VI SIMPOSIO INTERNACIONAL DE CIENCIAS INTEGRADAS UNAERP GUARUJA HIPERLIPIDEMIA EM ADULTOS NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA ESF JUSSARA NO MUNICÍPIO DE MONGAGUÁ - SP Darlene Cassote de Matos Enf posgraduada em Saude da Familia [email protected] Carmencita Ignatti Docente do Curso de Enfermagem Unaerp - Campus Guarujá cignatti @unaerp.br RESUMO O tema Hiperlipidemia em Mulheres foi escolhido devido a crescente incidência constatada na ESF Jussara; sendo escolhido para estudo a faixa etária dos 45 aos 65 anos. É uma doença insidiosa que pode ter inicio na infância e surgir os primeiros sinais e sintomas na idade adulta, ser desenvolvida devido a fatores de riscos tais como: ingestão de alimentos ricos em gordura e poucas fibras, gorduras saturadas, hereditariedade,fumo e álcool. Procura mostrar através de gráficos, os dados retirados dos prontuários analisados na USF Jussara. Faz apontamento sobre as medicações mais utilizadas no tratamento da doença, dispensadas pelo Programa Medicação Alto Custo. Conclui-se que através de recomendações gerais para melhora da qualidade de vida e formas de abordagem para adesão do paciente ao tratamento e controle da Hiperlipidemia, podem evitar complicações em decorrência de sua progressão quando negligenciada. Palavras chave: obesidade, hiperlipidemia, colesterol, triglicérides, dislipidemia. Seção:Enfermagem Apresentação: oral INTRODUÇÃO A Hiperlipidemia é uma patologia relativamente comum, caracterizada pelo aumento dos valores de lipídes (VLDL, HDL, LDL, triglicérides, colesterol total) contidos no sangue, podendo ser de ordem patológica ou fisiológica ( FERREIRA, 1999). O colesterol prejudicial é chamado de LDL (Low Density Lipoprotein) que transporta e deposita o colesterol na parede das artérias promovendo a sua obstrução (FISCHBACH, 2002). O colesterol não prejudicial à saúde é o HDL (High Density Lipoprotein) que remove o excesso de colesterol transportando-o ao fígado onde é metabolizado e excretado (FISCHBACH, 2002). O colesterol, no fígado é usado na síntese do ácido biliar, e que uma vez excretado na bile forma um ciclo entero-hepático de circulação do colesterol. Metade do colesterol biliar e aproximadamente 95% dos ácidos biliares é reabsorvida e retorna ao fígado pelo sistema porta ( MANO, 2001). O restante do colesterol que não for armazenado será liberado na corrente sanguínea através da VLDL. A triglicéride é transformada em glicogênio, pela glicogênese. As apoproteínas são recicladas para síntese de VLDL ( MANO, 2001). Os principais fatores de aumento do colesterol são: hereditariedade, idade, dieta, sedentarismo. Acredita-se ser de grande importância orientar a população sobre os riscos da hiperlipidemia como fator de prevenção as doenças cardiovasculares (DUNCAN, 2004). A alimentação inadequada pode refletir na saúde da família, há relatos na literatura de níveis elevados de colesterol nesta faixa etária (crianças em idade escolar e pré-escolar), fazendo-se necessário a reeducação alimentar. (SANJURO, 2002). O interesse pelo estudo surgiu devido à quantidade de mulheres observadas com Hiperlipidemia na ESF Jussara, em Mongaguá-SP, principalmente mulheres com idade entre 45 e 65 anos ( período após a menopausa), casos estes que abrangem tanto indivíduos obesos. A dislipidemia tem maior incidência na fase adulta, sendo mais comum em homens com idade maior ou igual a 55 anos e em mulheres com idade superior a 45 anos de idade na menopausa (PORTO, 2009). A diminuição do estrogênio propicia o aparecimento da obesidade central, podendo ocorrer complicações metabólicas, como a dislipidemia ( OLIVEIRA, 2005). A obesidade, quanto à localização abdominal tem grande valor sobre frequentemente as a doenças condições cardiovasculares tais como por dislipidemia, relacionar-se hipertensão arterial, resistência a insulina e diabetes favorecendo o aparecimento de eventos cardiovasculares, particularmente os coronarianos. Assim, o sobrepeso e a gordura abdominal, constituem sinais de alerta (PORTO, 2009). A OMS preconiza a circunferência da cintura no ponto de corte de 94 cm para homens e 80 cm para mulheres como medidas de risco metabólico aumentado (CERCATO, 2004). Segundo as diretrizes da American Heart