PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E OS QUATRO PILARES DA

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A CONSCIÊNCIA COMO BASE PARA A
TRANFORMAÇÃO DA ESCOLA
Andreza Freitas da Sila Batista¹
André Ricardo Gonçalves Dias²
Resumo:
O presente artigo refere-se a uma reflexão sobre o Método Conscientia, no contexto escolar.
O referido método visa integrar a abordagem do indivíduo com o coletivo, bem como
integrar a abordagem psicanalítica e os métodos cognitivos, numa metodologia para o
desenvolvimento humano e terapêutico, englobando o nível social e individual. A
metodologia utilizada neste trabalho foi pesquisa bibliográfica. O objetivo desse artigo é
apresentar uma nova visão de educação, voltada para a conscientização do ser humano,
buscando assim, educar para fortalecer o senso ético no seu ser. Através dessa reflexão, será
possível perceber que o Método Conscientia traz uma visão inovadora para a educação que
poderá proporcionar mudanças significativas para a vida de muitos educandos. Neste
contexto, é importante destacar, que os professores, orientador escolar e equipe diretiva
terão a oportunidade de organizar um trabalho de conscientização, voltado para estimular
boas relações humanas dentro do ambiente escolar.
Palavras–Chave: Consciência. Transformação da escola. Relações humanas.
1 - INTRODUÇÃO:
O “Método Conscientia” procura reforçar a consciência das riquezas humanas nos
indivíduos, através do diálogo de reforço. Além disso, busca conscientizar as pessoas do seu
próprio estado emocional. Os princípios básicos do método são a consciência sobre si mesmo,
a consciência sobre as suas origens, seu passado e a consciência sobre a sociedade.
O presente artigo tem como objetivos apresentar os pensamentos básicos do “Método
Conscientia”, averiguar o conceito de ser humano e analisar as riquezas e empecilhos que
todas as pessoas possuem.
Neste contexto, justifica-se a escolha desta temática, no sentido de transformar as
relações humanas dentro do ambiente escolar. Infelizmente, ainda há, em nossas escolas,
relações muito conflituosas entre professores, alunos e equipe diretiva. Desta forma, este
trabalho visa contribuir para a melhoria das relações humanas dentro do contexto escolar,
______________________________________________________________________
¹Graduação em Licenciatura em Letras (Português/Inglês) – FAPA, pós-graduação em Educação InclusivaUNIASSELVI, matriculada no curso de Pós-graduação EAD, em Administração escolar, orientação e supervisão
escolar-UNIASSELVI. [email protected]
² Mestrado em Educação. Unisinos. [email protected]
buscando uma melhor qualidade na aprendizagem dos alunos. É importante destacar que o
Serviço de Orientação Escolar é fundamental para auxiliar nesse processo de mudança.
Neste artigo serão apresentadas as finalidades da escola atual, a definição do “Método
Conscientia”, as fontes da metodologia, o conceito de ser humano, os pensamentos básicos do
referido método, as riquezas e empecilhos que os seres humanos possuem e dois relatos de
experiências, em que constam as mudanças ocorridas nas relações humanas dentro da escola,
através de um trabalho voltado para a conscientização.
2- ESCOLA ATUAL
Através dos estudos realizados, foi possível constatar que o atual modelo de escola
tem como finalidade transmitir conhecimentos aos alunos. Além disso, tem a função de
alienar e “domesticar” a criança e o jovem para se tornar submisso à sociedade em que vive.
De acordo com Sabbi (2011, p.61), o professor convencional foi treinado apenas para
transmitir conteúdos. Não sabe o que fazer diante de problemas como agressividades,
violência, drogas, desvios de sexualidade, inferioridade, dificuldades de expressão e baixa
autoestima. Para lidar eficientemente com as dificuldades de seus alunos, é preciso que o
educador compreenda o funcionamento dinâmico da psique dentro de si mesmo.
O referido autor destaca ainda, que o professor precisa prepara-se através do uso de
instrumentos que ampliem seu autoconhecimento, ajudando o educando a lidar cada vez
melhor com suas frustrações, emoções e sentimentos e com situações de conflito e de
relacionamento.
Todas as escolas, no mundo inteiro, se baseiam nos princípios iniciais da escola
quando foi criada na Prússia, em 1800, idealizada pelo filósofo Johann Gottlieb Fichte (17621814). Através das ideias do referido filósofo, a criança deve aprender aquilo que é planejado,
aprender a pensar o que deve e o que não deve pensar.
Na década de 80, o Ministro de Educação, Ingvar Carlsson, da Suécia declarou que “O
novo sistema de escola deve adaptar as crianças a se tornarem bons membros da sociedade. O
sistema deve ensinar o povo a aceitar a opinião geral e não questioná-la.”.
É importante destacar que nas avaliações internacionais sobre a qualidade de ensino, a
Finlândia tem sido a primeira colocada há vários anos. Isto ocorre porque historicamente o
povo finlandês foi colonizado primeiramente pela Suécia e depois pela Rússia. A
independência existe há menos de 100 anos. O povo finlandês tem a cultura de submissão às
autoridades. O fator positivo na Finlândia é que a escola ainda é quase exclusivamente
pública. Isto garante o nível de ensino, pois os filhos das famílias ricas estudam na escola
pública.
Para transformar o espírito da escola atual, é necessário despertar nos educandos
alguns sentimentos, tais como: sentir, pensar, questionar, criar, permitir, errar e participar.
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Educar para a solidariedade, igualdade e felicidade, ao invés de competição e individualismo.
Além disso, educar para fortalecer o senso ético no seu ser.
Sabbi (2011, p.61) destaca como deve ser o professor do futuro.
