Química Orgânica I (práticas) Américo Lemos [email protected] Gab: C2 2.24 AS AULAS DE LABORATÓRIO SÓ PODEM COMPORTAR UM MÁXIMO DE 16 ALUNOS POR TURMA. É OBRIGATÓRIO O USO DE BATA ÓCULOS DE PROTECÇÃO 1 Calendarização Semana 1 De Sumário 22/9 Teoria Química versus Prática Laboratorial: a Boas práticas laboratoriais 26/9 Técnicas laboratoriais: Extracção por solventes e Identificação de substâncias por cromatografia em camada fina 2 29/9 a 3 Modelação molecular - conformações Modelação molecular - estereoquímica 3/10 Estereoquímica: Estudo das propriedades ópticas do limoneno 6/10 Reactividade de halogenetos de alquilo: a Substituição nucleofílica SN1 e SN2 10/10 4 13/10 Reactividade de hidrocarbonetos insaturados: a Reacções de adição à dupla ligação 17/10 5 20/10 Álcoois e éteres: Desidratação de um álcool a 24/10 Avaliação A nota final = (Preparação prévia da aula prática + Desempenho laboratorial + Assiduidade) x 0,2 + Respostas aos inquéritos (escritos) realizados nas aulas x 0,4 +caderno laboratório x 0,4. Nota inferior a 9,5 valores implica a não admissão a exame. Frequência obrigatória de 2/3 das aulas práticas (2 faltas implica não admissão a exame). 2 AULA 1 Parte 1 : NORMAS DE SEGURANÇA Normas de segurança no laboratório Símbolos de perigo e seu significado Avaliação e Lista de Riscos de solventes e reagentes http://w3.ualg.pt/~cfonseca/Quimica%20Org%20I/2007_2008/Q_OI_prat.pdf Parte 2 : Separação de compostos numa mistura i) Extracção solventes e variação de pH http://orgchem.colorado.edu/courses/3361manualF08/Ext61LMF08.pdf ii) Cromatografia http://orgchem.colorado.edu/courses/3361manualF08/TLCI61LMF08.pdf http://orgchem.colorado.edu/courses/3361manualF08/ColChr61LMF08.pdf Trabalho experimental: Análise e identificação de uma mistura por cromatografia em camada fina - TLC: Soluções padrão de 1 - 2% P/V em diclorometano dos seguintes compostos: O Benzofenona trans -Estilbeno HO N H HO O Ácido salicílico O Acetanilida OH (N-fenilacetamida) Difenil metanol Eluente 1 : éter petróleo (hexanos) 3 Eluente 2 : 1/1 – diclorometano/éter petróleo (V/V) Eluente 3: diclorometano Procedimento: Preparar as 3 câmaras de eluição com cerca de 8-10 mL de cada eluente. Não esquecer de colocar o papel de filtro. Cortar cuidadosamente, de modo a não causar danos na sílica, 3 placas de sílica gel com indicador de fluorescência F-254 com dimensões de 4 x 7,5 cm (aprox.). Marcar com lápis os pontos de aplicação (devem distar do bordo inferior 1 cm) e aplicar os padrões 1-5 com capilares, assim como a mistura M. Deixar secar entre cada aplicação. (Antes de colocar na câmara de eluição verificar na lâmpada de ultravioleta que os padrões e a mistura estão bem aplicados) Colocar na câmara para eluição e deixar eluir até o eluente distar cerca de 1cm do bordo superior. Tirar da câmara e deixar secar. Visualizar os resultados do cromatograma usando a lâmpada de ultravioleta (254 nm). Marcar com o lápis as manchas. Faça o desenho do seu cromatograma indicando o tamanho as manchas e se há arrastamento ou não. Calcular os Rfs para cada composto em cada eluente. Identificar quais os 2 componentes da mistura. Parte 3 : modelação molecular – conformações e projecções Newman http://orgchem.colorado.edu/courses/3361manualF08/MMconftsLM61F08.pdf 4 AULA 2: Parte 1 : modelação molecular - estereoquímica http://orgchem.colorado.edu/courses/3361manualF08/stereochemlab.pdf Parte 2 : Trabalho experimental Estereoquímica: Estudo das propriedades ópticas do limoneno. Polarimetria Peso molecular: CH3 CH3 (C10H16) = 136,13 g/mol H C CH2 CH3 (R)- Limoneno T obsev l c H2C C H CH3 Densidade: 0,84 (S)- Limoneno %ee observ 100% puro l- comprimento percorrido pela luz na amostra em dm c- concentração da amostra (g.mL-1) Procedimento experimental Reagentes necessários: (R)-Limoneno, (S)-Limoneno, etanol Prepare 100 mL de soluções etanólicas de (R), (S)- limoneno a 0,01 g/mL. Determine a rotação de ambas as soluções de limoneno. Faça uma mistura de soluções na proporção de 3:1 de (R) e (S)limoneno respectivamente. Determine a rotação desta solução. Calcule 1. Calcule a concentração das soluções etanólicas de (R), (S)- limoneno nas soluções preparadas. []puro = 123º (R); []puro = -94º (S) 2. Determinar % ee na mistura dos dois enantiómeros. 3. Comparar as concentrações determinadas com as previstas. 