Association a hipercolesterolemia caracteriza-se como uma concentração sérica de colesterol superior ou igual a 240mg/dl e que a concentração desejável de colesterol é inferior a 200mg/dl (DUNCAN, 2004). De acordo com as diretrizes do III Painel de Tratamento do Adulto ( ATPIII) e Programa Nacional de Educação sobre Colesterol ( NCEP), todos os adultos com 20 anos ou mais devem realizar avaliação de perfil lipídico em jejum a cada 5 anos para avaliar risco de doença coronariana ( ARRUDA, 2007). Estudos demonstram que as concentrações séricas elevadas de colesterol total, particularmente a fração de colesterol da lipoproteína LDL, diminuição da fração de colesterol de alta densidade HDL estão associados ao aumento da incidência de eventos cardiovasculares, dentre eles as doenças agudas coronarianas (DAC). (OLIVERA, 2005). As concentrações séricas de colesterol variam muito entre as populações, no Japão, por exemplo, concentrações séricas baixas de colesterol significando baixa incidência de ataques cardíacos e, no entanto, na Finlândia, taxa de colesterol elevado representa incidência alta de eventos cardíacos (LERARIO, 2008). A doença arterial coronariana nos dias atuais é a primeira causa de morbidade e mortalidade em todo mundo, principalmente os países em desenvolvimento ( SANTOS, 2009). As doenças cardiovasculares são responsáveis por 12 milhões de óbitos, no mundo. Somente no Brasil essas doenças são responsáveis por cerca de 250.000 mortes ao ano, que correspondem aproximadamente a 25% do total de óbitos (AVEZUM, 2005). Os fatores de risco ligados a prevalência e a incidência são doenças cardiovasculares, disfunção na tireóide, algumas medicações que podem influenciar os altos níveis de colesterol, doenças associadas como a diabetes e a hipertensão arterial, a inflamação no pâncreas que pode ocorrer devido ao nível elevado de colesterol chegando a comprometer a produção de insulina desencadeando diabetes. (SMELTZER BARE, 2006 ). Segundo pesquisas, o início do processo da deposição das placas de ateroma tem origem na infância com a formação de estrias gordurosas precursoras das placas ateroscleróticas. Estas surgem a partir dos três anos de idade, na adolescência passam a atingir as coronárias, este processo tende a ser potencializado no decorrer da vida pela obesidade e outros já citados (DUNCAN, 2004). A obesidade na infância é fator de risco reconhecido para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, embora as conseqüências muitas vezes não sejam evidentes até a vida adulta, representando maior probabilidade para que este indivíduo desenvolva hiperlipidemia, associada ao modo de viver, sedentarismo e maior consumo de gordura e açúcares (GRILLO, 2008 ). O risco está correlacionado com o nível sérico de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) formadas apartir do catabolismo das lipoproteínas de densidade muito baixa ( VLDL ).(ROBBINS, 2001). A LDL transporta 70% do colesterol sérico total. O risco está inversamente relacionado com os níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL), talvez pelo fato do HDL ajudar a remover o colesterol da parede vascular. Os defeitos hereditários envolvendo o receptor de LDL (como, por exemplo, na hipercolesterolemia familiar) ou as apoproteínas da LDL causam níveis elevados de LDL, hipercolesterolemia e aterosclerose acelerada. As influências menores ou não quantificadas sobre o risco de aterosclerose incluem a obesidade, o estilo de vida sedentária ou com o elevado nível de estresse (ROBBINS, 2001). Os estudos clínicos mencionado por vários autores demonstram que ao se diminuir o colesterol elevado de um indivíduo, há uma redução do seu risco de doença cardíaca coronariana. