1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA CARDIOPULMONAR E TERAPIA INTENSIVA A Fisioterapia Hospitalar e sua assistência humanizada. Wânia Sabino de Almeida Santa Casa de Campo Grande, enfermaria de queimados, 2º andar Ala B Rua: Eduardo Santos Pereira, 88, Campo Grande-MS CEP 79002-251 (comercial) Rua Cadete João, 155 - Maria Aparecida Pedrossian, Campo Grande-MS CEP 79044-370 (residencial) [email protected] CAMPO GRANDE – MS. 2015 2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA CARDIOPULMONAR E TERAPIA INTENSIVA A Fisioterapia Hospitalar e sua assistência humanizada. Wânia Sabino de Almeida Artigo de pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título de especialista em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva da PUC/CEAFI. Orientador: Prof° Dr. Giulliano Gardenghi. CAMPO GRANDE – MS. 2015 3 A Fisioterapia Hospitalar e sua assistência humanizada. *Wânia Sabino de Almeida1, *Giulliano Gardenghi2. RESUMO: Introdução: A ocorrência de complicações decorrente de internações prolongadas tem cooperado com o declínio funcional, aumento dos custos assistenciais, além da redução da qualidade de vida e mortalidade pós-alta, sendo a fisioterapia coautora na recuperação de pacientes internados no âmbito hospitalar, com objetivo prevenir e minimizar a perda funcional garantindo, sempre que possível, a independência do paciente. O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) do Ministério da Saúde propôs um conjunto de ações integradas para humanizar o atendimento hospitalar. E a fisioterapia vem desempenhando um papel essencial na humanização da assistência, contribuindo de forma valiosa para a recuperação global do paciente. Metodologia/Objetivo: Trata-se de um artigo de revisão bibliográfica da literatura, com investigação de artigos científicos, monografias, livros, revistas eletrônicas e Bibliotecas Virtuais com objetivo de descrever a assistência humanizada e o papel da fisioterapia no contexto hospitalar, e ainda as propostas e a tática de atendimento humanizado voltado a futuras reflexões sobre o tema. Resultados/Considerações finais: É necessário compreender que a assistência do paciente no ambiente hospitalar deve ir além do tratamento da patologia e abranger todos os seus aspectos (físico, psíquico e social). Com a implantação do sistema de humanização hospitalar podemos esperar melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes e também da equipe que presta os cuidados. Todavia, o tema ainda precisa ser explorado, a fim de alcançar implicações concretas a respeito da importância do assunto e dos efeitos práticos que o atendimento humanizado deve gerar no cotidiano hospitalar. Palavras-Chaves: Serviço Hospitalar de Fisioterapia; Humanização da assistência; Assistência Hospitalar. 1 Pós-graduanda em fisioterapia cardiopulmonar e terapia intensiva pelo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada (CEAFI) 2 Docente do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada (CEAFI). Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) 4 The Hospital Physiotherapy and its humanized assistance. *Wânia Sabino de Almeida1, *Giulliano Gardenghi2. ABSTRACT: Introduction: The occurrence of complications due to prolonged hospital admissions has cooperated with the functional decline, increased healthcare costs, besides the reduction in quality of life and post-discharge mortality, in order to prevent and minimize functional loss, whenever possible, the independence of the patient. The National Humanization of Hospital Care Program (NHHCP) from the health ministry proposed a set of integrated actions to humanize the hospital care. And physical therapy has played a key role in the humanization of assistance, contributing in a valuable way to the overall recovery of the patient. Methodology/Objective: It is about a bibliographic review of the literature article, with an investigation of scientific articles, monographs, books, electronic magazines and Virtual Libraries with the objective of describe the humanized assistance and the role of physical therapy in the hospital context, and also the proposals and the humane care tactic aimed at further reflections about the topic. Results/Final considerations: It is necessary to understand that the patient's assistance in the hospital environment must go beyond the treatment of the pathology, and cover all the aspects (physical, psychological and social). With the implementation of the hospital humanization system we can expect significant improvements in the life quality of the patients and also the staff who provides the care. However, the issue still needs to be explored in order to achieve concrete implications about the importance of the subject and the practical effects that the humanized assistance must generate in the hospital routine. Key Words: Physical Therapy Department; Humanization of assistance; Hospital Care. 1 Graduate student in cardiopulmonary physical therapy and intensive care by Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada (CEAFI) 2 Professor of the Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada (CEAFI). Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Doctor in Science by 5 INTRODUÇÃO Vários são os estudos feitos voltados aos benefícios da fisioterapia em pacientes hospitalizados. A ocorrência de complicações motoras, respiratórias, hemodinâmicas, cardíacas e neurológicas, sobretudo voltada à imobilidade durante tempos prolongados de internação, tem cooperado com o declínio funcional, bem como o aumento dos custos assistenciais e tempo de internação, além da redução da qualidade de vida e mortalidade pós-alta1. A fisioterapia tem um arsenal compreensivo de técnicas, tendo a finalidade de identificar disfunções cinético-funcionais e respiratórias, prevenir e minimizar a perda funcional, além de garantir a capacidade de concretização de atividades por parte do indivíduo, oferecendo oportunidade sempre que possível, à independência funcional do paciente1,2. O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) do Ministério da Saúde propôs um conjunto de ações integradas para humanizar o atendimento hospitalar3. A política de saúde baseia-se na ideia de melhorar o padrão de assistência hospitalar no Brasil, preconiza formas alternativas de tratar o indivíduo, reavaliando e melhorando a qualidade e eficácia dos serviços prestados 3,4. Apontando assim outra denominação na forma de cuidar, chamada de atendimento humanizado, procurando aliviar a dor e o sofrimento do outro, mostrando compaixão, respeitando a dignidade e a autonomia do outro. Entende-se então que humanizar o atendimento é igualmente compreender o significado da vida e valorizar a dimensão humana do paciente em detrimento de sua patologia. E devido à proximidade no seu cotidiano com o sujeito doente, em atividades dirigidas a reabilitação física e funcional, a fisioterapia vem desempenhando um papel essencial na humanização da assistência. Essas atribuições fazem com que a fisioterapia faça parte do complexo de profissões do cuidar, colaborando ativamente com as demais profissões da atenção à saúde, ou seja, o fisioterapeuta necessita estar junto ao paciente para que este supere sua perda funcional, e fazer ressurgir a motivação em realizar tarefas e minimizar seus obstáculos5,6. Assim percebido por Granja e colaboradores7 que quando se trabalha com humanização existe uma redução do tempo de internação e acréscimo do bem-estar geral dos pacientes, além de já ter sido indicado que as decorrências neuropsicológicas de uma longa permanência hospitalar podem afetar a qualidade de vida dos pacientes após sua alta. 6 Igualmente, a fisioterapia pode ser uma grande aliada no tratamento clínico e humanizado no âmbito hospitalar, contribuindo de forma valiosa na assistência global ao paciente. Este artigo sugere realizar um levantamento bibliográfico sobre o tema indicado. Evidenciando aspectos relevantes, pautando as atribuições da fisioterapia no contexto hospitalar e a importância de um atendimento humanizado no processo de reabilitação. Logo, foram compreendidas considerações e novas propostas de atendimento terapêutico voltadas para a humanização da assistência. Para tanto, objetiva-se com este trabalho apresentar a fisioterapia hospitalar e sua assistência humanizada, descrevendo algumas táticas, futuras ponderações sobre o tema, e propostas de acolhimento terapêutico voltado à humanização, tendo como metodologia a apresentação de uma revisão bibliográfica da literatura, com investigação de artigos científicos, monografias, livros e demais dados em revistas eletrônicas e Bibliotecas Virtuais Online, sem restrição quanto a data de publicação, a fim de descrever a assistência humanizada e o papel da fisioterapia no contexto hospitalar, apontando os benefícios do fisioterapeuta no ambiente hospitalar, e ainda abordar no próximo tópico deste artigo as propostas e a tática de atendimento humanizado voltado a futuras reflexões sobre o tema. DISCUSSÃO As mudanças que ocorreram no país, nos últimos anos, precisaram de modificações voltadas aos modelos de atenção do sistema de saúde, com necessidade de um programa especifico para o assistencialismo humanizado dentro dos hospitais, surgindo então, o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) do Ministério da Saúde. Com o desígnio de unificar as