Gesto de Marketing Social no Agronegcio

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Gestão de Marketing Social no Agronegócio:
estudo de caso em uma cooperativa
Rosemeri Schneider de Oliveira
CPF: 588.487.389-15
Pós-Graduanda – Curso de Mestrado em Administração – Consórcio UEM-UEL
Av. Colombo, 5790 – Bloco C 23, Sala 204 – Zona 7
87020-900 – Maringá – PR
[email protected]
Eliza Emília Rezende Bernardo-Rocha
CPF: 329.269.106-06
Professora Adjunto – Curso de Mestrado em Administração - Consórcio UEM-UEL
Av. Colombo, 5790 – Bloco C 23, Sala 204 – Zona 7
87020-900 – Maringá – PR
[email protected]
Francisco Giovanni David Vieira
CPF: 274.573.894-15
Professor Adjunto – Curso de Mestrado em Administração – Consórcio UEM-UEL
Av. Colombo, 5790 – Bloco C 23, Sala 204 – Zona 7
87020-900 – Maringá – PR
[email protected]
Área Temática:
Administração Rural e Gestão do Agronegócio (Grupo de Pesquisa 2)
Forma de Apresentação:
Apresentação com presidente da sessão e sem a presença de um debatedor
Gestão de Marketing Social no Agronegócio:
estudo de caso em uma cooperativa
Resumo
Esse artigo analisa uma experiência de gestão de marketing social em uma cooperativa
vinculada ao agronegócio, particularmente através do emprego dos elementos do composto
do Marketing Mix Social para atender às necessidades de uma comunidade local. As
observações oriundas do estudo revelam que a intervenção das cooperativas na comunidade
será mais efetiva se estiverem claramente enunciados e compreendidos os problemas, as
possíveis soluções, as estratégias de solução e suas metas. A estrutura analítica usada no
desenvolvimento do artigo corresponde ao emprego do marketing mix social à cooperativa, o
qual se resume em produto social, preço, ponto-de-distribuição, promoção, público-adotante
e pessoal. São apresentadas algumas diferenças entre o marketing empresarial e o marketing
social nas cooperativas, quanto à concepção do marketing, quanto a idéias e veículos da
mídia, com relação à propaganda e quanto ao lucro. O trabalho se baseia em um estudo de
caso em uma das maiores cooperativas brasileiras, localizada na região sul do país, por meio
de uma investigação descritiva.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão de Marketing Social, Agronegócio, Cooperativa
Gestão de Marketing Social no Agronegócio:
estudo de caso em uma cooperativa
1. Introdução
O Marketing Social tem se tornado cada vez mais importante ao longo dos anos, devendo
estar integrado dentro de todo o processo de administração de marketing e gestão de qualquer
organização, incluindo-se as organizações vinculadas ao agronegócio. O Marketing Social
pode ser aplicado a uma ampla variedade de problemas sociais, apropriando-se de
conhecimentos e técnicas mercadológicas, adaptando-se à promoção do bem estar social.
As cooperativas têm, em seus princípios, o interesse pela comunidade, trabalhando através de
políticas aprovadas pelos seus associados. Os princípios cooperativistas são linhas
orientadoras através das quais as cooperativas levam os seus valores à prática. Segundo dados
da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB, dezembro de 2003), são 7.355
cooperativas, com 5.762 milhões de cooperados e 182 mil empregados. As cooperativas
brasileiras, em seus diversos segmentos, respondem por 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e
totalizam USD 1,09 bilhão de exportações. Há 13 ramos de cooperativas: agropecuário,
consumo, crédito, educacional, especial, infra-estrutura, habitacional, mineral, produção,
saúde, trabalho, turismo e lazer, transporte de cargas e passageiros. As cooperativas ainda são,
na maioria das vezes, as organizações mais importantes em suas cidades (BARROSO, 2003).
Neste trabalho, objetiva-se analisar a experiência de gestão de marketing social em
cooperativa, particularmente na COCAMAR – Cooperativa Agroindustrial, que possui sua
sede em Maringá/PR. Em outras palavras, o artigo procura responder ao seguinte
questionamento: quais as especificidades existentes no Marketing Mix Social com relação ao
Mix de Marketing e como ocorre a Gestão de Marketing Social em uma cooperativa
vinculada ao agronegócio? No sentido de sua apresentação, o artigo compreende quatro partes
a saber: referencial teórico, metodologia, resultados e discussão e conclusões.
2. Referencial Teórico
2.1. As Cooperativas e seus Princípios
De 1750 a 1850 foi a época da Revolução Industrial ocorrida na Europa, onde a grande
maioria dos operários deste período eram trabalhadores agrícolas. As condições de trabalho
enfrentadas pelos trabalhadores tornavam o trabalho uma opressão e as condições de moradia
e de abastecimento de água eram muito precárias. No campo econômico, grande parte do
século XIX foi marcada por propostas de reformulação da sociedade. O ambiente intelectual
dos socialistas utópicos estava impregnado de ideal de justiça e de fraternidade. “Nesse
quadro, nascem as cooperativas como produto da miséria e da utopia, entendidas como busca
da própria massa trabalhadora no sentido de superar seus problemas por seus próprios meios e
riscos, isto é, pela união de suas forças, de seus próprios recursos e de sua vontade de vencer”
(PINHO, 2000, p. 41). As idéias cooperativistas começaram a ser elaboradas sob influência do
pensamento econômico e social dos chamados socialistas utópicos franceses e ingleses do
século XIX.
Foi num ambiente bastante fecundo ao surgimento de movimentos sociais
(liberalismo econômico no qual a Europa Ocidental se encontrava no século
XVIII), que teve origem o movimento cooperativo que, sob os efeitos das
conseqüências sociais da Revolução Industrial, teve como pressupostos
básicos a solidariedade, a eqüidade, o trabalho em grupo e a liberdade
(ROCHA, 1999, p.3).
