Isadora / Cage do moderno ao contemporâneo na dança da arte Boletim Informativo da Companhia Aquarela de Dança Isadora Duncan Isadora Duncan (1878-1927) não é só a bailarina revolucionária do início do século 20, como em geral é conhecida. O processo de ruptura que ela desencadeou contra as formas prontas da dança clássica era substanciado por uma atitude de pesquisadora séria e por uma inquietação de artista e intelectual sintonizada com as vanguardas de sua época. A diferença é que, nela, a dança se manifestava pela primeira vez como arte maior e contributiva, e colocava na pauta das mais elevadas cogitações do pensamento universal a questão dos movimentos livres e naturais do corpo humano. Na aplicação de suas idéias valeu-se do enorme talento de bailarina de que era dotada, assumindo-se como precursora de suas próprias teses renovadoras. Desenvolveu assim, na teoria e na prática, os conceitos modernos da arte da dança em interação com poetas, músicos, escritores, artistas plásticos, dramartugos e filósofos e fundamentou-os na estética da Grécia antiga, chamando a atenção para os valores da liberdade, da beleza e da graça que lá se cultivaram ao nível da adoração religiosa. Suas criações se inspiravam também nos elementos e ritmos da natureza, nos movimentos indeterminados das ondas do mar, dos ventos e das luzes. Isadora veio ao Brasil em 1917, em turnê histórica, soube admirar e valorizar o nosso país e a nossa arte, tendo deixado forte presença em apresentações deslumbrantes e, em especial, nos espíritos de Oswald de Andrade e João do Rio, que viriam a ser pilares da nossa revolução modernista. Belo Horizonte / Rio de Janeiro - Ano I Nº 1 jan/abr / 2005 Isadora / Cage um espetáculo de arte brasileira Uma viagem no tempo! Talvez, melhor: um salto no espaço-tempo relativista da criação artística no século 20. Uma vivência inédita para as atuais platéias brasileiras; Isadora e Cage nunca foram encenados por elencos brasileiros de dança. O embrião desta ousadia é o próprio corpo de Izabel Costa, bailarina, coreógrafa e diretora do espetáculo. Em 1987, ela coreografou e dançou She’s asleeping, de Cage, fazendo o papel de Isadora numa peça performática que envolvia artes plásticas, teatro, música e dança, levada na Grande Galeria do Palácio das Artes, de Belo Horizonte. Vera Terra, compositora e um dos maiores intérpretes da obra de Cage no Brasil, assumirá a direção musical. Waltércio Caldas, artista plástico consagrado nos movimentos internacionais de vanguarda, assinará cenários e figurinos. O roteiro, escrito por Mario Drumond, aposta no impacto dos contrastes entre as estéticas de Isadora e de Cage, como a força da encenação, enquanto roteiro. Para o elenco, o espetáculo já conta com os talentos da cantora lírica Gabriela Geluda e das bailarinas Carolina Brant e Carolina Padilha. O programa trará três coreografias originais de Isadora Duncan, resgatadas pela coreógrafa, e algumas das mais importantes partituras de Cage da década de 1940. É projetado para grandes palcos e dividido em duas partes: a primeira, dedicada a Isadora, terá musica gravada sob a direção de Vera Terra. A segunda, dedicada a Cage, com música ao vivo, interpretada pela própria Vera (piano) e por Gabriela (voz). O elenco de dança, com oito bailarinos, incluindo solos de Izabel Costa e as estrelas já citadas, se completará com bailarinos convidados pela coreógrafa. Terá uma duração em torno Isadora/Cage Espetáculo incentivado pela Lei 8.313/91, alterada de 70 minutos e uma versão para palcos menores, sem música ao vivo, para atender pela Lei 9.874/99, autorizado para captação pela portaria nº 18, da Secretaria Executiva do MinC, a localidades que não dispõem da infrapublicada no Diário Oficial da União em estrutura de grandes teatros. 