políticas, em 2003 o PNHAH, juntamente com outros programas de humanização já existentes, acabou transformando-se no Programa Nacional de Humanização (PNH) – o HumanizaSUS; que passou a abranger, ainda, os panoramas da Saúde Pública (instituições primárias de atenção) na busca por melhorar a eficácia e a qualidade dos serviços de saúde8. Sua finalidade principal foi aprimorar as relações entre: profissional de saúde e usuário, tornando o tempo de internação o mais agradável possível, colaborar na cura, alegrar o ambiente hospitalar, dinamizar e diversificar o trabalho realizado, proporcionar uma internação com qualidade nos serviços prestados, conservar a 7 equipe motivada e participativa e ofertar momentos de interação entre o paciente e seus familiares3. Ainda sendo observada que a humanização da assistência à saúde é uma demanda crescente no contexto hospitalar, concebida como um conjunto de iniciativas que visa a produção de cuidados em saúde, capazes de conciliar a melhor tecnologia disponível com a promoção de acolhimento e respeito ético e cultural ao cliente, desse modo, com espaços de trabalhos adeptos ao bom exercício técnico e à satisfação dos profissionais de saúde e clientes9,10. O crescente interesse por essa área pode estar ligado ao fato de que o doente, quando hospitalizado, é afastado abruptamente de seu meio familiar e social, apresentando seu estado emocional abalado, logo, as pesquisas concretizadas em hospitais mostram que quando se trabalha com humanização e melhora do ambiente hospitalar, se obtém benefícios como a redução do tempo de internação, aumento do bem-estar geral dos pacientes e funcionários, diminuição das faltas de trabalho entre a equipe multiprofissional, e, assim, o hospital igualmente reduz seus gastos11,12,13. Na atmosfera da atenção em saúde, o termo humanização tem sido utilizado com diferentes significados e entendimentos. Humanizar é integrar ao conhecimento técnico-científico a responsabilidade, a sensibilidade, a ética e a solidariedade no cuidado tanto do paciente como de seus familiares, e a saúde deve ser abordada também no contexto cultural, histórico e antropológico, além do tradicional conceito de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação4,5,8. Visto que humanizar é saber gerar o bem comum acima da suscetibilidade individual ou das conveniências de um pequeno grupo e buscando a fundamentação para a humanização hospitalar, recorre à necessária atualização de seu significado, considerando que este conceito deve ser constantemente construído e correlacionado a diferentes contextos14. Tanto Pessini e Betachini2 quanto Blascovi-Assis e colaboradores15 defendem que é possível e adequado que a humanização se constitua, principalmente, na presença solidária do profissional, refletida na compreensão e um olhar de cuidado que demonstram no ser humano sentimento de confiança e solidariedade. Ainda lembram que é importante curar doenças, entretanto sem esquecer que mais importante ainda é curar o doente; e não somente proporcionar a cura, mas também cuidar dele. Para eles, além dos aspectos fisiológicos sentidos da 8 dor, por exemplo, o sofrimento encontra suas raízes na perda da integridade da pessoa e está, substantivamente, atrelado à perda da qualidade de vida. O cuidado humanizado, enfocado nos aspectos pessoais do profissional, deve ser composto por elementos essenciais, tais como: relacionamento, presença genuína, compartilhar conhecimentos, atitude de compreensão, sensibilidade, competência técnica e interdisciplinaridade16. A humanização da assistência à saúde é uma filosofia organizacional, cujos princípios devem estar claramente estabelecidos e viáveis de serem concretizados na prática17. Deve abranger fundamentalmente as iniciativas voltadas para a democratização das relações que englobam o atendimento, o maior contato e melhoria da comunicação entre profissional de saúde e paciente, igualmente como seus direitos, subjetividade e referências culturais, ou ainda a importância das expectativas de trabalhadores e pacientes como sujeitos do processo terapêutico5. Em meio às diretrizes do PNH foram implementados: a integração e valorização da família no cuidado do paciente; a sistematização de informações aos familiares; o oferecimento de um cuidado holístico e individualizado; o diálogo, respeito e privacidade; o condicionamento do ambiente com adequada área física; conforto físico; flexibilização do horário de visitas; o toque ao paciente de forma afetiva; o acolhimento/ empatia de pacientes e seus familiares; entretenimento e lazer8. É imprescindível que as ações sejam concretizadas para que a instituição aflua com a construção de estratégias