A cidade de Rochdale, na Inglaterra, era dedicada à indústria têxtil. Uma cidade, segundo
Rique (2001), de “tecelões auto-educados, orgulhosos de suas tradições e confiantes no seu
valor”. Entretanto, os trabalhadores, descontentes com as condições de trabalho, moradia e a
precária situação econômica, decidiram pela fundação de um armazém cooperativo, o que
culminou na inauguração em 1844, da conhecida Sociedade dos Pioneiros de Rochdale, que
se iniciou com 28 tecelões. A evolução dos Pioneiros de Rochdale foi muito rápida, atingindo
dimensões gigantescas e tornando-se modelo para os demais. Desde o início tinham o objetivo
de colocar em prática os projetos de: formação de um capital para a emancipação do
proletariado; construção de casas; criação de estabelecimentos industriais e agrícolas para a
produção de produtos indispensáveis às necessidades e para assegurar trabalho aos
desempregados; educação e luta contra o alcoolismo; cooperação integral com a multiplicação
de pequenos núcleos através da propaganda e do exemplo, culminando nos objetivos sociais
da primeira cooperativa.
No Brasil, de acordo com Garzón (2004), as cooperativas agrícolas e de crédito iniciaram-se
no sul, com Raiffeisen e Luzzatti. Pesquisas recentes localizaram, segundo Pinho (2000), os
Estatutos da Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto
(Província de Minas), fundada em 1889. Essa cooperativa, a mais antiga até agora localizada,
marca o início do cooperativismo rochdaleano no Brasil.
A cooperativa, como explica a OCB, “é uma associação autônoma de pessoas que se unem,
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais
comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida”
(OCB, 2004). Portanto, a cooperativa é organizada de forma que liga os trabalhadores que
realizam uma atividade econômica em comum, distribuindo o resíduo financeiro, melhorando
as condições de trabalho, de moradia, de educação.
A Doutrina Cooperativa pode ser assim resumida: é uma proposta de
mudança do meio econômico-social, que se concretizará de modo pacífico e
gradativo, por meio de cooperativas de múltiplos tipos. Ou, tentando resumir
em uma frase, é a reforma do meio social por um instrumento econômico –
as cooperativas (PINHO, 2000, p.46).
Assim, de acordo com Pinho (2000), o cooperativismo visa a correção do social pelo
econômico, através das cooperativas. O cooperativismo está “alicerçado sobre os valores da
liberdade, solidariedade e eqüidade; o cooperativismo pressupõe o desempenho de papel
econômico e social” (ROCHA, 1999, p.9).
A cooperação supõe necessariamente a liberdade de trabalhar em
comunidade. Assim, a cooperação possui duas condições importantes e
imprescindíveis: liberdade e comunidade, trabalho livre e grupal. (...)
Concebe-se a cooperativa, então, como associação e empresa, com base na
cooperação. (...) Destacam-se as duas dimensões caracterizadoras da
cooperativa: econômica e social. Se faltar uma, já não é cooperativa”
(Emiliano Limberger, apud ROCHA, 1999, p.9).
As organizações cooperativas vão ser distinguidas das outras formas de organização, através
dos princípios cooperativos. São sete os princípios – última alteração realizada no Congresso
de 1995 da ACI, na Declaração da ACI sobre Identidade Cooperativa – , através dos quais as
cooperativas devem colocar seus valores em prática: adesão livre e voluntária; controle
democrático pelos sócios; participação econômica do sócio; autonomia e independência;
educação, treinamento e informação; cooperação entre cooperativas; preocupação com a
comunidade. No sétimo e último princípio, as cooperativas trabalham para o desenvolvimento
sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros. A
Responsabilidade Social, defende a OCB, “está no DNA” do cooperativismo.
Os valores fundamentais do pensamento cooperativo baseiam-se nos valores da eqüidade e da
solidariedade. O movimento cooperativo luta contra as desigualdades e “não haverá
democracia ou desenvolvimento sem uma luta ativa contra as desigualdades que crescem a
cada dia” (TOURAINE, 1996, p.248). Assim, o reconhecimento do outro deve apoiar-se na
igualdade.
2.2. Marketing Social nas Cooperativas
O conceito de Marketing Social nas cooperativas está fundamentado, segundo Crúzio (2003),
nos valores da eqüidade, liberdade e fraternidade, que moldaram os primeiros movimentos
cooperativistas. Entendendo-se eqüidade por “ser justo e imparcial nos negócios dentro e fora
da cooperativa”, liberdade pelo “direito de participar das grandes decisões e ações da
cooperativa”, e fraternidade sob o “respeito para com o outro nos negócios internos e externos
da cooperativa” (CRÚZIO, 2003, p.23).
Marketing social nas cooperativas é a arte de dirigir, gerenciar e executar o
composto de marketing (os 4 pês: produto, preço, ponto-de-venda e
promoção) e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento social, político
e econômico dos associados, empregados, familiares e membros da
comunidade local. Compete ao conselho de administração (CA) construir
relacionamentos de longo prazo com os consumidores, revendedores,
contratantes de serviços, agentes financeiros, representantes de classe etc.
(CRÚZIO, 2003, p. 23).
Para Crúzio (2003), o conceito de Marketing Social nas cooperativas promove o
desenvolvimento social, político e econômico, juntamente com o composto de marketing da
cooperativa. Entretanto, o marketing social nas cooperativas difere do marketing empresarial
em muitos aspectos. De acordo com Crúzio (2003), há diferenças básicas entre marketing
social e marketing empresarial. Tais diferenças envolvem desde a concepção do marketing,
quanto a idéias e veículos da mídia, com relação à propaganda, até aspectos vinculados ao
lucro.
No que diz respeito à concepção do marketing, na empresa comum o marketing empresarial é
fundamentado no marketing reativo, isto é, procura encontrar uma necessidade declarada no
mercado e a preenche. Nas cooperativas, o marketing social é baseado no marketing proativo,
ou seja, procura antecipar-se às necessidades, interesses, preferências ou percepções que os
mercados internos e externos possam vir a ter no futuro próximo.
Quanto a idéias e veículos da mídia, o marketing empresarial faz uso de idéias e veículos da
mídia pra inserir no mercado-alvo os produtos ou serviços da empresa. Nas cooperativas, o
marketing social utiliza idéias e veículos da mídia para que os associados criem relações
produtivas e comerciais de longo prazo com consumidores, revendedores, contratantes de
serviços, etc.
Com relação à propaganda, na empresa comum, o marketing empresarial faz uso da
propaganda para induzir ao consumo possíveis mercados-alvo. Nas cooperativas, o marketing
social utiliza a propaganda para que os associados divulguem seus produtos ou serviços entre
os consumidores, revendedores etc.