17/01/2005. PRONAC nº 04 6858. John Cage John Cage (1912-1992) já na década de 1940 representava uma ruptura tão marcante na criação musical - que até ali já avançara enormes passos em relação à própria música moderna - cujo alcance ainda não pode ser de todo avaliado. Seus conceitos revolucionários de indeterminação e interpenetração que evoluíram radicalmente sobre tudo o que já se intuíra e se experimentara até ele, foram adotados com êxito absoluto em suas composições pianísticas, as quais executava genialmente. Cage ampliou as fronteiras e o universo de pesquisa dos fronts de vanguarda, em todas as expressões de arte. Sintonizou seus processos criativos a partir de essências poéticas, plásticas e sonoras que enriqueceriam as práticas laboratoriais das demais artes e dariam os alicerces de uma arte concreta, espacial, relativista, em que se combinam o som e o silêncio, a matéria e o vazio, em conceituações novas e revitalizadoras das memórias mais remotas do saber humano, rebuscadas inclusive na decifração mnemônica dos signos tidos como indecifráveis da pré-história. Sua obra é cheia de luz, de beleza, de graça e sofisticado humor de liberdade. Cage veio duas vezes ao Brasil e era entusiasmado com a nossa vitalidade rítmica e artística, de que era grande admirador. Sua influência introduz elementos valiosos aos trabalhos dos mais prolíficos artistas e estudiosos no país. Entre os estudos mais importantes, destacam-se o da compositora e pianista Vera Terra, que publicou um volume sobre a indeterminação na poética musical de Cage (e Boulez), e a tradução de trechos da sua poética literária (escritos e conferências) por Rogério Duprat, revista por Augusto de Campos. Veja os resumos curriculares dos artistas e o programa projetado para o espetáculo nas páginas seguintes. Isadora / Cage Vera Terra Direção musical e piano Pianista e compositora de reconhecido talento, pesquisadora atuante em movimentos de vanguarda no Brasil e no exterior, já em 1975 compunha, dava recitais e participava das correntes mais avançadas da criação artística no país. Residente no Rio de Janeiro, sua obra permanece se realizando em plena afinidade com as demais expressões de arte contemporânea, criando, também, trilhas sonoras para filmes e peças teatrais, gravando para rádios e televisões, pesquisando e publicando seus estudos. Alguns momentos: Recitais e concertos: 1975 - Fragmentos, d’aprés Erik Satie, integrando elementos cênicos à música, MAM/RJ; 1975 a 1985, série de recitais para a Sec. de Estado da Cultura (TV Educativa RJ, Rádio Cultura SP, MASP, S. Cecília Meireles e Esp. Cultural Sérgio Porto); 1984 - Recital Vera Terra, Parque da Catacumba (na foto, executando Cage p/ toy piano), 1985 - Concerto John Cage, S. Cecília Meireles, durante a um espetáculo de arte brasileira estadia do compositor no Brasil; 1987, 1989, 1996 - Bienal de Música Contemporânea, S. Cecília Meireles, MAM/RJ, Teatro Municipal de Santos; 1991 - RioArte Contemporânea,Recital Vera Terra, Esp. Cultural Sergio Porto; 2001 - Luz, Cores e Sons: a nova paleta impressionista, Prelúdios de Debussy, Casa de Artes Paquetá; 2002 Fiat lux! Fiat vox...; e 2003 - Sonâncias, RioArte; Pesquisas: 1980 a 1982 - Novas Perspectivas para o Piano, CNPq; 19821983 - Corpo e Objeto na Arte Contemporânea, CNPq; 1995 - O tênue e tenso fio de Ariane, Festival Internacional de Mulheres Compositoras, SP; 1999 - Música e imagem: o papel da música na narrativa cinematográfica, Ateliê da Imagem, RJ; 2000 Acaso e aleatório na música: um estudo da indeterminação nas poéticas de Cage e Boulez, mestrado em Comunicação e Semiótica, PUC-SP, CAPES, EDUC/FAPESP (foto abaixo: capa do livro); 2002 - A música do filme Descobrimento do Brasil, 1º Congresso Internacional Villa-Lobos, Instituto Finlandês, em Paris. Espetáculos: 1984 - As bruxas estão soltas, música e direção musical, peça teatral de Ísis Baião, Petit Studio; 1987 - O anarquista coroado, música e direção musical, peça teatral