que cooperem para a humanização no trabalho, no qual os trabalhadores sejam estimulados a buscar maior envolvimento e interesse pelo serviço, o que requer a sua valorização e a humanização do ambiente e das relações de trabalho. Cuidar de quem cuida é uma estratégia, uma vez que, muitos profissionais de saúde submetem-se, em sua atividade, a tensões provenientes de várias fontes: contato frequente com a dor, sofrimento, pacientes terminais, receio de cometer erros, relações com pacientes difíceis, entre outros18. O estudo de Garcia e colaboradores19 procurou explorar uma reflexão assim como diagnosticar a eficácia em torno da temática da humanização da assistência partindo do ponto da percepção de usuários, profissionais e gestores. Sua pesquisa foi desenvolvida em dois hospitais públicos entre 2008 e 2009, obtendo como resultado um grande desconhecimento sobre a Política Nacional de Humanização. Muitos dos limites distinguidos para que estes pudessem ser eficazes evadiam às 9 probabilidades de atuação dos mesmos, já que se relacionavam, sobretudo, as questões de campo político-administrativas mais vastas, tais quais as características próprias da sociabilidade capitalista. Todavia, percebe-se que é necessário para a adequação do trabalho em equipe na concepção Integração ou interdisciplinar que os profissionais procurem conhecer as diretrizes políticas do Programa Nacional de Humanização de forma a orientar melhor a sistematização do cuidado e da gestão da assistência e a aplicação efetiva em cada área, proporcionando melhor acolhimento para o paciente/cliente, sobretudo os com longa permanência hospitalar. O trabalho do fisioterapeuta hospitalar, não consiste em um único foco, a assistência deste profissional se dá de forma difusa e global, sendo de extrema importância tanto em unidade de tratamento intensivo quanto de internação, atuando inclusive em pré e pós-operatórios. Ultimamente, vários estudos se apresentam os benefícios da fisioterapia em pacientes hospitalizados, fazendo-se uma grande aliada na recuperação dos mesmos e confirmam que o atendimento precoce é uma forma segura e efetiva para obtenção de melhora nos resultados funcionais do paciente, logo, agenciando redução do tempo de internação hospitalar sem elevação dos custos da unidade1. Percebe-se então que a intervenção precoce é fundamental para melhora do estado geral do paciente, melhorando do nível de consciência, aumento da independência funcional, ganho de força e resistência muscular, melhora da flexibilidade articular, melhora da aptidão cardiovascular e aumento do bem-estar psicológico. Podendo ainda acelerar a recuperação do paciente. Logo, é considerada uma terapia de ampla atuação e que aperfeiçoa a recuperação funcional, principalmente nos primeiros dias de internação hospitalar20. Os benefícios terapêuticos vêm demonstrando a real necessidade de uma intervenção cinesioterapêutica precoce, a fim de evitar disfunções e abreviar a alta hospitalar21. Contudo, a atuação extensa se faz presente em vários segmentos do tratamento hospitalar deixando evidente a importância da fisioterapia no contexto hospitalar no tratamento global do paciente, diminuindo os efeitos da imobilidade no leito além de tratar e prevenir complicações decorrentes da internação. A fisioterapia vem exercendo um papel indispensável na humanização da assistência, assim como qualquer atuante na área da saúde e devido à proximidade no seu cotidiano com o sujeito doente, em atividades dirigidas a reabilitação física e 10 funcional, a fim de estar ciente e sensibilizado quanto à ação da humanização, saber reconhecer o ser humano na sua totalidade tendo consciência do seu papel frente àqueles acometidos por alguma enfermidade, acolhendo suas reações psíquicas e o próprio modo frente à doença5. Estritamente, abordando o âmbito hospitalar, a humanização torna-se de grande importância por ser uma ocasião decisiva que abrange não só o paciente/cliente internado, e sim toda sua família, necessitando a equipe de saúde adaptar um ambiente que venha beneficiar um relacionamento harmonioso entre profissional de saúde e cliente. No exercício fisioterapêutico, é comum o contato direto com limitações e sequelas dos pacientes, exigindo do profissional alto nível de conhecimento técnico cientifico, por vezes, afastado das questões humanísticas22. Assim, pode-se perceber que o atendimento humanizado traz melhores condições de recuperação, no qual os cuidados devem ser dirigidos não apenas aos problemas fisiopatológicos, mas igualmente para as questões psicossociais, que se tornam intensamente interligadas a doença física. Logo, o desempenho do fisioterapeuta na intervenção saúde-doença