No tocante ao lucro, na empresa comum, o marketing empresarial emprega os elementos do
composto de marketing (os 4 pês: produto, preço, ponto-de-venda e promoção) para aumentar
as vendas e remunerar os investidores, conforme o volume do capital investido. Nas
cooperativas, o marketing social gerencia o composto de marketing para atender às
necessidades e preferências de associados, consumidores, fornecedores, revendedores,
membros da comunidade local etc., sendo o lucro (sobras líquidas) distribuído entre os
associados proporcionalmente ao volume da atividade de cada um dentro ou fora da
cooperativa.
2.3. Marketing Mix Social - Os seis “P” do Marketing Social
O marketing empresarial não se resume em promoção. De acordo com o Marketing Mix, a
promoção é apenas um dos quatro “P” do marketing, sendo os outros: produto, preço e ponto
de distribuição. No entanto, o Marketing Social não se confunde com o Marketing
empresarial. Algumas características encontradas em relação a cada um dos “P”, definidos por
Kotler e Roberto (1989) e mencionados por Fontes (2001), em programas desenvolvidos na
área social, favorecem o sucesso de sua implementação, traduzindo-se nos seis “P” do
marketing social: produto social, preço, ponto-de-distribuição, promoção, público-adotante e
pessoal.
2.3.1. Produto social
Na abordagem de marketing social, o produto social se configura quando se percebe a
existência de um problema afetando a sociedade. “A mudança de uma idéia adversa ou de um
comportamento, ou, ainda, a adoção de novas idéias e comportamentos constituem o objetivo
maior do marketing social” (SOUZA, 2000, p.49). Como argumenta Souza (2000), as idéias e
comportamentos se constituem em produtos sociais. Neste caso, o produto do marketing
social não é físico, é intangível.
Foram identificados três tipos de produtos sociais por Kotler e Roberto (1989, apud Souza,
2000). O primeiro é a “idéia social” que pode se desdobrar em crença (consiste na percepção
sobre o objeto, não incluindo uma avaliação), atitude (é uma avaliação positiva ou negativa de
pessoas, objetos, idéias ou eventos) ou valor (é uma idéia geral sobre o que é certo ou errado).
O segundo produto social é a “prática” ou o “comportamento social” e que, Fontes (2001),
classifica como “práticas”, subdividindo-se em “ações” e “comportamentos”. Um exemplo
simples de ocorrência de mudança de prática é o apagar as luzes quando sair de ambientes
onde não se encontram outras pessoas. O terceiro tipo de produto social corresponde a
“mudanças em relação a um objeto tangível”, como a troca de um aparelho elétrico, que
consuma muita energia, por outro mais econômico.
Os objetos tangíveis, como os preservativos, metodologias educacionais e
soro caseiro devem ser considerados tecnologias sociais, e não produtos
sociais. Isso porque tais tecnologias facilitam a adoção de um determinado
comportamento. Porém, não é o objeto que deve ser adotado, mas a prática
(FONTES, 2001, p.85).
E, ainda de acordo com Fontes (2001), “a tecnologia social facilita a adoção de
comportamentos sociais e representa uma aliada fundamental para a atuação no mercado
social (...), mas ela sozinha não tem poder para introduzir um novo comportamento”
(FONTES, 2001, p.85). Com a adoção de uma tecnologia social e com a implementação de
um programa de marketing social, a mudança de comportamento social se torna muito mais
efetiva.
Para o estabelecimento de um produto social, argumenta Fontes (2001), deve-se ter em mente
uma pergunta fundamental: O que se quer que um determinado público adote (idéias e
práticas específicas)?
2.3.2. Preço
Para a adoção de um produto social, o preço talvez tenha o papel mais importante. Pois “o
preço estabelece uma relação direta entre o comportamento e as vantagens e custos de sua
adoção. O maior avanço em relação à análise de preço está na identificação de custos e
benefícios intangíveis para o adotante” (FONTES, 2003, p.86). Para uma mudança de
comportamento deve-se definir os preços tangíveis e intangíveis associados a esta mudança.
Um artigo de Rangan, Kasturi e Sandberg (1996, apud Fontes, 2001) ofereceu uma matriz da
análise que deve ser feita sobre o preço relacionado à adoção de um produto social. O preço
de adoção para os produtos sociais que pretendem ser promovidos é estabelecido de forma
estratégica por essa matriz, relacionando custo e benefício em quatro áreas distintas.
Para produtos que estiverem na Área 1, o custo de adoção é baixo, tanto no aspecto tangível
como intangível, e os benefícios serão mais individuais do que para a sociedade em geral.
“Essa área representa uma área de baixo risco para a execução de um programa de marketing
social. Isso porque o preço relacionado a sua adoção, após a análise custo x benefício, é
bastante reduzido sob a perspectiva do adotante” (FONTES, 2003, p.87). Um exemplo de
comportamento é a iniciativa para estimular mulheres a fazer exame de câncer de mama, que
pode ser feito pela própria adotante em frente de um espelho.
Na Área 2, o custo de adoção também é baixo, mas os benefícios estão mais relacionados à
sociedade. Em programas de reciclagem de lixo doméstico, os custos são baixos para a
adoção do novo comportamento, mas os benefícios sociais podem não ser tão bem
compreendidos pelos adotantes, tornando o preço maior.
Na Área 3, temos a situação inversa do produto social anterior, o custo do novo
comportamento é bastante alto para o adotante em caso de programa para redução do número
de fumantes, pois o custo está diretamente relacionado à renúncia do prazer pelo adotante.
“Essa renúncia representa um dos principais custos no conceito de marketing social clássico”
(FONTES, 2001, p.88). No caso de fumantes, os benefícios são mais relacionados ao
indivíduo do que à sociedade. Para Karkotli (2002), a adesão do público-alvo a uma
campanha “é tanto maior quanto maior a percepção do valor agregado à oferta, ou seja,
quanto maior o valor percebido, comparado com o preço cobrado, seja ele monetário ou não”
(KARKOTLI, 2002, p.69).
Na Área 4, a última da matriz, encontram-se os produtos sociais com os preços mais elevados
para o adotante e os benefícios relacionados a sua adoção têm reflexos mais expressivos na
sociedade do que em sua vida individual.