É importante que reconheça e saiba transmitir conhecimentos, mas isso não é
suficiente. Precisa também investir sistematicamente num processo de expansão da
consciência, incluindo o bom uso dos sentimentos e afetos, que prepare o aluno para
viver de maneira mais integrada. Só assim poderá prepara alunos para a vida. O
educador do futuro realizará uma abordagem holística, ou seja, levará em conta
todas as dimensões do ser humano. Isso inclui, além da inteligência cognitiva e
emocional cognitiva e emocional, uma abordagem transpessoal.
O Método Conscientia busca transformar a escola através da consciência. Desta forma,
seguem os objetivos da metodologia:
▪ Facilitar o trabalho do educador, no aspecto de desenvolver bom clima de trabalho,
cooperação e disciplina na sala de aula e na escola;
▪ Incentivar a motivação dos educandos para a aprendizagem, a participação e o seu
desenvolvimento pessoal.
3 – MÉTODO CONSCIENTIA
“ Sejamos a transformação que desejamos para o mundo.”
Gandhi
Conscientia Instituto de Psicanálise e Consultoria desenvolve um trabalho voltado para
a qualidade de vida no campo psico-soma-social. O propósito do método é integrar e aplicar a
abordagem psicanalítica e os métodos cognitivos numa metodologia para o desenvolvimento
humano e terapêutico, englobando o nível social e individual. A palavra conscientia é latina
para consciência. O instituto foi fundado em 1988, em Estocolmo para agir tanto na Suécia
como na Finlândia. No ano de1998, a atividade foi estabelecida aqui no Brasil. Além do
trabalho terapêutico individual, foram desenvolvidas experiências sociais com empresas e
residências coletivas, democráticas.
Neste contexto, é importante destacar que o Método Conscientia foi constituído
através de várias fontes. A abordagem psicanalítica foi desenvolvida com a colaboração de
vários profissionais, clientes, escolas e locais de trabalho na Suécia, Finlândia, bem como
entre as cooperativas de trabalho e institutos de formação do Movimento dos Trabalhadores
Rurais sem Terra do Brasil (MST).
Abaixo segue algumas citações e interpretações de vários pensadores que serviram de
fontes para método analisado nesse artigo.
▪ Hipócrates (Grécia, cerca de 460-370 aC.): Considerado o pai da medicina. Para ele, a
saúde é a harmonia interior do homem e a harmonia entre ele e seu entorno. Segundo
Hipócrates, ser saudável significa se tornar consciente de seus conflitos e viver sob as leis da
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natureza. A mesma ideia também foi expressa por François Voltaire (francês, 1694-1778): "A
arte da medicina é tranquilizar o paciente, de modo que a natureza possa curar a doença."
▪ Sócrates (Grécia, cerca de 470-399 aC.): O referido pensador acreditava que a verdade
existe no interior da pessoa. O papel do filósofo é agir como parteira, ajudando no processo de
nascimento do conhecimento (conscientização), através de um diálogo com perguntas. Para
Sócrates uma questão básica da vida é “Conhece a ti mesmo.”.
▪ Platão (Grécia, cerca de 428-348, aC.): Acreditava que não podemos confiar em nossas
mentes, mas podemos confiar no que a razão nos diz, já que a razão é a mesma para todas as
pessoas. Platão teve a percepção de que os seres humanos têm contato com a verdade
universal, por algum tipo de senso ético, que ele chama de razão.
▪ Aristóteles (Grécia, 384-322 aC.): Descreveu Deus como ato puro, isto é, infinitamente
intensa ação (criação) em bondade, verdade e beleza. No Judaísmo, Cristianismo e Islamismo
acredita-se que os seres humanos foram criados à imagem de Deus. Assim sendo a essência
humana é ação pura, mas com limitações humanas. Na medida em que o homem age de
maneira "pura" (sendo verdadeiro, belo e amoroso), ele é si mesmo, em outras palavras o que
é criado para ser.
▪Agostinho (Império Romano, 354-430): Este pensador considerou que o mal é a ausência de
Deus. O mal não tem existência por si.
▪ Tomás de Aquino (italiano, cerca de 1225-1274): Tentou conciliar a filosofia aristotélica e
a doutrina cristã. Aderiu à ideia de Aristóteles de ver a verdade como um ideal de felicidade.
▪ Sören Kierkegaard (Dinamarca, 1813-1855): Assim como Karl Jaspers (alemão, 18831969) acreditava que a existência humana é definida por algo que ultrapassa a vida finita,
concreta. Os seres humanos relacionam-se consigo mesmos, através do relacionamento com o
corpo (o sentido da vida, Deus) transcendental (metafísico). O existencialismo acredita que o
homem é livre para escolher, ele é responsável por suas escolhas e sente o impacto em
diferentes níveis. A mente ética, consciência, existe para nos fazer perceber nossas intenções e
escolhas erradas (como Sócrates e Platão diziam). Todas as escolhas tem o objetivo
basicamente no metafísico, isto é, além da existência material, a vida após a morte. A essência
existe por si só, a existência é uma deturpação, uma consequência das escolhas humanas.
▪ Fiódor Dostoiévski (Rússia, 1821-1881): Escreve que a ação do homem justificada é muito
mais complicada e ambígua do que podemos compreender. Os seres humanos têm a
capacidade de alimentar sua alma com os mais altos ideais e as intenções mais pervertidas –
simultaneamente e acreditando em suas boas intenções. Ele também escreveu que sem um
coração puro, não existe uma consciência perfeita.
▪ Anton Makarenko (1888-1939): O pedagogo russo inspirado por Maxim Gorki (russo,
1868-1936) desenvolveu uma linha de educação e pedagogia própria. Ele enfatiza ser
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prejudicial para uma criança viver e se acomodar em uma vida ociosa e sem propósitos.
Fundou colônias para jovens criminosos com os princípios de cura baseados no afeto,
respeito, regras claras, cooperação e democracia.