pode admitir um papel decisivo para garantir qualidade no auxílio durante a hospitalização23. Portanto, não se pode falar em fisioterapia sem envolvimento, sem diálogos, sem trocas de conhecimento e sem formação de vínculo. Ao se falar de reabilitação, o fisioterapeuta tem como fundamental ferramenta as mãos, e, por meio do toque, cuidam, reabilitam, confortam e curam, sendo indispensável que as práticas ou tecnologias empregadas sejam acompanhadas do contato com o paciente, por meio da afinidade, compreensão e escuta5. Percebe se então que a rotina diária no ambiente hospitalar é complexa, e por vezes faz com que, o toque, a conversa e o ouvir de quem está sendo atendido sejam atitudes esquecidas, estas atitudes são indispensáveis e devem ser reconsideradas durante a sessão de fisioterapia de um atendimento humanizado, necessitando ainda, ser uma meta presente na atividade diária do profissional24. Também é notado que para o paciente, uma internação pode se tornar menos estressante dependendo da atitude do mesmo em relação à vida, do local em que foi internado e da equipe que cuida desse paciente23. Logo, a humanização em Unidade de Terapia Intensiva, por exemplo, tem se tornado um assunto central da atualidade, fazendo-se um dos elementos que podem permitir o resgate do humanístico ao indivíduo que vivencia o biopsicosocial9. 11 Visando facilitar o consentimento e a efetividade do atendimento, torna-se essencial à cortesia e habilidade na atuação das condutas fisioterápicas, bem como o esclarecimento dos seus objetivos para o paciente, inspirando confiança e as garantias necessárias. Assim devemos notar que diversas formas de agir, tornam o atendimento humanizado como25: Chamar o paciente pelo nome, tendo educação, atenção, carinho e paciência; Ouvir o paciente e seus familiares; Realizar anamnese, manuseio e posicionamento cuidadosos; Explicar os procedimentos que serão realizados, tirar dúvidas e respeitar os limites do paciente; Ter bom senso no atendimento (horários, indisposição do paciente, etc.); Conhecer em detalhes a saúde, os exames e a doença do seu paciente; com visão global de todas as suas necessidades; Procurar compreender as atitudes, escolhas e vontades do paciente; evitar preconceitos e generalizações, respeitando hábitos, religião e costumes; Fornecer orientações sobre internação e alta hospitalar. Para os profissionais de saúde, há varias formas de se comunicar seja ela para prevenção no processo de cura, para a reabilitação ou ainda para a promoção da saúde. Assim pode ser notado que a troca de mensagens simplifica o convívio, considerada um processo, método ou instrumento, pois tem significância humanizadora5. Destacam-se ainda os aspectos motivacionais considerando-os de suma importância, logo, os profissionais devem estar atentos às condições em que o cliente/paciente se apresenta no momento do atendimento26. É necessário que o terapeuta pondere as metas do paciente na preparação do planejamento terapêutico, que deve ser desenvolvido com base em atividades significativas para que o indivíduo se sinta motivado durante a terapia8. Observam-se ainda que a relação terapeuta-paciente leva a grandes motivações em níveis diferenciados, incluindo o psicológico. Assim, ambos estarão propícios para o sucesso do tratamento, o terapeuta tem que ser capaz de motivar 12 enquanto o paciente deve estar receptivo aos processos terapêuticos, uma vez que cabe ao profissional, nestes casos, adequar metas favoráveis ao indivíduo, que possam ser atingidas gradualmente, valorizando o seu desempenho, assim como evidenciar suas potencialidades27. Com o intuito de adequar o atendimento e a aproximação do exercício da profissão os fisioterapeutas interligados a demais áreas, vem buscando melhorar cada vez mais o acolhimento a estes pacientes como incentiva o Ministério da Saúde, que como já relatado dentro de sua política de incentivo ao desenvolvimento da assistência hospitalar à população e no incremento da qualidade da gestão e assistência, tem desenvolvido grandes esforços nessa área8. Lembrando ainda que o Programa Centros Colaboradores para a Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar foi instituído em junho de 2000, a fim de abordar, de forma pioneira, questões respeitáveis como a transferência de conhecimentos, humanização do atendimento, entre outros. Estabelecendo, um novo passo para o enfrentamento dos problemas gerenciais pelos quais passam os hospitais integrantes do SUS, com finalidade específica de transferir ou construir conhecimentos e tecnologia em todos os hospitais vinculados, capacitando-os a gerenciar os recursos disponíveis de forma racional, para minimizar custos