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, os valores de referência são utilizados com a finalidade de identificar as pessoas com risco, independente da idade. A tabela 1 mostra os pontos de corte adotado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Tabela 1 Valores de referência: Colesterol total* Abaixo de 200= desejável 200-239=limítrofe-elevado Colesterol LDL* Abaixo de 100= desejável para prevenção primária de alto risco e secundária abaixo de 130=desejável para prevenção no baixo e médio risco Acima de 240=elevado (DUNCAN, 2004) O tratamento das hiperlipidemias é realizado de forma medicamentosa (estatinas) e reeducação alimentar ( DUNCAN, 2004 ). No entanto, há pacientes que não tem condições de custear seu tratamento, sendo necessária a inclusão destes no Programa Medicações Excepcionais de Alto Custo. Este programa dirige-se ao atendimento de doenças consideradas de caráter individuais que a despeito de atingir número reduzido de pessoas, requerem tratamento longo até permanente com o uso de medicamento de alto custo. (BRASIL, MS, 2006). Para a obtenção da medicação é necessário que corra a abertura do processo na Regional- Município, receita e laudo médico, solicitação do medicamento, RG, CPF, número do cartão SUS, comprovante de residência, exames complementares. ( BRASIL,MS,2006). As medicações mais dispensadas no Programa Medicações Excepcionais de Alto Custo, no município de Mongaguá para o tratamento da Hiperlipidemia e prevenção das doenças agudas coronarianas (DAC) são: Sinvastatina, Atorvastatina e Bezafibrato. A tabela 2 mostra as medicações, mais indicadas pelo médico para o tratamento da doença e seus efeitos desejáveis. Tabela 2 Efeitos desejáveis: MEDICAÇÃO Bezafibrato APRESENTAÇÃO Comprimidos 200mg ou 400mg Atorvastatina Comprimidos 10mg, 20mg, 40mg, 80mg Sinvastatina Comprimidos 5mg, 10mg, 20mg, 40mg, 80mg EFEITOS DESEJÁVEIS Controle hiperlipidemia primária grave sob risco significativo de doença aguda coronariana(DAC) Reduzir LDL do colesterol total, ligeiro aumento do HDL, reduzir VLDL e triglicerídeos, diminuir a progressão DAC, resultando na diminuição do IAM, AVC e da necessidade de revascularização miocárdica. Diminuir o LDL e o colesterol total; ligeiro aumento do HDL. Reduzir: VLDL, triglicerídeos, progressão da DAC, resultando na diminuição do IAM, AVC e necessidade da revascularização miocárdica. (AME 2007-2008) O paciente deverá ser orientado que o tratamento é um conjunto de ações, (modificação de hábitos saudáveis, adesão ao tratamento medicamentoso e a dieta ), que irão colaborar para que ocorra controle dos níveis de colesterol. ( AZEVEDO, 2004). A enfermeira do programa de saúde da família deve estar informando o seu cliente que assim como existem os efeitos desejáveis das medicações também mostrados na tabela 3. Tabela 3 os efeitos indesejáveis podem surgir, Efeitos Colaterais: Medicação Apresentação Efeitos colaterais Bezafibrato Comprimidos 200mg, Alopecia 400mg distúrbios da potência (rara), plenitude (rara), gástrica, urticária, náusea, debilidade e perda prurido, do apetite, enfraquecimento na musculatura das extremidades com ou sem elevação da CPK. Atorvastatina Comprimidos 10mg, Rash, prurido, impotência, elevação das 20mg, 40mg ou 80mg enzimas hepáticas, cólicas abdominais, constipação, diarréia, azia, disgeusia, dispepsia, náusea, pancreatite, hepatite medicamentosa, artrite, artralgia, mialgia, miosite, rinite, tontura, cefaléia, insônia, fraqueza. Sinvastatina Comprimidos 5mg, 10mg, Rash, prurido, 20mg, 40mg, 80mg. abdominal, flatulência, pancreatite, impotência, constipação, azia, disgeusia, hepatite cólica diarréia, náusea, medicamentosa, artralgia, artrite, mialgia, miosite, rinite, bronquite, tontura, cefaléia, insônia, fraqueza. AME 2007-2008. O papel do enfermeiro em ESF é de orientar o paciente quanto a importância do tratamento preconizado, esclarecendo possíveis dúvidas quanto às medicações prescritas e descontinuação das mesmas quando, efeitos adversos surgem. Se acontecer efeitos colaterais, como os referidos na tabela 3, o paciente fica orientado a procurar a enfermeira ou médico. É recomendado para que o cliente evite o uso de qualquer droga ou medicação sem o conhecimento do médico durante a terapia. Enfatiza-se o abandono de hábitos nocivos a saúde fazendo com que o paciente atente para o tratamento preconizado e organizar reuniões de grupos com o tema de sua doença, onde também é recomendado a monitorização regular do lipidograma completo, buscando aprimorar o conhecimento do indivíduo, melhorar a adesão deste ao tratamento. Durante as consultas de enfermagem são dadas recomendações e sugestões para uma dieta saudável; assim como estas descritas pelo tópico abaixo. Recomendações gerais para uma dieta