▪Emmanuel Swedenborg (Suécia, 1688-1772): O amor e a sabedoria não valem nada se não
forem traduzidas em ação. São apenas fantasias e não se tornam reais até terem um proveito.
Um pequeno incêndio apaga com a tempestade, enquanto um grande incêndio toma grandes
proporções por ela, assim enfraquecer uma fraca fé diante as dificuldades e catástrofes,
enquanto uma forte fé é fortalecida por elas.
▪ Ludwig Wittgenstein (Alemanha, Áustria, Grã-Bretanha, 1889-1951): "Acreditar em Deus
é perceber que a vida tem um propósito.”.
▪ Albert Einstein (Alemanha, 1879-1955): O objetivo da escola é despertar talentos inatos e
curiosidade no indivíduo, bem como desenvolver o senso de responsabilidade para com outras
pessoas. Ele criticou a escola que ao invés disso glorifica e cria no indivíduo a mentalidade
competitiva, o caso da sociedade existente. O homem deve ser avaliado de acordo com o que
ele é capaz de dar, ao invés do que é capaz de prover a si mesmo.
▪ Paulo Freire (Brasil, 1921-1997): Este estudioso constatou que todas as pessoas oprimidas
tornam-se opressoras. Quando aceitamos ser oprimidos psicologicamente, oprimo-nos a nós
mesmos e como consequência, tendemos a oprimir os outros.
▪ Erich Fromm (Alemanha, 1900-1980): Procurava integrar a critica da sociedade de Karl
Marx (Alemanha, 1818-1883) com a psicanálise de Sigmund Freud em um misticismo ateu.
Tanto no comunismo autoritário como no capitalismo denominado livre executado por uma
classe burocrática de políticos profissionais e donos do capital. No fundo, os dois pensadores
têm percepções materialistas, independentemente da ideologia cristã no Ocidente e o conceito
de salvação no Oriente.
▪ Norberto Keppe (Brasil 1927-): O mal é a consequência da negação do bem. O mal não
existe por si só, mas precisa do bem para existir. Keppe cunhou alguns conceitos práticos para
descrever como as pessoas distorcem e negam a verdade, a realidade, tais como: censura,
megalomania e perfeccionismo (teomania), inveja e inversão. Uma pessoa ou um
acontecimento que provoca um medo ou raiva excessiva implica na identificação, a pessoa
está se percebendo através do outro (espelho psíquico). O amor que se exprime por atos bons
são a essência dos seres humanos. Keppe escreve: "Se um homem reconhece ter ou ser algo
valioso, ele sente o dever de cuidar e progredir isto." Ele continua dizendo que o grande
problema do homem não é falta de auto-conhecimento, mas seu esforço para evitá-lo. Como o
homem na sua essência é bom, ele só vai se sentir realizado se fizer o bem. O maior problema
do homem não é ter problemas, mas não querer vê-los.
Dentro deste contexto é importante salientar que a metodologia na parte coletiva
recebeu apoio das cooperativas de reforma agrária no Brasil. O processo iniciou no ano 1999
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na Cooperativa Agropecuária Vitória – COPAVI em Paranacity, no Paraná, quando se
começou a aplicar e integrar os conceitos de terapia psicanalítica numa organização de
democracia direta. A experiência foi se alastrando para outras cooperativas, e mais tarde nos
institutos de educação do MST, como Instituto de Educação Josué de Castro - IEJC, Instituto
Educar e Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia CEAGRO.
4- CONCEITO SOBRE O SER HUMANO
A base sobre o conceito do ser humano está na Psicanálise Integral, uma escola
brasileira de psicanálise fundada por Norberto R. Keppe (Brasil, 1927).
De acordo com a referida visão, o ser humano é um sujeito histórico, cuja infância tem
muita importância. São diversos os aspectos que formam uma personalidade e a relação com
os pais é fundamental para o desenvolvimento de uma criança.
De acordo com Sabbi (2011, p.13):
Se você quer ser saudável, próspero e feliz, olhe para sua criança interna e
perceba se ainda sofre por antigas dores, carências, ressentimentos e mágoas.
Olhe se existem inibições, medo de desaprovação, de não ser aceito ou de não
satisfazer expectativas de outros. Olhe se existem padrões e crenças rígidos
ou limitantes, que ainda o impedem de alcançar a excelência e a plenitude.
Neste contexto, é importante destacar que o autoritarismo, o alcoolismo, a agressão,
entre outros, provenientes dos pais ou das pessoas que cuidam da criança, causam imenso
sofrimento, que pode levar a criança a condutas destrutivas. Além disso, a poluição,
alimentação intoxicada com agrotóxicos, engarrafamento e outras questões ambientais afetam
também o bem estar psíquico, social e físico de uma criança. No entanto, cada indivíduo tem a
responsabilidade de escolha, cada um escolhe a maneira de encarar as situações que a vida lhe
proporciona.
Nesse conceito, o princípio básico está no pensamento socrático: “Conhece a ti
mesmo, seja saudável!”, ou seja, a consciência de si mesmo, a consciência sobre as suas
origens, seu passado e a consciência sobre a sociedade são elementos essenciais no
desenvolvimento humano.
Segundo Sabbi (2011, p.13), é importante encontrar uma forma de dar à sua criança
interna tudo o que ela precisa para sentir-se amada e feliz, criar vínculos sadios com os outros
e com a vida, construir um mundo de paz onde todos se queiram bem. Se você realmente quer
ser saudável, próspero e feliz, olhe para os seus pensamentos e perceba a cada momento a sua
natureza. Recrie uma forma de pensar mais positiva, amorosa e construtiva, melhorando assim
suas atitudes.