administrativos e de produção. Este processo de transferência ou construção de conhecimento deixa de ser unidirecional, da empresa para o hospital, para ocorrer entre hospitais parceiros, integrantes do SUS, que, solidariamente, constroem o conhecimento e desenvolvem tecnologias através da troca de experiências, tecnologias, metodologias de trabalho e de conhecimento entre si28. Para tanto os hospitais designados de Centros Colaboradores são aqueles identificados pelo Ministério como possuidores de melhores condições de gestão e assistência. Os benefícios do Programa são bastante diversificados, e vão além dos produtos gerados (melhoria gerencial e assistencial)28. Assim, para dar objetividade à escolha dos Centros, foram definidos critérios de observação e avaliação que foram aplicados a cada hospital por meio de visitas de técnicos do Ministério da Saúde; observando os seguintes aspectos: Porte do Hospital; Localização; Grau de Desenvolvimento Tecnológico; 13 Participação no SUS; Modelo de Gerência. Atualmente os futuros profissionais buscam propostas diversas, ações visando à implantação de programas de humanização hospitalar, principalmente na assistência pediátrica, projetos estes de ações que desenvolvem atividades ligadas a artes plásticas, música, teatro, lazer, recreação12. No caso da fisioterapia, existem alguns grupos ainda isolados e com poucas publicações na área da fisioterapia hospitalar humanizada. Com finalidade terapêutica, as propostas destes grupos são fundamentadas, por vezes, em atividades lúdicas que procuram trazer bem estar aos indivíduos e ampliar capacidades específicas de maneira descontraída e alegre. Assim, formado por professores e alunos do curso de fisioterapia, que desenvolve projetos com esta finalidade em asilos, orfanatos, hospitais, entre outros15. Logo, pode-se observar que o efeito positivo da prática humanizada vem do modo adequado diante da técnica, à medida que não se pode livrar-se dela enquanto prática intrínseca de trabalho; cabendo então aos futuros profissionais estarem sempre se adequando e buscando meios para fazer-se a humanização tanto dentro como fora do ambiente hospitalar. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do tema proposto, pode ser afirmado que cabe a cada profissional tanto da área da fisioterapia como das demais profissões voltadas à saúde, repensar quanto ao seu papel dentro da preparo do cuidar, apresentando o desafio de redirecionar sua própria prática e abranger a dimensão social de sua atuação, a fim de capacitar-se como um profissional de saúde de forma plena. Foram também evidenciados nos conteúdos desses estudos, que não basta pensar em humanização abordando simplesmente o paciente, mas é preciso refletir também na equipe que presta o cuidado. Dessa maneira humanização só será possível se os profissionais da equipe se sentirem humanizados, valorizados, motivados com o trabalho que exercem e se realmente captarem a importância e se tornarem atores dessa ação. Ainda compreender que, um paciente no ambiente hospitalar é um ser biopsicossocial necessitando a assistência envolver todos os seus aspectos (físico, 14 psíquico e social), além do tratamento da patologia, deve ser uma meta presente entre os profissionais multidisciplinares. Percebe-se então que buscar alternativas fundamentadas em valores pessoais e humanos para aprimorar a assistência e alcançar a totalidade do cuidado, é uma estratégia, que se torna um grande desafio para o fisioterapeuta. Inserir uma atitude mais humanizada como objetivo terapêutico e incorporar os conceitos como recurso, certamente fará com que o processo de cura tenha êxito. Com a implantação do sistema de humanização hospitalar podemos esperar melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes, bem como, uma maior aceitação da enfermidade em que se encontra e do tratamento hospitalar, facilitando sua integração a este ambiente podendo acelerar sua recuperação, cooperando na redução da permanência hospitalar. A humanização dos serviços de saúde é um tema discutido permanentemente. Todavia, compreende-se que o tema ainda precisa ser mais explorado, a fim de alcançar implicações concretas a respeito da importância do assunto e dos efeitos práticos do atendimento humanizado deve gerar no cotidiano hospitalar. Em resumo, destaca-se, como principal proposta, a realização e ampla divulgação de estudos, pautada na análise do tema proposto, contendo discussões na área de formação profissional e de educação em serviço, com a intenção de ampliar o processo reflexivo sobre a importância da fisioterapia na humanização da assistência hospitalar. 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