saudável: Evitar o tabagismo e o álcool; Manter pressão arterial controlada; Manter diabetes com níveis de glicemia satisfatórios; Fracionar a alimentação em várias refeições por dia com pequenos volumes ( 5 a 6 refeições); Incluir na alimentação diária: semente de linhaça, soja, frutas, verduras, e legumes que são ricos em vitaminas, minerais, fibras. Estimular na dieta o uso de grelhados, assados, cozidos, cereais em grão. Preferir alimentos naturais aos industrializados; Evitar gorduras aparentes das carnes, frituras, gordura saturada, miúdos, creme de leite, dendê, coco, gema de ovo, banha, maionese, margarina, manteiga, embutidos, toucinho, chocolate, etc. Evitar o consumo de embutidos como lingüiça, salsicha, presunto, mortadela que são ricos em gordura saturada e em sódio; Dar preferência ao leite desnatado ou semi desnatado; Dar preferência aos queijos brancos frescos e ricota ao invés de dos queijos amarelos ou curados; Diminuir o consumo de sal para 6g por dia (uma colher de chá), no caso de pacientes não hipertensos; Usar temperos naturais como limão, alho, cebola, salsa, cebolinha, louro, etc; Não fazer dietas “milagrosas”. Procurar sempre orientação do médico ou nutricionista. Estimular a atividade física, pois moderada e regular aumenta os níveis de HDL e reduz os níveis de triglicerídeos. A meta para a pessoa comum é de 30 minutos de exercício, três a quatro vezes por semana. As recomendações costumam ser reforçadas durante todas as consultas e o tratamento será suspenso, conforme avaliação e conduta médica. Os cuidados de enfermagem acima estão apoiados por protocolos de enfermagem Saúde do Adulto. (M.S, 2004) Segundo Peplau, a enfermagem é um processo interpessoal, e tanto o paciente quanto a enfermeira tem partes igualmente importantes na interação da terapêutica. O objetivo da enfermeira é de interagir com o paciente e a família, trabalhando juntos para reconhecer, esclarecer e definir problema existente. Isto, em troca, diminui a tensão e a ansiedade associadas à necessidade sentida e ao medo do desconhecido ( GEORGE,2001). OBJETIVO GERAL Verificar a incidência, prevalência de Hiperlipidemia nas mulheres pós menopausa na ESF Jussara, em Mongaguá-SP. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Compilar e analisar os dados para relacionar incidência, prevalência características desta população e as possíveis causas, Apontar providências e procedimentos de prevenção e controle desenvolvidos para esta população. METODOLOGIA: O trabalho foi realizado com base no levantamento de dois mil prontuários dos usuários do serviço, o período adotado para o levantamento documental foi baseado nas consultas médicas datadas desde agosto de 2007 até agosto de 2009. Trata-se de uma pesquisa documental quantitativa que de acordo com Gil (2002), esta forma de pesquisa vale-se de materiais que não receberam ainda tratamento analítico ou que ainda não podem ser elaborados de acordo com os objetivos de pesquisa. A população a ser estudada constituiu-se de adultos do sexo feminino, na faixa etária de 45 a 65 anos ( idade em que a mulher apresenta declínio hormonal), que faz uso de medicação específica para controle dos níveis lipídicos, que possui ou não doença de base como diabetes ou hipertensão arterial, atendidas desde 2007 a 2009 na ESF Jussara, no município de Mongaguá-SP. Realizado busca das informações em agosto de 2009; após pesquisa em prontuários foram encontrados 98 casos, os quais já estão sendo tratados com antilipêmicos. Destes, 63 casos sem doença de base, 27 com hipertensão associada, 3 casos associados a diabetes tipo 1 e 2, e com diabetes/hipertensão associados a hiperlipidemia 5 casos. Apenas 3 mulheres fazem uso de bezafibrato, 73 estão sendo medicadas com sinvastatina e 22 indivíduos tratados com atorvastatina. Na faixa etária dos 45 aos 55 anos encontrados 32 casos de Hiperlipidemia; dos 56 aos 60 anos 34 casos de Hiperlipidemia e na idade entre 61 à 65 anos 32 casos. A caracterização dos dados levantados foi realizada através de gráficos possibilitando melhor visualização e análise da situação encontrada na área de abrangência da USF Jussara. Para o embasamento teórico foram consultados bibliografias, artigos e periódicos em base de dados