O termo consciência engloba:
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▪ autoconhecimento- estar ciente de si mesmo, do seu histórico, conhecer suas
intenções, atitudes, costumes emocionais, seus valores, suas riquezas humanas e suas
limitações;
▪ compreensão sobre o ser humano- conhecer as pessoas próximas, mãe e pai,
compreender como eles são, sem esperar algo irreal deles, sem ter mágoa ou condenar o
próximo por injustiças passadas;
▪ consciência a respeito das estruturas e do uso de poder, consciência da injustiça
econômico-social e da ética universal;
▪ consciência universal da vida, com a valorização da verdade, da beleza e do amor.
O ser humano atua em três dimensões:
Atividade psíquica: O ser humano pensa, sente e age no sentido espiritual. Ele reflete sobre
suas ações, pensa sobre a finalidade da vida e sobre a existência depois da morte.
Atividade fisiológica: O ser humano cresce, movimenta-se, trabalha, adoece e recupera a
saúde, alimenta-se, desenvolve a sexualidade, envelhece e morre.
Atividade social: Até quando ainda somos um feto, estamos em contato com o ambiente ao
nosso redor. No útero sentimos e vivemos os acontecimentos ao redor e o humor da mãe.
Nascemos e somos influenciados pelos nossos pais e pelas pessoas com as quais convivemos
e depois mais diretamente da sociedade. Os valores da sociedade têm muita influência tanto
para o bem quanto para o mal.
4.1 PENSAMENTO BÁSICOS SOBRE O SER HUMANO
Simula (2011, p.1), no livro Método para Motivação e Cooperação na escola,
apresenta os pensamentos básicos sobre o ser humano.
1- “Temos liberdade de sentir e pensar, e liberdade limitada de agir.”
2- Tudo que vejo no outro existe também em mim de alguma maneira.”
3- “Aquilo que faço para o outro, faço dentro de mim comigo mesmo.”
4- “Sou consciente, então existo. O ser humano é a sua consciência.”
5- “O mal pode ser curado somente com o bem.”
6- “Solidariedade e igualdade requerem democracia direta”
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1- “Temos liberdade de sentir e pensar, e liberdade limitada de agir.”
A atividade psíquica afeta o aspecto físico e vice-versa. Sentimentos bons contribuem com
o equilíbrio da atividade neurológica, hormonal e imunológica e desta forma, contribuem para
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a saúde física. No entanto, sentimentos negativos, como medo, raiva e amargura causam
desequilíbrio, stress e doenças. Assim temos responsabilidade pela nossa saúde.
2- Tudo que vejo no outro existe também em mim de alguma maneira.”
Todos os seres humanos têm todos os aspectos humanos, ou seja, temos as riquezas
humanas como: capacidade de percepção, bom senso, criatividade, amor, coragem, entre
outros. Porém também temos todos os tipos de falhas na nossa estrutura genética. Assim tudo
que vejo no outro, existe em mim em maior ou menor grau. Desta forma, somos espelhos
internos. Exemplo: o entusiasmo e a coragem do outro, desperta a consciência disto em mim.
Neste contexto, é importante destacar que a identificação ou espelhamento pode inclusive
significar algo oposto, por exemplo, a alegria do outro pode despertar em mim a consciência
da minha tristeza. Sua iniciativa desperta a percepção da minha passividade.
3- “Aquilo que faço para o outro, faço dentro de mim comigo mesmo.”
Se eu faço bem para o outro, eu estou agindo bem dentro de mim, no entanto, se eu
ofendo o outro, eu estou agindo mal no meu interior, ligando-me a energia negativa, sentindo
amargura, inveja e prejudicando a mim mesmo. Toda minha ação é uma manifestação da
minha atividade interna. Meu comportamento revela como eu ajo comigo mesmo. Segundo
Lao-Tsé (filósofo chinês, século 5 A.C) “A alma não tem segredo que o comportamento não
revele.”
4- “Sou consciente, então existo. O ser humano é a sua consciência.”
O termo consciência engloba as dimensões: espiritual, de sentir e de pensar. A
consciência é uma percepção do próprio ser e do seu meio. Sou consciente, logo existo. A
consciência é o aspecto mais essencial da existência, sem consciência a vida perde todo o
seu sentido. Sendo assim, é possível afirmar que nós somos a nossa consciência.
5- O mal pode ser curado somente com o bem.”
Um mal não pode curar outro mal. Frustração não cura dor de cabeça. Medo não é
método de educação. Amargura alimenta maldade. Somente o bem pode curar o mal.
Amar faz bem, cura. Fazer o bem significa prevenir e impedir a ação injusta e destrutiva e
conscientizar o outro da sua má intenção.
6- “Solidariedade e igualdade requerem democracia direta”
Liberdade, igualdade e justiça social requerem que todos tenham de princípio as
mesmas condições sociais de prosperar na vida. Assim, o sistema de poder deve ser
organizado de modo mais democrático possível. Já que o poder principal na sociedade
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é exercida pela atividade econômica é essencial que as leis da atividade econômica
sejam pensadas pelo povo, pela democracia direta.
O modelo de trabalho educativo e pedagógico, focado nas boas relações humanas,
cooperação, disciplina e motivação é implantado com a introdução de práticas democráticas
entre os funcionários da escola, professores, equipe diretiva e os educandos. Esse aspecto
democrático teve sua base teórica principalmente em Paulo Freire e Anton Makarenko, além
da concepção já existente do Movimento dos Trabalhadores Rurais. Cabe salientar que a
introdução da metodologia de conscientização individual sobre as riquezas humanas e
empecilhos, foi baseado no pensamento de autores da psicanálise, entre eles Viktor Frankl,
Sigmund Freud e Erich Froom.
Neste contexto é interessante destacar que nesse modelo de trabalho educativo, faz-se
necessário desenvolver uma prática pedagógica voltada para boas relações humanas e
cooperação. Desta forma, seguem algumas linhas para a transformação das relações dentro do
ambiente escolar:
• Desfazer a concorrência, elogios, prêmios, notas de avaliação, exigências e punição. Todos
eles são ferramentas de poder. Eles são substituídos pela motivação positiva;
• Reforçar em todos os educandos a consciência de riquezas humanas, tais como coragem,
honestidade, amor, alegria, gratidão, iniciativa, autodisciplina, capacidade de percepção.
