Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 APLICAÇÃO DE BIOFERTILIZANTE E ADUBAÇÃO MINERAL NO CULTIVO DA BETERRABA HÉLIO TAVARES DE OLIVEIRA NETO1*, ANCÉLIO RICARDO DE OLIVEIRA GONDIM2, SENNYONE FERNANDES PIMENTA1; MÁRCIO SANTOS DA SILVA1; JOSÉ LUCAS GUILHERME DOS SANTOS1 1 2 Aluno do Curso de Agronomia, UFCG, Pombal-PB. Fone: (83) Dr. Professor de Agronomia, UFCG, Pombal-PB. Fone: (83), [email protected] Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: O cultivo convencional utiliza um sistema de produção que assegura alto índice de produção. No entanto, é responsável por inúmeros impactos negativos ao meio ambiente. Sendo assim, faz-se necessário à adoção de novas tecnologias que permitam rendimento semelhante e que diminua os impactos ao meio ambiente. Com base nestas informações propõe-se estudar o tempo de fermentação do biofertilizante, 10, 20, 30 e 40 dias na presença e ausência da adubação mineral na cultura da beterraba. O delineamento experimental utilizado foi o blocos casualizados, no esquema fatorial 4 x 2, com três repetições. O experimento será conduzido na fazenda experimental do CCTA da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Pombal – PB. As variáveis analisadas foram: número de folhas e altura da parte aérea. A aplicação da adubação mineral e o tempo de fermentação do biofertilizante de 20 dias proporcionaram melhor desempenho no crescimento, acúmulo de massa seca e produção da beterraba. PALAVRAS–CHAVE: Fermentação, adubo líquido, Beta vulgaris L., Produtividade GEOINFORMATION TECHNOLOGY APPLIED TO THE MAPPING OF LAND AGRICULTURAL MECHANIZATION ABSTRACT: Conventional agricultural uses a production system that ensures high production rate. However, is responsible for numerous negative impacts on the environment. Therefore, it is necessary to adopt new technologies that allow similar performance and to decrease the impact on the environment. Based on this information it is proposed to study the bio-fertilizer fermentation time, 10, 20, 30 and 40 days in the presence and absence of mineral fertilizer in beet growing. The experimental design was randomized blocks in a factorial 4 x 2, with four replications. The experiment will be conducted in the CCTA's experimental farm of the Federal University of Campina Grande (UFCG), Pombal - PB. The variables analyzed were: number of leaves and shoot height .. The application of mineral fertilizers and the 20 day biofertilizer fermentation time provided better performance in growth, dry matter accumulation and production of beet. KEYWORDS: Fermentation, liquid fertilizer, Beta vulgaris L., Productivity INTRODUÇÃO Os sistemas orgânicos almejam a produção de alimentos saudáveis, de alto valor biológico, através de métodos agrícolas que respeitem os processos naturais, diminuam a demanda por insumos externos e reduzam os impactos sobre o meio ambiente. Dentro dos sistemas orgânicos de produção, os biofertilizantes vêm sendo utilizados para a complementação de nutrientes via aplicação foliar, além de contribuírem no controle de algumas doenças em hortaliças e frutíferas (BETTIOL et al.,1997). Os biofertilizantes são conhecidos também como fertilizantes orgânicos e/ou natural sendo produto final de toda reação de biodigestão. Assim sendo, um produto de grande importância para a agricultura de modo geral. Em geral possuem alta concentração de nitrogênio e baixa concentração de carbono, fatores provenientes da biodigestão ocorrida. No processo de biodigestão o carbono é liberado nos elementos de CO2 e CH4, propiciando a geração de um biofertilizante rico em nutrientes (MEDEIROS et al. 2007). Uma das principais vantagens do uso de biofertilizantes na agricultura é o baixo custo. Os biofertilizantes são menos agressivos, não geram problemas referentes à salinização do solo e muito menos níveis de desestruturação como ocorre com o uso de fertilizantes químicos. Auxiliam na autosuficiência da propriedade rural gerando uma produção mais saudável e propiciando o manejo agroecológico da área produtiva, contribuem de forma positiva na manutenção do equilíbrio nutricional das plantas, pois propiciam uma maior formação de proteínas e menos aminoácidos solúveis (MEDEIROS et al., 2007). O objetivo do trabalho foi avaliar o cultivo da beterraba em função do tempo de fermentação do biofertilizante na presença e ausência da adubação mineral. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental do CCTA da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Pombal – PB, latitude: 6°46’12’’ S, longitude 37°48’7’’ W e altitude: 184 m. A cidade de Pombal, situa-se no semiárido do nordeste brasileiro, segundo a classificação de Köppen, o município tipo de clima: BSw’h’, clima quente e semiárido, caracterizado pela insuficiência das chuvas, com precipitação pluvial media anual de 700 mm e temperaturas elevadas acarretando forte evaporação, apresentando temperatura média anual de 30,5°C e tendo apenas duas estações climáticas bem definidas durante o ano, uma chuvosa e outra seca. Os tratamentos resultaram da combinação dos fatores tempo de fermentação do biofertilizante, 10, 20, 30 e 40 dias na presença e ausência da adubação mineral. O delineamento experimental utilizado foi o blocos casualizados, no esquema fatorial 4 x 2, com três repetições. A adubação mineral foi aplicada cinco dias antes do plantio. A adubação mineral de plantio consistiu da aplicação de 36 g m-2 de P2O5 e de 18,0 g m-2 de K2O, e de 14 g m-2 de N, parcelando igualmente na adubação de cobertura, aos 15, 30 e 45 dias após a emergência (RAIJ, et al. 1997). Utilizou-se canteiros de 15 cm de altura, com 1 m de largura, contendo quatro fileiras transversais distanciadas de 25 cm entre fileiras e de 10 cm entre plantas. A parcela experimental consistiu de um canteiro com 1 m comprimento considerando como útil a área compreendida pelas duas fileiras centrais do canteiro, excetuando-se as plantas das extremidades. A semeadura da beterraba (cv. Katrina) foi realizada diretamente no canteiro. A produção do biofertilizante foi em condições aeróbica e foi realizada na própria Instituição, nas proporções e materiais que estão presentes na tabela 01. Tabela 1 – Biofertilizante natural enriquecido utilizado no experimento para 200 litros. Composição Quantidade Folhas verdes (picadas) 4 kg Grãos moídos (milho, feijão e arroz) 3 kg Leite 2,0 L Caldo de cana 2,0 L Cinzas 1,0 kg Esterco de bovino fresco 5,0 kg Micronutriente (Boro) 1g NPK 100g de cada Foram realizadas três adubações com o biofertilizante (de acordo com os tratamentos), aos 15, 30 e 45 dias após a emergência (DAE). Para a aplicação foi utilizado 1 litro por metro de biofertilizante. O crescimento e o acúmulo de massa seca foram avaliados aos 70 dias após o plantio (DAP) em cinco plantas da unidade experimental. Nessas plantas foram avaliadas: a altura da planta (AP) número de folhas por plantas (NFP), diâmetro da raiz tuberosa (DRT), matéria fresca e seca da raiz tuberosa e folhas. A matéria seca foi obtida após secagem em estufa, com circulação de ar forçada a 70ºC, até peso constante. Os valores foram expressos em g por planta. Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão, sendo realizado o ajuste de equações em relação ao tempo de fermentação do biofertilizante. RESULTADOS E DISCUSSÃO A resposta da adubação em plantas olericolas é influenciada por vários fatores, entre eles destacam-se as fontes de nutrientes utilizadas na adubação. Na maioria dos casos quando se utiliza a combinação entre fertilizantes minerais e orgânicos se alcança uma maior eficiência, do que o uso de qualquer outro separadamente. De acordo com a figura 1, as plantas de beterraba aumentaram de tamanho em função dos dias de fermentação do biofetilizante na presença da adubação mineral até os 25 dias, em seguida houve um decréscimo na altura das plantas. Comportamento diferente foi observado quando as plantas foram submetidas a ausência da adubação mineral, de modo que ocorreu uma redução na altura da planta com o aumento dos dias de fermentação (Figura 1A). Os valores máximos observados foram de 30 e 23,6 nos tempos de fermentação de 25 e 10, na presença e ausência da adubação mineral, respectivamente. Observou-se que o número de folhas e o diâmetro da raiz tuberosa não foram influenciados pela aplicação do biofetilizante, visto que, na ausência da adubação mineral houve uma redução no número de folhas (Figuras 1B e C). Os maiores valores no número de folhas por planta foram de 9,39 e 7,40 nos tempos de fermentação de 40 e 10, na presença e ausência da adubação mineral, respectivamente. No diâmetro da raiz tuberosa observou-se valores de 5,0 e 4,5 nos tempos de fermentação de 20 e 10, na presença e ausência da adubação mineral, respectivamente. 