e 1,542
nas águas, e a BRS Xamego, 2 t/ha no irrigado e 1,62 t/ha nas águas.
“Esse dado é importante porque o feijão preto é o segundo feijão mais consumido no
DF, logo depois do carioca”, explica do pesquisador. Entre os feijões carioca, os que
tiveram melhor desempenho foram o BR Talismã (2,137 t/ha no irrigado e 1,444 t/ha
nas águas) seguido do BR Pérola (2,192 t/ha no irrigado e 1,108 t/ha nas águas).
Comparativamente, o feijão irrigado produziu mais em todas as variedades. A média da
região em plantio convencional são 2 t/ha.
Doenças
Os feijoeiros orgânicos de cores (Jalo e BRS Radiante) tiveram melhor desempenho
nas águas do que nas plantações convencionais, pois sofreram menos ataque de
doenças. Além disso, curiosamente, no sistema orgânico produziram mais nas águas
do que no irrigado. O Jalo respondeu com rendimento de 1,56 t/ha no irrigado e de
1,645 t/ha nas águas, e a variedade BRS Radiante, com 1,64 no irrigado e 1,773 nas
águas. A média do rendimento do feijão das águas no Brasil é de 0,7 t/ha.
Os feijoeiros orgânicos foram menos atacados nas águas em comparação aos
plantados em sistema convencional. Carvalho explica que isso se deve a condições de
manejo do sistema orgânico, como a rotação de culturas e a criação de faixas em nível
com barreiras vegetais altas que, além de proteger contra erosão, vento e agrotóxico
de propriedades vizinhas, separava o feijoeiro de outras culturas, impedindo a
proliferação de pragas, como a mosca branca.
Um ataque de “vaquinha” (inseto verde e amarelo também conhecido como
brasileirinha”) foi controlado com uma calda repelente feita do próprio inseto. Para
controle de doenças fúngicas, o pesquisador aplicou uma calda bordalesa (solução
feita de cal virgem com sulfato de cobre).
Aspectos Gerais da cultura:
Originário da América do Sul ( segundo alguns autores) e México e Guatemala
(segundo outros) o feijão (Phaseolus vulgaris, L., Leguminosae) é um dos principais
alimentos da população brasileira especialmente a de baixa renda. Na maioria das
regiões produtoras predomina a exploração do feijoeiro por pequenos produtores, com
uso reduzido de insumos, obtendo-se baixas produções.
Usos:
O grão do feijoeiro é utilizado na alimentação do homem, na maioria das ocasiões de
modo obrigatório, no cardápio diário. Cozido ele é consumido em mistura com arroz e
farinha, em saladas frias, transformado em pastas - tutu - ou ainda compondo
feijoadas. O grão pode servir como componente de rações animais bem como a planta
pós colheita. Restos de cultura podem ser incorporados ao solo para melhoria das suas
condições físicas.
Necessidades da Planta:
Clima - tropical, com temperatura média em 25ºC (18º a 30ºC) com chuvas de 100 mm
mensais bem distribuídas.
Solos - férteis, areno-argilosos, com bom teor de matéria orgânica, bem arejados, pH
em torno de 6,0 (5,0 a 6,5).
Preparo do Solo:
O feijoeiro é planta exigente e não deve ser plantado no mesmo terreno por mais de 2
anos seguidos; os restos da cultura anterior devem ser incorporados ao solo e nunca
queimados. Para correção da acidez do solo e adubação amostras de solo devem ser
enviadas a laboratórios para orientar quantidades, tipos de corretivo e adubo e épocas
de sua aplicação.
Correção da Acidez:
Com recomendações provenientes da análise de solos tipo e quantidade de calcário este deve ser aplicado antes da aração - metade da dose - e antes da gradagem metade restante - esparramado ao solo via aplicações manuais ou com aplicadores de
calcários.
Movimentação do Solo:
Em solos pesados ou argilosos, com camada de compactação, para facilitar
germinação das sementes e aprofundamento das raízes indica-se aração e gradagem.
A aração em terreno sem uso por muito tempo deve ser feita com arado de aiveca; em
terrenos trabalhados aração com 20 cm de profundidade é suficiente (segundo tipo de
solo). Em solos arenosos e com cultivo de anuais, recomenda-se o preparo mínimo. A
gradagem é feita com grade niveladora de discos à profundidade de 10 cm. Essas
operações podem ser feitas com equipamentos tração animal ou tratorizada (segundo
tamanho da área).
Épocas de Plantio:
Planta-se entre outubro e janeiro (cultura das águas) e entre fevereiro a maio (plantio
da seca).
Sistema de Plantio/Espaçamentos/Covas:
Dois sistemas: feijão solteiro e feijão consorciado.
Cultivo Solteiro:
As fileiras devem estar espaçadas de 50 cm, com 14-15 sementes/m; em
espaçamentos de 40 cm entre fileiras deve-se usar 10-12 sementes por metro corrido
(linear) no plantio em sulco. No plantio em covas, com espaçamento de 40 cm x 40 cm
coloca-se 2-3 sementes por cova.Dessa forma alcança-se a população de 200 mil a
240 mil plantas por hectare.