Reforçar a consciência de riquezas humanas especialmente com aquele que tem mais
dificuldades.
• O ser humano tem liberdade total de sentir. A educação tem como objetivo aprender a
respeitar a forma de sentir de cada um. O educando precisa aprender a conscientizar-se sobre
seu próprio hábito de sentir e o dos outros. Todos os seres humanos têm todos os aspectos
humanos, todas as riquezas humanas e empecilhos. Portanto, somos espelhos internos entre
nós. Isto é a base do autoconhecimento.
• O educando precisa compreender que seu comportamento e suas ações são um reflexo de
sua maneira de sentir e pensar. Se alguém ofende o outro, isto é uma consequência de que ele
está ofendendo a si mesmo.
• Erros e falhas fazem parte natural da aprendizagem. Visa desenvolver a compreensão e
tolerância com as fraquezas humanas, os empecilhos.
4.2- RIQUEZAS E EMPECILHOS HUMANOS
Os termos riquezas humanas e empecilhos foram mencionados com muita ênfase no
decorrer desse trabalho. Desta forma, esses termos serão analisados, neste capítulo, para uma
melhor compreensão do assunto em questão. Para iniciar a referida análise, é importante
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salientar que todos os seres humanos possuem todas as riquezas e também possuem todas as
falhas, empecilhos, pois não somos perfeitos e nenhum aspecto.
Abaixo segue uma lista que descreve algumas riquezas humanas:
Capacidades de percepção: sentidos de ver, ouvir, cheirar, sabor e tato.
Capacidade de lembrar: capacidade de captar o passado.
Intuição: o sexto sentido ou o sentido espiritual, crença.
Amor: capacidade de sentir bem, amor, alegria, gratidão, entusiasmo.
Responsabilidade, coragem, iniciativa: capacidade de iniciativa interna.
Criatividade: capacidade de fantasia, criar algo novo.
Capacidade de avaliação: Bom senso.
Senso ético: honestidade, senso de justiça.
Senso estético: capacidade de apreciar a beleza.
Autodisciplina: capacidade de controlar suas vontades e impulsos destrutivos.
Capacidade de aprendizagem: capacidade de adquirir e acumular conhecimentos e
experiências.
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Os empecilhos são condutas problemáticas e destrutivas. Quanto mais você aceita a
consciência delas em si mesmo, mais fácil é lidar com elas nos outros e em si mesmo.
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Hábitos emocionais negativos: hábito de alimentar preocupação, angústia, medo, tristeza,
amargura raiva, sentir-se ofendido.
Censura: fuga ou luta contra a consciência, reagir com medo/raiva quando fica sabendo de
algo, defender-se e explicar muito, omitir problemas e evitar iniciativas, condenar e colocar a
culpa nos outros e em si mesmo, alimentar o sentimento de vítima, ficar frequentemente
doente.
Idealização: idealização de si mesmo e outros (perfeccionismo, mania de grandeza, obsessão
de controle), exigências duras e sem limites sobre si e os outros, achar-se responsável por
tudo, achar que sabe tudo e melhor, sentir-se insubstituível.
Inveja: a palavra inveja consta de duas partes, in e ver, significando não querendo ver o bem
e o belo, reagir negativamente perante possibilidades e ideias novas, exagerar e remoer
problemas, concentrar toda a atenção no negativo, ficar alegre com a desgraça dos outros,
agir destrutivamente.
Projeção: hábito de projetar a própria má intenção nos outros, desconfiança, sentir que os
outros são seus inimigos.
Egocentrismo e egoísmo: todas as condutas (empecilhos) acima se baseiam no
egocentrismo, narcisismo, condutas fortemente incentivadas pelo capitalismo.
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5- COMO LIDAR COM AS EMOÇÕES
“Se a informação é básica para entendermos o nosso mundo, a consciência dos sentimentos é essencial para
nele encontrarmos o nosso lugar e interagirmos de maneira harmônica, solidária e construtiva. Sábio é aquele
que utiliza a inteligência para se feliz.”
Todos os seres humanos têm uma necessidade natural de amor. Este sentimento pode
ser descrito como afeto, bem estar, aceitação, confiança, curiosidade, gratidão e felicidade.
Sentir amor leva a fazer o bem. Se uma criança é amada pelos pais é a experiência mais feliz
que uma ela pode ter. Essa criança sente que existe, ela tem direito e liberdade de existir. O
ser humano deseja contato com outras pessoas, deseja fazer parte do coletivo, quer descobrir a
realidade, desenvolver e praticar suas potencialidades e riquezas humanas, ou seja, deseja
sentir sua própria existência. Neste contexto é importante destacar que a finalidade da vida
está no amor, sentir amor e agir de acordo. Segundo Leo Tolstoi, literato russo, é somente no
amor que a verdade aparece. Isto se observa na prática psicanalítica, pois a consciência
aparece somente na tolerância, no amor. Como a consciência é a essência da vida humana, o
ser humano existe no amor.
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Para lidar com emoções negativas como medo, irritação ou raiva do outro é difícil.
Emoção negativa significa energias negativas. O ambiente torna-se pesado. Neste caso, a
pessoa precisa manter o próprio equilíbrio, evitando entrar numa conduta destrutiva que
aumenta os conflitos e problemas.
Para lidar com as emoções do outro é possível aplicar os seguintes princípios:
Primeiro reflita e reconheça suas possíveis emoções de medo e irritação. Você pode contar
até 10 ou fazer uma pausa. Exemplo: Concentrar sua atenção na respiração para se acalmar.