5 AULA 3: Reactividade de haletos de alquilo Procedimento Experimental Os seguintes compostos vão ser testados com NaI e AgNO3: 1-Clorobutano ; 1-Bromobutano ; Bromociclohexano 2-Clorobutano ; 2-Bromobutano ; 2-Cloro-2-metilpropano 2-Bromo-2-metilpropano Reacção com NaI Enumere 8 tubos de ensaio 10x75 mm e tape-os com rolha de cortiça. Coloque 5 gotas de cada um dos haletos de alquilo no respectivo tubo. Adicione 2,0 mL de NaI /acetona 15%. Agite os tubos e registe o tempo de aparecimento de um precipitado. Se nenhum precipitado se formar após de 5 minutos, aqueça os tubos num banho a 50 ºC. Se nenhuma reacção ocorrer passados 15 minutos de aquecimento registe como não ocorrendo reacção. Reacção com AgNO3 Enumere 8 tubos de ensaio 10x75 mm e tape-os com rolha de cortiça. Coloque 5 gotas de cada um dos haletos de alquilo no seu respectivo tubo. Adicione 2,0 mL de AgNO3/etanol 1%. Agite os tubos e registe o tempo de aparecimento de um precipitado. Se nenhum precipitado se forma após de 5 minutos, aqueça os tubos num banho a 50 ºC. Se nenhuma reacção ocorrer passados 15 minutos de aquecimento registe como não ocorrendo reacção. Interpretação dos dados experimentais: Liste os haletos de alquilo por ordem decrescente de reactividade nas mesmas condições reaccionais. Discuta brevemente o porquê da ordem de reacção observada. a. Ordene a reactividade dos haletos de alquilo primários para cada reagente. Explique brevemente. 6 b. Ordene a reactividade dos haletos de alquilo secundários para cada reagente. Explique brevemente. c. Ordene a reactividade dos haletos de alquilo terciários para cada reagente. Explique brevemente. 7 AULA 4: Hidrocarbonetos saturados e insaturados Introdução Os alcenos dão uma grande variedade de reacções de adição. Efectuar-se-ão testes em tubo de ensaio, correspondentes a algumas reacções clássicas dos alcenos. Podem efectuar-se todos estes testes em paralelo com um alcano ou mistura de alcanos, para comparação. As reacções mais comuns dos alcenos são as adições electrófilas que tem o seguinte mecanismo genérico (X+: electrófilo; Y-: nucleófilo): Primeira etapa: Ataque electrofílico à ligação C=C X X+ carbocatião Segunda etapa: Ataque nucleofílo ao carbocatião X X Y Y- A ligação C=C é sensível à acção de agentes oxidantes suaves como soluções diluídas de permanganato de potássio. Neste caso obtém-se um éster de permanganato instável. O mecanismo destas adições é geralmente considerado como sendo do tipo multicêntrico (adição em cis). Reacções de adição - Acção do bromo em solução de tetracloreto de carbono O tetracloreto de carbono actua como solvente inerte, no qual se dissolvem tanto o alceno como o bromo. Este teste é muito utilizado para revelar a existência de ligações duplas C=C. Me H CCl4 + Me Br2 Me Preparar o reagente adicionando 1 gota de bromo a 0,5 mL de CCl4. Adicionar este reagente a 0,5 mL de 2-metil-2-buteno. Registar o resultado e escrever o mecanismo da reacção. Repetir com o alcano, na presença e na ausência de luz. 8 - Acção de água de bromo A água desempenha simultaneamente o papel de solvente e de nucleófilo Contudo é imiscível com o alceno, pelo que se torna necessária uma agitação forte para completar a reacção. Me H + H2O + Br2 Me Me Preparar água de bromo (1 gota de bromo: 4mL de água destilada). Agitar 1mL de 2-metil-2-buteno com 2 mL de água de bromo. Registar o resultado e escrever o mecanismo. Repetir com o alcano. - Acção do ácido sulfúrico, concentrado e diluído a) H2SO4 concentrado: Me H + Me H2SO4 Me Adicionar cautelosamente 1mL de 2-metil-2-buteno a 2 mL de H2SO4 concentrado. Agitar suavemente. Observar se ocorre alguma mudança na cor e na temperatura. Registar o resultado. Repetir com o alcano. b) H2SO4 diluído: Me H H+ + Me H2O Me Arrefecer 1 mL de 2-metil-2-buteno em gelo e adicionar 1 mL de H2SO4 diluído e frio (2 volumes de ácido: 1 volume de água). Agitar devagar até a mistura se tornar homogénea. Diluir com 2 mL de água; se uma camada superior de álcool não se separar imediatamente, introduzir um pouco de cloreto de sódio na mistura, a fim de diminuir a solubilidade do álcool. Observar o odor (o hidrocarboneto não saturado é assim largamente reconvertido em álcool). Registar o resultado e escrever o mecanismo. - Acção de solução diluída de permanganato de potássio Me H - MnO4 H2O Me Me Adicionar 1 mL de 2-metil-2-buteno a uma solução oxidante (2mL de solução de KMnO4 a 0,5% e 1 mL de ácido sulfúrico diluído). Agitar. Se o reagente descorar, adicionar um pouco mais de 2-metil-2-buteno. Registar o resultado e escrever o mecanismo. Repetir com o alcano. 