2.3.3. Ponto-de-distribuição
Traduzem-se em “estratégias de aproximação da oferta à demanda” (FONTES, 2001, p.89).
Ou seja, refere-se ao “local onde os produtos podem ser comprados ou onde o serviço é
prestado” (KARKOTLI, 2002, p.69). Podem ser estruturas físicas, como escolas, postos de
saúde, ou o mesmo canal utilizado pela organização em sua operação normal, por exemplo, ou
se utilizar dos próprios adotantes para ampliar a cobertura dos produtos sociais, como no caso
de indivíduos representantes e que funcionam como multiplicadores, aumentando o impacto
de atividades sociais. Uma estratégia de ponto-de-distribuição pode se utilizar de vários canais
antes de se chegar no público adotante, como é o caso de agências financiadoras que
contratam instituições para a gestão de seus programas sociais e que podem solicitar a outras
organizações que as ajudem na condução do programa.
2.3.4. Promoção
Entre os meios de divulgação, lembram Kotler e Roberto mencionados por Fontes (2001),
estão os educativos, de aconselhamento e as estratégias de boca a boca. A estratégia de boca a
boca na área social pode exercer “um valor fundamental na disseminação de idéias e práticas
e resultar em maior credibilidade do produto social que está sendo oferecido” (FONTES,
2001, p.90). Na promoção utiliza-se estratégia para aproximar a demanda à oferta dos
produtos sociais, podendo se traduzir no aumento dos incentivos para adoção do produto
social, como também em mensagens, linguagem e realidades mais próximas do públicoadotante, considerando as realidades dos públicos a que se destinam.
2.3.5. Público-adotante
O público-adotante, lembra Fontes (2001), pode ser primário, secundário ou terciário. O
público primário é aquele que se pretende atingir com a promoção de uma mudança de atitude
e linguagem em relação ao segmento específico de uma instituição. O público secundário é
aquele que pode influir diretamente na adoção desses comportamentos pelo público-adotante
primário. O público-adotante terciário é aquele que exerce influência, mesmo de forma
indireta, para a adoção do produto social da instituição.
2.3.6. Pessoal
Podem ser considerados os indivíduos capacitados para a gestão de um determinado
programa. No marketing social, a identificação das necessidades de capacitação de pessoal
envolvido em um determinado programa é fundamental para seu sucesso. Como há diversos
condicionantes que podem influenciar na adoção de um produto social, uma equipe deve ser
preparada para melhor responder a situações diferentes.
3. Metodologia
O presente estudo é caracterizado por um estudo de caso na COCAMAR – Cooperativa
Agroindustrial. Os estudos de caso colocam mais ênfase em uma análise contextual, completa,
de poucos fatos ou condições e suas inter-relações, e em geral envolvem múltiplas fontes de
informação (COOPER e SHINDLER, 2003, p.130).
De modo complementar, segundo Fachin (2001), o estudo de caso tem a vantagem de poder
obter inferência do estudo de todos os elementos que envolvem uma determinada situação ou
fenômeno. Trata-se, portanto, de um estudo que se caracteriza por ser um estudo intensivo,
onde se leva em consideração, principalmente, a compreensão do assunto investigado
(ALENCAR, 1989; FACHIN, 2001).
O processo de investigação foi do tipo descritivo, onde se “expõe características de
determinada população ou de determinado fenômeno” (VERGARA, 2000, p.47). A coleta de
dados da pesquisa foi realizada com um informante-chave dentro da cooperativa, constituído
pelo Gerente de Responsabilidade Social da Cocamar, através da técnica de entrevista nãoestruturada, oportunidade em que não as respostas não foram limitadas e em que se procurou
fornecer uma estrutura de referência para as mesmas (ALENCAR, 1999).
Alguns dados secundários também foram investigados, sobretudo com o intuito de proceder a
uma verificação dos dados e informações obtidas junto ao informante-chave. As fontes de
dados secundários utilizadas consistiram de documentos da própria cooperativa, concernentes
as suas ações e práticas de Gestão de Marketing Social. Informações adicionais foram
analisadas através do Informativo Social, do Jornal de Serviço da Cocamar e do Folder
disponível para o público externo da cooperativa. Tal procedimento permitiu resguardar o
caráter de confiabilidade e validade dos dados e informações inicialmente obtidos (HARPER,
1992).
4. Resultados, Análise e Discussão
4.1. A Cooperativa e seu Contexto
Vários fatores contribuíram para o surgimento do cooperativismo no Paraná. O surgimento de
grande número de cooperativas de cafeicultores pelo Estado do Paraná e o País, no início da
década de sessenta, resultou de medidas colocadas em prática pelo governo brasileiro para
ajustar o País, líder disparado na produção mundial de café, a um novo panorama
internacional. À época, os estoques nacionais, ao redor de 70 milhões de sacas, correspondiam
a percentual elevado do consumo mundial por um ano, sendo que só o Paraná produzia ao
redor de 25 milhões de sacas. O café reinava absoluto em 1962, no topo das exportações,
levando o país a desenvolver esforços no sentido de tentar organizar a produção,
comercialização, além de melhorar a qualidade de suas safras. Foi uma época de expectativas
e incertezas para o setor, cujos estoques eram vultosos.
A fundação de cooperativas, reunindo cafeicultores, seria uma maneira de organizar o setor
produtivo. Através de linhas de crédito disponibilizadas pelo governo, foi estimulada a
criação das cooperativas, consideradas como entidades que serviriam para proteger os
cafeicultores da ação exploratória dos intermediários, que detinham as informações de
mercado e estabeleciam como queriam, os preços do produto.
Maringá foi uma das cidades que nasceu pela importância econômica do café. Com apenas 15
anos de existência, o município já era um centro regional respeitável, tendo a sua cooperativa
em 27 de março de 1963, a Cooperativa de Cafeicultores de Maringá Ltda, surgindo da
vontade dos produtores. Em 2004, a Cocamar – Cooperativa Agroindustrial emprega
aproximadamente 3.500 colaboradores.
A Cocamar tem como Missão: prover de satisfação o cooperado, oferecendo serviço e
produtos com qualidade e eficiência, preservando os parâmetros de rentabilidade; ser
reconhecida por clientes e fornecedores como organização comprometida com a Qualidade;
buscar a perpetuação da organização a partir da otimização de sua estrutura operacional e
industrial; manter seus colaboradores aptos a cumprir suas funções com segurança, orgulho e
motivação; ser uma organização cidadã e promotora do desenvolvimento regional.