Mantenha distância das emoções (energias) negativas do outro. Procure ter uma perspectiva
maior sobre a situação. Imagine como a situação será daqui a um ano.
Evite dar poder psicológico a uma pessoa agressiva/depressiva. Não entre na defensiva. Não
leve para o lado pessoal. Se você se sente vitima, é o sinal que você já deu poder.
A pessoa agressiva quer humilhá-lo e que você reaja com depressão, medo ou raiva. Não
entre nisso. Não faça pacto com agressão.
Quando o outro tenta virar o barco colocando a culpa em você, não entre na defesa. Mostre o
erro da conduta dele com respeito falando que ele está culpando injustamente.
O indivíduo agressivo é responsável pela sua atuação, não coloque culpa a si mesmo.
Não use o problema para remoê-lo. Isso é destrutivo. Remoer se baseia nas más intenções
sendo que resultado é sempre maior mal-estar.
Reflita sobre você mesmo: se continuar decepcionado, irritado, com medo ou com raiva em
excesso conscientize-se de: suas expectativas e exigências não realistas (idealização) e/ou de
sua impaciência; sua reação emocional contra a percepção dos seus próprios problemas;
rejeição da consciência provocada pelo outro; a possibilidade de você interpretar de modo
exagerado más intenções no outro (identificação projetiva).
Lembre-se que você não tem poder para mudar os outros, mas você pode ajudá-los a se
conscientizarem sobre suas intenções.
Fale sobre as emoções do outro de maneira neutra, com respeito e interesse, não critique as
emoções, nem entre em questionamentos. Tenha um intuito de simplesmente saber sobre as
emoções do outro, isso pode ajudar o outro a se conscientizar sobre suas emoções. Fale, por
exemplo:
▪ Minha impressão é que você está descontente ou irritado. Será que isso mesmo?
▪ Me parece que há um sentimento de decepção ou até raiva em você, queria falar sobre
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isto?
▪ Creio que você está estressado, como se está sentindo?
Quando a pessoa esta muito decepcionada pode perguntar:
▪ Quais são suas expectativas nessa situação?
Não entre nas explicações ou justificativas, simplesmente escute as emoções do outro. Este
respeito pode contaminar o outro, para ele se respeitar. Na raiva a pessoa não se respeita
sendo que ela agride a consciência que tem.
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7- COMO AJUDAR A PESSOA COM BAIXA AUTOESTIMA
Em nossas escolas encontramos muitos educandos que sofrem com a baixa autoestima,
devido a vários fatores, tais como: dificuldade de relacionamento com os pais, familiares,
abandono, dificuldades de aprendizagem, falta de amor, entre outros. O professor para ajudar
esse aluno poderá seguir estas dicas propostas pelo Método Conscientia.
Demonstrar sua empatia e compreensão com ela.
Reconhecer claramente as ações/realizações boas dela.
Buscar ver sempre algo positivo mesmo no fracasso, levar tudo como aprendizado.
Dar tarefas que ela tem sucesso de realizar. Incentivá-la a fazer coisas novas. Evitar tarefas
difíceis demais.
Conscientizá-la sobre as qualidades e possibilidades que todo ser humano tem e que a vida
oferece a todos inclusive a ela.
Demonstrar confiança e contagiá-la com entusiasmo.
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É importante também levar a criança ou adolescente a conscientizar-se sobre as
seguintes atitudes de:
▪ muita auto-observação e autocrítica;
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▪ excessiva auto exigência, perfeccionismo;
▪ subestimação das suas qualidades, uma forma de autonegação, pensamentos negativos;
▪ hábito de concentrar atenção nas dificuldades e exagerar os problemas, deste modo evitar
ver coisas boas;
▪ destrutividade, estragar suas possibilidades, agir causando destruição na sua vida;
▪ projeção, achar que outros estão muito críticos ou contra ela, quando ela;
▪ hábito de fugir e viver nas fantasias;
O professor deve evitar comparar a criança ou adolescente com os outros, pois ela
mesma se compara com outros com muita frequência. Nunca rejeitá-la como pessoa. Orientála e motivá-la, agindo para o bem da vida.
8- COBRANÇA COSNTRUTIVA
De acordo com a metodologia analisada, a disciplina na escola deve ter uma conotação de
orientação e conscientização e se houver necessidade com consequências que conduzem a
ações benéficas para o coletivo. No entanto, não deverá ser imposta aos educandos de forma
punitiva. Uma cobrança destrutiva de estilo repetitivo, reclamatório ou agressivo causa uma
reação de oposição na pessoa criticada. A pessoa pode até fazer o que foi mandada, mas faz
isso com mágoa esperando poder vingar-se.
Neste contexto, as regras são os limites e orientações que devem ser aplicadas com muito
amor. Há no Caderno Escola Transformadora – conscientização e democracia direta.
MST/Conscientia. (2013, p. 31), uma proposta básica de princípios, regras básicas e questões
que poderão orientar na discussão democrática sobre elas:
Princípios:
• Zelar e incentivar os direitos humanos no ambiente escolar;
• Respeitar os outros;
• Zelar pela higiene e apresentar-se com roupa adequada para escola;
• Contribuir para cooperação, bons relacionamentos, solidariedade e senso de Justiça.
Questões importantes que os educandos precisam compreender:
• É contra lei agredir alguém;
• É contra lei roubar;
• É contra lei destruir propriedades ou bens da escola;
• Não trazer álcool, drogas ou materiais que possam ser usados para violência;
• Não se comportar de modo ameaçador ou de coerção.
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Regras de convivência:
• Não usar palavrões e não ofender ao outro;
• Cumprir os horários estabelecidos;
• No horário da escola manter-se no recinto escolar;
• No fim do dia escolar, ir onde a família indicou;
• Informar ausência de preferência com antecedência;
• Vir na escola com o material necessário: livros, caderno, caneta, entre outros;
• Fazer as tarefas de casa;
• Manter o ambiente limpo e organizado;
• Manter celular desligado;
• Fumar só nos locais e horários permitidos
• Manter silêncio na biblioteca e devolver o material emprestado no tempo definido;
• Somente os formandos têm direito de vender merenda escolar;
• Bolas da escola podem ser usadas somente nas aulas de educação física, ou quando
autorizado.