de Carlos Henrique de Escobar, baseada em Artaud. Waltércio Caldas Júnior Cenários e figurinos Um dos artistas brasileiros mais importantes da atualidade, desde os anos 60 atua como artista gráfico, cenógrafo e artista plástico, participando de jornais, ilustrando e editando livros de arte, realizando individuais e coletivas nos principais centros de arte brasileira . Em 1977, renunciou à sua indicação para a Bienal de Veneza, por questão político-cultural, o que não impediu seu trabalho de conquistar espaços até ultrapassar, na década de 90, as fronteiras nacionais e ganhar o reconhecimento mundial. Em 1997, representou o Brasil na Bienal de Veneza e hoje seus trabalhos integram acervos de museus de arte e ao ar livre de cidades e centros culturais de vários países da Europa, América Latina e América do Norte. polêmico artigo “O boom, o pós-boom, o dis-boom” no Opinião, faz edições de livros, e várias novas exposições; 1981 - disco-objeto sonoro, com A Entrada da Gruta de Maquiné (do artista) e Três músicas (Sérgio Araujo); 1983 - Sala especial na XVII Bienal Internacional de SP; 1984 - I Bienal de Havana, Cuba; 1985 - muda-se para Nova York por um ano; 1986 a 1990 - obras em vídeo, novas exposições, e participa da XX Bienal de SP (1989); 1990 - 1ª individual na Europa, Pulitzer Art Gallery, Amsterdan; 1992 Documenta 9, Kassel, AL, com exposição em caráter permanente na Neue Galerie; 1993 - O ar mais próximo, Museu Nacional de Belas Artes, além de grandes coletivas internacionais; 1994 - instala, em caráter permanente, a escultura pública Omkring, em Leirfjord, Noruega; 1995 - individual Alguns momentos: 1965 - estuda com Ivan Serpa; 1970 - no Centre d’Art Contemporain, Genebra, cenografia de A Lição, Ionesco, Conserva- Suíça; 1996 - Anotações, Paço Imperial tório Nacional de Teatro; 1973 - 1ª indi- RJ; 1997 - XLVII Bienal de Veneza com a vidual, MAM/RJ; 1975 - edita célebre Série Veneza; 1999 Malasartes; ilustra A Guerra Livros, MAM/RJ; 2000 - edita o múltiplo livro-escultura dos Mundos. 1ª individual em SP, A Natureza dos Velásquez. Grande retrospecJogos, MASP; 1976 a 1980 tiva no C. C. Banco do Brasil, RJ. (foto: escultura de WCJ) - assina, com outros artistas, o Incentivado pela Lei Federal de Cultura Izabel Costa Direção, coreografia e bailarina solista Bailarina, coreógrafa e professora de dança, com experiência internacional e importantes premiações. Criou e fundou o Grupo Corpo em 1975, assumindo a direção da empresa e o papel principal do primeiro espetáculo do grupo, Maria Maria (coreog. Oscar Araiz), no qual atuou em mais de 700 apresentações nas turnês nacionais (todos os estados) e internacionais (14 países), incluindo temporada de três meses no Teatro de La Ville, de Paris. Em 1984, desligou-se do grupo, por razões ideológicas, e mudou-se para São Paulo, onde realizou pesquisas para o CNPq, sob a coordenação do mestre de danças Klauss Vianna, e sob a sua direção atuou ao lado de Duda Costilles e Zélia Monteiro no espetáculo Dã Dá, apresentado em São Paulo e Belo Horizonte. Em 1990, foi para o Rio de Janeiro e, com o apoio do Prof. Antonio Houaiss, nomeado Ministro da Cultura em 1993, montou, dirigiu e atuou no papel principal do espetáculo Sete Danças para Villa-Lobos, que estreou no Teatro Municipal do RJ. Com a demissão do Ministro, justo na época da estréia, as turnês previstas não se realizaram. Em 1996, retorna a Belo Horizonte onde dá sequência aos trabalhos de bailarina e coreógrafa, com várias realizações até o atual projeto Isadora/Cage. Alguns momentos (série fotográfica): 1966 - 1º solo no Studio Anna Pavlova; 1975 a 1984 - criação, fundação e consolidação do Grupo Corpo, como diretora e estrela principal de Maria Maria em mais de 700 apresentações no Brasil e no exterior; 1986 - Palimpsestos (coreog. Klauss Vianna), Galeria do C. C. Candido Mendes, RJ, vernissage da exposição