9 AULA 5: Desidratação do 2-metil-2-butanol Introdução: Quando um álcool é aquecido na presença de um ácido forte, o produto maioritário é um alceno ou uma mistura de alcenos. C C OH H+ C C calor + H2O A eliminação de uma molécula de água a partir do álcool chama-se reacção de desidratação. As reacções de eliminação são uma das classes fundamentais dentro dos vários tipos de reacções químicas. Requerem a presença de um grupo abandonante que sai com os electrões da ligação, seguindo-se a perda de um segundo grupo (normalmente um protão), a partir do carbono adjacente. A presença do ácido é essencial dado que converte ROH em R-OH2+, tornando assim um mau grupo abandonante num bom grupo abandonante que é a água. Dado que os álcoois são bases fracas, ácidos fortes são necessários para os protonar. Usa-se então o ácido fosfórico ou ácido sulfúrico. Quando álcoois secundários e terciários são usados, a protonação e aquecimento são as forças condutoras para que ocorra perda de água, formando-se então um carbocatião. C C OH + H2SO4 HSO4- + C C O H H H C C + H2O A velocidade de formação do carbocatião por perda da molécula de água depende grandemente da estabilidade do carbocatião formado. Carbocatiões secundários e terciários são suficientemente estáveis para ser intermediários nas reacções. A estabilidade do carbocatião aumenta com o 10 aumento do número de substituintes alquilo e arilo, no átomo de carbono que tem a carga positiva. Em meios fortemente acidicos mesmo os carbocatiões terciários são instáveis . Reagem com os nucleófilos dando produtos de substituição (S N1), ou perdem um protão dando produtos de eliminação (E1). O termo E1 significa eliminação unimolecular. Diz-se unimolecular porque no passo determinante da reacção, que é perda de uma molécula de água a partir do álcool protonado. A perda do protão é rápida porque os carbocatiões são ácidos fortes. C C OH H+ rápido -H+ -H2O C C H O H H H C C lento rápido C C Os ácidos sulfúrico e fosfórico são escolhidos em vez do ácido clorídrico ou bromidrico como catalisadores na desidratação dos álcoois em parte porque as bases conjugadas dos ácidos sulfúrico e fosfórico são maus nucleofilos pelo que não há formação de elevadas quantidades de produtos de substituição. Todos os passos da reacção no mecanismo E1 são reversíveis. Esta reversibilidade significa que os alcenos podem formar álcoois a não ser que se use condições experimentais apropriadas. Para que a reacção seja completa destila-se o alceno a partir da mistura reaccional. Esta estratégia permite que o equilíbrio se desloque continuamente no sentido da formação do alceno. Questão: Será que a estabilidade dos produtos determina a sua proporção na desidratação do 2-metil-2-butanol por catálise ácida OH CH3 CH2 C CH3 CH3 2-Metil-2-butanol H2SO4 H3CH2C C CH3 CH2 2-Metil-1-buteno p.e. 31,1 ºC MW 70,1 d 0,650 g/mL 11 + H H3C C C H3C CH3 2-Metil-2-buteno p.e. 38,5 ºC MW 70,1 d 0.662 g/mL Procedimento Coloque 6,0 mL de 2-metil-2-butanol num balão de fundo redondo contendo uma barra magnética. Adicione lentamente 30 mL de ácido sulfúrico 6 M. Faça uma montagem para destilação fraccionada. Recolha todo o destilado com temperatura inferior a 45 ºC. Deixe o destilado arrefecer e só depois o pese. Calcule o rendimento. Determine a composição do produto por cromatografia gasosa, usando uma coluna não polar (ex. SE-30; OV-1; DB-1). Não use temperaturas superiores a 50 ºC. A preparação da amostra faz-se dissolvendo 2 gotas de produto em 0,5 mL de heptano, injecte 1 µL desta solução no GC. Os alcenos eluem em ordem decrescente do ponto de ebulição, com o pico do solvente a aparecer depois dos produtos. Interpretação dos dados obtidos Quais são as quantidades relativas de cada produto presente no destilado? Quais são os factores que controlam o curso da reacção? Explique a formação dos produtos e discuta a proporção observada entre eles. Testes qualitativos 1- Reacção com o bromo Coloque 3 gotas de produto num tubo de ensaio e adicione 1,0 mL de diclorometano. Adicione gota a gota 5 gotas de solução de bromo 5% em diclorometano. Agite o tubo entre cada adição. Registe as observações. Repita o teste agora com o 2-metil-2-butanol. 2- Reacção com o KMnO4 Coloque 3 gotas de produto num tubo de ensaio e adicione 2,0 mL de água. Adicione 1 gota de solução aquosa de permanganato 2% Agite o tubo entre cada adição. Registe as observações. Repita o teste agora com o 2-metil2-butanol. 12