Consequências por quebrar as regras:
• Reparar o possível dano material causado;
• Prática em boas ações. Exemplo: Auxiliar um colega que tem dificuldades de aprendizagem.
Ajudar um funcionário na limpeza, organização, arrumação, nos trabalhos da horta, fora do
horário de aula. Arrumar a sala de aula ou outro recinto escolar. Fazer algum trabalho social
(ajudar alguém doente, uma criança, um idoso) na comunidade;
• Conscientização individual através do diálogo de desenvolvimento;
• Conscientização coletiva: colocação do problema no coletivo e reflexão sobre o
acontecimento;
9- CONSCIENTIZAÇÃO DE CONDUTAS
A conscientização de condutas é uma forma de trabalho que traz muitos benefícios para as
relações humanas. Segundo estudos realizados, a consciência funciona somente pela aceitação
voluntária. Desta forma, ela deve ser expressa sem pressão e com muita tolerância. Cabe
destacar que é muito difícil falar sobre condutas problemáticas do outro com aceitação e
amor. Portanto, é necessário seguir alguns princípios e um procedimento de conscientização
dialética:
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1- Conscientize-se sobre seu estado emocional. Se você está excessivamente irritado,
angustiado ou com medo, conscientize sua emoção e as possíveis atitudes atrás dela tais
como intolerância, expectativas irrealistas, hábito de exagerar os problemas e/ou a
destrutividade de dar tanto poder para o erro do outro.
2- Observe o estado emocional do outro. Se ele está muito angustiado, irritado, cansado
ou com raiva, procure falar sobre as emoções dele com respeito. Permitindo as
emoções dele você pode ajudá-lo permiti-las para que ele possa aceitar a consciência
delas e assim se acalmar. Ou espere uma oportunidade quando o outro está mais no seu
equilíbrio. Procure ouvi-lo, perguntar para perceber as emoções e a lógica dele quando
necessário.
3- Reforce a consciência sobre o bem na vida dele, fale sobre:
▪ As riquezas humanas na pessoa dele, tais como sua criatividade, iniciativa, alegria,
coragem...
▪ Os conhecimentos, as experiências boas;
▪As realizações boas dele, como ele tem contribuído com o coletivo;
▪ as possibilidades que avida lhe oferece.
4- Mostre como as condutas dele o levam a agir contra ele mesmo, rejeitando as suas
riquezas humanas e oportunidades, lembrando que aquilo que a pessoa faz com os
outros, ele está praticando dentro dele, com ele mesmo.
5- Demonstre como esta atuação dele causa consequências negativas para ele mesmo.
A pessoa má intencionada está numa conduta de egocentrismo e não se importa nas
consequências para os outros, ele está voltado só para ele mesmo. (Lembra-se, ninguém
faz mal conscientemente, pelo menos a si mesmo.) Termine com um gesto amigável e
procure despertar o espírito de aceitação e confiança.
www.conscientia.se
10- RELATOS DE EXPERIÊNCIA
Os relatos de experiência que serão descritos neste trabalho estão sendo
desenvolvidos em duas escolas públicas de Viamão, Escola Estadual de Ensino
Fundamental Rui Barbosa e Escola de Ensino Fundamental Humberto de Alencar
Castelo Branco. Trabalho nestas duas escolas e faço parte da Equipe Diretiva, sou
vice-diretora em ambas unidades escolares. Entrei em contato com a metodologia
através de uma formação realizada na Escola Rui Barbosa, em 2010, pela diretora
Maria Carlota de Oliveira Amado que participou de uma formação em Pontão-RS,
com o psicanalista Pertti Simula, coordenador do Instituto de Psicanálise e
Consultoria. Neste contexto, é importante destacar que a Escola Rui Barbosa atende
alunos do MST e este fato contribuiu para que o trabalho com o Método Conscientia
fosse desenvolvido em nossa escola, pois no Brasil, como já foi mencionado
anteriormente, esse método teve início na Cooperativa Agropecuária Vitória,
COPAVI, no Paraná, quando se começou a aplicar e integrar os conceitos de terapia
psicanalítica numa organização de democracia direta. Além disso, a experiência foi se
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ampliando para outras cooperativas e com o decorrer do tempo também nos institutos
de educação do MST, como Instituto de Educação Josué de Castro- IEJC, Instituto
Educar e Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em AgroecologiaCEAGRO. No Brasil, também há uma escola piloto, Escola Estadual de Ensino Médio
Nova Sociedade, dentro do assentamento Itapuí, no Rio Grande do Sul.
O trabalho na Escola Rui Barbosa vem sendo desenvolvido há 4 anos e já
estamos colhendo frutos muito significativos, com o desenvolvimento da metodologia.
No mínimo duas vezes no ano letivo, o grupo de educadores e funcionários recebe
uma formação continuada sobre o método em questão, com o coordenador Pertti
Simula, que proporciona ao grupo momentos de reflexão e autoconhecimento. Além
disso, analisamos os casos de alunos com dificuldades de relacionamento e o grupo
recebe dicas de como proceder nas diferentes situações de conflitos.
Formação Continuada/ Escola Rui Barbosa
Também realizamos uma visita à Escola Nova Santa Rita, escola piloto na
metodologia, com o intuito de nos apropriamos ainda mais do Método Conscientia.