do artista plástico Fernando Tavares; 1985 a 1987 - Dã Dá (coreog. Klauss Vianna), pesquisa e espetáculo no Teatro Cultura Artística (SP) e Grande Teatro Palácio das Artes (BH) (na foto central, pas-de-deux com Duda Costilles); 1993 - Sete Danças para Villa-Lobos (coreog. Oscar Araiz), com recursos do FNC-MinC, no Teatro Municipal do RJ; 1996 - Dança Brasileira, de Camargo Guarnieri (coreog. da artista), para o filme 35mm Encantamento, de José Sette; 2000 a 2003 - Viva Isadora! (coreog. da artista), pesquisa para o espetáculo Isadora/Cage (1ª parte) com apresentações no Grande Teatro Palácio das Artes (evento de homenagem a Nora Esteves), no Teatro SESC Venda Nova e no Teatro Municipal de Sabará. Fotos abaixo: 1997 - Roteiro das Minas (pesquisa, estudos para Aleijadinho, direção e coreog. da artista), performance da Oficina de Dança do I Festival de Inverno de Congonhas, MG, com música ao vivo, nos espaços externos da Basílica do S. Bom Jesus de Congonhas do Campo. Outros momentos a destacar: 1974 – Viagem de Izabel (coreog. da artista), audiovisual do fotógrafo Juvenal Pereira; 1978 – Cantares (coreog. Rodrigo Pederneiras), música de Marco Antonio Araujo, apresentado na inauguração do Teatro Corpo, BH. 1987 - Temporais do Tempo, evento de artes plásticas (Gilberto de Abreu), música, teatro e dança (coreog. da artista), no papel de Isadora, dançando Cage; 1988 a 1991 – Imagel, composição de Rufo Herrera para bailarina-atriz, violoncelo e texto de Mallarmé (coreog. da artista), apresentado em Festivais Internacionais de Música Contemporânea e nos Teatros Francisco Nunes, BH, e João Caetano, Rio de Janeiro; 2004 - Brasileirinhas (coreog da artista), espetáculo recém-estreado no Teatro D. Silvério, de BH. Elenco Composto por sete bailarinas, um bailarino, cantora lírica e pianista. Além dos diretores que participam, estão prometidos: Gabriela Geluda Drama (Londres), onde residiu de 1996 a 2001. Estudou com Eliane Sampaio no Brasil e Jessica Cash no exterior. Na Inglaterra, participou de masterclasses com as sopranos Emma Kirkby, Nancy Argenta, Suzy Le Blanc e Evelyn Tubb e do Dartington Summer School. Foi a vencedora do Portallion Chamber Music Prize (1998), foi Prosepina e Ninfa na ópera Orfeo de Monteverdi no Barber Institute (Birmingham), integrou o Mercurius Company em concertos por toda Inglaterra e deu recitais no Bolivar Hall, Bourgh House e Saint Martin in the Fields (Londres). Soprano Sua trajetória como soprano tem forte ligação entre música antiga e contemporânea. Desde 1994 vem trabalhando as óperas de Jocy de Oliveira (Illud Tempus, As Malibrans, Canto e Raga, Estórias) como solista de primeiras audições pelo Brasil (RJ, POA, BH, SP) e exterior (Berlim), além de participar de bienais, mostras e festivais. Em 1995 gravou Illud Tempus em apresentação ao vivo na Haus de Kulturen der Welt (Berlim). Graduada em canto lírico pela Universidade do Rio de Janeiro, foi bolsista da CAPES na Pós Graduação em Música Antiga na Guildhall School of Music and Carolina Brant Bailarina solista Bailarina desde os quatro anos de idade, em 1993 iniciou-se nos métodos da Royal Academy of Dancing, de Londres (Maitre: Maria Clara Salles) e Cubano, (Maitres: Ofélia Gonzalez e Mercedez Beltran). Integrou o corpo de solistas da Companhia Mineira de Danças Clássicas, atuando em papéis importantes em várias de suas apresentações. Em 2001, começou seus estudos de Dança Moderna e Contemporânea com Izabel Costa, e integra a Companhia Aquarela de Dança como solista dos elencos de Viva Isadora!, Brasilerinhas e da fase experimental de Isadora/Cage. Na foto, o solo Tico Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, do espetáculo Brasileirinhas (coreog. Izabel Costa). Carolina Padilha Clóvis Salgado (Palácio das Artes). Atualmente, faz aulas e aprimora o seu talento sob a direção de Izabel Costa, integrando a Companhia