Lilacs, Scielo e Bireme datados de 1999 a 2009, com os descritores hiperlipidemia, dislipidemia, colesterol, triglicérides, obesidade no idioma português 7 e espanhol 1, 4 publicações nacionais de 2000 a 2008. Foi solicitada autorização a Coordenação da ESF e seguidas as normas do CONEP (Conselho Nacional de Estudos e Pesquisa) e do Comitê de Ética da UNAERP, campus Ribeirão Preto. RESULTADOS E DISCUSSÃO GRÁFICO 1 POPULAÇÃO ESTUDADA Dados obtidos pela autora, 2009. O gráfico acima mostra a incidência de hiperlipidemia na população feminina com idade de 45 a 65 anos, sendo que foi constatada maior prevalência nas mulheres com idade de 56 a 60 anos 34 casos, 61 a 65 anos 32 casos, 51 a 55 anos 20 casos, 45 a 50 anos 12 casos. De acordo com o levantamento de dois mil prontuários consultados na ESF Jussara, foi encontrado 98 mulheres com Hiperlipidemia diagnosticada mediante os valores de referência para níveis lipídicos, aceito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Observou-se que a grande maioria das mulheres na faixa etária dos 56 a 65 anos foi mais expressiva, sendo a idade em que a mulher está na pos menopausa, acredita-se que a diminuição do hormônio estrogênio altera os níveis das lipoproteínas circulantes, porém ainda não completamente conhecidos (MAGALHÃES, 2001). Para alguns autores o principal fator de risco é o envelhecimento, não significando ser a causa direta, a idade pode se constituir em um índice de exposição aumentado aos fatores de risco (sedentarismo, obesidade, fumo, tabagismo, diabetes, hipertensão). Houve menor incidência no grupo de 45 a 50 anos fase onde normalmente ocorre o climatério, onde começa a ser observado a elevação dos níveis de lipídios. Estudos longitudinais e transversais mostram que os níveis séricos de colesterol total, LDL e triglicérides podem aumentar em média de 7 a 19% da pré menopausa para pós menopausa ( SAMPAIO, 2000). Na mulher o estrogênio confere efeitos benéficos tanto no endotélio vascular quanto nas lipoproteínas séricas, benefícios perdidos após a menopausa (MAGALHÃES, 2001). GRÁFICO 2 Dados obtidos pela autora, 2009. O gráfico 2, doença de base mostra que na população estudada, há maior prevalência e incidência de Hiperlipidemia em pessoas sem doenças associadas. Acredita-se que a porcentagem de pessoas com doenças crônicas associadas não tenha sido a esperada ( 3% diabetes, 5% diabetes e hipertensão, 28% hipertensão), mais expressivo devido a necessidade do profissional médico, encaminhar estas pacientes ao médico especialista (Cardiologia ou Endocrinologia) denotando certa insegurança em dar continuidade ao tratamento ambulatorial, colaborando para que a equipe saúde da família acabe perdendo o vínculo deste cliente mesmo com as visitas domiciliares realizadas pelos agentes comunitários. Segundo (PORTO, 2009) este aponta, como fator de risco mais acentuado dentre outros para doenças agudas coronarianas a Hierlipidemia associada a diabetes e hipertensão arterial, favorecendo a deposição de placas de gordura na parede das veias, podendo levar a obstrução parcial ou total dos vasos sanguíneos. A porcentagem mais expressiva 64% foi a de pacientes sem doenças de base levando a supor que a prevalência é nas mulheres com faixa etária de 56 a 65 anos de idade pós- menopausa, onde além de serem tratadas com estatinas, algumas também fazem uso de isoflavona, porém nem todas conseguem aderir ao uso do hormônio por não verem necessidade. De acordo com (SANTOS, 2009), a terapia hormonal melhora o perfil lipídico das mulheres após a menopausa e a maioria dos estudos observacionais revela que esta promove redução da morbimortalidade por doença cardiovascular. Entretanto estudos propedêuticos e controlados não estão disponíveis, não há indicação no momento de terapia hormonal para se prevenir a aterosclerose. GRÁFICO 3 Dados obtidos pela autora, 2009 De acordo com o gráfico 3, medicações usadas, dentro dos 2000 prontuários levantados na USF Jussara, foram observados 98 pacientes que fazem uso das medicações: atorvastatina, sinvastatina e bezafibrato. 