Posso afirmar que depois que iniciamos este trabalho, houve uma transformação na
escola, tanto da parte do nível de consciência dos professores, funcionários quanto dos
alunos. Quando os educandos apresentam dificuldades em relacionar-se com o restante
do grupo, trabalhamos com diálogo de reforço, conscientização de condutas, sempre
com muito respeito e amor. Temos consciência que ainda temos uma longa caminhada
pela frente, pois a comunidade escolar enfrenta muitos problemas sociais, tais como
drogas, violência, gravidez na adolescência, falta de estrutura familiar, pobreza, entre
outros. No entanto, acreditamos que estamos trilhando o caminho certo e que o amor é
a base para transformar a vida de nossos educandos.
Na Escola Humberto de Alencar Castelo Branco, a metodologia também foi
introduzida há um ano. Como percebi que estávamos colhendo frutos positivos na
Escola Rui Barbosa, apresentei para a Equipe Diretiva, da qual faço parte, há um ano.
A equipe aprovou a ideia e iniciamos, no ano de 2014, um trabalho voltado para a
conscientização. O Método Conscientia foi apresentado aos alunos e para alguns
professores, pela professora Maria Carlota de Oliveira Amado, diretora da escola Rui
Barbosa. Infelizmente não foi possível apresentar para todo grupo, pois a escola
atende 1000 educandos, aproximadamente 50 educadores e 20 funcionários. Devido à
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falta de tempo, não foi possível realizar formações continuadas com o grupo escolar.
Mesmo assim, obtivemos resultados significativos.
Palestra sobre o Método Conscientia, na escola Castelo Branco
Na referida escola, os alunos apresentavam um alto índice de violência e
desrespeito. O grupo de professores e funcionários também apresentava dificuldades
de relacionamento. Na primeira reunião da equipe gestora, constatamos que seria um
desafio transformar as relações humanas dentro deste ambiente escolar. Desta forma, o
Método Conscientia trouxe uma expectativa para essa transformação. Iniciamos o
trabalho, com os princípios da metodologia, os utilizando nas conversas com os
educandos, no momento em que eram encaminhados para a direção, pelos educadores.
Passei para a equipe diretiva, diretor, vices, coordenador pedagógico, orientador e
supervisor o polígrafo “Relações humanas e cooperação”, o qual tive acesso nas
formações continuadas da Escola Rui Barbosa. É importante destacar que através
destes estudos, a equipe se apropriou da metodologia e as relações humanas, na
Escola Castelo Branco, começaram a se transformar. No diálogo com os educandos,
realizávamos diálogo de reforço e conscientização de condutas e os alunos começaram
a perceber suas riquezas humanas e refletir sobre suas condutas. Nas formações com
os educadores e funcionários, também apresentamos os princípios da metodologia e
através de reflexões obtivemos avanços significativo nas relações. Em uma das
formações pedagógica, o orientador e a orientadora da escola relataram que o número
de alunos encaminhados para o Serviço de Orientação Escolar, diminui de forma
significativa, com o desenvolvimento da metodologia.
A equipe diretiva, juntamente com os educadores, também desenvolveu um
projeto de leitura na escola. Através desse projeto, realizamos leituras envolvendo
sentimentos com os alunos. O livro referência foi “A pedagogia do Amor”, de Gabriel
Chalita. O referido livro contém uma contribuição das histórias universais para a
formação de valores para as novas gerações. Cada história lida analisa um tipo de
sentimento. Exemplo: Sherazade e o valor do amor, Damon e Pítias e o valor da
amizade, Dom Quixote e o valor do idealismo. Esse trabalho foi muito interessante,
trabalhar os sentimentos, através da literatura despertou o interesse dos educandos e
foi muito gratificante para a nossa esquipe.
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Leitura para os alunos/ Sherazade e o valor do amor
Enfim, o trabalho desenvolvido nas duas unidades escolares, teve a consciência
como base para transformação na escola e o Método Conscientia foi de fundamental
importância, pois norteou o nosso trabalho e desta forma, obtivemos uma grande
transformação nas relações humanas no contexto escolar.
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização deste trabalho, através de pesquisas bibliográficas, constatou-se que
o Método Conscientia procura despertar a consciência de si mesmo, a consciência sobre as
suas origens, seu passado e a consciência sobre a sociedade, fortalecendo assim o ser humano
ético. Além disso, o método tem o propósito de integrar e aplicar a abordagem psicanalítica e
os métodos cognitivos, numa metodologia para o desenvolvimento humano e terapêutico,
englobando o nível social e individual.
Através do trabalho de conscientização, realizados nas duas escolas públicas foi
possível perceber a transformação ocorrida nas relações humanas, dentro do ambiente escolar.
Neste contexto, desenvolver com os educandos um trabalho voltado para a conscientização do
ser humano, cooperação, motivação e ética auxilia nas relações humanas e contribui para o
bom andamento escolar.
As abordagens aqui realizadas servem para auxiliar os educadores e equipe diretiva
que encontram dificuldades nas relações humanas dentro das escolas, apresentando assim o
Método Conscientia como uma forma de trabalho escolar, pois o método apresenta uma visão
inovadora que poderá proporcionar mudanças significativas para a vida de muitos alunos,
professores, enfim, de todos que fazem parte do contexto escolar.
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REFERÊNCIAS
SIMULA, Pertti S. Método para Motivação e Cooperação na Escola – democracia e
conscientização. Editora Conscientia e MST/RS/Grupo de Trabalho em Cooperação e
Relações Humanas. 06 de junho de 2011.
SILVA, Sônia A. Ignacio. Valores em educação – o problema da compreensão e da
operacionalização dos valores na prática educativa. Editora Vozes. Petrópolis, 1988.
CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor: A contribuição das histórias universais para a
formação de valores das novas gerações. Editora Gente, 32ª edição, 2003.
SABBI, Deroni. Sinto, logo existo: inteligência emocional e autoestima. Instituto Sabbi
Desenvolvimento Humano, 2011.
Site consultado:
www.consientia.se
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