A política da Qualidade da Cocamar se resume em “obter resultados através do
reconhecimento como uma organização comprometida com a Qualidade, buscando a
satisfação dos clientes e cooperados”. A Cocamar tem como objetivos da Qualidade:
consolidar a imagem da Cocamar no mercado, visando a sua perpetuação e crescimento;
promover a capacitação e desenvolvimento dos colaboradores para que contribuam com a
qualidade; estabelecer e implementar processos de melhoria contínua que assegurem a
obtenção da qualidade requerida; oferecer produtos e serviços que atendam as necessidades
dos clientes e cooperados.
4.2. Cocamar Social
A Cocamar considera a cidadania corporativa como base para a continuidade de seu
crescimento e desenvolvimento. Por isso, mantém a atenção voltada para seus colaboradores e
comunidade em geral, investindo ainda na conservação do meio ambiente em favor das
gerações futuras. A atuação social é investimento para a Cocamar, como atividade organizada
e voltada para a busca de resultados. A criação de um Instituto de Responsabilidade Social, o
Instituto Constâncio Pereira Dias de Responsabilidade Social, e outro de Difusão
Tecnológica, o Instituto de Tecnologia Oswaldo de Moraes Corrêa, destinados a
operacionalização de programas nos municípios de sua área de atuação, apontam essa
tendência. A cooperativa mantém também um departamento específico para a
Responsabilidade Ambiental.
O Instituto Constâncio Pereira Dias de Responsabilidade Social, também denominado
Cocamar Social, foi criado com o objetivo de mobilizar recursos humanos voltados para o
trabalho voluntário em benefício da comunidade, nas áreas de cidadania, educação, cultura,
assistência social, meio ambiente e esporte, dentre outras ações. A criança, o adolescente e a
comunidade, através das entidades assistenciais, são os principais públicos a quem se
destinam a maioria dos programas em consonância com o bem estar da comunidade interna,
colaboradores e associados. Como nas palavras do Gerente de Responsabilidade Social da
Cooperativa: “A primeira preocupação é a criança e o adolescente, e que deveriam ser mais
assistidos, e até onde eu ouço dizer, eles são o futuro da nação. E que muitas vezes o Estado
não consegue atender, a comunidade não é assistida e as crianças tomam destino que não
vão ter o aproveitamento adequado como futuros pais, como conduta, como trabalhador”.
Neste sentido a Cocamar vem intensificando a sua atuação como empresa cidadã e buscará
como tal instituir e manter um amplo rol de atividades voltados para a melhoria da qualidade
de vida dos segmentos mais carentes da população, contribuindo para enriquecer e disseminar
a cultura, a consciência ecológica e a postura socialmente responsável. Conforme o
Informativo Social de novembro/04, ano 01, edição 10, o Instituto Constâncio Pereira Dias de
Responsabilidade Social, em 02 de setembro de 2004, foi agraciado com o título de OSCIP –
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. Esse título, além de gerar credibilidade
junto à sociedade civil em geral e aos doadores/patrocinadores em especial, possui outras duas
grandes vantagens: a possibilidade de oferecer à pessoa jurídica doadora de recursos privados
uma redução em seu imposto de renda e a possibilidade de firmar Termo de Parceria com o
Poder Público. O Cocamar Social teve seu Registro no Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente em 15.09.2004. Este registro significa a habilitação do Instituto aos
recursos provenientes da destinação por pessoas físicas de até 6% do Imposto de Renda
devido, valor este que poderá ser compensado na declaração de ajuste anual.
4.3. Marketing Mix Social - Os seis “P” do Marketing Social nos programas da Cocamar
Social
A promoção/divulgação dos programas e suas execuções é desenvolvida através de quatro
canais principais, cada qual direcionado ao seu público-alvo. O Jornal de Serviço da Cocamar
é uma publicação quinzenal, direcionado especificamente aos cooperados/produtores
associados e suas famílias. De publicação mensal, o Informativo Social é destinado aos
funcionários/colaboradores, sendo recebido junto com o holerite. A página de
Responsabilidade Social no site da Cocamar na Internet, é de livre acesso a todos os
interessados. O folder da Cocamar Social é direcionado ao público externo, fornecedores,
comunidade, visitantes. Diariamente há visitantes na Cooperativa, tendo inclusive de outros
países como a China, a Coréia, o Japão, os Estados Unidos e vários países da Europa. O
departamento de Eventos e Marketing da Cooperativa é responsável pelo direcionamento
desses visitantes. Outras formas utilizadas para a divulgação das oficinas de voluntariado são
os canais de correio eletrônico, e-mail enviados aos colaboradores, panfletos, cartazes, faixas.
Nas embalagens de alguns produtos da cooperativa há também a divulgação da Cocamar
Social.
Destacam-se a seguir os projetos realizados pela Cocamar Social, levando-se em consideração
os seis “P” do Marketing Social, isto é, a estrutura analítica adotada para o presente artigo:
Projeto I: Vivo Melhor
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Produto Social: Melhoria das condições de vida dos colaboradores.
Preço: Disponibilizados recursos financeiros próprios, através de convênios para
atendimentos de emergências. Concedidas requisições para realização de consultas e
exames.
Ponto de distribuição: Serviço social da cooperativa.
Promoção: Através do Informativo Social, Folder, Internet.
Público-adotante: Colaboradores da cooperativa.
Pessoal: Instrutores para cursos e palestras.
Projeto II: Programa de Voluntariado, também chamado de Cocamor, possui cinco oficinas de
integração ao longo do ano: Oficina do Material Escolar (de janeiro a março),
Oficina do Agasalho (de abril a junho), Oficina do Brinquedo (de julho a setembro),
Oficina da Fartura (de outubro a dezembro), Oficina de Desenvolvimento Humano
(alternativas de geração de renda para mais de 200 entidades assistenciais
cadastradas, com a Campanha Cocamar Solidária, através de doação de veículos,
que consiste na distribuição de cupons para entidades assistenciais). Trata-se de
organização do trabalho voluntário para o auxílio de entidades assistenciais.