Aquarela de Dança, pela qual atua como solista em Viva Isadora! , Brasileirnhas e participa da fase experimental de Isadora/ Cage. Na foto, como solista de Jongo, de Lorenzo Fernandes, em Brasileirinhas (coreog. Izabel Costa). Bailarina solista Bailarina profissional, com experiência em dança clássica, moderna e contemporânea, além de cursos em outras modalidades (folclore, afro, sapateado), tem também estudos de piano, teoria musical, percussão e técnica vocal. Integrou a Companhia Mineira de Danças Clássicas, onde atuou como solista, e é formanda do curso profissionalizante de Dança da Fundação Companhia Aquarela de Dança Criada em 1993 para as pesquisas, trabalhos e produções de Izabel Costa, interagindo com artistas das diversas expressões do pensamento de vanguarda (vanguarda como a pesquisa que avança e abre caminhos), estendeu seus propósitos para a formação e o aprimoramento de novos talentos de dança, fazendo-se plataforma de lançamento destes no mercado de trabalho e de valorização de suas individualidades enquanto artistas. Assim, não se pretende um “grupo”, e nem se aceita como tal, como também não objetiva formar corpos estáveis ou estruturas burocráticas de produção. Opera por projetos de espetáculos, pesquisas, laboratórios e experimentos, reunindo artistas que possam com eles contribuir e viabilizá-los. A primeira realização foi o espetáculo Sete Danças para Villa-Lobos, no Teatro Municipal do RJ. Desde então, vem desenvolvendo pesquisas de danças brasileiras e contemporâneas, que dariam, entre outras, em Viva Isadora!, Brasileirinhas, e a fase experimental de Isadora/Cage. PRONAC nº 04 6858 de 17/01/2005 Programa do Espetáculo* 1ª parte Suite de Danças para Isadora Duncan 2ª Parte Suite de Danças para John Cage I - “Mazurka Cigana” - Solo (estréia - circa 1902) Coreografia de Isadora Duncan “Mazurka em lá menor”, op. 68, Chopin. I - “Uma sala” - 1º movimento Conjunto de 7 bailarinas Música ao vivo (piano solo): A room (Uma sala), obra para piano de John Cage (1943) II - “Viva Isadora!” - 1º movimento Conjunto de 7 bailarinas (d’après Isadora Duncan) “Andante”, 2º mov. “Trio in mi bemol maior”, Schubert. III - “Mãe” - Solo para bailarina (d’aprés Isadora Duncan - circa 1923) “Estudo nº 1 em dó sustenido menor”, opus 2, Scriabin. IV - “Três Graças” - Trio (3 bailarinas) Coreografia de Isadora Duncan (estréia - circa 1905- 1907) Valsa de Shubert. V - “Noturno” - Duo (2 bailarinas) Coreografia de Isadora Duncan (estréia circa 1915) Noturno nº 2 em mi bemol maior, opus 9, Chopin. II - “Ela está dormindo” - Duo (bailarina e bailarino) Música ao vivo (piano-preparado e voz feminina): She’s asleeping (Ela está dormindo), obra para voz e piano preparado de John Cage (1943) III - “Uma sala” - 2º movimento Conjunto de 7 bailarinas Música ao vivo (piano-preparado solo): A room (Uma sala), obra para piano preparado de John Cage (1943) IV - “Tabu” - Trio (2 bailarinas e 1 bailarino) Música ao vivo (piano-preparado solo): Totem ancestor, obra para piano preparado de John Cage (1943) VI- “Viva Isadora!” - 2º movimento Conjunto de 7 bailarinas (d’après Isadora Duncan) “Scherzando”, 3º mov. “Trio in mi bemol maior”, Schubert. V - “E a Terra deve de novo dar a luz...” - Conjunto de 7 bailarinas e 1 bailarino Música ao vivo (piano-preparado solo): And the earth shall bear again (E a Terra deve de novo dar a luz), obra para piano preparado de John Cage (1942) abaixo: Viva Isadora!, Teatro Municipal de Sabará; ao lado: Próximos, objetos de Waltércio Caldas Jr. (*) Do roteiro de Mario Drumond (programa-projeto) Aos patrocinadores Isadora/Cage lhes é proposto não como produto de mercado, mas como obra de arte. Como tal, não tem público-alvo e atributos de consumo; é seu público toda pessoa sensível que cultive o gosto pela arte, independente de classe social, raça, religião, etc. Seus atributos estão ligados à