Música Contemporânea Erudita Frederico Campos, Isa Cruz, Lisa Coelho Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve Música contemporânea é, literalmente, toda a música da actualidade, isto é, toda a música que podemos ouvir mesmo que essa não tenha sido composta no nosso tempo. Tal tornou-se possível, a partir dos diferentes media que o homem inventou para salvar o gigantesco património artístico (cultural, científico, etc.) que criara ao longo da História: desde a invenção da imprensa no século XVI à invenção do fonógrafo no século XIX. Porém, quando nos referimos à Música Contemporânea Erudita, sempre é possível enquadrá-la num conceito epocal (tal como acontece com o Modernismo). Enquanto o Modernismo na música se poderá situar na primeira metade do século XX, em que se assiste a uma eclosão de movimentos muito divergentes entre si e a um rompimento inevitável do sistema tonal e da música construída segundo as suas regras, a Música Contemporânea Erudita é, consequentemente, um produto de toda esta dinâmica, tendo como ponto de referência a obra fundadora do Serialismo Integral, Mode de Valeurs et d’Intensités (1949-59), apresentada em Darmstadt por Olivier Messiaen. Esta terá exercido uma forte influência em inúmeros compositores importantes da segunda metade do século XX e século XXI, tais como: Karlheinz Stockhausen, Pierre Boulez, Iannis Xenakis, entre outros. É também na década de 50 que assistimos ao surgimento de novas técnicas de composição musical, como foi o caso da Música Electrónica (inicialmente produzida nos Estúdios fundados por Stockhausen em Colónia) e da Música Concreta (feita a partir de fita magnética e sobre a qual investiram Boulez e Stockhausen). Na década de 60, também os EUA vêem a ser palco de importantes movimentos (para além do migrado Serialismo Integral), entre os quais se contam, por exemplo, o Indeterminismo de John Cage e a designada Música Minimal Repetitiva que teve como obra fundadora o In C de Terry Riley, datando esta de 1964. Na década de 70 afigura-se a Música Espectral com a obra Partiels (1975) de Gérard Grisey, apostando em técnicas computorizadas, como a da síntese aditiva e a da síntese granular de forma a se extraírem os sons parciais de uma única nota, mi. John Cage (1912-1992) Nasceu em L.A. e distinguiu-se como compositor de música “ao acaso” (rotulada por Pierre Boulez de Música Aleatória). Em algumas das suas composições utilizou objectos do quotidiano, e o ruído na criação musical (tal como havia sido feito pelos compositores futuristas no inicio do século XX). É em 1932 que John Cage utiliza o piano preparado pela primeira vez. A peculiaridade do piano preparado reside na natureza da “melodia de timbres”, ou seja, a adaptação de “objectos estranhos” ao instrumento, tais como: borrachas, parafusos, porcas, papel, tecidos, colheres, telemóveis, apitos, tubos metálicos e tantos outros que possamos imaginar. Estes objectos podem ser colocados entre ou por cima das cordas de forma a transformar as propriedades acústicas do piano. O piano passa a soar uma variedade de sons complexos e surpreendentes, tornando-se diferente ao nível da afinação, do timbre e da resposta dinâmica. Entre as obras mais conhecidas destacam-se “Dream”, “Imaginary Landscape N.º 1,2,3,4,5” e “Bacchanale”. Karlheinz Stockhausen (1928-2007) Nasceu perto de Colónia, Alemanha, e é considerado um dos maiores compositores do século XX, compôs 370 trabalhos individuais, dos quais se destacam “Kontakte”, “Helicopter String Quartet” e “Hymnem”. As suas obras Studier I e II tiveram grande influência na música electrónica durante as décadas de 50 e 60, inclusive alguns artistas referiram-se a Stockhausen como uma referência nos seus trabalhos como o caso dos Beatles, Roger Waters (Pink Floyd) e Bjork. A sua obra “Helicopter String Quartet” é executada por 4 músicos que tocam instrumentos de cordas (3 violinos e 1 violoncelo) em que cada um dos elementos do Quarteto Arditti toca num helicóptero, voando pelos céus de Amsterdão. Bibliografia GOLDBERG, Roselee, Performance: live, art since the 60s, Londres, Thames & Hudson Ltd, 2004. Movimento, História da Música Ocidental, A MÚSICA DO SÉCULO XX, Internet: http://movimento.com/especial/basica/10.asp (Novembro 2010) Wikipédia, John Cage, Internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Cage (Consulta: Novembro 2010) Wikipédia, Karlheinz_Stockhausen, Internet: http://pt.wikipedia.org/wiki/Karlheinz_Stockhausen (Consulta: Novembro 2010)