10,0 9,0 Números de folhas 27,0 23,0 19,0 SEM = - 0,0031X² + 0,03485X + 23,03 R² = 0,73 8,0 7,0 6,0 SEM = - 0,0437X + 7,93 R² = 98,3 5,0 COM = 0,0353X + 8,0 R² = 98,0 COM = - 0,01525X² + 0,788X + 18,82 R² = 0,64 4,0 15,0 10 15 20 25 30 Dias de fermentação 35 40 10 20 30 Dias de fermentação 5,5 5,0 Diâmetro, cm Altura das plantas, cm 31,0 4,5 4,0 SEM = 4,88 - 0,038X R² = 99,9 3,5 COM = 2,97 + 0,1588X - 0,112917X² R² = 93,5 3,0 10 20 30 Dias de fermentação 40 Figura 1:Altura (A), número de folhas (B) e diâmetro da raiz tuberosa (C) das folhas de beterraba na presença e ausência da adubação mineral em função dos tempo de fermentação. O aumento do tempo de fermentação promoveu incrementos, até certo ponto, em todas as características avaliadas (Figura 2). As produções máximas de matéria fresca das folhas (MFF) e das raízes tuberosas (MFR) foram de 168,0 e 159,5 (g), obtidas com o tempo de fermentação de 25 e 28 dias na presença da adubação mineral, respectivamente. No entanto, quando as plantas foram submetidas à ausência da adubação mineral, as produtividades máximas de matéria fresca das folhas 40 (MFF) e das raízes tuberosas (MFR) foram de 77,13 e 84,54 g, obtidas com o tempo de fermentação de 30 e 40 dias (Figura 2A e B). Estudos demostram a eficácia da aplicação de biofertilizantes na produtividade das culturas. Trabalho realizado por Viana et al. (2003) ao cultivarem cenoura, observaram que o biofertilizante quando utilizado via foliar favoreceu o desenvolvimento vegetativo e, quando aplicado via solo, ocorreu maior produção das raízes. Konzen & Alvarenga (2005) observaram que a aplicação isolada ou combinada de biofertilizante com adubação química proporcionou aumento na produção de milho forrageiro e milho grão. Como também trabalho realizado por PAES, (2003) observou um maior rendimento de fruto de pimentão quando utilizado a aplicação de biofertilizante a base de urina de vaca. 250,0 Matéria fresca das folhas, g Matéria fresca da raiz tuberosa, g 250,0 SEM = 32,75 + 11,092X - 0,2095X² R² = 76,2 COM = 18,56 + 4,8435X - 0,08425X² R² = 75,5 200,0 150,0 100,0 50,0 SEM = 36,1 + 3,91X - 0,05458X² R² = 98,7 COM = 14,4 + 13,05X - 0,2355X² R² = 80,7 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 0,0 10 10 20 30 Dias de fermentação 40 20 30 Dias de fermentação Figura 2: Matéria fresca das folhas (A) e da raiz tuberosa (B) das plantas de beterraba na presença e ausência da adubação mineral em função do tempo de fermentação. CONCLUSÕES O tempo de fermentação dos biofertilizantes favoreceu significativamente na produção e desenvolvimento das plantas de beterraba. REFERÊNCIAS BETTIOL, W.; TRATCH, R. e GALVÃO, J.A.H. 1997. Controle de doenças plantas com biofertilizantes. Jaguariúna, EMBRAPA-CNPMA, 22p. (Circular Técnica, 2). MEDEIROS D.C.; LIMA B.A.B.; BARBOSA M.R.; ANJOS R.S.B.; BORGES R.D.; CAVALCANTE NETO J.G.; MARQUES L.F. Produção de mudas de alface com biofertilizantes e substratos. Horticultura Brasileira, v.25, n.3, p.433-436, 2007. RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: Instituto Agronômico/ Fundação IAC. 1997. 285p. VIANA, J.V.; BRUNO, R. L. A.; SILVA, V. F.; SANTOS, G. P.; ARAÚJO FILHO, J. O. T. Produção de cenoura (Daucus carota L.) sob diferentes fontes de adubação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 43., 2003, Resumo... Recife: SOB, Horticultura Brasileira, v. 21. 2003. p. 1-4. KONZEN, E. A.; ALVARENGA, R. C. Manejo e utilização de dejetos animais: aspectos agronômicos e ambientais. Sete Lagoas: EMBRAPA/ CNPMS, 2005. 16 p. (Circular Técnica, 63). PAES, R.A. Rendimento do pimentão (Capsicum annuum L.) cultivado com urina de vaca e adubação mineral.2003. 65 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2003. 40