elevação cultural do povo, e o projeto se conduzirá a fim de fomentar cultura e educação, inclusive por contato direto dos artistas com o público, em palestras, workshops e outros eventos. É, pois, por se propor assim, que esta produção se considera legítima beneficiária dos incentivos que a Lei lhe consentiu, após análise pelo Ministério da Cultura, concedendo aos seus patrocinadores o abatimento de 100% (cem por cento) dos valores financeiros aportados a este espetáulo, de determinados compromissos fiscais que porventura tiverem com a União. Se vier a ser este o caso de V.Sas, adiantamos que será uma honra conduzir a chancela que representam no percurso do êxito que almejamos, e faremos o melhor para que nossas relações prosperem como uma parceria eficaz e bem sucedida. A Produção Pode parecer estranho, mas, li Wilde depois de Joyce e muito Wilde me esclareceu sobre Joyce. Já alguém me disse que ao ver Fritz Lang percebeu melhor Godard. Lendo Oswald conhecemos mais os nossos concretistas. É assim mesmo, uma revolução já assimilada informa sobre a que está em andamento, mais ainda quando os espíritos estão em sintonia, mesmo que se realizem em linguagens diferentes e as conheçamos em ordem inversa no tempo. O conhecimento não se processa linearmente, é um eterno quebra-cabeças juntando peças produzidas ou acontecidas em distâncias desiguais no tempo, no espaço e na imaginação. ¶ Izabel começou a pesquisar Cage bem antes de mergulhar em Isadora. Mas Cage não saía do laboratório e Isadora rapidamente aflorou. Foi então que pintou o insight: a solução de Cage estava em Isadora (no espírito de). A dança de Cunningham na música de Cage não satisfaz. Quanto a mim, vejo-a como uma desmotivação, pois ainda hoje quase não se dança Cage. E Cage é pura dança! O que une, em espírito, Isadora e Cage? Foi o que vi acontecendo nas experimentações de Izabel: a graça, a alegria, um humor requintado e, enfim, uma rara liberdade de serem radicalmente eles mesmos. É só esteticamente que nos surgem como resultados diversos, e até opostos, mas é justo aí a força deste roteiro: o contraste, a ruptura - dialética - entre as linguagens, e o impacto que a dança como expressão de arte será capaz de conseguir. Isadora redescobre a Grécia e, nela, a modernidade (isto é mal ou bem assimilado). Cage foi mais fundo, ele foi até a pré-história e nos revela a contemporaneidade (já isto...). § Para mim, roteirizar é como paginar. O que demandará tempo de leitor/espectador é sempre roteiro. Roteirizar é dar (des)ordem nas “atrações” (Eisenstein). “Atrações” em geral ainda não prontas para “montar”, estão na cabeça do roteirista, em projeto, às vezes, sequer visualizadas, talvez imaginadas. É o esqueleto do que se quer fazer, sem ele não há começar, e não raro é tê-lo por ponto de partida para um de chegada muito diverso do que foi pensado (e é muito bom!): um livro, um filme, um espetáculo... Roteiros, roteiros, roteiros... Mario Drumond - Roteiro Escritor, jornalista, artista gráfico e editor, atua na resistência cultural desde o início dos anos 70. Em 1974, fundou a Editora Cordel (livros e periódicos) e, em 1980, a Oficina Goeldi (gravuras e edições de arte), prolíficas casas editoras que dirigiu até 1990, quando foram vítimas fatais do “confisco”. Por sua ação multidisciplinar, recebeu o Prêmio Candango (Melhor Filme do Fest. de Brasília, 1981) e o Prêmio Jabuti (Melhor Livro de Arte, CBL/SP, 1984). É autor de roteiros de filmes e espetáculos premiados no Brasil e no exterior. Desde 2002, colabora com a revista Caros Amigos (São Paulo). Expediente: Boletim da Cia Aquarela de Dança, Ano I, nº 1, jan/abr/2005. Editado pela Companhia Aquarela de Dança - Rua Pouso Alto, 240. Bairro Serra. 30240 180 Belo Horizonte MG. Telefax: 31 3281 8648. e-mail [email protected]. Redação e editoração: MDEditor. Isadora / Cage Roteiros, roteiros, roteiros...