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Produto Social: Estabelecimento de uma cultura de cooperação e integração favorável
para o clima organizacional. Propagar o valor do cooperativismo, envolvendo os
colaboradores e associados com as ações sociais promovidas pela cooperativa.
Resgatar o sentimento de orgulho por parte dos funcionários, sentimento que reflete
no nível de motivação no trabalho.
Preço: Disponibilização de local para as reuniões das oficinas, espaço para o
desenvolvimento das atividades, através de um barracão com 180 m2, estrutura para o
registro e controle das ações. Um funcionário foi contratado para atender os
voluntários e auxiliar na condução das atividades e a área de Desenvolvimento
Humano assumiu a coordenação do Programa.
Ponto de distribuição: Barracão na Cocamar e empresas que arrecadam itens para as
oficinas do Cocamor. A entrega das doações é realizada através das entidades
assistenciais e religiosas.
Promoção: Através dos quatro canais principais de divulgação da Cocamar Social,
mencionados anteriormente, além de correio eletrônico (mensagens via e-mail),
cartazes, faixas. Divulgação das ações do Cocamor também através das parcerias
estabelecidas com entidades religiosas, clubes de serviço, prefeitura, instituições de
ensino e empresas que atuam como postos extra-oficiais de arrecadação dos itens de
cada uma das oficinas.
Público-adotante: Entidades Assistenciais e Religiosas localizadas onde estiverem
instalados entrepostos da Cocamar e que forem indicadas pelos voluntários, com o
recebimento das doações e de força de trabalho voluntário. E os próprios voluntários,
beneficiados com o respeito e consideração pelo trabalho realizado.
Pessoal: Um funcionário que tenha facilidade de se relacionar com as pessoas que
fazem doações e coordene voluntários para efetivarem o trabalho. E voluntários de
todos os departamentos da cooperativa para selecionar, consertar, limpar e embalar os
itens doados.
Projeto III: Programa de Ação Voluntária nas Escolas – ações de melhoria nas instalações das
Escolas Públicas.
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Produto Social: Desenvolvimento de ações voluntárias em atividades que envolvam a
comunidade.
Preço: Alguns funcionários são liberados em horário de trabalho, transporte para os
voluntários, alimentação, material e instrumentos necessários para a execução do
trabalho.
Ponto de distribuição: Escolas Públicas definidas pelos voluntários da cooperativa.
Promoção: Através dos quatro canais principais de divulgação da Cocamar Social,
correio eletrônico (e-mail), convites realizados pelos supervisores aos funcionários. Na
edição 9, ano 01, o Informativo Social de outubro/04, apresentou uma reportagem
sobre o evento, intitulado “Gente que faz”. Na última edição do Jornal de Serviço da
Cocamar, n. 542 do ano 28, da segunda quinzena de novembro/04, no item de
Cidadania, apresentaram uma reportagem completa sobre “Voluntários da Cocamar
revitalizam maus uma escola. E com muita disposição”.
Público-adotante: Alunos, funcionários e a direção da Escola Pública definida pelos
voluntários da cooperativa.
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Pessoal: Voluntários da cooperativa, pais de alunos, funcionários da escola.
Projeto IV: Centro de Estudos Cocamar – cursos de alfabetização, ensino fundamental e
médio, aulas de idiomas Inglês e Francês
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Produto Social: Promover a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida.
Preço: Contratação dos professores, material didático, espaço físico e efetua a dispensa
dos colaboradores para participarem das atividades e provas. Parceria com a Secretaria
Estadual de Educação do Paraná, responsável pela documentação dos alunos.
Ponto de distribuição: Nas dependências da cooperativa em Maringá e em Atalaia.
Promoção: Através dos canais principais de comunicação da Cocamar Social.
Público-adotante: Colaboradores, associados e seus dependentes e prestadores de
serviços.
Pessoal: Professores qualificados.
Projeto V: Suco Justo – melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores rurais “colhedores de
laranja” e familiares.
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Produto Social: Resgate da cidadania de inúmeros trabalhadores rurais, envolvidos na
colheita da laranja, e suas famílias.
Preço: Prêmio de U$ 100,00 dólares a cada tonelada de suco de laranja vendido no
mercado solidário, para dar sustentabilidade aos projetos sociais, repassados para a
ARPROCLAN.
Ponto de distribuição: Atualmente o projeto desenvolve atividades nos Municípios de
Alto Paraná, Paranavaí, Presidente Castelo Branco, Guairaçá e São João do Caiuá.
Promoção: O projeto é viabilizado através de parceria firmada com a ONG européia
FLO – Fairtrade Labelling Organization International, que atua no denominado
mercado solidário. Através de um selo estampado na embalagem do produto vendido
aos consumidores na Europa, a ONG garante, entre outros aspectos, a alta qualidade
do produto, o fato de o processo de produção do mesmo não incluir exploração de
trabalho infantil, bem como respeito a todos os direitos dos trabalhadores envolvidos
na colheita.
Público-adotante: Trabalhadores envolvidos na colheita da laranja, associados a
ARPROCLAN, e familiares.
Pessoal: ARPROCLAN (Associação dos Produtores e Colhedores de Laranja do
Noroeste do Paraná), entidade que gerencia o projeto e composta por produtores de
laranja, indústria de suco de laranja e Sindicato dos trabalhadores Rurais dos
municípios envolvidos.
Projeto VI: Coral e Orquestra
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Produto Social: Lazer, oportunidade de interação entre o grupo e crescimento
emocional e intelectual.
Preço: Remuneração do maestro regente, músicos, instrumentos, local para ensaios.
Ponto de distribuição: Os ensaios acontecem na Cocamar e as apresentações ocorrem
nos eventos de maior relevância segundo o calendário da cooperativa, e também em
acontecimentos culturais no município de Maringá e região.
Promoção: Através dos quatro canais principais de divulgação da Cocamar Social.
Público-adotante: Colaboradores, associados e dependentes, composto por 60
integrantes.
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Pessoal: Maestro regente, músicos que compõe a orquestra que acompanha os
coralistas nas apresentações, instrumentos.
Projeto VII: Coral Infantil – Vozes do Coração
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Produto Social: Desenvolvimento de trabalhos com crianças e adolescentes em
situação de risco, em parceria com a entidade Lar Escola da Criança de Maringá.
