Vacinas contra a varicela em crianças e adultos para profilaxia pós

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Destaques Cochrane
Vacinas contra a varicela em crianças e
adultos para profilaxia pós-exposição
Autora da tradução:
Rachel RieraI
Autora dos comentários independentes:
Helena Keico SatoII
RESUMO
Introdução: As vacinas com vírus vivo atenuado para a prevenção da varicela (catapora) foram demonstradas tanto em ensaios clínicos randomizados (ECR) como em programas de base
populacional de imunização em países como os Estados Unidos.
No entanto, muitos países não imunizam rotineiramente as
crianças contra a varicela, e as exposições continuam a ocorrer.
Embora a doença seja geralmente leve, complicações como infecção bacteriana secundária, pneumonia e encefalite ocorrem em
cerca de 1% dos casos, levando comumente à hospitalização. A
utilização de vacina contra a varicela em pessoas que foram recentemente expostas ao vírus da varicela-zóster tem sido estudada
como uma forma de profilaxia pós-exposição (PPE).
Objetivos: Avaliar a eficácia e a segurança das vacinas usadas
como PPE para a prevenção de varicela em crianças e adultos.
Bases de dados consultadas: Nós pesquisamos nas bases de dados: Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL)
(The Cochrane Library, 2008, edição 1); Medline (1966 a fevereiro de 2008); e Embase (Janeiro de 1990 a Fevereiro de 2008).
Critérios de seleção: ECRs e ensaios clínicos quasi-randomizados sobre o uso de vacina contra varicela para PPE em
comparação com placebo ou nenhuma intervenção. As medidas de desfecho foram a eficácia na prevenção de casos clínicos
e/ou casos confirmados em laboratório e os efeitos adversos
após a vacinação.
Coleta e análise dos dados: Dois revisores extraíram e
analisaram os dados independentemente utilizando o software
Review Manager.
Principais resultados: Três estudos envolvendo 110 crianças saudáveis que eram irmãos de contatos domiciliares foram
incluídos. Os estudos variaram em termos de qualidade, desenho, tipo de vacina e desfechos avaliados e, por isso, não foi
possível fazer metanálises. De modo geral, 13 (18%) de 56 participantes que receberam a vacina desenvolveram varicela em
comparação com 42 (78%) dos 54 que receberam placebo (ou
nenhuma vacina). Dos que receberam a vacina e que desenvolveram varicela, a maioria teve apenas doença leve (com menos
de 50 lesões na pele). Nos três estudos, a maioria dos indivíduos
recebeu PPE dentro de três dias após a exposição; muito poucos
indivíduos foram vacinados quatro a cinco dias após a exposição para determinar a eficácia da vacina quando aplicada com
mais de três dias após a exposição. Nenhum dos estudos incluídos apresentou dados sobre eventos adversos após a vacinação.
Conclusões dos autores: Esses pequenos ensaios sugerem
que vacina contra varicela administrada dentro de três dias para
crianças após o contato intradomiciliar com um caso de varicela
reduz as taxas de infecção e gravidade dos casos. No entanto, a
segurança não foi avaliada adequadamente. Nenhum ECR com
adolescentes e adultos foi identificado.
REFERÊNCIA
1. Macartney K, McIntyre P. Vaccines for post-exposure prophylaxis against
varicella (chickenpox) in children and adults. Cochrane Database Syst Rev.
2008;(3):CD001833.
INFORMAÇÕES
Este é um resumo de uma revisão Cochrane publicada na Cochrane Database of
Systematic Reviews (CDSR) 2011, edição 08, DOI: 10.1002/14651858.CD001833.
pub2. (http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/14651858.CD001833.pub2/
abstract). Para citação completa e detalhes dos autores, veja referência 1.
Tradução e adaptação:
Centro Cohrane do Brasil
Rua Pedro de Toledo, 598
Vila Clementino — São Paulo (SP)
CEP 04039-001
Tel. (11) 5579-0469/5575-2970
E-mail: [email protected]
http://www.centrocochranedobrasil.org.br/
O texto completo desta revisão está disponível gratuitamente para toda a
América Latina e Caribe em: http://cochrane.bvsalud.org/cochrane/main.php
?lib=COC&searchExp=Macartney&lang=pt
Assistente de Pesquisa do Centro Cochrane do Brasil.
Doutora em Pediatria, diretora técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.
I
II
Diagn Tratamento. 2012;17(2):88-9.
Rachel Riera
COMENTÁRIOS
A varicela é causada pelo vírus varicela-zóster (VVZ), que
é transmitido por contato direto pessoa a pessoa através dos
fluidos das vesículas ou através de aerossóis. O período de incubação é de 14 dias, variando entre 10 a 21 dias, e o período
de transmissibilidade é de um a dois dias antes e até cinco dias
após o início das erupções ou enquanto houver vesículas. As
pessoas doentes geralmente têm boa evolução, no entanto,
cerca de 5% poderão apresentar complicações bacterianas secundárias de pele e vias aéreas superiores e inferiores e, mais
raramente, a encefalite.1 A vacina contra varicela ainda não está
disponível para as crianças no calendário básico do Ministério
da Saúde no Brasil.
A vacina contra varicela pode ser administrada em crianças
nos primeiros três dias após contato do domicilio com um caso
de varicela, reduzindo assim a taxa de infecção e a gravidade
dos casos.2
A utilização da vacina varicela como uma medida de profilaxia pós-exposição para os comunicantes suscetíveis é uma informação muito importante para os profissionais, pois, quando
aplicada em até 72 horas, evita ou atenua a doença. Essa medida poderá ser utilizada além dos comunicantes intradomiciliares, também para os comunicantes em outros ambientes, como
creches e hospitais. No Manual dos Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais (CRIEs) do Ministério da Saúde,3 a
recomendação para utilização da vacina na profilaxia pós-exposição é o quanto antes possível, mas podendo ser aplicada até
120 horas após o contágio. Nos CRIEs a vacina está disponível para o controle de surtos hospitalares para os comunicantes
suscetíveis a partir de um ano de idade, e para as gestantes e
os pacientes imunodeprimidos, é indicada a imunoglobulina
específica até 96 horas após o contágio.
REFERÊNCIAS
1. Marin M, Güris D, Chaves SS, et al. Prevention of varicella: recommendations
of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR
Recomm Rep. 2007;56(RR-4):1-40.
2. Macartney K, McIntyre P. Vaccines for post-exposure prophylaxis against
varicella (chickenpox) in children and adults. Cochrane Database Syst Rev.
2008;(3):CD001833.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento
de Vigilância Epidemiológica. Manual dos centros de referência para
imunobiológicos especiais. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/livro_cries_3ed.pdf. Acessado em
2012 (20 mar).
Diagn Tratamento. 2012;17(2):88-9.
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