Cultivo consorciado:
O consorcio mais comum é feito com o milho. O milho deve ter espaçamento de 1m
entre fileiras e 4 plantas / metro linear enquanto o feijão é semeado nas linhas do milho
com 10 plantas por metro. Pode ser feito o consorcio com adubos verdes, como
mucuna ou hortaliças, como a abóbora.
Variedades Indicadas:
Região Sul e Sudeste do Brasil: Carioca, Mulatinho, Bolinha, Preto, Rosinha
Para a região norte/nordeste do Brasil:- São Francisco - Aporé, Carioca, Epaba-1.
Epaba-1, Carioca, Mulatinho, Vagem Roxa.
Sementes:
Devem ser usadas com bom poder germinativo e de boa procedência. A germinação
deve estar em torno de 90%. Se possível usar sementes tratadas com micronutrientes.
Adubação:
O feijão é uma leguminosa, então deve-se ter uma adubação equilibrada,
principalmente quanto ao nitrogênio. Recomenda-se antes da instalação da cultura, o
plantio e incorporação de adubos verdes e fazer rotação com o milho. Caso haja
possibilidade de utilização de esterco para adubação orgânica ele pode ser incorporado
ao terreno com antecedência de 30-40 dias.
A adubação por recomendação de análise de solos, deve ser aplicados ao solo (cova
ou sulco) antes do plantio, na forma de Bokashi ou composto orgânico. Em cobertura,
coloca-se ao lado da planta Bokashi nitrogenado ou potássico, antes da floração. A
adubação básica, pré-plantio, deve ser feita a uma profundidade de 15 cm. E a
semeadura a 5 cm.
Tratos culturais:
Controle das plantas invasoras: importante manter a lavoura a limpo até início da
floração. A limpeza pode ser feita manualmente (enxada), com cultivador (tração
animal ou tratorizada). As capinas (manual e cultivador) devem revolver o solo até 3 cm
de profundidade.
InsetosPragas
De ordinário as pragas mais comuns são: Lagarta-elasmo (mariposa), larva-alfinete
(besouro) no solo. Vaquinhas (besouro), lagarta-da-folha (mariposa), acaro branco,
cigarrinha verde, mosca-branca, mosca minadora nas folhas. Lagarta (mariposa) e
percevejo nas vagens. Caruncho (besouro) no grão armazenado. O controle químico
deve ser feito no momento em que as pragas atinjam níveis de danos econômicos.
O feijoeiro é atacado por doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides.
Doenças:
O controle das doenças é feito com plantio de variedades resistentes, de sementes
livres de doenças e de uso de produtos químicos. Pulverizações foliares protetoras com
caldas cúpricas ou sulfocálcica. As doenças mais comuns são ferrugem, antracnose,
oídio, mela, tombamento, mosaico dourado. Fazer necessáriamente rotação de
cultivos.
Colheita:
A colheita do feijão pode feita: Manualmente: plantas pós arranquio são postas a secar,
com raízes para cima no solo e depois vão para o terreiro para a trilha c/ varas
flexíveis. Semi mecanizada: arranquio manual ou automotriz. Mecanizada: arranquio e
trilha com maquina colhedora-trilhadeira. Melhor colher o feijão pela manhã e em horas
frescas; de ordinário o feijão é colhido com 18% de umidade. O ciclo de produção
dentre as variedades de feijão situa-se entre 70 e 95 dias.
Armazenamento:
Para o armazenamento a curto prazo a umidade do feijão deve ficar em 14-15%; para
armazenamento a longo prazo a umidade deve ficar em torno de 11%. O ambiente
para estocagem deve ficar seco, fresco e escuro; se bem construídos tulhas e paióis
são eficazes. Os locais de armazenamento devem estar rigorosamente limpos (livres
de resíduos de colheitas anteriores) e os grãos tratados com produtos apropriados
(fumigação e proteção). Para comercialização o grão é acondicionado em sacos com
60 Kg de peso.
BIBILIOGRAFIA CONSULTADA:
 EDITORA ABRIL S. A-Guia Rural Horta - Guia Rural Plantar.São Paulo - SP, 1991
 EDITORA AGRONÔMICA CERES/Manual de Entomologia/Manual de Fitopatologia
- vol2-São Paulo - SP, 1978
 EMBRAPA – SPI/ Frupex – 1997- - AspectosTécnicos da Produção Brasília – DF
 EMBRAPA – CNPH- Cultivo de Hortaliças-Brasília – DF
 EPABA - Circular Técnica n.º 9, maio – 1984-Instruções Práticas para o Cultivo.


SECRETARIA DA AGRICULTURA DO ESTADO DA BAHIA -www.seagri.ba.gov.br
– culturas agrícolas Fev/2004.
PENTEADO, SILVIO ROBERTO- Defensivos Alternativos e Naturais/ Adubação
Orgânica- Campinas. Fev/2004
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