Preço: Remuneração do regente, cenários, adereços para o musical, transporte e
alimentação nas apresentações, com ensaio de duas horas por semana.
Ponto de distribuição: Trabalho desenvolvido em parceria com o Lar Escola da
Criança de Maringá.
Promoção: A metodologia de trabalho do Lar Escola prevê que seus freqüentadores
tenham a possibilidade de escolher as atividades que mais se identifiquem e que
queiram participar, estas são chamadas de oficinas, desta forma as atividades do Coral
infantil vem somar-se as oficinas já oferecidas.
Público-adotante: Alunos do Lar Escola da Criança de Maringá, com idade entre 7 e
14 anos (atualmente com 30 alunos).
Pessoal: Professora de música (regente).
Projeto VIII: Cozinha Experimental, com a realização de cursos de culinária.
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Produto Social: Conhecimento nutricional e o desenvolvimento de hábitos alimentares
mais saudáveis. Propõe estimular o uso da soja no preparo das receitas, educação
alimentar, estimular o empreendedorismo capaz de promover ações que viabilizem a
captação de recursos, propiciando aos participantes contato com atividades de
emprego e renda.
Preço: Cada curso tem a duração de oito horas, com a disponibilização do espaço de
realização, remuneração da culinarista e nutricionista, ingredientes utilizados.
Ponto de distribuição: As atividades são desenvolvidas na Associação Cocamar em
Maringá.
Promoção: A comunicação para a divulgação do projeto é realizada através dos quatro
canais principais, mencionados no item de Promoção geral dos programas da Cocamar
Social.
Público-adotante: Colaboradores, esposas de associados e familiares, além de
representantes de entidades assistenciais. As turmas são compostas por vinte
participantes.
Pessoal: O curso é ministrado por uma culinarista e por uma nutricionista.
Projeto IX: Aulas de Informática Básica
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Produto Social: Proporcionar contato e familiarização com o computador.
Preço: Liberação de funcionário do departamento de informática em horário de
expediente, duas vezes por semana com duração de uma hora cada dia num período de
três meses por turma. Disponibilização do Laboratório de informática que conta
atualmente com seis computadores.
Ponto de distribuição: Laboratório de informática do Centro de Estudos.
Promoção: Informativo Social.
Público-adotante: Colaboradores das indústrias e a seus dependentes, turmas com doze
alunos.
Pessoal: Trabalho voluntário em horário de expediente
Projeto X: Esporte - Escolinha de Futebol
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Produto Social: Contribuir para a formação de cidadãos. Pretende-se formar bons
futuros profissionais, desenvolver o senso crítico e a capacidade para o raciocínio
frente às questões estabelecidas pela sociedade. Além das atividades esportivas, os
meninos participam das Oficinas de Cidadania, que são horas reservadas para
trabalhar temas como formação profissional, aptidões para o trabalho, direitos da
criança e do adolescente, direitos sociais, higiene pessoal, nutrição, educação
alimentar, comportamento.
Preço: Remuneração do professor, psicólogo e assistente social, uniforme, material
esportivo, quadras de esporte, despesas com viagens, participação em jogos, lanche.
Ponto de distribuição: Desenvolvida na Associação Cocamar em Maringá.
Promoção: Através do folder, Informativo Social e pelos próprios alunos da escola
(boca a boca).
Público-adotante: Meninos de 7 a 14 anos, filhos de colaboradores, associados e
comunidade em geral. Total de quarenta participantes. Para participar das aulas os
alunos deverão estar freqüentando o ensino regular, participando desta atividade como
uma opção de contra-turno (atividade que se propõe a ocupar o tempo ocioso posterior
ao tempo destinado a permanência na escola de Ensino Fundamental e Médio).
Pessoal: Professor de Educação Física, psicólogo, assistente social, palestras de
orientação sexual e de alimentação saudável, com profissional qualificado.
Projeto XI: Banco de Talentos – cursos profissionalizantes. Capacitar pessoas nas habilidades
requisitadas em determinados cargos nas Unidades Operacionais da Cocamar.
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Produto Social: Possibilidade de profissionalização e aperfeiçoamento aos
participantes dos cursos, mesmo que não venham futuramente compor o quadro de
colaboradores da cooperativa.
Preço: Remuneração dos professores
Ponto de distribuição: Comunidades onde a Cocamar atua através dos entrepostos.
Promoção: Informativo Social.
Público-adotante: Comunidades onde a Cocamar atua através dos entrepostos.
Pessoal: Professores.
Projeto XII: Atividades Sociais para Pequenas Propriedades – diversificação da atividade
agropecuária na pequena propriedade..
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Produto Social: Manter o produtor no campo.
Preço: Remuneração dos técnicos.
Ponto de distribuição: Pequenas propriedades.
Promoção: Jornal de Serviço da Cocamar, folder de Responsabilidade Social, Internet.
Público-adotante: Produtores rurais que dependem exclusivamente da agricultura.
Pessoal: Técnicos.
Projeto XIII: Programa de Integração Agricultura e Pecuária – recuperação da fertilidade do
solo degradado.
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Produto Social: Recuperação do solo arenoso na região noroeste paranaense,
incentivando o plantio da soja, geração de emprego, revitalização da economia.
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Preço: A cooperativa investe na estruturação de unidades para o recebimento das
safras, prestação de assistência técnica e comercialização de insumos a preços
competitivos.
Ponto de distribuição: Região noroeste do Paraná.
Promoção: Pelos quatro canais de comunicação utilizados pela Cocamar Social.
Público-adotante: Produtores que investem nessa nova fronteira agrícola.
Pessoal: Técnicos.
Projeto XIV: Fruticultura
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Produto Social: Manter o produtor no campo.
Preço: No projeto Tangerina, a cooperativa propõe-se a comprar até 40% da produção
para sua indústria de sucos.
Ponto de distribuição: Pequenas e mini propriedades da região noroeste.
Promoção: Através dos canais principais de divulgação da cooperativa.
Público-adotante: Mini e pequeno produtor e seus familiares.
Pessoal: Técnicos.
Projeto XV: Sericicultura – manutenção da atividade.
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Produto Social: Fixação de mão-de-obra no campo.
Preço: Remuneração dos técnicos.
Ponto de Distribuição: Minifúndios de atividade sericicola, contando com 778
barracões integrados no processo.