74% das pacientes fazem uso de sinvastatina, 23% usam atorvastatina e apenas 3% de bezafibrato. As medicações atorvastatina e sinvastatina fazem parte da mesma família de fármacos possuem o mesmo princípio ativo as estatinas, podendo-se dizer que 97% das pacientes, tem alteração nos níveis de colesterol total e no colesterol LDL. Entretanto, depois de questionado dois médicos sobre o uso da atorvastatina em certas pacientes foi informado que algumas apresentam melhor resposta a esta droga quanto a redução dos níveis de triglicérides comprovado após exame de lipidograma. Porem não foi possível comprovar tal evidência clínica através de pesquisada bibliográfica. Segundo (FIEGENBAUM, 2006) o valor de atuação das estatinas sobre os níveis lipídicos está na redução dos níveis de colesterol total (18 a 25%), colesterol LDL (25 a 55%) e redução moderada de triglicérides (10 a 15%), aumento dos níveis de HDL (5 a 10%) reduzindo o risco de doença aguda coronariana. Foi observado que apenas 3% das pacientes usam bezafibrato (fibrato), esta medicação tem atuação na redução dos níveis de triglicérides (20 a 40%) e colesterol (10 a 25%) e os níveis de HDL tem um aumento (10 a 15%). Demonstrando que apresentam alteração apenas nos níveis triglicérides e colesterol total. Contatou-se que algumas pacientes deixam de fazer uso da medicação por conta própria devido a ausência de sinais e sintomas, abandonam a dieta sugerida e atividades físicas, colaborando para o aumento dos níveis dos lipídios e risco de doença aguda coronariana. Voltando a consumir a medicação depois de serem informadas sobre o resultado de lipidograma e possíveis complicações que podem ocorrer. CONCLUSÃO A pesquisa documental foi elaborada mediante dados obtidos de 2000 prontuários selecionados na ESF Jussara, Mongaguá-SP, com ênfase na população adulta do sexo feminino com idade de 45 a 65 anos. Como citado anteriormente, os fatores de risco influenciam de maneira expressiva a ocorrência da Hiperlipidemia. Após a doença instalada, é instituído o tratamento medicamentoso, dieta, o estimulo a novos hábitos saudáveis de vida (atividade física, abandono de álcool e fumo), porém nem sempre o cliente consegue aderir ao que lhe foi orientado, tornando-se refratário ao tratamento, mesmo que compareçam as consultas médicas, algumas vezes por imposição de seus familiares. Observa-se que as orientações surtem melhor efeito quando a doença do individuo é abordada durante grupos de reuniões ou palestras, abrindo espaço para discutir casos a caso, expondo dúvidas e receios, partilhando com outras pessoas em iguais condições. As ações do enfermeiro, incluem, coleta dos dados sobre o paciente que podem apontar para outras áreas de problema, orientar quanto a definição do problema, selecionar métodos de abordagem na identificação do problema levantado, explorar meios para as alternativas de resolução, fornecer ferramentas para que ocorra mudança de comportamento quanto aos hábitos antigos. Segundo Peplau (GEORGES, 2001), as necessidades, a frustração, o conflito e a ansiedade são conceitos importantes em situações de enfermagem e que devem ser abordados para que ocorra o crescimento do paciente e da enfermeira. A enfermeira ao abordar estes conceitos, faz com que o paciente também possa começar a ter um sentimento de pertencer ao processo terapêutico. Vale a pena ressaltar que a família do paciente e o enfermeiro em ESF, dependendo da forma que aborda a doença, tem papel importante na aceitação do paciente a sua condição. Como exposto acima, as ações profissionais oferecerem alternativas e dispor métodos adequados a cada individuo para atuar no controle da Hiperlipidemia e manter o tratamento indicado dos usuários da ESF Jussara de Mongaguá-SP. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARRUDA, P.C. et. Al. Prevalência da Síndrome Metabólica em indivíduos brasileiros pelos critérios de NCEP- ATPIII e IDF. São José do Rio Preto, SP, 2007. Disponível em << WWW.scielo.br/pdf/v53n5/a16v53n5pdf>> Acesso em 12 nov. 2008. AME- Dicionário de Administração de Medicamentos Enfermagem. São Paulo, SP, Ed. Epub, ed. 10, 2009 – 2010. na AVEZUM, A; PIEGAS, L.S; PEREIRA, J.C.R. Fatores de risco associados com infarto agudo do miocárdio na região desenvolvida em um país em desenvolvimento. Arq. Bras. Cardiologia, 84: 206213, 2005. CERCATO, Cintia et. Al. 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