Promoção: Através dos canais principais de divulgação da cooperativa.
Público-adotante: Atualmente são 725 famílias de produtores totalizando 3.366
pessoas.
Pessoal: Técnicos.
A direção da Cooperativa, em entrevista com o Gerente de Responsabilidade Social da
Cocamar, realizada em 09.12.04, entende que a Responsabilidade Social da empresa não é
uma obrigação. Mas que se “começa em casa, dentro da empresa”. Se sentem responsáveis
pela política desenvolvimentista dos associados, a política de melhoria da qualidade de vida
dos colaboradores e associados e a política de bons relacionamentos com os fornecedores e
clientes. Isso é que leva a Cocamar a manter um relacionamento voltado para a
Responsabilidade Social. As organizações são, segundo o Gerente, a princípio, as
responsáveis pelas políticas que o Estado não assume por falta de recursos ou até mesmo por
falta de estratégias eficazes. Este vazio que existe entre o que o poder público faz e o que
deixa de fazer é muito grande e aí a comunidade acaba assumindo isso, voluntária ou
involuntariamente. E nessa comunidade encontram-se as organizações. Todas as organizações
acabam ocupando esses espaços ao longo dos anos, em razão da grande demanda, em razão da
falta de expectativa que o cidadão tem em relação ao Estado. A primeira preocupação da
cooperativa é com a criança e o adolescente e, que por serem considerados o futuro da nação,
deveriam ser mais assistidos, mas que muitas vezes o Estado não consegue atender. O que se
pretende segundo a direção da cooperativa, é formar cidadãos.
A especificação de atividades consta do Relatório de Atividades Sociais. A cooperativa não
publica o Balanço Social. O orçamento para as atividades sociais é aprovado anualmente
junto à direção da empresa, definindo quais os projetos e quais são os recursos disponíveis.
As maiores dificuldades encontradas na implantação de um projeto são para aprovar os
recursos. Os orçamentos são aprovados junto à Superintendência da cooperativa. A idéia do
projeto pode ser excelente, mas se não for aprovado, o projeto é implementado. Os projetos
que já estão sendo executados, passam por uma revisão orçamentária todos os anos. A
prioridade é manter os projetos que já estão sendo desenvolvidos e procurar melhorar. Há a
preocupação em se atender as comunidades em áreas de atuação da Cocamar e que não esteja
sendo atendida pelos programas. Há 35 municípios do Paraná com entrepostos da Cocamar.
Em toda a área de atuação da cooperativa, todos os trabalhos são direcionados e os benefícios
divididos proporcionalmente às entidades existentes nesta área. A Cocamar tem como foco o
atendimento às entidades assistenciais, porque consideram que as entidades é que são
profissionalizadas e que sabem, melhor do que ninguém, dar o atendimento às pessoas
necessitadas. A cooperativa não ajuda individualmente as pessoas, dão algum suporte às
entidades que sabem gerir os recursos escassos e sabem aplicar da melhor forma. O trabalho
todo é voltado a dar suporte às entidades assistenciais. A cooperativa está buscando
constantemente o aprimoramento de seus programas, em contínua avaliação, aproveitando
bem os recursos que são escassos, e o principal objetivo com a Gestão de Marketing social,
segundo a direção da cooperativa, é a satisfação da comunidade atendida.
5. Conclusão
Com a Gestão de Marketing Social, a cooperativa pode ter tanto ganhos intangíveis, tais como
objetivos sociais e de imagem, quanto ganhos tangíveis, como fidelização de clientes e
retorno financeiro. Os projetos que envolvem a participação voluntária dos funcionários e
cooperados, ressaltam a participação dos mesmos como agentes de mudança social, onde é
possível contribuir para que a cooperativa seja uma organização ainda mais dinâmica e que
enfrenta o desafio constante de obter o sucesso por meio de empreendimentos sociais.
Tendo em vista o caso aqui estudado, depreende-se que a intervenção das cooperativas na
comunidade será mais efetiva se estiverem claramente enunciados e compreendidos os
problemas, as soluções, as estratégias de solução e suas metas. Para tanto, pode-se deixar mais
clara esta compreensão através dos seis “P” do marketing mix social. Nesse sentido, a Gestão
de Marketing Social no agronegócio revela uma considerável contribuição, seja para ganhos
intangíveis ou tangíveis.
Os primeiros quatro “P” descritos ao longo desse trabalho, ou seja, produto social, preço,
ponto-de-distribuição e promoção, representam o conjunto tradicional do marketing mix
comercial. Todavia, já foram incorporados outros “P”, como público-adotante e pessoal, à
análise de marketing mix social. Levando-se em consideração a análise dos seis “P” do
marketing mix social, os programas e projetos sociais da cooperativa tornam-se mais
facilmente visíveis em relação aos seus resultados, posto que levam em consideração as
realidades dos públicos a que se destinam.
Adicionalmente, observou-se que a cooperativa tem um vínculo muito forte para com as suas
respectivas comunidades. A Cocamar, que foi a organização aqui estudada, tende a trabalhar
para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades, buscando promover mudanças e
amenizar os problemas sociais. Tal ação da cooperativa, tendo como pano de fundo os seus
princípios, coloca em perspectiva a possibilidade se viver e conviver buscando a eqüidade
social.
Por suposto, compreende-se que o estudo aqui apresentado envolve um conjunto de limites.
Desde a obtenção de informações, originalmente emitidas pela própria direção da cooperativa,
e por conseguinte, em acordo com os seus interesses organizacionais e mercadológicos, até o
fato de expressar a realidade de uma única organização, há que se tomar os resultados e
observações aqui apresentados dentro de um contexto específico. Tal restrição, especialmente
estabelecida, mais do ponto de vista empírico que teórico, impede que se corra o risco de criar
uma dimensão gerencial do marketing social no agronegócio que não seja factível.
Não obstante tais limites, é possível que o artigo aqui apresentado tenha como principal
implicação, seja acadêmica ou gerencial, o fato de estudar e sistematizar um caso de gestão de
marketing social aplicado ao agronegócio, quando a maior parte desses procedimentos
gerenciais têm sido aplicados e desenvolvidos fora do agronegócio. Trata-se, portanto, de uma
contribuição, ainda que inicial, à literatura de gestão do agronegócio.
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